quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Assim que Amanhecer - Capítulo 05





Ele tinha que obedecer às ordens da mulher. Era sua chefa. E estava sendo pago para isso. O belo homem tirou de seus bolsos uma fotografia amassada. Depois saiu do meio da rua, e se se encostou a um poste. Pôde perceber que era a foto que devia colocar novamente, usando uma nova estratégia. Aos poucos, ele foi se afastando, para que pudesse chegar à porta do local: a delegacia. Abaixou-se quando viu que estava exatamente no lugar. E enfiou a foto por baixo da porta. Mas havia uma sacola a cobrindo. E um papel colado: “Entregar para a delegada Marcela”.
    O faxineiro passou pela porta da delegacia e percebeu o objeto ao chão. A sacola branca se movimentava. Enfim, ele se agachou, quase rasgando a calça – Sim, estava apertada e ele era acima do peso. Pegou a sacola. Pensou em abrir, mas a mensagem fez com que ele obedecesse.



    – Como assim? Isso é pra mim? – Marcela perguntava ao faxineiro, que permanecia encarando a mulher.
    – Sim. Está escrito aqui.
Ele entregou. Marcela ainda não estava entendendo nada. Mas não corria risco algum com aquilo. Arrancou brutalmente a sacola. A paisagem da imagem chegou a causar calafrios na mulher formada em direito.
    – Virgem Santa! Isso é... Repugnante.
O faxineiro bem que tentou descobrir o que era, mas a insistência da mulher em esconder tudo falava mais alto. Ela colocou a foto em baixo da blusa assim que o primeiro se retirou da sala. Levantou-se, caminhando lentamente até a porta.

     Entrou em seu carro vermelho – Novo, ainda por cima. Respirou bem fundo antes de virar a chave. De repente já estava circulando em alta velocidade pelas ruas de São Paulo. Era a primeira vez que faria uma coisa daquelas.



     Sentados no sofá da enorme casa onde Luigi residia com Angélica, ele incendiava Eliana com muitos beijos. A mulher já estava cansada. Quando recebeu outro, não suportou. Meteu-lhe uma bofetada.
     – Já disse: eu não aguento. O tempo todo em cima de mim, se esfregando. Meu amor, assim não dá.
     – Tá, desculpa! – Ele se afastou dela, contendo-se, para não pular em cima dela, satisfazendo sua excitação. O que era normal para o cafajeste.           



    A bela mulher loira lia atenciosamente os noticiários em seu computador. Eram os que ela realmente esperava: todos muito preocupados com o sumiço de uma nova estrela. Uma estrela que começou a brilhar, e de uma hora para a outra, perdeu todo esse brilho. Uma estrela em busca de um sonho que foi destruído por inveja e claro: ganância. Mas também uma estrela esperta, que na verdade, sempre soube de tudo, e espera a hora certa para o bote.
    – A senhora pretende voltar ao Brasil, dona Angélica? – Era a pergunta direta e curta da governanta da casa em que residia. Os olhos cor de mel e a bochecha com tom rosado eram suas principais características, as quais davam a impressão de que ela tinha cerca de vinte anos. Mas sua idade exata era trinta e cinco. Nunca casou na vida. E nem queria. Achava que nasceu para servir belas mulheres.
    – Com certeza, Tábata.
    – E a senhora sabe quando?
Ela se levantou, fazendo questão de fechar o notebook e soltar um belo sorriso.
    – Poderia dizer que voltarei daqui alguns meses ou alguns dias, Tábata. Mas prefiro ser mais diva, e dizer que voltarei assim que amanhecer.
    – Saiba que pode contar comigo, senhora.
    – Não preciso. Sozinha eu me dou muito melhor.
A governanta pareceu preocupada a fazer mais uma pergunta, que fez Angélica sentir um forte frio na barriga.
    – E... Não tem medo que descubram?
    – Cale a boca! – Foi um grande grito. – Descobrir? Só se você contar. Além de você, tenho mais de cinco pessoas lá no Brasil, do meu lado. Estão prontos para me dar sinal e...
    – Não estou falando disso. Estou falando se a senhora tem medo que descubram como ficou viva.
    – Já disse: cale a boca! Isso é não assunto para conversarmos. Eu só sei que se algum dos meus inimigos descobrirem, já era. É o fim. Por isso, não é bom nem comentarmos. Nunca!
    – Desculpe. – Era a voz arrependida, que saiu do quarto. Angélica encarou a parede. Seus olhos nunca brilharam tanto. A sede que tinha de ocupar seu lugar era enorme. Não queria vingança, queria voltar e ser ela de novo. Mas sabia que seus maiores inimigos, poderiam comê-la viva.
    – Eu ainda vou ganhar essa disputa. Essa guerra é minha.



    A campainha da casa tocou. A bela mulher morena, de beleza brasileira, se levantou do sofá, indo até a mesma. Antes, ajeitou seus cabelos a um lindo rabo de cavalo. Aproximou-se da porta. Sentiu que não deveria abrir. O amante correu para o quarto, para terminar de se vestir. Eliana abriu a porta.
    A loira entrou na casa como um furacão. Havia em si certa segurança, difícil de encontrar em muitas pessoas. Sorriu, pois estava com uma prova. Levantou as mãos, mudando sua expressão. Era possível ver uma foto. O que havia nela? Uma mulher pregada numa cerca, totalmente queimada, enquanto seus maiores inimigos observavam seu sofrimento.
    – Acho que eu peguei vocês. Falsidade é feio, sabiam?
    – Dá isso aqui! – Gritou Eliana, tentando tomar a foto das suas mãos.
Marcela a encarou durante poucos segundos, e saiu correndo para fora depois de dizer:
    – Vem pegar.
    A delegada se virou para trás, a fim de que Eliana seguisse, mas viu que suas forças foram paradas. Uma forte dor atravessou sua costa. Era como um tiro. Caiu no chão da sala. O sangue começou a se espalhar pelo carpete. Eliana se aproximou, chutando o corpo. Marcela estava agonizando. “Era minha chance! Eu poderia botar esses assassinos na cadeia. A Angélica...” – Ela parou de pensar. Não foi ‘interrompida’. Foi vencida. E pela morte.


COLABORADORES - LUIZ GUSTAVO E MÁRCIO GABRIEL

APOIO - VICTOR MARÇAL

DIREÇÃO DE ARTE - VICTOR MARÇAL e MÁRCIO GABRIEL

ESCRITO POR - WILLIAM ARAUJO

REALIZAÇÃO - TV VIRTUAL

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