III
Passaram
os dias. Esse Henrique e eu continuamos brigando nas aulas de redação, eu
ficava imaginando que uma hora ele iria levantar, segurar a cadeira e jogá-la
em mim. E eu claro, pensava em trazer minha escopeta para escola e atirar na
cabeça dele até os miolos se separarem num raio de 15 metros. Eu gostaria de
dizer que sou super pacífica e detesto violência. Enfim, chegou a hora da gincana.
Eu poderia relatar cada detalhe, mas vou tentar ser sucinta. No momento da
dança foi um desastre, mas um desastre compacto (para quem vê gigante para quem
anda). Erramos alguns passos, nada fatal ou que desse para perceber já que
estávamos bem no fundo. Pedro ficou muito aliviado com o fim, e me fez tirar
foto com ele para guardar de recordação – não pude evitar imaginar que a foto
seria colocada no álbum do bebê com a legenda “Meu primeiro baile” . Não, não
pude evitar. E o vestido? Fiquei parecendo um presunto com embalagem menor que
o volume. No fim do evento arranquei meus sapatos dos pés e pus numa das mãos.
Aí percebi que tinha um grupinho de pessoas na entrada do local. Fiquei
esperando minha mãe vir me buscar, mas ela sempre atrasa. Mães... mães...Tão
especiais e com manias tão parecidas, vai dizer que sua mãe nunca disse quinze
minutinhos e demorou no mínimo uns quarenta minutos? A minha sempre faz isso.
Aí o
tempo passou...passou...ok, ela demorou muito. Até que os grupinhos foram se
desfazendo. Lá estava eu distraída em meus pensamentos quando alguém se
aproximou e se encostou no portão, postando-se do meu lado.
–
Helena né? – Ele falou olhando para os carros que passavam
Não
respondi. Apenas movimentei a cabeça de má vontade acenando que sim. Como assim
meu nome? Ele sabia meu nome. Alô idiota você discuti comigo em toda aula de
redação durante os 2 últimos meses. Certo, eu não disse isso, mas que deu
vontade, deu.
–
Esperando virem lhe buscar?
Não.
Estou me divertindo olhando os carros passarem. Eu também não disse isso. Ao
invés disso fiz um “sim” mais para mim do que para ele.
–
Gostou da gincana ?
Sabe
quando você faz barulhos estranhos como resposta? Um tipo de gemido...Foi isso
que eu fiz.
–
Cansada...?
Existem
pessoas e pessoas. Umas entendem quando você não quer papo e vão embora e têm
aquelas que permanecem e ainda tentam puxar assunto, é aquela pessoa que você
responde com frases curtas e desinteressadas, mas ela continua ali.
Conversando.Resolvi falar, foi como uma desistência.
–
Estou muito cansada – E aí eu olhei para ele, e a expressão dele era diferente
do que eu pensei encontrar.
Culpa
minha. Eu imaginei que ele estivesse com um sorriso puxado de lado uns
chifrinhos de diabinho e dando uma risadinha maléfica. Ele estava só olhando
para frente como eu estava antes de me virar. Usava seus óculos de armação
preta, percebi que ele tinha umas feições meio asiáticas ou sei lá. Desculpe,
eu sou péssima contadora de histórias, a intenção é que é das melhores garanto.
Sei lá, isso é jeito de descrever alguém? Vamos fazer direito.
Henrique:
1,75 m de altura , magro, não muito , cabelo preto com uns fio brancos aqui e
ali - o que era engraçado – o rosto dele sempre parecia mostrar uma careta, que
eu sempre interpretei como reflexo de desprezo. Contudo excepcionalmente hoje,
digo nesse momento, não era bem assim. O rosto dele refletia o de alguém que
tenta puxar assunto enquanto espera ir embora.
– O
que foi? – Ele me encarou
– Am?
– Eu tinha mesmo que ficar olhando, não podia ter sido uma olhadela rápida?!
–
Nada...só ...pensando.
– Em
que?
–
Nada
Você
já viu alguém pensar em nada? Anotação mental: Treinar mais diálogos no espelho
do banheiro. Enfim, resolvi que era minha vez de puxar assunto.
–
Gosta de futebol ? – Esse assunto era bom com garotos, na maioria das vezes, e
o melhor eu podia falar sobre isso.
–
Gosto – Ele refletiu por um instante – Eu torço para o Coringão e você?
–
Palmeiras – O problema de falar de futebol é quando a conversa pode acabar em
pancadaria – Gosta dos Beatles?
–
Muito! – Ele sorriu, ok, ele tentou sorrir, mas a cara dele ficou realmente
contorcida – Mas geralmente ouço mais algo como Nirvana ou Blink 182
–
Ah...Muito bons! – Agora eu me empolguei, até me ajeitei no portão
–
Você curte rock? É muito difícil achar uma garota que prefira cantar “Always i
know you 'll be at my show” do que “Vou passar cerol na mão” – Certo, ele
realmente cantou encostado no portão.
Eu
quis responder mas tive que acabar de rir. Não consegui, aí respondi entre uma
risada e outra mesmo.
–
Essa do cerol – Risos – É meio velha né não?
Ele
também riu, acho que mais da minha cara – que deve ter ficado toda vermelha,
estilo moranguinho do agreste – do que do comentário em si.
– Ah
eu não atualizei meu histórico de funks
–
Entendo
– E
livros? Gosta de ler?
Aí
estava uma coisa que eu amava, meu pai é jornalista como eu já lhe disse, então
sempre tive um grande acervo a meu dispor que devorei com muito gosto. Livros
são meu ponto fraco, ou forte depende do ponto de vista – Gosto muito, estou
lendo um sobre história italiana, mas é um romance, é O Arminho dorme, já leu?
–
Não, vou anotar na minha lista mental de livros que Helena disse para eu ler
–Ele disse isso rindo, claro.
–
Devo anotar algum na minha lista de livros que Henrique recomendou? - Eu também
sou uma grande piadista como vocês vêm.
–
Hum.. – Algumas risadinhas – Você já leu O morro dos ventos uivantes?
–
Ainda não, mas já ouvi falar. É bom?
– Sim
muito. Eu lhe empresto, quer?
– Sim
claro, se você não se importar...
Depois
disso tive que me despedir porque minha mãe finalmente chegou, aliás chegou
quando a conversa estava ficando realmente boa.
Na
segunda feira ele veio até mim com um exemplar do livro que me prometeu. Disse
que não tinha pressa e que esperava que eu gostasse.Cheguei em casa depois da
aula, almocei, fiz o dever de casa, estudei e resolvi ler o livro.
Emily
Bronte começou assim:
“Acabo
de retornar da visita que fiz ao meu senhorio- meu único vizinho que talvez
possa me importunar.Certamente esta é uma bela região!(...)”
(...)
Eu,
Tâmara e Jorge conversávamos sobre qualquer coisa nem tão interessantes. Eu vi
quando ele se aproximou e disse.
– Bom
dia pessoal – Henrique cumprimentou a gente
Um
murmurado bom dia foi a resposta.
– E
aí já começou a ler?
–
Sim! – Eu me empolguei porque havia começado a ler e simplesmente adorado – É
ótimo, eu li umas vinte páginas ontem, mas parei porque já era tarde e eu tinha
que dormir
– Que
bom que você está curtindo – Nessa parte ele fez uma carinha tipicamente
emoticon.
Então
ele se despediu e voltou para o grupinho de amigos dele. Chegando em casa
tentei terminar meus afazeres o mais rápido possível para poder ler O morro dos
ventos uivantes.
Deitei
na minha cama, dobrei o travesseiro para que ele ficasse numa altura
suficiente, pus os pés para cima e voltei ao mundo imaginário (real?).
“Quão
inúteis e volúveis nós somos! Eu, que resolvera manter-me afastado de todo
contato com as pessoas e agradecer às estrelas por ter, enfim, descoberto um
lugar onde poderia viver em quase completa reclusão(...)”
Parei
um bom tempo depois com umas batidas na porta do meu quarto. Minha mãe
anunciava a sopa de verduras do jantar. Ainda li um pouquinho antes de dormir.
Tive que reduzir a leitura para aumentar meu estudo sobre movimento harmônico
simples e eletroquímica o que me deixou realmente radiante, e eu espero que
você sinta toda a ironia na minha voz – no nosso caso, nas minhas palavras –
tudo que eu queria era ler um dos maiores clássicos da literatura inglesa, mas
não. Eu tinha era que estudar ânodos e oxidações e cátodos e reduções. Não
quero despertar a ira contra essas matérias, o problema, minha gente, é que eu
estou irada com isso.
No
fim de semana eu resolvi voltar para minha leitura. A culpa não foi minha, e
não ouse discordar. Mas eu lia um pouquinho e me lembrava do dono do livro. A
cada página Henrique se tornava menos detestável e concomitantemente mais
agradável.Alguns trechos do livro foram chamando minha atenção de maneira
inconsciente.
“Quero
fazer as pazes com minha consciência e ficar convencida de que Heathcliff não
tem ideia dessas coisas. E não tem mesmo, não é? Ele não sabe o que é estar
apaixonado, certo? ’’.
OK,
ok, eu sei o que você está pensando. Eu gostaria de mangar de você de novo, com
todo respeito, gostaria de chamar você de sonhadora, de escrever de maneira bem
jocosa e fazer você pensar que é uma pessoa ingênua, emotiva demais. Gostaria.
Mas eis que é chegada a hora da revanche, pode ficar aí do outro lado da tela
rindo e exibindo sorrisinhos com cheiro de “viu só” ou “eu sabia”. Porque o que
eu sabia era que as coisas , em algum lugar dentro de mim, não eram mais as
mesmas em relação a esse tal de Henrique. Não que eu estivesse apaixonada, não
, não também não precisa exagerar. Só era...era...Na verdade eu não sabia o que
era, mas eu sabia que não podia (e não queria) mais ignorar isso.
Quando
eu descobri que as coisas aqui dentro de mim já estava assim confusas resolvi
proteger-me. Foi o que pareceu sensato e o que meus instintos gritaram. Terminei
o livro (que pode parecer maçante mas na verdade é fantástico) o mais rápido
que pude para poder devolvê-lo.
–
Obrigada – Ele me apresentou um dos melhores livros que já li e eu resumi meus
agradecimentos em uma palavra. Não sei se eu estava sendo objetiva e sincera ou
ingrata e medrosa.
–
Gostou? – Ele segurou o livro
–
Muito
–
Aceita outra sugestão? Um outro livro?
– Não
obrigada.
Não?!
Como assim não?! As férias estavam chegando o que eu mais queria era um bom
livro. Mas eu tive vergonha. VERGONHA. De deixar transparecer que eu nutria uma
coisinha especial por ele.Aí em vez de dizer “sim por favor me empreste outro
livro, aliás eu também quero lhe emprestar um, aposto que você vai gostar”;eu
disse um seco, mentiroso e medroso “não, obrigada”.Eu sou definitivamente uma
pessoa estranha, aliás você também. Por que nós não falamos a verdade, simples
e pura? Por que esse medo de falar de dentro para fora? Para falar besteira a
gente não tem esse medo todo. E se ele dissesse que não gostava de mim? Se me
tratasse mal? E daí? Eu não morreria por isso e pelo menos teria tido a
coragem, pelo menos tentado e não teria só permanecido calada enquanto via que
ele ia embora, que eu poderia ter falado ou feito algo mais. Não sei,
absolutamente, não sei.
(...)
Enfim, chegou
Dezembro e com ele o espírito de Natal. Eu gosto muito do Natal,principalmente
porque é sinônimo de férias. No começo eu fiquei meio entediada, meus amigos
estavam a alguns quilômetros de distância na minha antiga cidade. Tâmara e eu
saímos para tomar sorvete foi então que ela fez a pergunta:
–
Você está gostando daquele asqueroso do Henrique?- Ela perguntou de maneira
despretensiosa, ou que aparentava isso, entre uma colher de sorvete de creme e
outra.
–
Claro que não – Não me julgue por isso, por favor. Faça melhor, se ponha no meu
lugar. Foi uma resposta instintiva.
– Não
mesmo?
Agora
ela me obrigou a refletir, eu olhei um pouco para os pedacinhos de chocolates
dispersos no sorvete de menta, eles me encararam por alguns segundos e me
disseram: Ela não é sua amiga ora bolas?- Esse é outro estranho hábito meu.
Falar sozinha.Respondi de maneira esquiva e sincera : Não sei.
– Eu
vejo como você olha para ele, sabe? Tipo como se fosse a última soda no
deserto.
– É?
Ela
fez um “unhum” enquanto puxava a colher da boca.
–
Você acha que ele percebeu que eu olho desse jeito que você falou?
–
Claro que não! Garotos, ainda mais como ele, são idiotas demais para isso.
– O
Jorge que o diga – Eu segurei o riso enquanto ela olhava para mim com uma cara
de ofendida.
–
Como assim o Jorge? O que você planeja dizer com isso mocinha?
–
Isso mesmo que você pensou – Ri sem consegui mais me conter
Nós
debatemos um bom tempo quão alienados os garotos são. Foi muito bom poder
dividir o que eu sentia com a Tâmara, ainda mais porque ela estava numa
situação parecida. Depois disso um sentimento de coragem chegou em mim, resolvi
fazer o que uma mulher sensata faria nesse caso: Procurar o Henrique no
facebook. Fiz o pedido de amizade que foi prontamente respondido, ele estava usando
o computador nesse momento. Me pediu que eu adicionasse o msn. Assim fiz. Nos
dias que se seguiram três coisas ficaram claras:
Coisa
1) Nós tínhamos muito mais coisas em comum do que eu achava.
Coisa
2) Eu realmente gostava daquele peste
Coisa
3) Os outros contatos do msn deviam ter uma boa vida social porque só eu e ele
passávamos toda tarde, noite e madrugada online.
Ele
disse que o pai dele conseguiu entradas para uma peça baseada num conto da
Clarice Lispector. Ele perguntou se eu queria ir. Não hesitei e disse que sim.
Chega de medos. Aí o drama foi: o que usar? Sim, porque minhas roupas não eram
muito variadas. É muito difícil achar roupas que fiquem bem no seu corpo quando
você não tem o mesmo quadril de uma manequim. Depois de muitas blusas jogadas
sob a cama minha mãe bateu na porta do meu quarto.
– E
aí, pronta?
– Nem
no começo
–
Hum...- Ela refletiu por um tempo - Sabe, esse garoto...Henrique não é?! Ele
chamou você para sair. Não outra pessoa. Então, talvez seja melhor a senhorita
fazer o que sabe fazer de melhor : ser você.
Ela
abriu a porta do meu guarda roupa e pegou um dos meus tênis favoritos, um all
star preto, desbotado e surrado. Estendeu para que eu segurasse.
– Vai
lá e arrasa, meu amor
Eu
fui até ela e dei um abraço. Senti vontade de chorar, mas não o fiz, não era
hora para isso. Peguei minha camisa do ursinho pooh com a frase “A little bit
innocent”, pus uma calça jeans preta e meu querido tênis. Peguei uma bolsa azul
marinho com uns broches presos nela. Pensei por um instante. Examinei minha
instante de livros, peguei o livro do Stieg Larsson, Os homens que não amavam
as mulheres. Lembrei da história, era forte e interessante. Pus na bossa.
E fui
para o teatro. Chegando lá ele estava sentado no último degrau. Quando me viu
se levantou, leu a frase na minha blusa e sorriu. No momento em que olhei para
ele e vi uma camisa preta com o desenho do Dexter (aquele do laboratório)
sorrindo para mim e um all star preto mais surrado que o meu, agradeci por
telepatia a minha mãe.
–
Realmente gostei da sua camisa – Ele disse quando nós chegamos ao lugares.
– Eu
também gostei da sua, o Dexter é a sua cara – Sorri.
– Por
acaso você está me chamando de enjoado?
–
Imagina... – Eu ri, depois fiz uma careta imitando a cara que ele fazia quando
resolvia discutir comigo nos debates das aulas de redação.
A
peça ia começar. Ficamos em silêncio. A história era sobre o conto O corpo, foi
interessante, mas o que estava por vir foi muito mais, Clarice que me desculpe.
Claro
que a minha mãe demorou a chegar, o bom foi que ele também demorou a
ir.Comentamos sobre a apresentação de maneira geral.
– Ah
eu já ia me esquecendo – Tirei o livro da bolsa – Já leu?
–
Não, mas já ouvi falar, valeu mesmo – Ele olhou o livro por um instante – Eu
queria muito lhe emprestar um livro.
–
Acho que dessa vez eu vou aceitar.
Combinamos
de marcar para comer uma pizza (adoro pizza) e ele me entregaria o livro.
–
Você é legal Helena
–
Você é mais ou menos – Eu ri já com as bochechas coradas – Brincadeira, você é
muito legal.
Senhoras
e senhores. Agora eu lhe relatarei um dos melhores momentos da minha vida.
Henrique Oliveira Dantas se aproximou lentamente, olhou para mim por longos
segundos, longos porque pareceram horas. Se aproximou lentamente, na verdade
deve ter sido rápido para quem via , mas para mim pareceu bem devagar. Até que
seus lábios tocaram os meus bem suavemente, delicadamente. Meu coração primeiro
gelou de súbito para logo depois disparar a toda velocidade. Quando ele se
afastou senti meu rosto queimar.
–
Desculpa aí...é que eu não levo muito jeito com isso... – Ele ia começar a se
desculpar, mas eu interrompi prontamente.
–
Não...- Certo, eu interrompi, mas o que eu ia dizer? Heim? Aceitaria sugestões
rápidas.Resolvi por fim dizer a verdade – Foi bom.
Sorrimos
mais para nós mesmos. Sabe aquele riso interno? Quando você faz qualquer
movimento com a boca, talvez nem pareça um sorriso afinal, mas por dentro com
certeza você está sorrindo. É como se cada célula do seu corpo despertasse com
extremo bom humor num dia de sábado. Sorriso interno...Espero que já tenha
acontecido com você, porque é realmente difícil de explicar.
Minha
mãe buzinou e eu desejei ir e ficar mais ao mesmo tempo. Pensei muito sobre o
que eu deveria dizer ou fazer. Não cheguei a nenhuma conclusão definitiva.
–
Tchau – Fui me dirigindo aos degraus – Obrigada
– De
nada, precisando... – Ele acenou com a mão e um sorriso sem jeito.
Quando
eu já estava no terceiro degrau refleti sobre aquela noite. Eu nunca tinha me
sentido daquele jeito antes. Especial para alguém, eu tinha amigos, meus pais
eram legais, mas esse sentimento era completamente novo para mim. Resolvi
voltar. Subi os degraus.
–
Desistiu de me emprestar o livro foi?- Ele disse sorrindo com a própria piada.
Não respondi, aliás eu não disse nada. Me aproximei e dei um beijo de leve no rosto dele, na bochecha direita mais precisamente, nem tive coragem para ver a cara dele depois disso. Me esforcei para descer as escadas rapidamente, e claro, desastrada que sou, não quis tropeçar. Claro que quando cheguei no carro minha mãe fez um interrogatório constrangedor. Henrique recebeu o título de meu “paquerinha”. Eu estava tão feliz que até achei graça. Na verdade, gostei da ideia.