VIGÉSIMO SEGUNDO CAPÍTULO
a leitura
do testamento
Os três
ficam emocionados. Eles dão um abraço triplo.
— Alessandra... minha irmã! Alex, que
saudades! — diz Adriano, numa voz embargada.
— Quando tempo, meu Deus! — diz Alessandra.
— Como você ficou um rapaz lindo, Alex... não o vemos desde quando era um
bebezinho!
— Eu... eu não lembro de nada, mas... Sei
de toda a história. Eu sinto muito por nós termos nos afastado assim... — diz
Alex.
Bruno, com uma câmera escondida do celular,
filma tudo. Ugo, do alto da escada, observa nervoso tudo o que está
acontecendo. Fidel o flagra.
— Parece que você não perde o costume de
ficar aí olhando tudo... Fofoqueiro.
— Cala a boca, Fidel, e faz o teu trabalho.
— Viúva... — O mordomo zomba e desce as
escadas. Ugo cerra os punhos. — Vou ficar no portão cuidando da recepção dos
convidados. Qualquer coisa, estarei lá.
— Cérebro vai me matar... Estava tudo em
minhas mãos!
***
Música : Yann
Tiersen - Comptine d'un Autre Ete.
Ingrid caminha em direção à mansão.
Pensativa, ela para e fica olhando para a grande casa.
Preciso
entrar naquela casa e contar toda a verdade. Mesmo que seja tarde demais. Minha
mãe sofreu muito por causa daquela família. Parte daquela herança é minha.
***
Estão todos a postos, sentados na
grande mesa de jantar da família, com inúmeros lugares. Em uma das pontas, está
sentada Albaniza, que coloca os óculos para ler o testamento. Victorio está de
pé, ao seu lado. Na outra ponta da mesa, está Gisela. No lado direito,
Alessandra e Gianpaolo; Alex e Analú. Do direito, Adriano, Vanessa e Bruno.
—
Vamos começar a leitura do testamento do senhor Wagner Mendonça Peregrini. —
introduz Albaniza. — este testamento foi redigido em agosto deste ano, pouco
antes de sua morte, anulando o testamento redigido anteriormente. — pigarreia.
—
Vamos, Dona Albaniza. Diga logo o que o vovô nos deixou! — reclama Vanessa.
Bruno se concentra em filmar disfarçadamente com a câmera do celular todo o
acontecimento.
—
Tenha bons modos, Vanessa! — diz Adriano.
***
Na entrada da mansão, Ingrid é
barrada.
—
Mas eu sou a Cida! Eu era secretária do Dr. Wagner!
—
Sinto muito, mas você não está autorizada a entrar. — diz o porteiro.
De
longe, Fidel percebe o barraco e reconhece Ingrid do dia em que se apresentou
no cruzeiro.
Flashback.
― Socorro! Socorro! – Bruno pede ajuda para
resgatar Ingrid que continua pendurada do lado de fora do navio.
Fidel
(ainda vestido de mulher) aparece aflito.
― Moço, moça ou sei lá o quê. Me ajuda
aqui!
O
mordomo olha para fora do navio e vê Ingrid desesperada.
― Oh, nossa! Calminha garota que eu vou te
puxar.
Fidel
dá a outra mão para Ingrid que com a ajuda de Bruno a puxa de volta para dentro
do navio.
Fim
do Flashback.
—
Sr. Almeida! Pode deixar a moça entrar. Eu a conheço. — Fidel adverte o
porteiro.
—
Mas o Sr. Ugo disse que...
—
O Ugo não é seu patrão. Pode entrar, mocinha. — Fidel gesticula para Ingrid e
ela finalmente entra na mansão.
Ingrid
abraça Fidel.
—
Muito obrigada, seu moço... Nem pude te agradecer por ter salvado minha vida
naquele navio.
—
Ah bi, não foi nada.
—
Prazer. Meu nome é Cida. — Ingrid estende a mão para que Fidel a aperte. Ele
corresponde.
—
Carlos Fidel, com todo o brilho e longe de todos os recalques. — o mordomo dá
um beijinho por cima do ombro.
—
Eu preciso entrar naquela reunião... eu preciso entrar naquela sala. Você me
ajuda?
—
Eu reconheci o seu bofe... — diz Fidel.
—
Bofe?
—
Aquele que estava te acompanhando no navio. Ele está aí.
—
O... O Bruno?
—
Ele está namorando a neta do Sr. Wagner. Aquela Vanessa é uma carniça. Sinto
muito pelo término do namoro de vocês.
—
Mas que filho da mãe!
—
Então, se você quer entrar lá... Cida... Preciso muito que você se controle.
Ingrid
assente com a cabeça.
***
Ingrid
fica espiando do canto da porta. Ugo percebe sua presença e a encara, com uma
expressão raivosa. Ela faz o mesmo.
Os
familiares entram numa discussão, não permitindo que os advogados leiam o
testamento.
—
Ordem! Precisamos de ordem nisso aqui! — adverte Victorio, fazendo com que
todos se calem. Ele olha para Albaniza e diz — prossiga, mamãe.
—
Obrigada, Victorio. — a advogada começa a ler — “Fortaleza, Ceará, 20 de agosto
de 2012. Admito que errei no passado. Errei muito. Errei com meus empregados,
funcionários da Flash, meus filhos, minha esposa... minha amante. Nunca medi as
consequências dos meus atos. Sempre pensei que não fosse precisar dos meus
filhos, e que esta doença que eu vinha carregando por todos estes anos jamais
me mataria, já que eu cheguei até aqui. A AIDS me tirou muita coisa, mas mesmo
sem o amor dos meus filhos, eu tenho um homem
que eu amo. Amo muito. Ugo é o amor
da minha vida, mesmo eu sendo este homem de aparência rude, eu seria capaz de
dar minha vida por ele.”
A
maioria das pessoas se choca com a notícia. Fidel ri, olhando para Ugo, que
logo sai do local e se tranca no quarto.
—
Eu sabia que ali tinha, Cida. Sabia que a Coca era Fanta! Ui! — Fidel comenta
para Ingrid.
***
Trancado
no quarto, Ugo corre de um lado para outro. Desesperado, passando as mãos nos
cabelos, andando de um lado para outro.
—
AIDS... Wagner tinha AIDS! — o italiano corre para o espelho e fica olhando
para o próprio rosto. — MALDITO! Ele... Io...
Io posso estar com esta doença
também. Não! Não! NÃO! NÃÃÃO! — Maldito... Stronzo!
Elle foi para o inferno e me deixou questo
presente. Todos saberão que... Io preciso
sair daqui antes que seja tarde demais.
(ESPAÇO PARA A ABERTURA)
Ainda há um
certo tumulto na leitura do testamento de Wagner. Ainda sentada em seu lugar,
Alessandra olha ao redor do salão onde ela se encontra.
— Procurando algo, meu amor? — pergunta
Gianpaolo.
— Ugo... Ele era o segurança do meu pai.
— E segundo o testamento, parece que outras
coisas mais também. — o marido de Alessandra dá uma pequena risada.
***
Ugo tenta pular a janela do seu quarto e
sair da casa, mas antes ele tem de andar pelo telhado. Ainda no salão, Ingrid
fica a postos quando vê Ugo descendo a escada que existe fixada na parede do
jardim. Ela corre e o surpreende.
—
Foi você, não foi? Você matou Wagner! — grita Ingrid.
O italiano se assusta, mas depois dá um
sorriso.
— Eu ouvi sua conversa com um tal de
“Cérebro”. Eu vou contar tudo à polícia!
— Cida, tu não sabe com quem está lidando.
— Me fala, Ugo. Quem é este tal de Cérebro?
É um dos filhos do meu... Do Dr. Wagner? Fala, Ugo!
Ugo segura
Ingrid pelo pescoço, e a moça sente dificuldade em respirar. Ela desfere uma
joelhada em suas partes íntimas.
— Socorro! Socorro! — grita ela.
No salão onde está acontecendo a leitura do
testamento, Bruno e Victorio percebem a confusão que está acontecendo no
jardim. Eles correm até lá. Fidel percebe e os segue.
— Adoro cheirinho de barraco. — comenta o
mordomo.
***
Ugo se
levanta e agarra Ingrid pelo pescoço, mas Victorio o puxa pelo braço e lhe dá
um soco no rosto.
— Não é só por que você era a mulherzinha
do Sr. Wagner que significa que você pode bater em mulher. Vem brigar com
alguém do seu tamanho, filho de uma cadela.
Bruno e
Fidel chegam e, enquanto Ugo e Victorio brigam feio, Ingrid percebe a presença
do ex-namorado.
— Você... Bruno? — diz Ingrid.
— Não disse que seu ex-bofe estava aqui? —
comenta Fidel.
— Por favor, não fala comigo. Volta para a
sua patricinha. Volta!
Bruno tenta
aproximar sua mão do rosto de Ingrid, mas ela o repele.
— Vai embora, Bruno!
Bruno sai
da cena. Ugo dá um soco muito forte em Victorio, que cai para trás. O italiano
pega a mochila, aproveita e foge.
Ingrid e
Fidel tentam colocar Victorio de pé.
— Muito obrigada por ter brigado por mim...
mesmo sem nem ao menos me conhecer. — Ingrid agradece.
— Não foi nada... Um homem não pode bater
numa mulher. Um homem de verdade defende uma
mulher. — diz Victorio, limpando o sangue no canto de sua boca com o guardanapo
fornecido pelo mordomo Fidel.
— Ui, isso foi profundo! — comenta o
mordomo. — Mas agora precisamos voltar para o salão. Aquilo tá mais animado que
Casos de Família. Socorroney!
***
Os amigos e familiares de Wagner discutem
muito. Albaniza está com a cabeça baixa, pousada na mesa.
— Ai, eu não aguento mais! —suspira a
advogada.
Bruno se senta novamente ao lado de
Vanessa. Ele contorna sua cintura com o braço direito e ela lhe dá um selinho.
— Onde estava, amor?
— No toalete.
Fidel,
Ingrid e Victorio voltam ao salão. Os dois primeiros ficam escorados na porta,
enquanto o filho da advogada tenta colocar ordem novamente no evento.
— Silêncio! Silêncio! Assim não dá, gente.
— berra Victorio.
— E o povo acha que em casa de rico não tem
barraco. — comenta Fidel para Ingrid. — HAHA! É o que mais tem. E aqui tem
barraco duplo, bi...
Ingrid fica olhando para Bruno, não dando
ouvidos para o que o mordomo diz. Bruno percebe os olhares de Ingrid e
corresponde. Ela desvia o olhar.
— Cidinha, bi? Você não acha? Cidinha?
— Ah, sim, Fidel. Estava distraída.
Música : Madonna – Spanish Eyes.
Finalmente
todos ficam calados, possibilitando assim que Albaniza termine de ler o
testamento:
— “25 anos... 25 anos é um tempo bom, já
que dizem que o tempo pode curar as mágoas que ficam no coração. Foi o tempo
que levei para amadurecer, achar que eu precisava de alguém que pudesse dar
continuidade ao patrimônio que eu construí durante todo esse tempo. Antes de
falar qualquer coisa, digo-lhes que estive procurando por todo esse tempo a
minha filha, que eu rejeitei ao saber que Yolanda, a babá dos meus filhos, com
quem eu mantinha um caso, e sim, o pivô do suicídio da minha esposa Norma,
estava esperando um filho meu. Graças a um detetive, assassinado há alguns
dias, descobri que o seu nome era Ingrid e que ela era catadora de lixo. Mas
como achar uma catadora de lixo dentre tantas? Será que ela aceitaria a
proposta de ficar rica da noite para o dia, do próprio pai, que a rejeitou?”.
Bruno novamente olha para Ingrid. Ela
engole a seco as palavras de Albaniza. Sabe que deve esperar antes de contar
que a verdadeira Ingrid estava viva e que ela estava fingindo ser Cida o tempo
todo. Albaniza continua:
— “Enquanto não encontrava Ingrid, resolvi
tentar alguma aproximação com os meus filhos. Alex, o mais novo, o que eu tive
mais contato. Dei-lhe uma faculdade de Direito, bons estudos, mas ele os
abandonou. Sim, não lhe dei amor paterno, mas sei que nunca estive preparado
para ser pai. Resolvi me redimir com ele, propondo-lhe que administrasse todas
as filiais da Flash, no Brasil, em Roma, Paris, Johanesburgo, ficando assim com
todos os meus bens: iates, mansões, carros, jatinhos. Mas lhe dei a condição de
ele largar a vida vagabunda que leva. Abandonar a música e se dedicar a
advocacia. O ingrato não quis. Eu estava disposto até em aceitar o seu namoro
com a filha do mordomo da mansão!”.
Alex se lembra do dia em questão. Analú o
abraça, pousando a cabeça em seu ombro.
Flashback
do capítulo 14.
―
Pai, o senhor quer mesmo que eu te dê uma resposta, agora, na lata? NÃO! Eu não
quero ser a sua marionete. Não já basta o Ugo? Quer mandar em mim também?
―
Olha o jeito que fala comigo, moleque.
―
Vai fazer o quê? O senhor tem dinheiro fruto das fofocas daqueles que se dizem
artistas e na maioria das vezes não fazem arte. Mas em cima dessa cadeira de
rodas você é um inválido. O senhor é tão ruim que nem o diabo te quer no
inferno. Tá só colhendo o que plantou.
―
Você vai se arrepender por ter me tratado assim.
―
E o senhor? Já se arrependeu por ter tratado a mim e aos meus irmãos como
sempre tratou?
Alex dá as costas, pega o violão e
sai.
Fim do
Flashback.
Albaniza continua a ler o documento:
— “Soube que Alessandra estava em
Fortaleza, depois de uma longa temporada em Paris. Pedi para que Ugo me levasse
até o seu escritório improvisado. E, não surpreendentemente, ela me recebeu com
quatro pedras nas mãos. Mal pude propor alguma coisa a ela”.
Flashback
Os olhos de Alessandra chegam a
brilhar ao ver de Ugo um homem feito. Porém, ele se retira e é obrigada a dar
atenção ao pai.
―
Não sou sua filha e não tenho nada pra tratar com você. — levanta-se da
cadeira. — Ponha-se daqui pra fora já!
―
Antes você vai ter que me ouvir.
―
Ouvir o quê? Suas lamentações? Saiba que tudo o que você fez pra nós não vai se
apagar jamais.
―
Eu reconheço o meu erro, Alessandra! Perdão! Perdão! Eu gostaria muito de me
ajoelhar e implorar pelo seu perdão aos seus pés... Mas olha o meu estado,
querida... Estou morrendo! — Ele se aproxima guiando a cadeira e abraça a
cintura da filha. Ela o empurra.
―
Vai embora, Wagner. Morra naquele chiqueiro onde o senhor ainda vive, mas longe
de mim.
―
Eu só queria o seu perdão... E queria que você ficasse ao meu lado. E que
cuidasse de todos os meus bens depois da minha morte. Sei que... Sei que não
passo deste ano.
―
Vou chamar a segurança...
Fim do
Flashback.
Albaniza estava a poucas linhas de concluir
a leitura, e chegar à parte que interessava a todos: a partilha dos bens:
— “Faltava o Adriano. Dele eu não
conseguiria nada. Nada! Obviamente. Ele era o filho que mais se rebelou, que
mais me enfrentou e isto ele puxou à mãe. Escolhi o pior momento da vida dele,
quando seu filho,(meu neto) Thiago Peregrini, morreu. Reencontrei Adriano no
velório de Thiago, e ele não aceitou proposta nenhuma minha. Talvez se eu
tivesse escolhido uma outra hora...
Adriano recorda este momento.
Flashback
Adriano põe a mão no peito,
gesticulando um susto.
—
Eu não acredito! Não pode ser...
―
Meus sinceros pêsames, Adriano.
―
O senhor não tem um pingo de vergonha na cara? Não ta vendo o meu estado?
―
Faz tanto tempo... Faz tanto tempo que eu não te vejo, meu filho querido!
—
E que continuasse afastado de mim. Esse é o pior dia da minha vida.
Wagner guia a cadeira até o caixão
onde está o corpo de Thiago.
―
Meu neto... Sinto muito por não ter o visto em vida... – põe a mão direita
sobre as mãos do cadáver do rapaz.
― Ele
não é seu neto! Tire as mãos dele, Wagner. Pegue o seu capacho — aponta para Ugo.
— E se manda daqui. Já!
Fim do
Flashback.
— Vamos
logo, Dra. Albaniza! Queremos saber para quem meu avô deixou todos os seus
bens! — diz Vanessa.
Todos se
entreolham. Sentem que já chegou a hora. Em breve terão uma surpresa.
— Sim,
Vanessa. Minha mãe está nas últimas linhas. Tenha calma, por favor. — diz
Victorio.
— Por
favor, Victorio. Leia para mim. Eu não consigo... — Albaniza chora. — Wagner
era um amigo excelente para mim.
— Como
quiser, mãe. Acalme-se.
Victorio
pega o documento e lê o último parágrafo:
— “Minhas
últimas esperanças de encontrar um herdeiro, sangue do meu sangue foram
reduzidas a pó, no dia em que eu soube que o detetive que cuidava do caso da
procura de minha filha bastarda, Ingrid Ferreira, foi assassinado. Ele havia
descoberto o endereço desta minha filha. E eu estava disposto a encontrá-la.
Bati na porta da casa de Inês, a senhora que criou minha filha, mas uma
catadora de lixo me disse que Ingrid estava morta”.
Ingrid se
segura para não falar tudo. Ela aguenta mais uns instantes. Victorio prossegue
— “Ofereci
ajuda à Cida, que foi a melhor amiga de minha filha Ingrid enquanto ela estava
viva. Tornei-a de faxineira à secretária executiva da Flash. Em poucos dias, vi
em Cida algo especial. Aquela simples catadora de lixo, promovida a secretária,
me trazia conforto. Bom humor. E acho que era recíproco. E hoje, ordenei à
Albaniza Dias, minha advogada e melhor amiga, que redigisse este testamento
deixando todos os meus bens, tudo o que está em meu nome, desde os iates,
automóveis, imóveis, e parte das ações da Flash (as que não foram vendidas à
minha ex-sogra Gisela Saboya) para o nome de minha secretária: Maria Aparecida
dos Santos. Ou como gosta de ser chamada, Cida. Desejo uma vida miserável a
todos aqueles que me negaram perdão, e que Cida faça bom uso do dinheiro que
estou lhe oferecendo. Wagner Peregrini”.
***
Música : Renato Russo – La Solitudine.
Ugo está em
um ônibus, ainda recordando das palavras ditas por Albanzia, enquanto lia o
testamento.
“Aids...”
“Eu o amava...” “Aids...” “O homem da minha vida...”
Ugo recebe
uma mensagem no celular. É uma mensagem de “Cérebro”.
“UGO!
ONDE ESTÁ? A HORA É AGORA. TRAGA O DOCUMENTO QUE VOCÊ FEZ WAGNER ASSINAR!”.
Ugo
responde:
“EU O
PERDI...”.
E então ele
recebe a resposta:
“ITALIANO
MALDITO! VOCÊ DEVE ESTAR LONGE, MAS TE ENCONTRAREI. POR SUA CULPA, A SECRETÁRIA
VAI FICAR COM TODA A GRANA. ISSO MESMO UGO, SEU MARIDINHO DEIXOU TUDO PARA ELA.
NENHUMA MIGALHA PRA VOCÊ, E NEM MESMO PARA OS FILHOS. TUDO PARA AQUELA
ESTRANHA. AQUELE DOCUMENTO ERA A SALVAÇÃO, SEU TRASTE. EU VOU LHE MATAR. EU VOU
LHE MATAR!”.
***
—
Como ele pode deixar todo esse dinheiro para uma... secretária?! — exclama
Gisela.
—
Eu não entendo! Eu não entendo como Wagner pode ter sido tão otário... tão
vadio! — diz Adriano.
—
Já era de se esperar que ele não deixasse nada para nós. — diz Alessandra.
—
E quem é esta secretária? — pergunta Alex, olhando em volto do salão. — Ela
está aqui?
—
Bi, você tá rica! Vai, besta! Deixa
todos esses ricões na merda! Vai, Cida!
Fidel
diz isso e, em seguida, empurra Ingrid para perto da mesa. Todos a observam.
Bruno filma. Assustada, e ao mesmo tempo com ódio por Fidel ter feito aquilo,
Ingrid se pronuncia:
—
Sim. Estou aqui. Prazer, meu nome é Maria Aparecida dos Santos. Eu era
secretária do Sr. Wagner. E agora, a herdeira de todos os seus bens.
FIM DO SEGUNDO
TESTAMENTO.