Robson não ficou muito surpreso com o que
Valéria dissera, pois suspeitava disso desde o princípio, há mais de dez anos.
Como ele tinha em sua frente uma vítima dessa história, ele não via o porquê em
desperdiçar uma chance daquelas.
– Me explique tudo Valéria. Conte-me
detalhe por detalhe.
Então
Valéria começou a contar o drama que viveu na Argentina. Robson se interessava
cada vez mais pela história. É claro que Valéria se emocionou ao contar, pois
esteve na mira da morte. A PM contou do momento em que estava amarrada na cama,
nua. Contou também do momento em que foi presa no aeroporto e qual sua
sensação. Depois de ouvir tudo o que a mulher lhe disse, o delegado balançou a
cabeça dizendo:
– Valéria, nós suspeitávamos disso
sempre. E agora que você me contou, tenho certeza. E precisamos...
– Espere – Interrompeu a ruiva – Eu
tenho um plano.
Robson
ficou surpreso.
– Você tem um... Plano?
– Sim, posso lhe contar?
– Claro. Fique à vontade.
Valéria
se levantou e começou a andar de um lado para o outro na sala. Seus cabelos
estavam soltos, e, quando ela movimenta a cabeça, eles se mexiam, dando um ar
de sensualidade e beleza. Ela começou a falar:
– Eu quero fingir ser uma nova vítima.
Com uma nova identidade. E quero me infiltrar novamente na quadrilha. Enquanto
vocês seguram os médicos no Brasil, eu fico na Argentina, e, como bote central,
espero vocês lá, onde nós renderemos todos.
Robson
não ficou admirado com a ideia, pois a mesma era comum entre os planos
policiais. É claro que ele aprovou e enfim, a equipe estava pronta para
começaram com a jornada.
Já imaginou a dor de ver a casa onde você mora sendo demolida logo de manhã? O que você sentiria? Ninguém merece esse tipo transtorno, mas muitos passam por isso e Suelen e sua família sentiam um aperto no coração ao verem o cortiço onde moraram a mais de vinte anos sendo destruído por algumas máquinas. A moça correu até uma delas, a qual estava sendo guiada por um operário.
– Pare com isso agora!
– São ordens, moça – Respondeu o homem
– Ordens do patrão. Vocês não quiseram sair, agora já era.
– Quem é o patrão de vocês? – Perguntou
Suelen, que já estava muito nervosa.
– O patrão sou eu, Sebástian Cruz –
Disse uma voz.
Suelen
se virou para trás e viu que um homem já de idade, com cabelos grisalhos, e com
terno e gravata a observava dos pés à cabeça.
– Então é você o pançudo desgraçado que
tá mandando no trem?
– Olha como fala comigo, garota – A
interrompeu – Você não sabe com quem está falando.
– Sei sim. To falando com um filho duma
égua que se acha o todo poderoso e cheio de moral só porque tem dinheiro. Mas
você se engana, meu bem.
– Não adianta chorar. Vaze daqui. Eu avisei
há muito tempo, já era pra vocês terem ido embora. Vamos! O que está esperando?
Saia. Ou quer ser esmagada pelas máquinas?
Após
dizer isso o homem caiu nas gargalhadas e Suelen lhe meteu uma tapa na cara,
que estalou. O homem passou a mão no rosto, e gritando agarrou o braço da moça:
– Mulher nenhuma bate em mim.
A
mãe da garota, Márcia, correu até o homem, junto da outra filha, Dafne.
– Solte minha filha, seu...
Sebástian
soltou o braço de Suelen e entrou em seu carro luxuoso. Suelen voltou a chorar
e abraçou a mãe, dizendo:
– Velho desgraçado, ele me paga. Se ele
quer o terreno, o terreno ele vai ter, mas eu vou recuperar tudo o que eu perdi
de volta.
Dafne
resmungou como se estivesse em dúvida e Suelen respondeu.
– Vou fazer “revenge”. Esse velhote me
paga.
–
Pra onde vamos agora? – Perguntou Dafne mudando de assunto.
–
Vamos pra casa de uma amiga minha – Respondeu a mãe das garotas – Tenho certeza
que ela nos acolherá.
E
assim, apenas com algumas mudas de roupas, elas foram para a casa da tal amiga
de Márcia, deixando para trás a destruição causada pelas máquinas.
Ana Paula e Gabriel, uma dupla de
cantores de música sertaneja muito conhecida no Brasil. Eram conhecidos
principalmente pelo motivo de Gabriel ter se declarado para amada em pleno
show, fazendo muitos fãs ficarem ainda mais fanáticos pela sensibilidade dos
dois. E naquele dia, na grande São Paulo, o show deles estava a todo vapor, com
muita gente, como sempre. A música que os dois cantavam se chamava “Por quê?”,
que tinha a seguinte letra:
Ninguém...
Nunca brilhou tão
forte assim,
Nunca foi tão real
em mim,
Assim como você.
Até parece que um
dia
Eu irei te esquecer,
Pois não paro de
pensar nos momentos
Que vivemos juntos,
felizes, mas tudo acabou.
Por quê?
Por que você foi
embora?
Por que me deixou na
mão?
E agora o que eu
faço
Pra tirar você do
meu coração?
Por quê?
Volta meu amor,
volta!
Volta pra minha
vida!
Aplausos não faltaram com o fim do
show.
– Amo vocês! – gritou Ana Paula para a
multidão de pessoas. E então, todos os fãs que estavam ali começaram a gritar:
– Beija! Beija! Beija!...
Ana
Paula e Gabriel se olharam e não resistem um ao outro. O beijo foi tão puro,
tão intenso, que durou mais de um minuto. Mas Gabriel e Ana Paula não
imaginavam o que o destino cruel reservava.
Em seu escritório de seu simples apartamento, Renato terminava de escrever seu livro: “O amor é uma peça”. Durante o tempo que Valéria ficou presa, o rapaz se formou em jornalismo, escreveu muita coisa para jornais, mas não ficou famoso. Ele não queria cair em si e ver que o que ele sabia fazer de verdade era escrever livros. Oportunidades não faltavam.
Ele então parou de escrever e salvou o
documento em seu computador, lembrando que tinha de se encontrar com Ingrid, a
moça que ele beijou na balada na noite passada. Eles marcaram um encontro, mas
Renato não estava interessado nela, pois nunca se interessou por ninguém depois
de Valéria, seu grande amor.
Em meio àquele cheiro hospitalar, Estela e Ingrid estavam conversando na diretoria. O assunto era o mesmo: tráfico de órgãos, o qual nunca deixou de ser tão interessante para as duas. Após soltar uma gargalhada, Ingrid falou:
– Acho engraçado mesmo quando o pessoal
traficado começa a chorar pelado nas camas.
Estela
riu horrorosamente da piada e completou:
– E ainda por cima: todos sentem
vergonha.
Ingrid
não riu do que Estela dissera, e a última, ao perceber, deu uma “rapada” na
garganta, ficando séria e mudando de assunto:
– Bom, acho que a Carla se esqueceu de
voltarmos a traficar.
– É verdade. – Concordou Ingrid – Faz
mais de um mês. O que aconteceu com ela?
– Acho que está muito ocupada nos
shows, ainda mais com aquela nova música dela de sucesso, que saiu agora. Como
se chama mesmo? Ah, me lembrei, se chama: “Tráfico de corações”.
– Será que ela se inspirou em nossa
quadrilha para montar a letra?
Ao
dizer isso, Ingrid escutou um barulho e de repente viu a porta se abrindo
rapidamente, e uma mulher entrou.
– Sílvia? – Perguntou Estela muita
surpresa.
Sílvia
balançou a cabeça com um sorriso irônico e disse:
– Traficantes de órgãos, né? Cadê a
polícia?
COLABORADOR-
LUIZ GUSTAVO
DIREÇÃO DE
ARTE - MÁRCIO GABRIEL
ESCRITO
POR - WILLIAM ARAUJO
REALIZAÇÃO -
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