1x5 – PAIN
Pôs um clássico do rock para tocar enquanto dirigia; Nicholas
Collins estava obcecado na ideia de que sua “Admiradora Secreta” era nada mais,
nada menos do que a bela agente Cindy Crawford.
Era meia
noite. Chovia, trovejava. A estrada estava úmida e as rodas de seu Del Rey
deslizavam com uma grande facilidade. Ele duvidou: ultimamente as coisas não
estavam fáceis. Sua atenção estava voltada agora para a cor dos seus dentes,
amarelados, os quais se eram possíveis ver perfeitamente no espelho do carro.
O amarelado
dos dentes de Collins chamou sua atenção a ponto de ele deixar o veículo bater
em um poste.
— Merda! —
bradou, esmurrando o capô do velho Del Rey. Nicholas enfim percebeu que estava
perto da casa de sua substituta no departamento.
Nicholas
preferiu não esquentar a cabeça com sua lata velha e, agora, destruída. Pôs se
então a andar, mesmo na tempestade, pois estava a poucos metros da casa de
Cindy.
“Não faço a mínima ideia do que falarei a
ela. Talvez eu a obrigue a e deixar entrar em sua casa e investigar qualquer
rastro. Isso é quase impossível, Nick!”
— Nicholas
Collins? Você aqui a essa hora? O que aconteceu?
Cindy estava
deslumbrante, mesmo com uma camisola simples, mas que, para Nick, soou sensual
e provocante. Ele perdera as palavras, esquecera-se do Del Rey quebrado e até
mesmo do seu admirador secreto.
— Nick? —
perguntou Cindy mais uma vez. — Não vai me dizer por que veio até aqui?
— Segredo
profissional. Tenha bons sonhos e me perdoe pelo inconveniente — Virou-se e
tentou ir embora. A agente Cindy o impediu.
— Você não é
mais um agente secreto, Collins... Bom, não vá. Está chovendo muito. Fique e
tome uma xícara de chocolate quente com marshmallows.
Venha, me acompanhe!
“Passo 1: concluído. A chuva me ajudou.
Preciso pensar num passo 2. Achei que nem conseguiria chegar até ele e agora
estou aqui na casa daquela que pode ser quem está me prejudicando!”
— Espero que
goste, Nick. — disse Cindy, com uma voz sensual. Nicholas percebera que ela
estava dando em cima dele. Ótimo assim.
A moça fez com que uma das alças da
camisola caísse pelos seus ombros, deixando o seio direito à mostra para Nick
por alguns segundos.
“Ela
é uma mulher solteira e eu também sou solteiro. Além disso, preciso de provas,
certezas”.
Passadas algumas horas de conversas,
cujos assuntos eram o próprio FBI, Nicholas tomou a decisão de seguir com o seu
“Passo 2”. Tomou Cindy nos braços e roubou-lhe um ardente beijo.
— Vamos. Eu sei que você quer. —
disse Nick.
— Foi para isso que você veio aqui a
essa hora da noite, então? — ela sorriu e, em seguida, despiu-se completamente
para ele.
Fizeram amor por algumas horas. Nicholas tinha uma sensação de culpa e desejo. Ainda um pouco de ódio daquela que lhe roubara seu cargo e, ainda, dele mesmo por estar indo para a cama com ela. Cindy parecia uma loba, e todo o desejo negativo dele por ela poderia ser recíproco segundo Nick. “Logo a máscara cai.”
— Me bata! — disse ela. — Me bata, Nick!
— Fale que você é minha admiradora
secreta, então. — Nick pôs Cindy de quatro e a puxou pelos cabelos. Ela perdeu
sua libido com a pergunta nada convencional.
Alguns
instantes depois, Nicholas estava do lado de fora da casa da moça. Antes de bater a porta na cara dele, Cindy
disse:
— Seu filho
da puta! Eu deveria lhe prender! Passar bem!
Nicholas só
conseguia achar graça daquilo tudo. Decidiu então que iria caminhando para sua
casa e que chamaria o reboque para o seu Del Rey no dia seguinte.
No meio da
estrada escura e deserta, a tempestade mais amenizada, mas com um frio
incômodo, Nick viu um farol vindo em sua direção. A velocidade só aumentava.
Collins saiu da frente, mas o carro queria atropelá-lo. Tentou correr, mas o
veículo o alcançou e Nick foi parar no asfalto molhado.
Alguém desceu do carro, mas ele
estava muito fraco, perdendo muito sangue, e o dom da visão naquele momento era
quase impossível. Talvez aquele fosse seu admirador secreto e ele tivesse
vencido. Nick fechou os olhos.