segunda-feira, 9 de junho de 2014

Secret Admirer: 1x2 - Flowers




1x2 – FLOWERS

                O corpo de Oscar Johnson coube perfeitamente na lata de lixo cuja Nick Collins pegara de um dos serventes do hotel onde se encontrava. Coube depois que Nick quebrou todos os ossos do cadáver.
            A cena do crime estava armada. Cabia agora a Nick esconder todas as provas de um homicídio que nem ele mesmo sabia se havia cometido.

ރ

            Antes de abandonar no rio Colorado o corpo de Oscar, Nick manteve o quarto alugado no hotel. Pretendia voltar ali mais tarde e limpar todas as provas, tudo o que poderia lhe incriminar. Talvez fazer o que ele sabia fazer de melhor: investigar. Investigar de que maneira ele chegara ali naquela noite.
            Outra pessoa com menos desespero e mais juízo chamaria a polícia, mas Nick sabia que aquilo tudo não passava de uma cilada muito bem armada. E ele caíra naquela armadilha como um patinho.
            Nicholas Collins não tinha inimigos ou a quem suspeitar, todavia os seus colegas de trabalho sabiam de que ele era o preferido, pioneiro nos melhores e maiores casos. O agente era humilde o bastante para achar que o seu trabalho nunca estava bom o suficiente e isto fazia dele uma imagem de sonso por todos da superintendência.

ރ

Las Vegas, 16 de Agosto de 2002

            Naquela tarde, o Del Rey prateado de Nick foi estacionado à frente do escritório de seu melhor amigo. Era fim de expediente e Philip Page foi pego de surpresa, pois pretendia sair para jantar com a esposa e os dois filhos.
Apenas Nicholas poderia fazer com que Philip desmarcasse qualquer compromisso importante, assim como ele confiaria seus maiores segredos a ele. E isto era recíproco desde o dia em que eles se conheceram, na faculdade de Direito, há dez anos.
— Nick? O que aconteceu? Parece até que um caminhão passou por cima de você!
E, de fato, se a polícia estivesse procurando um assassino, pela aparência Nicholas Collins seria o primeiro suspeito.
— Philip, por favor, preciso conversar com você. Só você pode me ajudar!

ރ
  
          O sol já se punha quando Philip Page abriu novamente a porta de seu escritório para conversar tranquilamente com o amigo. Nicholas se tremia, comportando-se como um esquizofrênico.
            — Pelo visto aconteceu algo muito grave. — disse Philip, apontando para que Nick pudesse sentar em uma das poltronas de sua sala.
            — Eu matei um homem, Philip. Eu acho que matei um homem!
            Philip compreendia Nick mais do que ninguém e, após saber de toda a história, decidiu ajudar o amigo.
            — Nick, o que você fez com o corpo?
            — Joguei no rio Colorado. — respondeu.
            — Não! Não deveria ter feito isso, Nicholas! Trabalha investigando crimes, deveria saber que, mais cedo ou mais tarde, este corpo irá aparecer.
            — Foi por impulso, cara.  Mas espero que até lá eu tenha resolvido tudo.


ރ

Sede do FBI Em Washington D.C, 16 De Agosto De 2002

Jacqueline Adams, sozinha, examinava o corpo de uma mulher, morta tendo sua língua arrancada. Tudo indicava que havia sido crime passional. Tyler Gomez se aproximou e tentou assustar a médica legista:
— Bu!
— Desista, Tyler. Você não vai me assustar desse jeito. — disse Jacqueline.
— Nunca assustaria. A quem estou tentando enganar? — Tyler observava a face horrenda da mulher morta. Estava explícito: ela implorara ao assassino para sobreviver. — Dra. Adams, encontraram a língua da nossa amiga. — disse ele.
Jacqueline, calma, cobriu o corpo com um lençol branco, retirou as luvas e a máscara.
— Que bom.
—Parece que o namorado queria um troféu. Algo que ficasse de recordação.
— Bom... crime resolvido. Ela está morta, o cara será processado, talvez pegue prisão perpétua. — disse Jacqueline Adams, sarcástica. — Mais uma mulher morta pelo companheiro.  Isto, Tyler, é um absurdo.
            — Dra. Adams, não é a primeira vez que pegamos um caso desses.
            — Estou casada, Tyler. Talvez seja hora de procurar outra carreira.
            — Jacqueline, por favor, não faça das palavras que ouvi do Nick as suas.
            — Trabalhar aqui é para os fortes. Com licença, vou tomar um pouco de café.


ރ

            Já era noite quando Nicholas Collins e Phillip Page chegaram ao hotel onde o crime acontecera.
            — Nick, você tem a chave. Suba, coloque os lençóis sujos de sangue dentro de sua mochila e limpe todas as evidências.
            — E você, Phillip?
            — Vou perguntar ao recepcionista do hotel quem fez o aluguel do quarto. Vá, Nick. Daqui a quinze minutos eu ligo para o seu celular.
ރ

           Nicholas pôs a chave na porta do quarto alugado e girou a maçaneta. Pretendia eliminar todas as provas do crime, mas para sua surpresa nada havia ali a não ser um quarto limpo, arrumado e longe de parecer um cenário de crime. O rapaz se assustou e apenas rezou para não terem chamado a polícia.
“O assassino sempre volta à cena do crime. Preciso sair logo daqui. Estou cada vez mais provando que eu sou o culpado de tudo ou caindo na armadilha ‘dele’”, pensava, enquanto se aproximava da mesinha de cabeceira. Nela havia um ramalhete de flores e um cartão. Nick rapidamente o pegou e leu. Dizia:

“Provando a minha admiração pelo senhor, Sr. Nick Collins, voltei até o cenário do crime e fiz questão de arrumar tudo pra você. Espero que aproveite seus últimos dias de liberdade.
Atenciosamente,
Seu Admirador Secreto.”