sexta-feira, 11 de abril de 2014

Alta Tensão - Capítulo 22




VIGÉSIMO SEGUNDO CAPÍTULO
  a leitura do testamento  

Os três ficam emocionados. Eles dão um abraço triplo.
     — Alessandra... minha irmã! Alex, que saudades! — diz Adriano, numa voz embargada.
     — Quando tempo, meu Deus! — diz Alessandra. — Como você ficou um rapaz lindo, Alex... não o vemos desde quando era um bebezinho!
     — Eu... eu não lembro de nada, mas... Sei de toda a história. Eu sinto muito por nós termos nos afastado assim... — diz Alex.
     Bruno, com uma câmera escondida do celular, filma tudo. Ugo, do alto da escada, observa nervoso tudo o que está acontecendo. Fidel o flagra.
     — Parece que você não perde o costume de ficar aí olhando tudo... Fofoqueiro.
     — Cala a boca, Fidel, e faz o teu trabalho.
     — Viúva... — O mordomo zomba e desce as escadas. Ugo cerra os punhos. — Vou ficar no portão cuidando da recepção dos convidados. Qualquer coisa, estarei lá.
     — Cérebro vai me matar... Estava tudo em minhas mãos!
***

Música : Yann Tiersen - Comptine d'un Autre Ete.
Ingrid caminha em direção à mansão. Pensativa, ela para e fica olhando para a grande casa.
Preciso entrar naquela casa e contar toda a verdade. Mesmo que seja tarde demais. Minha mãe sofreu muito por causa daquela família. Parte daquela herança é minha.
***
     Estão todos a postos, sentados na grande mesa de jantar da família, com inúmeros lugares. Em uma das pontas, está sentada Albaniza, que coloca os óculos para ler o testamento. Victorio está de pé, ao seu lado. Na outra ponta da mesa, está Gisela. No lado direito, Alessandra e Gianpaolo; Alex e Analú. Do direito, Adriano, Vanessa e Bruno.
     — Vamos começar a leitura do testamento do senhor Wagner Mendonça Peregrini. — introduz Albaniza. — este testamento foi redigido em agosto deste ano, pouco antes de sua morte, anulando o testamento redigido anteriormente. — pigarreia.
     — Vamos, Dona Albaniza. Diga logo o que o vovô nos deixou! — reclama Vanessa. Bruno se concentra em filmar disfarçadamente com a câmera do celular todo o acontecimento.
     — Tenha bons modos, Vanessa! — diz Adriano.
***
Na entrada da mansão, Ingrid é barrada.
     — Mas eu sou a Cida! Eu era secretária do Dr. Wagner!
     — Sinto muito, mas você não está autorizada a entrar. — diz o porteiro.
     De longe, Fidel percebe o barraco e reconhece Ingrid do dia em que se apresentou no cruzeiro.
Flashback.
     ― Socorro! Socorro! – Bruno pede ajuda para resgatar Ingrid que continua pendurada do lado de fora do navio.
Fidel (ainda vestido de mulher) aparece aflito.
     ― Moço, moça ou sei lá o quê. Me ajuda aqui!
O mordomo olha para fora do navio e vê Ingrid desesperada.
     ― Oh, nossa! Calminha garota que eu vou te puxar.
Fidel dá a outra mão para Ingrid que com a ajuda de Bruno a puxa de volta para dentro do navio.
Fim do Flashback.

     — Sr. Almeida! Pode deixar a moça entrar. Eu a conheço. — Fidel adverte o porteiro.
     — Mas o Sr. Ugo disse que...
     — O Ugo não é seu patrão. Pode entrar, mocinha. — Fidel gesticula para Ingrid e ela finalmente entra na mansão.
     Ingrid abraça Fidel.
     — Muito obrigada, seu moço... Nem pude te agradecer por ter salvado minha vida naquele navio.
     — Ah bi, não foi nada.
     — Prazer. Meu nome é Cida. — Ingrid estende a mão para que Fidel a aperte. Ele corresponde.
     — Carlos Fidel, com todo o brilho e longe de todos os recalques. — o mordomo dá um beijinho por cima do ombro.
     — Eu preciso entrar naquela reunião... eu preciso entrar naquela sala. Você me ajuda?
     — Eu reconheci o seu bofe... — diz Fidel.
     — Bofe?
     — Aquele que estava te acompanhando no navio. Ele está aí.
     — O... O Bruno?
     — Ele está namorando a neta do Sr. Wagner. Aquela Vanessa é uma carniça. Sinto muito pelo término do namoro de vocês.
     — Mas que filho da mãe!
     — Então, se você quer entrar lá... Cida... Preciso muito que você se controle.
     Ingrid assente com a cabeça.
***
     Ingrid fica espiando do canto da porta. Ugo percebe sua presença e a encara, com uma expressão raivosa. Ela faz o mesmo.
     Os familiares entram numa discussão, não permitindo que os advogados leiam o testamento.
     — Ordem! Precisamos de ordem nisso aqui! — adverte Victorio, fazendo com que todos se calem. Ele olha para Albaniza e diz — prossiga, mamãe.
     — Obrigada, Victorio. — a advogada começa a ler — “Fortaleza, Ceará, 20 de agosto de 2012. Admito que errei no passado. Errei muito. Errei com meus empregados, funcionários da Flash, meus filhos, minha esposa... minha amante. Nunca medi as consequências dos meus atos. Sempre pensei que não fosse precisar dos meus filhos, e que esta doença que eu vinha carregando por todos estes anos jamais me mataria, já que eu cheguei até aqui. A AIDS me tirou muita coisa, mas mesmo sem o amor dos meus filhos, eu tenho um homem  que eu amo. Amo muito. Ugo é o amor da minha vida, mesmo eu sendo este homem de aparência rude, eu seria capaz de dar minha vida por ele.”
     A maioria das pessoas se choca com a notícia. Fidel ri, olhando para Ugo, que logo sai do local e se tranca no quarto.
     — Eu sabia que ali tinha, Cida. Sabia que a Coca era Fanta! Ui! — Fidel comenta para Ingrid.
***
     Trancado no quarto, Ugo corre de um lado para outro. Desesperado, passando as mãos nos cabelos, andando de um lado para outro.
     — AIDS... Wagner tinha AIDS! — o italiano corre para o espelho e fica olhando para o próprio rosto. — MALDITO! Ele... Io... Io posso estar com esta doença também. Não! Não! NÃO! NÃÃÃO! — Maldito... Stronzo! Elle foi para o inferno e me deixou questo presente. Todos saberão que... Io preciso sair daqui antes que seja tarde demais.
(ESPAÇO PARA A ABERTURA)
Ainda há um certo tumulto na leitura do testamento de Wagner. Ainda sentada em seu lugar, Alessandra olha ao redor do salão onde ela se encontra.
     — Procurando algo, meu amor? — pergunta Gianpaolo.
     — Ugo... Ele era o segurança do meu pai.
     — E segundo o testamento, parece que outras coisas mais também. — o marido de Alessandra dá uma pequena risada.
                           ***
     Ugo tenta pular a janela do seu quarto e sair da casa, mas antes ele tem de andar pelo telhado. Ainda no salão, Ingrid fica a postos quando vê Ugo descendo a escada que existe fixada na parede do jardim. Ela corre e o surpreende.
     — Foi você, não foi? Você matou Wagner! — grita Ingrid.
     O italiano se assusta, mas depois dá um sorriso.
     — Eu ouvi sua conversa com um tal de “Cérebro”. Eu vou contar tudo à polícia!
     — Cida, tu não sabe com quem está lidando.
     — Me fala, Ugo. Quem é este tal de Cérebro? É um dos filhos do meu... Do Dr. Wagner? Fala, Ugo!
Ugo segura Ingrid pelo pescoço, e a moça sente dificuldade em respirar. Ela desfere uma joelhada em suas partes íntimas.
     — Socorro! Socorro! — grita ela.
     No salão onde está acontecendo a leitura do testamento, Bruno e Victorio percebem a confusão que está acontecendo no jardim. Eles correm até lá. Fidel percebe e os segue.
     — Adoro cheirinho de barraco. — comenta o mordomo.
                           ***
Ugo se levanta e agarra Ingrid pelo pescoço, mas Victorio o puxa pelo braço e lhe dá um soco no rosto.
     — Não é só por que você era a mulherzinha do Sr. Wagner que significa que você pode bater em mulher. Vem brigar com alguém do seu tamanho, filho de uma cadela.
Bruno e Fidel chegam e, enquanto Ugo e Victorio brigam feio, Ingrid percebe a presença do ex-namorado.
     — Você... Bruno? — diz Ingrid.
     — Não disse que seu ex-bofe estava aqui? — comenta Fidel.
     — Por favor, não fala comigo. Volta para a sua patricinha. Volta!
Bruno tenta aproximar sua mão do rosto de Ingrid, mas ela o repele.
     — Vai embora, Bruno!
Bruno sai da cena. Ugo dá um soco muito forte em Victorio, que cai para trás. O italiano pega a mochila, aproveita e foge.
Ingrid e Fidel tentam colocar Victorio de pé.
     — Muito obrigada por ter brigado por mim... mesmo sem nem ao menos me conhecer. — Ingrid agradece.
     — Não foi nada... Um homem não pode bater numa mulher. Um homem de verdade defende uma mulher. — diz Victorio, limpando o sangue no canto de sua boca com o guardanapo fornecido pelo mordomo Fidel.
     — Ui, isso foi profundo! — comenta o mordomo. — Mas agora precisamos voltar para o salão. Aquilo tá mais animado que Casos de Família. Socorroney!
***
     Os amigos e familiares de Wagner discutem muito. Albaniza está com a cabeça baixa, pousada na mesa.
     — Ai, eu não aguento mais! —suspira a advogada.
     Bruno se senta novamente ao lado de Vanessa. Ele contorna sua cintura com o braço direito e ela lhe dá um selinho.
     — Onde estava, amor?
     — No toalete.
Fidel, Ingrid e Victorio voltam ao salão. Os dois primeiros ficam escorados na porta, enquanto o filho da advogada tenta colocar ordem novamente no evento.
     — Silêncio! Silêncio! Assim não dá, gente. — berra Victorio.
     — E o povo acha que em casa de rico não tem barraco. — comenta Fidel para Ingrid. — HAHA! É o que mais tem. E aqui tem barraco duplo, bi...
     Ingrid fica olhando para Bruno, não dando ouvidos para o que o mordomo diz. Bruno percebe os olhares de Ingrid e corresponde. Ela desvia o olhar.
     — Cidinha, bi? Você não acha? Cidinha?
     — Ah, sim, Fidel. Estava distraída.

Música : Madonna – Spanish Eyes.
     Finalmente todos ficam calados, possibilitando assim que Albaniza termine de ler o testamento:
     — “25 anos... 25 anos é um tempo bom, já que dizem que o tempo pode curar as mágoas que ficam no coração. Foi o tempo que levei para amadurecer, achar que eu precisava de alguém que pudesse dar continuidade ao patrimônio que eu construí durante todo esse tempo. Antes de falar qualquer coisa, digo-lhes que estive procurando por todo esse tempo a minha filha, que eu rejeitei ao saber que Yolanda, a babá dos meus filhos, com quem eu mantinha um caso, e sim, o pivô do suicídio da minha esposa Norma, estava esperando um filho meu. Graças a um detetive, assassinado há alguns dias, descobri que o seu nome era Ingrid e que ela era catadora de lixo. Mas como achar uma catadora de lixo dentre tantas? Será que ela aceitaria a proposta de ficar rica da noite para o dia, do próprio pai, que a rejeitou?”.
     Bruno novamente olha para Ingrid. Ela engole a seco as palavras de Albaniza. Sabe que deve esperar antes de contar que a verdadeira Ingrid estava viva e que ela estava fingindo ser Cida o tempo todo. Albaniza continua:
     — “Enquanto não encontrava Ingrid, resolvi tentar alguma aproximação com os meus filhos. Alex, o mais novo, o que eu tive mais contato. Dei-lhe uma faculdade de Direito, bons estudos, mas ele os abandonou. Sim, não lhe dei amor paterno, mas sei que nunca estive preparado para ser pai. Resolvi me redimir com ele, propondo-lhe que administrasse todas as filiais da Flash, no Brasil, em Roma, Paris, Johanesburgo, ficando assim com todos os meus bens: iates, mansões, carros, jatinhos. Mas lhe dei a condição de ele largar a vida vagabunda que leva. Abandonar a música e se dedicar a advocacia. O ingrato não quis. Eu estava disposto até em aceitar o seu namoro com a filha do mordomo da mansão!”.
     Alex se lembra do dia em questão. Analú o abraça, pousando a cabeça em seu ombro.
Flashback do capítulo 14.

     ― Pai, o senhor quer mesmo que eu te dê uma resposta, agora, na lata? NÃO! Eu não quero ser a sua marionete. Não já basta o Ugo? Quer mandar em mim também?
     ― Olha o jeito que fala comigo, moleque.
     ― Vai fazer o quê? O senhor tem dinheiro fruto das fofocas daqueles que se dizem artistas e na maioria das vezes não fazem arte. Mas em cima dessa cadeira de rodas você é um inválido. O senhor é tão ruim que nem o diabo te quer no inferno. Tá só colhendo o que plantou.
     ― Você vai se arrepender por ter me tratado assim.
     ― E o senhor? Já se arrependeu por ter tratado a mim e aos meus irmãos como sempre tratou?
Alex dá as costas, pega o violão e sai.

Fim do Flashback.
     Albaniza continua a ler o documento:
     — “Soube que Alessandra estava em Fortaleza, depois de uma longa temporada em Paris. Pedi para que Ugo me levasse até o seu escritório improvisado. E, não surpreendentemente, ela me recebeu com quatro pedras nas mãos. Mal pude propor alguma coisa a ela”.
Flashback
                 
Os olhos de Alessandra chegam a brilhar ao ver de Ugo um homem feito. Porém, ele se retira e é obrigada a dar atenção ao pai.
     ― Não sou sua filha e não tenho nada pra tratar com você. — levanta-se da cadeira. — Ponha-se daqui pra fora já!
     ― Antes você vai ter que me ouvir.
     ― Ouvir o quê? Suas lamentações? Saiba que tudo o que você fez pra nós não vai se apagar jamais.
     ― Eu reconheço o meu erro, Alessandra! Perdão! Perdão! Eu gostaria muito de me ajoelhar e implorar pelo seu perdão aos seus pés... Mas olha o meu estado, querida... Estou morrendo! — Ele se aproxima guiando a cadeira e abraça a cintura da filha. Ela o empurra.
     ― Vai embora, Wagner. Morra naquele chiqueiro onde o senhor ainda vive, mas longe de mim.
     ― Eu só queria o seu perdão... E queria que você ficasse ao meu lado. E que cuidasse de todos os meus bens depois da minha morte. Sei que... Sei que não passo deste ano.
     ― Vou chamar a segurança...
Fim do Flashback.
     Albaniza estava a poucas linhas de concluir a leitura, e chegar à parte que interessava a todos: a partilha dos bens:
     — “Faltava o Adriano. Dele eu não conseguiria nada. Nada! Obviamente. Ele era o filho que mais se rebelou, que mais me enfrentou e isto ele puxou à mãe. Escolhi o pior momento da vida dele, quando seu filho,(meu neto) Thiago Peregrini, morreu. Reencontrei Adriano no velório de Thiago, e ele não aceitou proposta nenhuma minha. Talvez se eu tivesse escolhido uma outra hora...
     Adriano recorda este momento.
Flashback

Adriano põe a mão no peito, gesticulando um susto.
     — Eu não acredito! Não pode ser...
     ― Meus sinceros pêsames, Adriano.
     ― O senhor não tem um pingo de vergonha na cara? Não ta vendo o meu estado?
     ― Faz tanto tempo... Faz tanto tempo que eu não te vejo, meu filho querido!
     — E que continuasse afastado de mim. Esse é o pior dia da minha vida.
Wagner guia a cadeira até o caixão onde está o corpo de Thiago.
     ― Meu neto... Sinto muito por não ter o visto em vida... – põe a mão direita sobre as mãos do cadáver do rapaz.
     ― Ele não é seu neto! Tire as mãos dele, Wagner. Pegue o seu capacho — aponta para Ugo. — E se manda daqui. Já!
Fim do Flashback.
— Vamos logo, Dra. Albaniza! Queremos saber para quem meu avô deixou todos os seus bens! — diz Vanessa.
Todos se entreolham. Sentem que já chegou a hora. Em breve terão uma surpresa.
— Sim, Vanessa. Minha mãe está nas últimas linhas. Tenha calma, por favor. — diz Victorio.
— Por favor, Victorio. Leia para mim. Eu não consigo... — Albaniza chora. — Wagner era um amigo excelente para mim.
— Como quiser, mãe. Acalme-se.
Victorio pega o documento e lê o último parágrafo:
— “Minhas últimas esperanças de encontrar um herdeiro, sangue do meu sangue foram reduzidas a pó, no dia em que eu soube que o detetive que cuidava do caso da procura de minha filha bastarda, Ingrid Ferreira, foi assassinado. Ele havia descoberto o endereço desta minha filha. E eu estava disposto a encontrá-la. Bati na porta da casa de Inês, a senhora que criou minha filha, mas uma catadora de lixo me disse que Ingrid estava morta”.
Ingrid se segura para não falar tudo. Ela aguenta mais uns instantes. Victorio prossegue
— “Ofereci ajuda à Cida, que foi a melhor amiga de minha filha Ingrid enquanto ela estava viva. Tornei-a de faxineira à secretária executiva da Flash. Em poucos dias, vi em Cida algo especial. Aquela simples catadora de lixo, promovida a secretária, me trazia conforto. Bom humor. E acho que era recíproco. E hoje, ordenei à Albaniza Dias, minha advogada e melhor amiga, que redigisse este testamento deixando todos os meus bens, tudo o que está em meu nome, desde os iates, automóveis, imóveis, e parte das ações da Flash (as que não foram vendidas à minha ex-sogra Gisela Saboya) para o nome de minha secretária: Maria Aparecida dos Santos. Ou como gosta de ser chamada, Cida. Desejo uma vida miserável a todos aqueles que me negaram perdão, e que Cida faça bom uso do dinheiro que estou lhe oferecendo. Wagner Peregrini”.
***
Música : Renato Russo – La Solitudine.
Ugo está em um ônibus, ainda recordando das palavras ditas por Albanzia, enquanto lia o testamento.
“Aids...” “Eu o amava...” “Aids...” “O homem da minha vida...”
Ugo recebe uma mensagem no celular. É uma mensagem de “Cérebro”.
“UGO! ONDE ESTÁ? A HORA É AGORA. TRAGA O DOCUMENTO QUE VOCÊ FEZ WAGNER ASSINAR!”.
Ugo responde:
“EU O PERDI...”.
E então ele recebe a resposta:
“ITALIANO MALDITO! VOCÊ DEVE ESTAR LONGE, MAS TE ENCONTRAREI. POR SUA CULPA, A SECRETÁRIA VAI FICAR COM TODA A GRANA. ISSO MESMO UGO, SEU MARIDINHO DEIXOU TUDO PARA ELA. NENHUMA MIGALHA PRA VOCÊ, E NEM MESMO PARA OS FILHOS. TUDO PARA AQUELA ESTRANHA. AQUELE DOCUMENTO ERA A SALVAÇÃO, SEU TRASTE. EU VOU LHE MATAR. EU VOU LHE MATAR!”.

***
     — Como ele pode deixar todo esse dinheiro para uma... secretária?! — exclama Gisela.
     — Eu não entendo! Eu não entendo como Wagner pode ter sido tão otário... tão vadio! — diz Adriano.
     — Já era de se esperar que ele não deixasse nada para nós. — diz Alessandra.
     — E quem é esta secretária? — pergunta Alex, olhando em volto do salão. — Ela está aqui?
     — Bi, você tá rica! Vai, besta! Deixa todos esses ricões na merda! Vai, Cida!
     Fidel diz isso e, em seguida, empurra Ingrid para perto da mesa. Todos a observam. Bruno filma. Assustada, e ao mesmo tempo com ódio por Fidel ter feito aquilo, Ingrid se pronuncia:
     — Sim. Estou aqui. Prazer, meu nome é Maria Aparecida dos Santos. Eu era secretária do Sr. Wagner. E agora, a herdeira de todos os seus bens.

FIM DO SEGUNDO TESTAMENTO.