Capítulo 2: A Explosão
Nos capítulos anteriores...
“Fale a verdade, o mundo é das mulheres!”
“Mais uma vez, a brasileira Helena Gouveia, surpreendeu o mundo com sua
ousadia e petulância. Para a divulgação da nova marca de sua empresa, a mulher
lançou um novo slogan acompanhado de um ensaio fotográfico do qual ela aparece
no meio de homens, que aparentemente são subordinados a mesma. A luxúria
acompanhada das lingeries não ficou de fora, trazendo modelos femininas com os
seios amostra, vestindo apenas a peça de baixo das roupas íntimas.
Sensualidade, ousadia e sexo definem o poder que a empresária deseja mostrar.
27 de abril de 1990”
Dezembro de 2008
Antes de sair da
mansão, Helena escreveu uma carta e mandou um dos empregados entregarem há uma
mulher e junto a esta carta continha outro documento.
–Não se preocupe
minha querida, vocês terão o que merecem.
Algo estava errado,
um barulho ensurdecedor tomou conta do ambiente, parecia ser desmoronamento,
mas para a surpresa e desespero de todos, uma bomba fora instalada no salão.
[...]
Os jornais já
noticiavam a grande tragédia do ano, uma explosão destruíra o evento em
homenagem a Helena Gouveia, que estava bem embaixo da bomba quando o desastre
aconteceu. Os bombeiros não encontraram o corpo da empresária, que talvez possa
ter virado cinzas junto com os escombros, mas ainda havia muito a se discutir.
Os peritos trabalhavam para tentar encontrar vestígios de DNA de Helena nas
cinzas, enquanto a polícia teria de começar as interrogações, já que foi constatado
que a explosão foi criminal. Silvana tinha de arranjar um jeito de contar a
Wagner, seu filho, que a sua bisavó havia morrido. Após sair do hospital
acompanhada da prima, a perua voltou para a mansão, com a missão de revelar ao
filho o que estava acontecendo.
–Mãe a senhora está bem? –Indagou Wagner,
abraçando Silvana. –Eu não cheguei a ver o noticiário na T.V, mas recebi a
ligação do Dupré me contando o que aconteceu.
–Foi horrível meu filho... A polícia está
investigando quem pode ter colocado a bomba no salão. Prepara-se, por que virão
nos interrogar. –Respondeu, Silvana.
–E a vovó e a tia Rachel, estão bem?
–A Rachel já foi pra casa.
–E onde está a minha vó?
–A bomba foi implantada logo embaixo do palco
e no momento da explosão, sua avó estava fazendo um discurso... Nem existe
restos mortais de tão forte que a explosão foi.
–Como? Eu... Eu... Não acredito...
O adolescente ficou
pálido e começou a vomitar, Helena era a única mulher que o entendia de
verdade. Wagner e ela sempre foram muito amigos, e agora com sua morte, o
garoto se sentiu sem ninguém no mundo. Sua mãe só pensava em boates, dinheiro,
sexo e vestidos, seu pai se mudou para Flórida há alguns anos e com a mudança
ambos perderam contato. Wagner não tinha mais ninguém no mundo.
–Se acalme querido, eu vou pegar um remé...
–Silvana foi interrompida pelo filho.
–Remédio?! Remédio mãe?! Será que você não vê
que perdemos a vovó? Sem ela não seremos nada. Aquela mulher foi um exemplo
para nós e para o mundo, é incrível como o seu egoísmo ultrapassa os limites.
–O ódio de Wagner estava estampado em seus olhos.
–Me respeite, eu sou sua mãe!
–Mãe? Mais que espécie de mãe é você? Senão
fosse pela vó Helena, hoje eu não seria nada... Você não é uma mãe, você é uma
vadia.
Uma espécie de linha
do tempo começou a passar na mente de Silvana. Sua rebeldia na escola, às
drogas na adolescência, a gravidez, o primeiro divórcio e a primeira vez em que
Wagner chamou Helena de mãe e não ela. Tudo pareceu ganhar forma e cor, a
vontade que Silvana teve foi de esbofetear o filho, mas só o que ela conseguiu
fazer foi subir as escadas e mergulhar sua cabeça embaixo do chuveiro, para
tentar se recompor e esquecer o xingamento do filho. Durante o banho, a perua esqueceu
de todos os acontecimentos nos últimos
anos e enxergou o quanto ela havia perdido na infância de Wagner e que o mesmo
acontecia na adolescência, seu filho já tinha dezessete anos e ela nem se quer
sabia qual era sua cor favorita. Silvana se enrolou na toalha e foi procurar
Dupré nos corredores da mansão.
–Dupré, espera eu preciso falar com você!
–Gritou, a perua.
–O que você quer? –Indagou Dupré, com os olhos
inchados de tanto chorar o falecimento de Helena.
–A vovó me odiava?
–Se você está falando isso por causa do
testamento, fique tranquila.
–Não, fiz uma pergunta séria... É que só agora
eu fui perceber o quanto ela fez a diferença na minha vida e na do meu filho.
Perdi meus pais cedo e foi ela quem me criou, eu nunca tive a oportunidade de
agradecer sabe? Eu sei que sou uma das pessoas mais fúteis que você conheceu,
mas eu realmente amava a vovó, do meu jeito, porém amava.
–Silvana, sentimentalismo não é com você. E
vista-se, pois há qualquer hora algum policial pode vir aqui nos interrogar.
–Dupré?
–Diga.
–Você e meu filho eram as pessoas mais
importantes na vida da vovó, tenha certeza.
–Obrigado, bonequinha...
–Nem lembrava desse apelido... Bonequinha...
Era assim que ela me chamava quando eu era pequena, não era?
–Era sim...
Do lado mais claro da
Selva de Pedra... Rachel sentada em seu sofá de couro trazido do Japão, estava
esperando os policiais chegarem para interrogarem-na. A estilista sempre foi um
dos maiores orgulhos de Helena, ao contrário da prima Silvana, Rachel fez
faculdade de moda e se casou apenas uma vez. Casamento sólido que já dura há
sete anos. Ela resolveu se afastar por si só da família Gouveia, o trauma de
perder os pais cedo, a deixou receosa em construir uma família no antro das
falcatruas da avó. Rachel se casou com Joaquim Araújo, um banqueiro influente
no mundo dos números e um homem atraente e ágil na vida sexual.
–Você vai se envolver com os Gouveia depois da
morte da sua avó, querida? –Indagou Joaquim, acariciando o rosto de Rachel.
–Não sei, temos nossa vida... Só quero
responder essas malditas perguntas e me ver livre de uma vez por todas dessa
família. –Respondeu Rachel.
–Mas e quanto a sua herança?
–A minha vó deixou de ser tão influente depois
que ficou velha, a fábrica não deve estar rendendo nada. Se tiverem trezentos
mil no patrimônio da família é muito.
–Pensei que a dona Helena ainda fosse aquele
furacão de antes.
–Vovó só ficou com legado nos últimos anos.
Hoje em dia existem fábricas de lingeries com um patrimônio muito maior que a
Gouveia, fiquei sabendo que houve uma época em que as ações que ela investia
caiu muito, ou seja, prejuízo na certa.
–Entendo.
–Como eu disse, não precisamos de migalhas.
–Tem razão, querida.
Horas antes da explosão...
Dupré foi
cumprimentar alguns amigos e Helena se afastou... Ao entrar no banheiro
feminino para retocar a maquiagem, a empresária sentiu a presença de mais
alguém lá dentro. Helena virou de costas e se surpreendeu, o passado parecia
ter voltado para assombrá-la novamente. Rapidamente, a empresária tentou correr
para a saída, mas a pessoa que estava com ela no banheiro a segurou os braços.
–Não tão rápido, rainha. –O ódio poderia ser
visto nos olhos daquele alguém.
–O que você quer? –Indagou Helena. –Eu já
disse que não temos mais nada em comum.
–Você tem duas opções, ou você assume os seus
erros em vida, ou você assume os seus erros no inferno.
–Não brinque comigo, você sabe que eu consigo
ser muito mais perigosa que você.
–Sabe por quanto tempo eu esperei por isso?
Agora estamos aqui cara a cara e você queridinha, não tem mais saída.
–Sendo assim, das suas duas opções eu prefiro
o inferno. –Helena conseguiu se soltar.
–Saiba que se você sair por essa porta, tudo
estará acabado, as consequências do passado irão matá-la Helena!
–Vá em frente, o inferno é o
lugar do qual eu menos temo.