
2x5 – JEALOUS
Toca a
canção Mad About You, da banda Hooverphonic.
Seus pés estavam amarrados; suas mãos, presas na grade de ferro de uma
cama caindo aos pedaços. Os cheiros de enxofre e de comida estragada penetravam
no nariz de Nick. Ele estava completamente nu, e não sabia exatamente onde
estava e nem ao menos em que dia estava. Tentou gritar, mas estava amordaçado.
As lembranças vinham aos poucos à sua mente.
A mensagem
de texto, a música antiga dos anos noventa tocando no bar, o vinho vagabundo, a
voz feminina. Sua admiradora secreta. Nick queria seu filho. Era por ele que
Nicholas estava se arriscando.
— Socorro! Socorro! — Nick ouviu ao longe. Era a voz de Benjamin.
Ele está vivo!
Os gritos de
socorro de Benjamin tornavam-se cada vez mais fortes e pavorosos. O coração de
Nicholas disparava. Perguntava-se que horas eram, que dia era e em que mês
estava. Questionava-se se alguém já havia sentido sua falta e se Cindy estava
bem.
Sua primeira
reação foi sacudir-se. O ruído metálico das algemas na grade de ferro da cama
talvez pudesse fazer com que Jacqueline deixasse de fazer fosse lá o que ela
estivesse fazendo com Benjamin e ir ao seu encontro.
Benjamin
calou seus gritos de horror. Nick aprendeu a rezar naquele mesmo instante.
Qualquer movimento poderia ser brusco.
Passos. O
som do atrito entre o solado do sapato de Jacqueline Adams e a areia que
compunha a imundície daquele local ficava mais próximo a cada segundo. Nick
estava ofegante. Não conhecia mais Jacqueline; ela não era mais aquela médica
legista com quem ele trabalhara há anos.
— Nick...
Nick... Nick...
Um mix de
inveja, assombração e tudo o que há de mal no mundo circulava a aura de
Jacqueline. Nicholas sentia que ela era perigosa e psicopata. Sua face mostrava
que ela não pensaria duas vezes antes de fazer qualquer que fosse a atrocidade.
Ela retirou
a mordaça de sua boca.
—
Jacqueline! Onde está Benjamin? Por Favor, solte-o. É a mim que você quer, não
é?
Uma lágrima
descia a face de Jacqueline. A ex-legista do FBI pousou suavemente sua mão
direita na face de Collins. Ele sentia nojo dela. Nojo por jogar tão baixo, por
ela ter afetado alguém que ele amava, e não ter jogado suas cartas no próprio
Nick. Ele queria cuspir em seu rosto, mas um pouco de sanidade ainda lhe
estava. Talvez não fosse o fim da linha se ele se sacrificasse um pouco.
— Naquela
noite... há dez anos... no incêndio... você falou que me amava. Eu não esqueci.
— Eu também não esqueci, meu amor. Não havia um segundo
que eu não pensasse em ti, Nick.
Strike! , pensava Nick. Se eu
fizer com que ela pense que eu a amo, há uma chance de Benjamin e eu sairmos
vivos daqui. Pelo menos Benjamin...
—
MAS VOCÊ ME TRAIU!
Na primeira oportunidade você se casou com aquela negra imunda e me esqueceu.
A vontade
que Nicholas tinha agora era de bater em Jacqueline. Se não estivesse algemado,
talvez nem se seguraria e enfiaria seus dedos nos olhos da psicopata. Ele nunca
teve nenhum tipo de relacionamento com Jacqueline; tampouco sabia que ela
alimentava uma paixão por ele.
Jogaria sujo
também.
