Aquela foi uma das noites mais quentes de
Eliana e Luigi. Foi a primeira vez que fizeram amor com muita vontade, e com
muito êxtase. Pra eles, aquilo nunca deveria acabar. Os beijos calorosos e os
movimentos sensuais eram os fundamentos essenciais para satisfazê-los. Tudo
isso em busca de um único objetivo: o orgasmo.
Parecia um apocalipse. Em todas as emissoras
brasileiras, em todos os jornais, em todas as revistas de fofoca, em todo
qualquer tipo de meio de comunicação estava estampada uma única notícia: o
desaparecimento sem explicação de Angélica Waltsalles. Repórteres apavorados,
correndo pelas ruas com carros especiais, em busca de novas informações. Era o
momento certo para aqueles que queria ter a carreira alavancada. O momento de
poder resgatar uma notícia inédita. Mas quase era impossível. Muitas
investigações, muitos falatórios. Paparazzis soltos nas ruas, filmando cada
coisa suspeita.
Mas os únicos responsáveis pela desgraça
estavam se deliciando, pois suas imagens apareciam nas TVs, e seriam publicadas
em jornais. Os flashes não paravam de iluminar os rostos de Eliana e Luigi, que
estavam sendo entrevistados por jornalistas de emissoras brasileiras.
– Você chegou, a saber, pra onde sua irmã foi depois
de ter vencido o concurso? – Foi a pergunta de uma mulher equivocada.
– Não faço a mínima ideia... – Fez uma pausa para
limpar com as mãos as lágrimas que escorriam. – Ela simplesmente sumiu... Ficou
de ir pro seu apartamento, comemorar com seu marido, o Luigi, mas ele ficou
esperando ela a noite toda. Angélica não apareceu.
– O que você sente com tudo isso? – A mesma mulher
estava inspirada na entrevista.
– Você ainda me pergunta? Ela é minha irmã. Meu
tudo! Vi ela crescer. Dei conselhos de escola pra ela. Brincamos de boneca
juntas. Somos tão íntimas. Agora, o que eu sinto? Tristeza... Dor... Angústia.
Tudo que você possa imaginar de ruim.
A jornalista não deixou de se emocionar com aquelas
palavras. Ao seu lado, Luigi convencia um homem com as dele.
– Você a ama muito, certo?
– Demais, cara. Se ela não voltar, acho que me
mato. Eu a quero de volta, entende? Acho que algumas pessoas possam ter feito
alguma coisa com ela, tipo: sequestrado. Eu só sei que... – Ele se pôs a chorar
– Eu amo aquela mulher pra caramba. Muito mesmo!
Foi um dia de luto para todo o país. A miss
universo mal é eleita, e some, sem deixar nenhuma pista.
A delegacia de polícia federal agia atentamente com
cada pista para desvendar o sumiço de Angélica. A delegada Marcela acabava de
ouvir o depoimento do marido da mesma.
– E é isso, delegada. Ela não apareceu no nosso
apartamento. Ficamos de comemorar juntos. Aquilo foi muito importante pra ela.
Teríamos uma noite só nossa. Ela fez questão de deixar coletivas pra outros
dias, só pra comemorar com seu grande amor.
– E se eu te disser que temos uma pista?
Foi como
um gelo. O coração do homem acelerou. As batidas eram rápidas e fortes. Seu
sangue esquentava a cada segunda. Que pistas seriam? Marcela colocou em cima da
mesa uma fotografia. Fez questão de mostrá-la a Luigi.
– Isso veio parar aqui.
Na foto, um corpo estava jogado na
beira de um rio. Era muita coincidência para Marcela.
– Eu simplesmente achei estranho,
senhor Luigi. Essa foto veio parar aqui, na delegacia.
– Sim, mas... O que mostra a foto?
– Uma mulher carbonizada – Ela
coloca o dedo para apontar – É uma mulher. Tenho certeza. E loira.
Um nó se
deu na garganta do homem. Mas as próximas palavras da delegada o
tranquilizaram:
– Bom, não vem ao caso agora. Vamos
investigar essa foto. Pode ser uma mensagem. Muito estranho...
Assim que saiu da delegacia, Luigi
pegou seu celular. Não sabia se esfregava suas mãos na testa, para limpar o
suor colento, causado pela forte tensão que a delegada o fez passar, ou fazia
logo o que devia. Nervosismo: o definia. Por fim, encontrou um nome na agenda,
e apertou em ‘ligar’. Em questão de segundos, a pessoa aguardada já estava na
linda e pronta para ouvir.
– Eliana, você não vai acreditar:
alguém viu tudo. E nos fotografou matando a Angélica.
– Venha pra cá agora mesmo. – Disse
ela, sem antes pensar em todas as possibilidades de como aquilo havia
acontecido. Acontece que Luigi não estava mentindo. Toda transparência usada
era boa, e não deveriam recusar uma única oportunidade.
Perto dali, um homem parado no meio
da rua, de aparência alta e robusta esperou Luigi entrar no seu carro. Seu
olhar era desafiador, e dava uma impressão de que ele não era “de se mexer”.
Atentamente, também pegou seu aparelho. Pôs para chamar. Uma voz doce e
agradável atendeu. O cara disse:
– Tudo saindo muito perfeito. Todos
acreditando. E agora?
– Ótimo, agora é o próximo passo.
Faça exatamente como te disse.
– A senhora é quem manda, dona
“Angélica”.