Ele tinha que obedecer às ordens da mulher. Era sua
chefa. E estava sendo pago para isso. O belo homem tirou de seus bolsos uma
fotografia amassada. Depois saiu do meio da rua, e se se encostou a um poste.
Pôde perceber que era a foto que devia colocar novamente, usando uma nova
estratégia. Aos poucos, ele foi se afastando, para que pudesse chegar à porta
do local: a delegacia. Abaixou-se quando viu que estava exatamente no lugar. E
enfiou a foto por baixo da porta. Mas havia uma sacola a cobrindo. E um papel
colado: “Entregar para a delegada Marcela”.
O faxineiro passou pela porta da
delegacia e percebeu o objeto ao chão. A sacola branca se movimentava. Enfim,
ele se agachou, quase rasgando a calça – Sim, estava apertada e ele era acima
do peso. Pegou a sacola. Pensou em abrir, mas a mensagem fez com que ele
obedecesse.
– Como assim? Isso é pra mim? –
Marcela perguntava ao faxineiro, que permanecia encarando a mulher.
– Sim. Está escrito aqui.
Ele
entregou. Marcela ainda não estava entendendo nada. Mas não corria risco algum
com aquilo. Arrancou brutalmente a sacola. A paisagem da imagem chegou a causar
calafrios na mulher formada em direito.
– Virgem Santa! Isso é...
Repugnante.
O
faxineiro bem que tentou descobrir o que era, mas a insistência da mulher em
esconder tudo falava mais alto. Ela colocou a foto em baixo da blusa assim que
o primeiro se retirou da sala. Levantou-se, caminhando lentamente até a porta.
Entrou em seu carro vermelho – Novo,
ainda por cima. Respirou bem fundo antes de virar a chave. De repente já estava
circulando em alta velocidade pelas ruas de São Paulo. Era a primeira vez que
faria uma coisa daquelas.
Sentados no sofá da enorme casa onde
Luigi residia com Angélica, ele incendiava Eliana com muitos beijos. A mulher
já estava cansada. Quando recebeu outro, não suportou. Meteu-lhe uma bofetada.
– Já disse: eu não aguento. O tempo
todo em cima de mim, se esfregando. Meu amor, assim não dá.
– Tá, desculpa! – Ele se afastou
dela, contendo-se, para não pular em cima dela, satisfazendo sua excitação. O
que era normal para o cafajeste.
A bela mulher loira lia
atenciosamente os noticiários em seu computador. Eram os que ela realmente
esperava: todos muito preocupados com o sumiço de uma nova estrela. Uma estrela
que começou a brilhar, e de uma hora para a outra, perdeu todo esse brilho. Uma
estrela em busca de um sonho que foi destruído por inveja e claro: ganância.
Mas também uma estrela esperta, que na verdade, sempre soube de tudo, e espera
a hora certa para o bote.
– A senhora pretende voltar ao
Brasil, dona Angélica? – Era a pergunta direta e curta da governanta da casa em
que residia. Os olhos cor de mel e a bochecha com tom rosado eram suas
principais características, as quais davam a impressão de que ela tinha cerca
de vinte anos. Mas sua idade exata era trinta e cinco. Nunca casou na vida. E
nem queria. Achava que nasceu para servir belas mulheres.
– Com certeza, Tábata.
– E a senhora sabe quando?
Ela se
levantou, fazendo questão de fechar o notebook e soltar um belo sorriso.
– Poderia dizer que voltarei daqui
alguns meses ou alguns dias, Tábata. Mas prefiro ser mais diva, e dizer que
voltarei assim que amanhecer.
– Saiba que pode contar comigo,
senhora.
– Não preciso. Sozinha eu me dou muito
melhor.
A
governanta pareceu preocupada a fazer mais uma pergunta, que fez Angélica
sentir um forte frio na barriga.
– E... Não tem medo que descubram?
– Cale a boca! – Foi um grande
grito. – Descobrir? Só se você contar. Além de você, tenho mais de cinco
pessoas lá no Brasil, do meu lado. Estão prontos para me dar sinal e...
– Não estou falando disso. Estou
falando se a senhora tem medo que descubram como ficou viva.
– Já disse: cale a boca! Isso é não
assunto para conversarmos. Eu só sei que se algum dos meus inimigos
descobrirem, já era. É o fim. Por isso, não é bom nem comentarmos. Nunca!
– Desculpe. – Era a voz arrependida,
que saiu do quarto. Angélica encarou a parede. Seus olhos nunca brilharam
tanto. A sede que tinha de ocupar seu lugar era enorme. Não queria vingança,
queria voltar e ser ela de novo. Mas sabia que seus maiores inimigos, poderiam
comê-la viva.
– Eu ainda vou ganhar essa disputa.
Essa guerra é minha.
A campainha da casa tocou. A bela
mulher morena, de beleza brasileira, se levantou do sofá, indo até a mesma.
Antes, ajeitou seus cabelos a um lindo rabo de cavalo. Aproximou-se da porta.
Sentiu que não deveria abrir. O amante correu para o quarto, para terminar de
se vestir. Eliana abriu a porta.
A loira entrou na casa como um
furacão. Havia em si certa segurança, difícil de encontrar em muitas pessoas.
Sorriu, pois estava com uma prova. Levantou as mãos, mudando sua expressão. Era
possível ver uma foto. O que havia nela? Uma mulher pregada numa cerca,
totalmente queimada, enquanto seus maiores inimigos observavam seu sofrimento.
– Acho que eu peguei vocês.
Falsidade é feio, sabiam?
– Dá isso aqui! – Gritou Eliana,
tentando tomar a foto das suas mãos.
Marcela a
encarou durante poucos segundos, e saiu correndo para fora depois de dizer:
– Vem pegar.
A delegada se virou para trás, a fim
de que Eliana seguisse, mas viu que suas forças foram paradas. Uma forte dor
atravessou sua costa. Era como um tiro. Caiu no chão da sala. O sangue começou
a se espalhar pelo carpete. Eliana se aproximou, chutando o corpo. Marcela
estava agonizando. “Era minha chance! Eu
poderia botar esses assassinos na cadeia. A Angélica...” – Ela parou de
pensar. Não foi ‘interrompida’. Foi vencida. E pela morte.
COLABORADORES - LUIZ GUSTAVO E MÁRCIO GABRIEL
APOIO - VICTOR MARÇAL
DIREÇÃO DE ARTE - VICTOR MARÇAL e MÁRCIO GABRIEL
ESCRITO POR - WILLIAM ARAUJO
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