sexta-feira, 11 de abril de 2014

Que se Acendam as Luzes - Terceiro Capítulo






     Renato atravessou a rua, alcançou Valéria e a segurou. O carro se aproximou e freou bruscamente. Os “baladeiros” observaram. Dois bandidos desceram do carro, com armas nas mãos. Um soqueou a cara de Renato, que cai no chão na hora, mergulhando num escuro profundo. Valéria gritou ao ver que estava sendo segurada pelo braço:
         – Me larga, me solta!
Outro homem colocou um pano no rosto da jovem, que foi dopada na hora. Os baladeiros ficaram desesperados. Uns correram até o carro, mas o mesmo acelerou-se, levando a jovem, que tinha pela frente, uma longa vida, cheia de luzes.

         Dentro do carro, os três homens se olharam. Um deles levantou a camisa da jovem dopada, para ver seu corpo. Os outros dois balançaram a cabeça. O que estava dirigindo comentou:
         – Essa é gata demais pra morrer! É uma pena...



        – Você está bem? – Perguntou uma garota.



         – Estou sim – Respondeu Renato se levantando do chão da rua da balada de eletrônico – O que aconteceu? Cadê a... Cadê a Valéria?
A garota se esforçou para responder:
         – A sua amiga foi... Foi levada!
Renato pôs a mão na cabeça.
         – Não, não pode ser! Como? Por que não me levaram em vês de levá-la? Preciso avisar à polícia.
Ele tirou o celular de seu bolso, e começou a teclar, enquanto os outros ficaram observando, chocados que o que acabara de acontecer.
        

         Os médicos e enfermeiros do hospital Trindade corriam pelos corredores, apressados. O interfone não parava de chamar os médicos pras salas faladas. Ingrid passava, às pressas, louca para entrar na sala de Estela, quando ouviu o bendito:
         – Dra. Ingrid Steffens, sala vinte e cinco.
Ela simplesmente parou de “bater o salto no chão”, se virou, e seguiu para a sala.

         Ao entrar na sala, ela viu que o paciente foi baleado, era uma mulher, e ela precisava ser operada o quanto mais antes. Ela não para de gritar. Ingrid e os enfermeiros auxiliares puseram as luvas, touca, e outros objetos de higiene. Ingrid começou a cirurgia. Aplicou a anestesia na paciente e começou a limpar o sangue do local, que era a perna, para marcar o lugar a ser cortado.

      Os médicos sentiam emoção nas cirurgias arriscadas, e os bandidos que sequestraram Valéria sentiam uma forte adrenalina enquanto seguiam com o carro preto desesperadamente pelas avenidas de São Paulo, ultrapassando e desobedecendo ao semáforo. Alguns motoristas buzinavam quando eram as vítimas de ultrapassagem. Dentro do carro Valéria continuava dormindo.     


         Nova Iorque é uma cidade cheia de luzes, disso todos sabem, com decorações maravilhosas, carros iluminando as estradas asfaltadas com seus faróis. E falando em maravilha, isso é o que define os brilhos de um palco de show. Carla estava no palco, usando um lindo vestido vermelho que cobria todo seu corpo. Ao seu lado estava Adele. Isso mesmo! Adele, aquela cantora internacional, toda de preto, e loira. As duas se aproximaram e deram as mãos. De repente, aqueles fãs que estavam assistindo, escutaram uma suave voz sair da boca de Carla, que puxou a música “Skyfall”, da própria Adele, que tinha o começo traduzido assim:
Este é o fim, segure sua respiração e conte até dez. Sinta o movimento da Terra e, em seguida, ouça meu coração explodir de novo”...
Alguns fãs de Adele gritavam o nome de Carla, encantados com a voz da cantora brasileira.
         O show acabou em duas horas. Carla e Adele, em cima do palco, se olharam. Adele falou sorrindo:
         – It was a pleasure, Carla! – (Foi um prazer, Carla!).
         – The pleasure was all mine, Adele! – (O prazer foi todo meu, Adele!).
As duas se retiraram do palco, acenando para as pessoas ali presentes.
         As duas seguiram cada uma para seu camarim. “Não foi um prazer, foi uma bosta, gordinha melosa”, pensou Carla.


         – Vai, vai, vai! – Era um homem gritando para outro andar mais depressa com a jovem no colo. Ao colocá-la na poltrona do jato, o homem limpou o suor da testa e começou a contá-las. Ao terminar, ele falou:
         – Certo. Todas as seis estão aqui. O jato pode ir!
Os pilotos se ajeitaram no mesmo, que não era grande. Um homem desceu e saiu da pista. O jato começou a se aquecer. De repente, ele já estava voando. Dentro dele, as seis jovens estavam dormindo, amarradas às poltronas com as bocas tapadas. De repente uma delas acordou olhando em volta, vendo mais cinco garotas. Ela tentou gritar. Em sua cabeça veio o momento que ela foi sequestrada. Em que Renato correu para pegá-la. Só isso que Valéria lembrava. Ela tentou gritar mais uma vez, mas não conseguiu, então, decidiu entregar tudo nas mãos do destino.

         – Nenhuma notícia, delegado? – Era a pergunta aflita de Renato para o delegado Robson na delegacia em plena madrugada.
         – Ainda não. Tente se acalmar rapaz. Sua amiga não aparecerá de uma hora pra outra.

Renato parou de andar na sala de Robson e se sentou, ficando de frente a ele. Os dois estavam a sós na sala. Robson perguntou:
         – Será que alguém anotou a placa?
         – Acho que não. Todos me viram ligando pra polícia. Se tivessem anotado, teriam falado comigo. Mas delegado, por que eles iriam sequestrar assim, de uma hora pra outra?
Robson se levantou e começou a andar, fazendo Renato ficar aflito. Então ele falou:
         – Tenho muitas suspeitas, rapaz. Mas só uma me convence: tráfico humano. Bom, não podemos confirmar, mas parece ser. Aliás, as vítimas desse crime são sequestradas ou enganadas com uma proposta, levadas para o exterior, e lá, obrigadas a se prostituírem.
Renato pensou por um segundo e depois falou:
         – Mas isso não pode ter acontecido com a Valéria... Justo com ela?
De repente um homem entrou na sala, um detetive:
         – Com licença, Dr. Robson – Disse ele já dentro da sala.
O homem pôs os papéis na mesa e exclamou:
         – Acabamos de confirmar: o hospital Trindade recebeu novos órgãos, sendo que o número de doadores não bate.
Renato ouviu com atenção a conversa.
         – Eu sabia! Eu sabia! – Falou Robson – Mas não podemos garantir, afinal, pode ser um erro. Mas as chances de que esse hospital é uma base do tráfico de órgãos são muitas.
Renato se meteu:
         – O que é tráfico de órgãos?
Robson olhou para o rapaz. Antes de começar a falar, o homem que estava na sala se retirou. Então Robson disse:
         – Já ouviu falar disso?
         – Já, mas nunca me interessei em saber. Mas o senhor pode me explicar?
Robson voltou a se sentar. Ajeitou a gola da camisa, e passou a mão direita em seus cabelos castanhos. Coçando a barba, ele respondeu:
         – Resumindo: existem dois tipos. O que a vítima vende os órgãos do corpo por precisar de dinheiro e o de quando as vítimas são sequestradas, massacradas e têm os órgãos mais importantes dos seus corpos arrancados. Ou até mesmo todos os órgãos.
Renato ficou boquiaberto:
         – Isso... É inacreditável. Como alguém tem coragem de sequestrar pra arrancar os órgãos? Funcionam em quadrilhas?
         – Sim, em quadrilhas. – O delegado bocejou, e mudou de assunto – Mas, se você não se incomoda rapaz, é melhor ir pra casa, descansar. Cuidaremos do sequestro de sua amiga.
Renato se levantou.
         – Qualquer coisa me ligue.
Ele deixou a sala, abatido. Saiu da delegacia, e começou a andar pelas ruas. Lembrou-se do momento em que ia falar para Valéria que a amava. Atravessou a rua, que estava vazia, já que eram quase três da manhã.
        

      Quando chegou a seu apartamento, ele ligou para a família de Valéria, para avisar, mas a mesma não atendeu. Ele então começou a chorar em sua cama. As lágrimas eram tantas, que encharcam seu rosto. Mas por fim, o cansaço o venceu, e ele dormiu.
        

Buenos Aires, Argentina.


         Valéria abriu os olhos, só que fechou na hora ao ver o brilho da lâmpada. Foi abrindo devagarzinho. Percebeu que estava nua, completamente nua, mas coberta por um lençol branco. Tentou se levantar e viu que estava amarrada. Conseguiu mexer a cabeça e viu que estava numa cama, no meio de uma sala, com mais cinco jovens. Dez minutos se passaram e todas estavam acordadas. 
         Todas tentaram gritar, mas não conseguiram. Suas bocas estavam tapadas com esparadrapo. Valéria ficou imóvel quando escutou um barulho. Todas choravam. Mas um choro silencioso, só com lágrimas. Estavam horrorizadas.
         De repente a porta se abriu e cerca de dez pessoas vestidas de branco entraram na sala. Então eles tiraram os esparadrapos das bocas das jovens. Uma mulher se aproximou de Valéria e olhou no fundo dos seus olhos, dizendo com um sorriso:
         – Está pronta para seu fim?
Valéria continuou chorando e perguntou:
         – Quem é você? O que você vai fazer comigo?
A mulher respondeu com um tom de raiva:
         – Me chamo Estela Lumbré, e agora, você está em minhas mãos!


COLABORADOR- LUIZ GUSTAVO 
DIREÇÃO DE ARTE - MÁRCIO GABRIEL
ESCRITO POR - WILLIAM ARAUJO
REALIZAÇÃO - TV VIRTUAL
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