quarta-feira, 23 de abril de 2014

Que se Acendam as Luzes - Capítulo 08


         Ingrid e Estela se encararam por alguns segundos.
         – Você tava ouvindo atrás da porta, sua mal educada? – Perguntou Estela.
         – Sim, estava. E foi bom ter ouvido. Agora sei o que o hospital faz. E como faz, não é verdade, doutoras?
– Se você contar à polícia, sua vida vai virar um inferno! – Tacou Ingrid.
         – E eu com isso? – Respondeu Sílvia tranquilamente – Eu vou contar é tudo, porque eu quero a ver a casa caindo, como nunca caiu.
Sílvia deixou a sala.
         – Estela, não vai adiantar nada, ela não tem provas.
         – Sim, mas tem boca. Vou acabar com isso agora mesmo.
Estela pegou seu celular e discou oito números. Segundos depois, Abraão estava na linha:
         – Dona Estela?
         – Sim, venha até meu hospital. Tenho um serviço.
E ela desligou.



         – Você descobriu tudo? – perguntou Vitória para Sílvia, boquiaberta.
         – Sim, não disse a você que iria descobrir. Eles traficam órgãos! Eles estão em minhas mãos.
         – Mas você nem tem provas.
Sílvia parou por alguns segundos e se decepcionou.
         – É verdade, mas tenho que ter. Essa é a chance de acabar com eles.
         – Tome cuidado, amiga. Se eles fazem isso, são perigosos.
         – Fique tranquilo. Se forem afetar, só eu serei afetada, senhorita Vitória Mamoré.
A psicóloga estava totalmente enganada, pois Estela estava a observando e com um dedo apontando para ela, afim de que o homem ao seu lado visse.
         – Mas as duas são parecidas. O cabelo, a roupa. – Disse Abraão.
         – Sim, mas é a de lá.
         – Ok, eu vou dar um jeito nela.
         – Fique de olho, não tire os olhos dela. Não faça coisa errada.
Estela se retirou voltando pra sua sala, deixando Abraão no refeitório do hospital observando as duas sentadas.

       
     – Você não vai atrás dele! – Gritou Márcia para Suelen, que decidiu procurar a casa de Sebástian.
         – Vou sim, e a senhora não manda mais em mim.
         – Suelen, pensa bem, você não vai conseguir essa vingança. Ele é rico, poderoso, e você só é uma... Uma... Uma moradora de cortiço. – Disse Dafne.
         – Obrigada pela parte que me toca. Agora: Adeus.
E Suelen seguiu pelas ruas de São Paulo, vestida pra matar, disposta fazer vingança, dar o golpe em Sebástian e conseguir sua vida de volta. Ela não sabia os riscos que correria em fazer uma coisa dessas.



         Sebástian sempre foi rico. Seus pais eram ricos e lhe deixaram tudo. Ele tinha um filho: Jorge, que sempre foi obediente ao pai, apesar de não gostar muito dele. Sentado em seu sofá de sua mansão, ele escutou a campainha tocar. A empregada abriu a porta e uma mulher de vermelho entrou. A primeira voltou pra cozinha. Sebástian se levantou e se surpreendeu ao ver aquele “monumento” em sua frente.
         – Ah, a moça do cortiço.
         – Sim, eu, em carne e osso, seu velho gostoso.
Sebástian pensou se perguntando o que ela viu nele. Então ele falou:
         – Não entendi nada.
         – É que eu te quero, quero te devorar. Não consegui parar de pensar em você e em seu traseiro sexy.
         Sebástian começou a ficar preocupado. Será que a moça é cega? Antes de se responder, Suelen já se encontrava em cima dele, aos beijos. Ele não resistiu às tentações da moça, e levou-a para cima. Não era a coisa certa, mas a sede pelo prazer o incendiara. Há anos que não dormia com mulher nenhuma, e com Suelen, ele fez amor como nunca fez antes.



      Valéria aguardava atentamente os dias para começar o plano. Na verdade, a polícia ainda tentava investigar mais um pouco. Vestida com sua roupa de PM e andando pelo shopping, ela viu um homem roubando um boneco de uma criança. Rapidamente ela começou correr em direção a ele, que percebeu e acelerou-se. Então a perseguição começou. O bandido seguiu apressadamente pelos corredores, com Valéria atrás, destacada como policial. Ao descer da escada o bandido se desequilibrou e caiu. Valéria se aproximou dele caído:
         – Se desequilibrou meu bem? Venha! Me dê sua mão – Disse ela “tentando ajudá-lo” a se levantar. E é claro que o bandido desconfiou, e tentou levantar rapidamente, querendo fugir, mas sentiu uma dor tremenda. Valéria lhe deu um chute na barriga. Ele se virou contorcendo de dor e agarrado ao boneco da criança, e foi aí que levou um chute no rosto, caindo no chão na hora.
Valéria tomou o boneco dele e pergunta para ele, que estava caído:
         – Pra que você queria isso? Pra brincar, meu filho?
         – Pra botar drogas...
Valéria chamou um carro de polícia. Assim que o mesmo chegou, ela procurou a criança, que era uma menina. Ao entregar o brinquedo para ela, a mãe da menina agradeceu:
         – Obrigada, esse brinquedo me custou alguns trocados.
         – Esse é meu dever. – Respondeu Valéria sorrindo também.
A garotinha de apenas cinco anos disse à PM:
         – Eu quero ser igual você quando eu crescer.
         – Seja o que você tem vontade, menina. – Aconselhou Valéria – Siga sua vocação.
Ao dizer isso, Valéria foi embora do shopping, e andando pelas ruas, disse a si mesma:
         – Essa é minha vocação. Ajudar e defender.
E ela seguiu em frente.



         A noite demorou pra chegar naquele dia, principalmente para Valéria, que decidiu sair para dançar, pois não faz isso há muito tempo. É claro que ela escolheu a balada que sempre dançava. Aonde ela e Renato iam. São Paulo, para ela, não é parecido com Paraná. Em seu estado natal ela se divertia mais, era livre e feliz. Mas em São Paulo ela não era tão feliz. Só permaneceu pela vontade de fazer justiça e colocar seus planos em prática.
         Dançando e se divertindo, a PM, vestida com uma calça jeans preta e uma camisa solta amarela, avistou um rapaz conhecido. Ela, por um instante, parou de dançar, e o olhou atentamente, para ter certeza se era realmente ele. Mas ela não ficou muito preocupada, pois estava ruiva, e com uma lente cor castanha, pois precisava se acostumar com a última para atuar no plano contra a quadrilha de tráfico de órgãos.
         O rapaz viu a mulher dançando de costas, obsevou cada detalhe e ritmo de sua dança, até ter certeza, e, então, ele correu até ela, gritando:
         – Valéria!
A PM levou um susto e se virou, ficando bem próxima de Renato. Ela fez esforços para não abraçá-lo. Ah, se você soubesse como sinto sua falta, – pensou ela – queria tanto te abraçar, te tocar, mas não posso. Eu não posso ser eu.
         – Meu nome não é Valéria – Disse “Valéria” disfarçando. – Meu nome é Patrícia.
Renato ficou decepcionado e abaixou a cabeça. Então ele se dirigiu ao balcão, a fim de beber alguma coisa. Valéria tinha que aproveitar enquanto estava com ele, e, então, se sentou em outro tamborete ao lado dele.
         – Quem era Valéria?
         – Uma amiga minha que sumiu e depois apareceu como uma criminosa.
Valéria se sentiu envergonhada.
         – Pareço tento assim com ela?
Renato fitou “Valéria” sem saber que era ela, e respondeu:
         – Demais! Poderia dizer: idênticas, mas seus olhos são castanhos, e seus, cabelos ruivos. E você se chama Patrícia.
         – Você gostava muito dessa moça?
         – Eu era apaixonado por ela.
Pronto. Valéria ficou boquiaberta. Ele me amava? Era isso? Ele ia se declarar? – Foi o que a PM pensou ao relembrar o momento em que ela foi sequestrada e que Renato ia lhe dizer algo.
         De repente uma linda mulher de cabelos negros chegou e deu um selinho em Renato. Valéria se sentiu incomodada.
         – Quem é ela? – Perguntou Ingrid apontando para Valéria.
         – Se chama Patrícia. Acabei de conhecê-la.
         – Ah, sim. Eu tenho a sensação de que a conheço.
Valéria levou um choque ao fitar Ingrid. Não! – Pensou ela. – O Renato não pode namorar uma traficante. É ela.
         – Então até mais. – Disse Valéria saindo. Antes de sair pra rua, ela se virou para trás, e viu que Ingrid beijava Renato calorosamente. Eu perdi o grande amor da minha vida – Pensou Valéria, que deixou a balada.




         Posicionado dentro do carro em frente ao hospital Trindade, Abraão obervava atentamente quem saía e entrava do lugar. É então que viu a presa saindo e pensou para si mesmo: é a Sílvia.
         Então ele funciona o carro, e devagarzinho, foi seguindo a mulher. Então, ao chegar a um determinado local, a mulher parou. Deve ser a casa dela – Pensou Abraão, que desceu do carro e a encarou.
     Ela levou um susto ao ver o homem a encarando, com uma arma apontando. Apressadamente e sem medir as consequências, ela seguiu pelos becos nas beiras da rua. Abraão em disparada a seguiu. Ao ver que estava em um beco sem saída, ela soltou um enorme grito de pavor, e sentiu duas balas entrando em si, e caiu no chão, totalmente ensanguentada. Abraão se aproximou da vítima e observou no crachá o nome: Vitória Mamoré.


 COLABORADOR- LUIZ GUSTAVO 
DIREÇÃO DE ARTE - MÁRCIO GABRIEL
ESCRITO POR - WILLIAM ARAUJO
REALIZAÇÃO - TV VIRTUAL
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