quarta-feira, 11 de junho de 2014

Secret Admirer: 1x3 - Verms




1x3 – VERMS
    
        Phillip Page segurava pelo colarinho o recepcionista do hotel, um velho baixinho, calvo e com cara de tarado, ameaçando-o processá-lo pelo estado do estabelecimento. Informações sobre os clientes que alugavam quartos ali eram confidenciais. Nick Collins interrompeu a tentativa de interrogatório ao descer as escadas avisando para que saíssem dali o mais rápido possível.

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Phillip Page dirigia. Estava com Nicholas Collins em seu carro. Seu amigo parecia cada vez mais conformado de que perderia sua liberdade.
— Nicholas, fique na minha casa apenas essa noite. Diana e os meninos não se importarão.
— Phillip, prometa que não contará a ninguém.
— Fique tranquilo, cara. Sabe que pode contar comigo pra tudo.
— Quando a bomba estourar, eu estarei em outro país. — disse Nick, encostando a cabeça na janela do carro e fechando os olhos.
            — Nick, se acalme. Pelo menos você sabe que não é o culpado. E tem o cartão do seu “Admirador Secreto” como prova.
            — Estou calmo Phillip. Incrivelmente estou calmo, porém cansado. Preciso dormir.
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Las Vegas, 18 de Agosto de 2002

            No meio da madrugada, o celular do agente Nick Collins tocou. Ele ainda tentava conseguir um modo confortável de dormir no sofá da sala de Phillip. Porém, sabia que era tarde demais para dormir. Era Tyler Gomez, seu chefe. Atendeu.
            — Nick, preciso urgentemente de você aqui. Anote o endereço. Ainda está em Las Vegas?
            O endereço lhe parecia familiar, mas não o bastante para Nick achar que era perigoso. Tomou emprestado o carro de Phillip Page e saiu. Tratava-se de um hotel. Aquele mesmo hotel onde ele acordou naquele dia e onde havia, ao seu lado, um homem morto.
            Jacqueline Adams e Tyler Gomez esperavam por Nick Collins na recepção do hotel. O rapaz resolveu apostar na sorte e entrar. Sabia também que seu “admirador secreto” havia limpado todo o local onde Oscar Johnson fora assassinado.
            — O que houve? — perguntou Nicholas, ao encontrar seu chefe e a médica legista na recepção.
            — Preferimos que você veja com os seus próprios olhos. — disse Jacqueline, pegando Nick pelo braço direito e subindo as escadas. Tyler Gomez os acompanhava logo atrás.
            Era aquele mesmo quarto. Nicholas Collins jamais poderia acreditar se não estivesse vendo aquele lugar, limpo há algumas horas atrás, agora completamente sujo de sangue, do mesmo jeito que estava quando o abandonara pela primeira vez. Surpreendentemente o corpo de Oscar Johnson estava lá novamente. A boca do travesti estava costurada e, diferentemente da primeira vez, o corpo estava em cima da cama e não no chão. Oscar Johnson estava molhado, sem roupas e cheio de vermes por vários orifícios do corpo.
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Washington D.C, 18 de Agosto de 2002
                                                                                                                                                                            
            Nicholas Collins avisou a Phillip que teve de levar seu carro até Washington e que logo mais o receberia. Sabia que a legista Jacqueline Adams logo descobriria todas as pistas possíveis que levariam ao assassino de Oscar. Naquele momento ele fumava um cigarro na sua sala.
            Alguém bateu na porta. Tratava-se de seu chefe, Tyler Gomez.
— Com licença, Nicholas. Só vim lhe avisar que o caso da morte de Oscar Johnson é seu. A Dra. Adams o espera na sala de medicina legal.
Eu sou o assassino do meu próprio caso. Ótimo.” Nicholas pressionou o cigarro no cinzeiro para que apagasse e logo em seguida saiu.

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         Já era o vigésimo verme que Jacqueline Adams retirava do corpo do travesti. Colocava todos em um béquer, com toda a paciência e precisão do mundo. Nicholas entrou na sala e apenas observava a legista trabalhar. Jacqueline era linda, atraente. Estatura média, cabelos castanhos lisos e compridos. Um par de óculos completava sua faceta de intelectual. Jacqueline enfim percebera a presença do agente.
            — Parece até que estes vermes foram colocados aqui de propósito pelo assassino. — afirmou ela.
            — Por quê?
            — Tudo indica que Oscar morreu há dois ou três dias no máximo. Não daria tempo de que essa colônia de vermes se espalhasse pelo corpo dele. — disse ela, retirando o vigésimo primeiro parasita do cadáver e colocando no béquer com os outros — Além do mais, há indícios de que ele foi jogado em algum rio. Estava molhado e não era água encanada.
            Nick observou novamente a boca de Oscar Johnson. Estava perfeitamente suturada. Ela não estava assim quando ele o encontrou no quarto e o jogou naquele rio. Jacqueline percebera a atenção prestada pelo agente na boca costurada do cadáver.
            — O que está fazendo agora, Jacqueline? — perguntou Nicholas, assustado.
            — Desfazendo a sutura.
            Depois de remover todos os pontos, a legista encontrou dentro da boca de Oscar um bilhete plastificado. Ela lia, assustada.
            — Dra. Adams, me diga, por favor, o que está escrito aí?
            — “Sr. Nicholas Collins, seu segredo está bem guardado. Assinado: seu admirador secreto.” — leu ela, em voz alta.