Renato atravessou a rua, alcançou Valéria e
a segurou. O carro se aproximou e freou bruscamente. Os “baladeiros”
observaram. Dois bandidos desceram do carro, com armas nas mãos. Um soqueou a
cara de Renato, que cai no chão na hora, mergulhando num escuro profundo.
Valéria gritou ao ver que estava sendo segurada pelo braço:
– Me larga, me solta!
Outro
homem colocou um pano no rosto da jovem, que foi dopada na hora. Os baladeiros
ficaram desesperados. Uns correram até o carro, mas o mesmo acelerou-se,
levando a jovem, que tinha pela frente, uma longa vida, cheia de luzes.
Dentro do carro, os três homens se
olharam. Um deles levantou a camisa da jovem dopada, para ver seu corpo. Os
outros dois balançaram a cabeça. O que estava dirigindo comentou:
– Essa é gata demais pra morrer! É uma
pena...
– Você está bem? – Perguntou uma
garota.
– Estou sim – Respondeu Renato se
levantando do chão da rua da balada de eletrônico – O que aconteceu? Cadê a...
Cadê a Valéria?
A
garota se esforçou para responder:
– A sua amiga foi... Foi levada!
Renato
pôs a mão na cabeça.
– Não, não pode ser! Como? Por que não
me levaram em vês de levá-la? Preciso avisar à polícia.
Ele
tirou o celular de seu bolso, e começou a teclar, enquanto os outros ficaram
observando, chocados que o que acabara de acontecer.
Os médicos e enfermeiros do hospital
Trindade corriam pelos corredores, apressados. O interfone não parava de chamar
os médicos pras salas faladas. Ingrid passava, às pressas, louca para entrar na
sala de Estela, quando ouviu o bendito:
– Dra. Ingrid Steffens, sala vinte e
cinco.
Ela
simplesmente parou de “bater o salto no chão”, se virou, e seguiu para a sala.
Ao entrar na sala, ela viu que o
paciente foi baleado, era uma mulher, e ela precisava ser operada o quanto mais
antes. Ela não para de gritar. Ingrid e os enfermeiros auxiliares puseram as
luvas, touca, e outros objetos de higiene. Ingrid começou a cirurgia. Aplicou a
anestesia na paciente e começou a limpar o sangue do local, que era a perna,
para marcar o lugar a ser cortado.
Os médicos sentiam emoção nas cirurgias
arriscadas, e os bandidos que sequestraram Valéria sentiam uma forte adrenalina
enquanto seguiam com o carro preto desesperadamente pelas avenidas de São
Paulo, ultrapassando e desobedecendo ao semáforo. Alguns motoristas buzinavam
quando eram as vítimas de ultrapassagem. Dentro do carro Valéria continuava
dormindo.
Nova Iorque é uma cidade cheia de
luzes, disso todos sabem, com decorações maravilhosas, carros iluminando as
estradas asfaltadas com seus faróis. E falando em maravilha, isso é o que
define os brilhos de um palco de show. Carla estava no palco, usando um lindo
vestido vermelho que cobria todo seu corpo. Ao seu lado estava Adele. Isso
mesmo! Adele, aquela cantora internacional, toda de preto, e loira. As duas se
aproximaram e deram as mãos. De repente, aqueles fãs que estavam assistindo,
escutaram uma suave voz sair da boca de Carla, que puxou a música “Skyfall”, da própria Adele, que tinha
o começo traduzido assim:
“Este é o fim, segure sua respiração e conte
até dez. Sinta o movimento da Terra e, em seguida, ouça meu coração explodir de novo”...
Alguns
fãs de Adele gritavam o nome de Carla, encantados com a voz da cantora
brasileira.
O show acabou em duas horas. Carla e
Adele, em cima do palco, se olharam. Adele falou sorrindo:
– It was a pleasure, Carla! – (Foi um
prazer, Carla!).
– The pleasure was all mine, Adele! –
(O prazer foi todo meu, Adele!).
As
duas se retiraram do palco, acenando para as pessoas ali presentes.
As duas seguiram cada uma para seu
camarim. “Não foi um prazer, foi uma
bosta, gordinha melosa”, pensou Carla.
– Vai, vai, vai! – Era um homem
gritando para outro andar mais depressa com a jovem no colo. Ao colocá-la na
poltrona do jato, o homem limpou o suor da testa e começou a contá-las. Ao
terminar, ele falou:
– Certo. Todas as seis estão aqui. O
jato pode ir!
Os
pilotos se ajeitaram no mesmo, que não era grande. Um homem desceu e saiu da
pista. O jato começou a se aquecer. De repente, ele já estava voando. Dentro
dele, as seis jovens estavam dormindo, amarradas às poltronas com as bocas
tapadas. De repente uma delas acordou olhando em volta, vendo mais cinco
garotas. Ela tentou gritar. Em sua cabeça veio o momento que ela foi
sequestrada. Em que Renato correu para pegá-la. Só isso que Valéria lembrava.
Ela tentou gritar mais uma vez, mas não conseguiu, então, decidiu entregar tudo
nas mãos do destino.
– Nenhuma notícia, delegado? – Era a
pergunta aflita de Renato para o delegado Robson na delegacia em plena
madrugada.
– Ainda não. Tente se acalmar rapaz.
Sua amiga não aparecerá de uma hora pra outra.
Renato
parou de andar na sala de Robson e se sentou, ficando de frente a ele. Os dois
estavam a sós na sala. Robson perguntou:
– Será que alguém anotou a placa?
– Acho que não. Todos me viram ligando
pra polícia. Se tivessem anotado, teriam falado comigo. Mas delegado, por que
eles iriam sequestrar assim, de uma hora pra outra?
Robson
se levantou e começou a andar, fazendo Renato ficar aflito. Então ele falou:
– Tenho muitas suspeitas, rapaz. Mas só
uma me convence: tráfico humano. Bom, não podemos confirmar, mas parece ser.
Aliás, as vítimas desse crime são sequestradas ou enganadas com uma proposta,
levadas para o exterior, e lá, obrigadas a se prostituírem.
Renato
pensou por um segundo e depois falou:
– Mas isso não pode ter acontecido com
a Valéria... Justo com ela?
De
repente um homem entrou na sala, um detetive:
– Com licença, Dr. Robson – Disse ele
já dentro da sala.
O
homem pôs os papéis na mesa e exclamou:
– Acabamos de confirmar: o hospital
Trindade recebeu novos órgãos, sendo que o número de doadores não bate.
Renato
ouviu com atenção a conversa.
– Eu sabia! Eu sabia! – Falou Robson –
Mas não podemos garantir, afinal, pode ser um erro. Mas as chances de que esse
hospital é uma base do tráfico de órgãos são muitas.
Renato
se meteu:
– O que é tráfico de órgãos?
Robson
olhou para o rapaz. Antes de começar a falar, o homem que estava na sala se
retirou. Então Robson disse:
– Já ouviu falar disso?
– Já, mas nunca me interessei em saber.
Mas o senhor pode me explicar?
Robson
voltou a se sentar. Ajeitou a gola da camisa, e passou a mão direita em seus
cabelos castanhos. Coçando a barba, ele respondeu:
– Resumindo: existem dois tipos. O que
a vítima vende os órgãos do corpo por precisar de dinheiro e o de quando as
vítimas são sequestradas, massacradas e têm os órgãos mais importantes dos seus
corpos arrancados. Ou até mesmo todos os órgãos.
Renato
ficou boquiaberto:
– Isso... É inacreditável. Como alguém
tem coragem de sequestrar pra arrancar os órgãos? Funcionam em quadrilhas?
– Sim, em quadrilhas. – O delegado
bocejou, e mudou de assunto – Mas, se você não se incomoda rapaz, é melhor ir
pra casa, descansar. Cuidaremos do sequestro de sua amiga.
Renato
se levantou.
– Qualquer coisa me ligue.
Ele
deixou a sala, abatido. Saiu da delegacia, e começou a andar pelas ruas.
Lembrou-se do momento em que ia falar para Valéria que a amava. Atravessou a
rua, que estava vazia, já que eram quase três da manhã.
Quando chegou a seu apartamento, ele ligou
para a família de Valéria, para avisar, mas a mesma não atendeu. Ele então
começou a chorar em sua cama. As lágrimas eram tantas, que encharcam seu rosto.
Mas por fim, o cansaço o venceu, e ele dormiu.
Buenos Aires,
Argentina.
Valéria abriu os olhos, só que fechou
na hora ao ver o brilho da lâmpada. Foi abrindo devagarzinho. Percebeu que
estava nua, completamente nua, mas coberta por um lençol branco. Tentou se
levantar e viu que estava amarrada. Conseguiu mexer a cabeça e viu que estava
numa cama, no meio de uma sala, com mais cinco jovens. Dez minutos se passaram
e todas estavam acordadas.
Todas tentaram gritar, mas não
conseguiram. Suas bocas estavam tapadas com esparadrapo. Valéria ficou imóvel
quando escutou um barulho. Todas choravam. Mas um choro silencioso, só com
lágrimas. Estavam horrorizadas.
De repente a porta se abriu e cerca de
dez pessoas vestidas de branco entraram na sala. Então eles tiraram os
esparadrapos das bocas das jovens. Uma mulher se aproximou de Valéria e olhou
no fundo dos seus olhos, dizendo com um sorriso:
– Está pronta para seu fim?
Valéria
continuou chorando e perguntou:
– Quem é você? O que você vai fazer
comigo?
A
mulher respondeu com um tom de raiva:
– Me chamo Estela Lumbré, e agora, você
está em minhas mãos!
COLABORADOR- LUIZ GUSTAVO
DIREÇÃO DE ARTE - MÁRCIO GABRIEL
ESCRITO POR - WILLIAM ARAUJO
REALIZAÇÃO - TV VIRTUAL
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