1x4 – TOURNIQUET
Olhando assustada para Nick, Jacqueline Adams pegou seu rádio e pediu para
que Tyler Gomez se dirigisse até a sala de medicina legal.
— Dra.
Adams, somos amigos. Está desconfiando de mim?
— Por favor,
Nicholas, não dê mais um passo até que Tyler chegue, Ok?
Nicholas não
deu mais passos à frente e sim para trás, em direção à porta. A dor na sua
cabeça voltava aos poucos, mas aquilo não lhe impedia de correr, sair o mais
depressa possível de perto de Jacqueline e do corpo de Oscar.
— Não fui
eu... não fui eu... não fui eu... não fui eu! — suspirava e, às vezes, gritava
enquanto corria pelos corredores do FBI.
Policiais já
cercavam todas as saídas daquele andar e Nick obviamente foi pego. Ele se
debatia muito e foi preciso lhe aplicar um sedativo. Adormeceu.
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Sua vista estava embaçada, contudo Nick reconheceria a silhueta de Dra. Jacqueline Adams e de Tyler Gomez de qualquer jeito. Passado o efeito dos vários sedativos, o agente agora estava num quarto da ala psiquiátrica de um hospital, pronto para ser interrogado pelo seu chefe e com uma das melhores legistas do departamento como testemunha.
— Dra.
Adams? Sr. Tyler? Por quanto tempo eu dormi? — perguntou Nicholas.
— Três dias,
agente Collins. — disse Jacqueline.
— O
suficiente para conseguirmos um substituto para você. Eu lamento senhor
Nicholas, mas terá de ficar detido enquanto investigamos o caso da morte de
Oscar Johnson. — completou Tyler.
— Quantas
vezes eu preciso dizer que não matei aquele homem?! Tyler, Jacqueline,
acreditem!
— Nicholas,
temos provas que afirmam o contrário.
O tempo
havia se esgotado. Enquanto esteve apagado, Nick nada poderia fazer. Seu
admirador secreto que mais lhe parecia um carrasco tivera tempo de sobra para
acabar com a vida de Nick, deixar tudo arquitetado. E, naqueles três dias em
que passara dormindo, Nicholas Collins perdera o emprego, a reputação e a
liberdade.
— Posso
saber ao menos quem é o meu substituto? — exigiu Nick.
—Claro.
Tyler disse
algumas palavras para alguém pelo rádio e, alguns minutos depois, uma mulher
negra, com curvas exuberantes e vestida em um terno elegante entrou no quarto
onde ele, Nick e Jacqueline estavam.
— Esta é a
agente Cindy Crawford. Ela cuidará do seu caso, Nick. — disse Tyler Gomez. —
acredito que a agente Crawford tenha muito o que conversar com você. — virou-se
para Dra. Jacqueline Adams — Vamos deixar os dois a sós, ok?
Jacqueline e
Tyler se retiraram. Cindy Crawford então disparou um olhar que deixou Nick
assustado. Ela então se sentou na cama onde ele estava deitado.
— Eu lamento
tudo o que esteja acontecendo, senhor Nicholas. Quero que saiba que eu sempre
fui uma das maiores admiradoras do seu trabalho. Eu sempre me espelhei em você
desde o dia em que entrei para a corporação.
— Você...
você disse... ADMIRADORA?
Cindy sorriu
e fez com que Nick ficasse muito mais apavorado.
— É óbvio
que você foi vítima de uma armadilha, Nicholas. Aquele bilhete que estava
dentro da boca de Oscar Johnson, assim como aquele outro que você encontrou num
quarto de hotel em Las Vegas, eles foram assinados pela mesma pessoa.
— Como sabe
que eu estive naquele quarto de hotel?
— Eu não sou
burra, Nick. Tenho capacidade suficiente para saber onde você esteve nas
últimas semanas.
— Eu não
quis ir até aquele hotel, Senhorita Sabe-Tudo. Já que roubou o meu emprego,
peço que descubra como fui parar lá.
— Já
descobri. Tomei a liberdade de ir até sua casa. Você misturou remédio para sua
dor de cabeça com álcool. Havia alguém lá dentro, pois a porta estava
arrombada. Alguém o esperava lá.
— Eu não
percebi isso quando entrei em casa naquele dia. Não posso acreditar que suas
afirmações estejam certas.
— Nicholas,
você estava tão cansado naquele dia que isso pareceu um mero detalhe. Seu
admirador secreto armou essa cilada para você. Levou-lhe tranquilamente para
aquele hotel e lhe deixou como companhia o corpo do travesti. Bom, continue
duvidando da minha capacidade. Ela vai fazer com que você não fique detido
durante a conclusão da investigação. Agradeça-me depois. Adeus, Collins.
Cindy Crawford
se retirou. Aquelas palavras fizeram com que Nicholas refletisse e tentasse
recordar tudo o que acontecera naquele dia.
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Passaram-se
alguns dias. Nicholas foi liberado pelo FBI, mas perdera o direito de exercer a
função de investigador ou qualquer outro trabalho no departamento. Nick não
ficaria parado de forma alguma. Sabia de que Cindy Crawford era tão esperta
quanto ele, contudo não tão ousada.
Collins tinha como primeiro suspeito
da sua lista ela mesma, Cindy Crawford. Ainda recordava suas palavras: “Eu lamento tudo o que esteja acontecendo, senhor
Nicholas. Quero que saiba que eu sempre fui uma das maiores admiradoras do seu
trabalho. Eu sempre me espelhei em você desde o dia em que entrei para a
corporação.” Como ela poderia admirá-lo tanto assim, se ele nem a
conhecia?! “Ela tomou o meu lugar na corporação, talvez almejasse o meu
afastamento”, pensava Nick. Ele era humilde o suficiente para saber que era
considerado o melhor agente do FBI e o mais invejado, assim guardando tudo isso
consigo.