VIGÉSIMO
SEXTO CAPÍTULO
A identidade de “Cérebro” é
revelada
—
Parece que somos só nos dois. — dizia Ugo, quando colocava uma taça de vinho em
cima da escrivaninha. Eles estavam no escritório que era de Wagner, na mansão
Peregrini. — E pelo burburinho no salão, acho que a cata lixo chegou. Vou até
lá. O seu vinho está na escrivaninha, Cérebro.
Ugo
sai. A câmera mostra a imagem de uma mão pegando a taça de vinho.
***
Música: Marilyn Manson – Tourniquet.
Ingrid,
acompanhada de Victorio, Alex e Analú entram no salão. Vários flashes são
disparados.
—
Mas o que está acontecendo aqui? Fidel! Fidel! — grita Ingrid, tentando se
afastar dos paparazzi.
Ugo
chega ao local e pede para que os paparazzi se comportem.
—
Ugo?!
—
Mas o que este canalha faz aqui na mansão? — diz Victorio.
Alex tenta partir para cima de Ugo,
mas Analú o impede.
—
Fidel não está aqui, Cida. Esta mansão não pertence mais a você.
—
Como assim? Não estou entendendo.
As
portas do escritório que dão para o salão se abrem. A imagem de uma bela mulher
sai de dentro do escritório. O barulho que os seus sapatos fazem a cada passo
que ela dá é bem nítido aos ouvidos de todos, já que houve um silêncio
repentino. Ugo toma a mão da dama e a beija.
—
Gostaria de vos apresentar a senhorita ALESSANDRA SABOYA PEREGRINI, a nova
proprietária da mansão e de todos os bens deixados por Wagner. — Ugo olha para
Alessandra, lhe dá uma piscadela e sussurra: — Cérebro...
—
Eu sou a dona dessa mansão e de todos
os bens. — Ingrid os encara. — saiam da minha casa ou eu vou chamar a polícia.
—
Eu irei chamar a polícia, sua
suburbana. — Alessandra lhe entrega a cópia do documento assinado por Wagner.
Ingrid
lê e não acredita. Victorio lê e diz que não pode fazer nada. O documento é
legítimo.
—
Alessandra, minha irmã! Por que você está fazendo isso?
—
Isso aqui também é seu, Alex. — responde ela. — Você se deixa levar muito
fácil.
Ingrid
se lembra que Ugo estava falando no celular com alguém no dia da morte de
Wagner: a pessoa que encomendara a morte de seu pai. Ela resolve desabafar,
mesmo com tantas câmeras no seu rosto. Os paparazzi registram tudo.
—
Foi você! Foi você sua vadia! — grita Ingrid. — Você matou meu pai, Ugo! E a
mando dessa vadia! Esse documento é falso,
—
Como assim “meu pai”? — todos se perguntam.
A
pergunta fica no ar, assim como o silêncio. Ingrid tem agora de se explicar.
—
Eu... Meu nome não é Cida. Eu sou Ingrid Ferreira, filha de Yolanda Ferreira, a
empregada com quem Wagner tinha um caso. Eu também sou uma herdeira Peregrini.
Eu assumi a identidade da minha amiga quando soube que este homem — aponta para
Ugo — a matou, achando que eu era ela. Mas você estava enganado, Ugo. E você,
“Cérebro”, mirou errado. — diz, encarando Alessandra.
Alessandra
está espantada, mas logo ela se recompõe e responde Ingrid a altura:
—
Cida... Quer dizer, Ingrid, irmãzinha querida...
Você não sabe o quanto está encrencada.
Alessandra levanta a voz e diz a
todos:
—
Esta mulher é uma criminosa, uma impostora! Ela está me acusando! Mas ela acaba
de confessar que assumiu a identidade da amiga que estava morta para ficar com
todo o dinheiro do meu pai. Ela é uma criminosa! Chamem a polícia! Tirem esta
bandida de dentro da minha casa!
—
Esta casa também é minha! O sangue de Wagner Peregrini corre em minhas veias. —
Ingrid olha para trás. Victorio está decepcionado. Alex chora, decepcionado com
Alessandra. Analú o acalma.
***
A
confusão na Mansão Peregrini está sendo transmitida em rede nacional. Gisela,
Adriano e Vanessa estão no apartamento do médico. Vanessa liga a televisão e de
espanta.
—
Pai, Vó... digo... Tia Gisela! Está acontecendo alguma coisa na mansão!
No
exato momento, mostra-se na televisão os policiais algemando Ingrid. Ela se
debate, mas os homens não a deixam escapar.
— Essa mulher matou o próprio pai! O meu
pai! Eu sou uma Peregrini!
—
Temos de acompanhar essa confusão de perto. — diz Gisela, pegando sua bolsa.
Adriano e Vanessa saem em seguida.
***
Música: Lady GaGa – Paparazzi.
Os portões da Mansão Peregrini são
finalmente fechados. Os paparazzi saem de lá contentes, pois terão ótimas
matérias para suas respectivas revistas e emissoras de TV. Tão logo o carro de
Gianpaolo é estacionado em frente aos portões, mas estes não são abertos para
ele.
— Abram esses portões! Eu preciso falar com
a minha esposa! — diz Gianpaolo. O porteiro se afasta.
Gianpaolo sacode os portões, e logo
Alessandra chega, acompanhada por Ugo.
— O que significa isso, meu amor?
— Vá embora, Gianpaolo. Vou morar aqui,
agora. E terei Ugo... — ela olha para o italiano, que está se aproximando —
como meu novo marido. Eu o amo. Sempre o amei. E agora podemos ficar juntos.
— Eu... eu não entendo... Ontem mesmo você
disse que me amava e...
— Ontem mesmo eu não tinha toda essa
fortuna. Agora, meu amor, eu não preciso mais de você. Eu já disse: dê o fora
daqui. Logo os papéis do divórcio chegarão às suas mãos.
Alessandra dá a mão para Ugo e volta para
dentro da mansão. Imediatamente, Alessandra puxa Ugo pelo colarinho e o beija.
— Finalmente, meu amor. Estamos juntos. E
não há nada... nada que possa nos separar. — diz ela, pausadamente, enquanto
desabotoa a camisa de Ugo.
(ESPAÇO PARA A ABERTURA)
Música : Miley
Cyrus – Adore You.
A cela da delegacia parecia ter suas paredes encolhendo a cada
instante. Ingrid ficaria por lá até ser julgada, e, caso fosse condenada (o que
era quase certeza) seria encaminhada para o presídio.
— Eu sou inocente. Eu sou a verdadeira
filha de Wagner Peregrini. A única que o amou em seus últimos dias de vida — Ingrid
abaixa a cabeça —mesmo ele não sabendo quem eu realmente era.
Victorio, que está sendo o advogado do
caso, abraça Ingrid.
— Cida... quer dizer, Ingrid... Eu prometo
que você vai sair daqui. Vamos provar que você é filha do Wagner e merece
aquela herança tanto quanto os outros três filhos. Eu já solicitei a exumação
do corpo do Wagner e o juiz autorizou.
— Quer dizer que vão tirar o corpo do meu
pai do túmulo?
— Sim. Eles precisarão de uma amostra de
DNA dele. Mas não se preocupe, pois tudo será no mais completo sigilo.
Ingrid abraça Victorio.
— Victorio, me desculpe por mentir pra
você. Mas era o único jeito de eu manter minha vida em segurança. Agora o Ugo e
a Alessandra, vulgo “Cérebro”, estão à solta. Malditos...
— Logo, logo eles estarão aqui onde você
está, minha linda. E você sairá daqui num piscar de olhos. Eu juro que provarei
que Alessandra e Ugo são os criminosos que mataram Wagner.
— O
tempo da visita acabou! — diz o carcereiro.
***
Fidel e Analú acabaram ficando
desempregados com a expulsão da mansão. Eles foram morar no minúsculo
apartamento de Alex, onde teriam de se virar para conseguir algum dinheiro e se
manter.
Analú cuidava da casa; Alex saia todas as
manhãs com o violão, em busca de bares e restaurantes que aceitassem a sua
música. Nem sempre ele tinha sorte, e o que ele poderia fazer era tocar no meio
da rua mesmo e contar com a compaixão das pessoas. E com os comentários:
— Eu
não sei como um moleque, herdeiro de um milionário como estes pode ficar
mendigando no meio da rua. Benza Deus!
Fidel passava o dia se maquiando,
experimentando roupas, pois conseguiu um emprego de dançarino numa boate gay.
— Sou só eu que estou feliz com essa
mudança de vida? Finalmente vou poder fazer o que gosto. Ser mordomo? Jamé!
***
Música : Caro Emerald – Tangled Up.
Embalagens de camisinha espalhadas pelo
chão da suíte da mansão Peregrini. O quarto agora estava como uma coloração
avermelhada, desde as cortinas aos tapetes. A grande cama agora era o ninho de
amor de Ugo e Alessandra.
— Eu não me canso de você, italianinho
safado. — Alessandra puxa Ugo pelos cabelos e lhe dá um beijo. — Eu te amo, mas
nunca esqueci o que você me fez... Quando éramos crianças. Eu precisei tanto de
você naquele momento!
A nova milionária joga Ugo em cima da cama,
e ele cai de costas.Ela fica em cima dele, e , ainda puxando seus cabelos
sussurra palavras em seu ouvido.
— O que está fazendo, Alessandra?
— Minha pequena vingança... Mas não se
preocupe. Será como pimenta: arderá, mas não a ponto de lhe matar, meu amor.
Ugo sorri, mas desfaz a expressão sacana no
rosto ao ver a amante segurando um cinto, pronto para lhe bater.
— Non, non, Alessandra! Non somos
mais bambinos.
Alessandra chicoteia Ugo nas costas. Selvageria. Sexo violento.
Ugo estava pagando por ter deixado Alessandra sofrer nas mãos de Wagner. Ele
agora estava em suas mãos. Sempre esteve.
O telefone de Alessandra toca. Ela sai de
cima de Ugo, coloca um roupão e o atende. Trata-se de Dra. Manuela, sua nova advogada.
— Entendi. Que façam. Ok. Muito obrigada
por me avisar, Dra. Manuela. Disponha.
Ugo fica querendo saber o que a advogada
havia falado para Alessandra.
— Uguinho, temos uma missão.
— E qual será, minha querida “Cérebro”?
— Exumaremos o corpo de Wagner antes mesmo
da polícia e sumiremos com ele. O que acha, amor? Teste de DNA minha irmãzinha
cata lixo não vai fazer. E hoje, querido... — ela passa os dedos pelo peitoral
de Ugo — daremos uma voltinha no cemitério. — sua risada macabra ecoa pelo quarto.