quarta-feira, 23 de abril de 2014

Império Feminino- Capítulo 2


Capítulo 2: A Explosão

Nos capítulos anteriores...

Fale a verdade, o mundo é das mulheres!”

Mais uma vez, a brasileira Helena Gouveia, surpreendeu o mundo com sua ousadia e petulância. Para a divulgação da nova marca de sua empresa, a mulher lançou um novo slogan acompanhado de um ensaio fotográfico do qual ela aparece no meio de homens, que aparentemente são subordinados a mesma. A luxúria acompanhada das lingeries não ficou de fora, trazendo modelos femininas com os seios amostra, vestindo apenas a peça de baixo das roupas íntimas. Sensualidade, ousadia e sexo definem o poder que a empresária deseja mostrar.

                                                                                    27 de abril de 1990”

Dezembro de 2008

Antes de sair da mansão, Helena escreveu uma carta e mandou um dos empregados entregarem há uma mulher e junto a esta carta continha outro documento.

–Não se preocupe minha querida, vocês terão o que merecem.

Algo estava errado, um barulho ensurdecedor tomou conta do ambiente, parecia ser desmoronamento, mas para a surpresa e desespero de todos, uma bomba fora instalada no salão. [...]

Os jornais já noticiavam a grande tragédia do ano, uma explosão destruíra o evento em homenagem a Helena Gouveia, que estava bem embaixo da bomba quando o desastre aconteceu. Os bombeiros não encontraram o corpo da empresária, que talvez possa ter virado cinzas junto com os escombros, mas ainda havia muito a se discutir. Os peritos trabalhavam para tentar encontrar vestígios de DNA de Helena nas cinzas, enquanto a polícia teria de começar as interrogações, já que foi constatado que a explosão foi criminal. Silvana tinha de arranjar um jeito de contar a Wagner, seu filho, que a sua bisavó havia morrido. Após sair do hospital acompanhada da prima, a perua voltou para a mansão, com a missão de revelar ao filho o que estava acontecendo.

 –Mãe a senhora está bem? –Indagou Wagner, abraçando Silvana. –Eu não cheguei a ver o noticiário na T.V, mas recebi a ligação do Dupré me contando o que aconteceu.
 –Foi horrível meu filho... A polícia está investigando quem pode ter colocado a bomba no salão. Prepara-se, por que virão nos interrogar. –Respondeu, Silvana.
 –E a vovó e a tia Rachel, estão bem?
 –A Rachel já foi pra casa.
 –E onde está a minha vó?
 –A bomba foi implantada logo embaixo do palco e no momento da explosão, sua avó estava fazendo um discurso... Nem existe restos mortais de tão forte que a explosão foi.
 –Como? Eu... Eu... Não acredito...

O adolescente ficou pálido e começou a vomitar, Helena era a única mulher que o entendia de verdade. Wagner e ela sempre foram muito amigos, e agora com sua morte, o garoto se sentiu sem ninguém no mundo. Sua mãe só pensava em boates, dinheiro, sexo e vestidos, seu pai se mudou para Flórida há alguns anos e com a mudança ambos perderam contato. Wagner não tinha mais ninguém no mundo.

 –Se acalme querido, eu vou pegar um remé... –Silvana foi interrompida pelo filho.
 –Remédio?! Remédio mãe?! Será que você não vê que perdemos a vovó? Sem ela não seremos nada. Aquela mulher foi um exemplo para nós e para o mundo, é incrível como o seu egoísmo ultrapassa os limites. –O ódio de Wagner estava estampado em seus olhos.
 –Me respeite, eu sou sua mãe!
 –Mãe? Mais que espécie de mãe é você? Senão fosse pela vó Helena, hoje eu não seria nada... Você não é uma mãe, você é uma vadia.

Uma espécie de linha do tempo começou a passar na mente de Silvana. Sua rebeldia na escola, às drogas na adolescência, a gravidez, o primeiro divórcio e a primeira vez em que Wagner chamou Helena de mãe e não ela. Tudo pareceu ganhar forma e cor, a vontade que Silvana teve foi de esbofetear o filho, mas só o que ela conseguiu fazer foi subir as escadas e mergulhar sua cabeça embaixo do chuveiro, para tentar se recompor e esquecer o xingamento do filho. Durante o banho, a perua esqueceu de todos os acontecimentos  nos últimos anos e enxergou o quanto ela havia perdido na infância de Wagner e que o mesmo acontecia na adolescência, seu filho já tinha dezessete anos e ela nem se quer sabia qual era sua cor favorita. Silvana se enrolou na toalha e foi procurar Dupré nos corredores da mansão.

 –Dupré, espera eu preciso falar com você! –Gritou, a perua.
 –O que você quer? –Indagou Dupré, com os olhos inchados de tanto chorar o falecimento de Helena.
 –A vovó me odiava?
 –Se você está falando isso por causa do testamento, fique tranquila.
 –Não, fiz uma pergunta séria... É que só agora eu fui perceber o quanto ela fez a diferença na minha vida e na do meu filho. Perdi meus pais cedo e foi ela quem me criou, eu nunca tive a oportunidade de agradecer sabe? Eu sei que sou uma das pessoas mais fúteis que você conheceu, mas eu realmente amava a vovó, do meu jeito, porém amava.
 –Silvana, sentimentalismo não é com você. E vista-se, pois há qualquer hora algum policial pode vir aqui nos interrogar.
 –Dupré?
 –Diga.
 –Você e meu filho eram as pessoas mais importantes na vida da vovó, tenha certeza.
 –Obrigado, bonequinha...
 –Nem lembrava desse apelido... Bonequinha... Era assim que ela me chamava quando eu era pequena, não era?
 –Era sim...

Do lado mais claro da Selva de Pedra... Rachel sentada em seu sofá de couro trazido do Japão, estava esperando os policiais chegarem para interrogarem-na. A estilista sempre foi um dos maiores orgulhos de Helena, ao contrário da prima Silvana, Rachel fez faculdade de moda e se casou apenas uma vez. Casamento sólido que já dura há sete anos. Ela resolveu se afastar por si só da família Gouveia, o trauma de perder os pais cedo, a deixou receosa em construir uma família no antro das falcatruas da avó. Rachel se casou com Joaquim Araújo, um banqueiro influente no mundo dos números e um homem atraente e ágil na vida sexual.

 –Você vai se envolver com os Gouveia depois da morte da sua avó, querida? –Indagou Joaquim, acariciando o rosto de Rachel.
 –Não sei, temos nossa vida... Só quero responder essas malditas perguntas e me ver livre de uma vez por todas dessa família. –Respondeu Rachel.
 –Mas e quanto a sua herança?
 –A minha vó deixou de ser tão influente depois que ficou velha, a fábrica não deve estar rendendo nada. Se tiverem trezentos mil no patrimônio da família é muito.
 –Pensei que a dona Helena ainda fosse aquele furacão de antes.
 –Vovó só ficou com legado nos últimos anos. Hoje em dia existem fábricas de lingeries com um patrimônio muito maior que a Gouveia, fiquei sabendo que houve uma época em que as ações que ela investia caiu muito, ou seja, prejuízo na certa.
 –Entendo.
 –Como eu disse, não precisamos de migalhas.
 –Tem razão, querida.


Horas antes da explosão...

Dupré foi cumprimentar alguns amigos e Helena se afastou... Ao entrar no banheiro feminino para retocar a maquiagem, a empresária sentiu a presença de mais alguém lá dentro. Helena virou de costas e se surpreendeu, o passado parecia ter voltado para assombrá-la novamente. Rapidamente, a empresária tentou correr para a saída, mas a pessoa que estava com ela no banheiro a segurou os braços.

 –Não tão rápido, rainha. –O ódio poderia ser visto nos olhos daquele alguém.
 –O que você quer? –Indagou Helena. –Eu já disse que não temos mais nada em comum.
 –Você tem duas opções, ou você assume os seus erros em vida, ou você assume os seus erros no inferno.
 –Não brinque comigo, você sabe que eu consigo ser muito mais perigosa que você.
 –Sabe por quanto tempo eu esperei por isso? Agora estamos aqui cara a cara e você queridinha, não tem mais saída.
 –Sendo assim, das suas duas opções eu prefiro o inferno. –Helena conseguiu se soltar.
 –Saiba que se você sair por essa porta, tudo estará acabado, as consequências do passado irão matá-la Helena!
 –Vá em frente, o inferno é o lugar do qual eu menos temo.