CAPÍTULO 46
Lex
ficou boquiaberta. Havia milhares de pessoas ali. Algumas delas estavam em
gaiolas que pendiam do teto. Alguns escravos estavam de pé e se aproximavam
deles com suas mãos estendidas, como se lhe pedissem um pedaço de pão. Não
sabiam eles que ela era rebelde? Com aquelas roupas, talvez não.
-
Escutem! Escutem... em poucos minutos iniciaremos uma guerra contra os agentes
da Cidadela e nós precisamos da ajuda de vocês!!! Se nos ajudarem, talvez
quando o sol surgir hoje... seremos livres!
-
Você está louca! – falou uma mulher ali perto. Ela parecia robusta de mais em
relação aos outros escravos. Como ela poderia estar mantendo o peso enquanto os
outros quase sumiam com suas peles grudadas em ossos. Era óbvio que ela fazia
favores para os agentes – Você vai é nos matar. Guardas!!! Guardas!!
Antes
que a mulher conseguisse levantar mais a voz, Lex chegou até ela e transpassou
a sua faca em sua garganta. Quando a retirou a mulher caiu no chão, o sangue
respingando alto de sua garganta.
Lex
perdeu alguns segundos para refletir sobre o que tinha feito, mas era tarde
demais e não podia mais voltar atrás. Como alguns escravos se aproximaram
ameaçadoramente, Lex colocou a bandoleira do rifle em modo patrulha e com uma
voz firme, ameaçou:
-
Não se aproximem ou eu atiro! Eu não sou a inimiga aqui. Os inimigos não se
importam se vocês vivem ou morrem. Eu preciso da ajuda de vocês. Se nós nos
unirmos, poderemos...
-
Moça... você vai nos meter em encrenca! – falou outro homem. – Meu filho morreu
hoje de manhã. Eu tenho uma filha noutro pavilhão. Não quero perde-la. Vá
embora daqui!
-
Você acha que está ajudando a sua filha ficando calado? O que aconteceu com seu
filho irá acontecer com sua filha se você não fizer nada. Você quer que ela
continue nesse inferno?
-
Não, mas...
-
Então se una a mim. Eu sou Paris Lanister! – disse Lex, tirando o boné. – Eu
sou a cura!!!
Não
foi fácil. Mas depois de alguns minutos, Lex teve a certeza que os escravos do
pavilhão 4 estavam prontos para lutar quando chegasse o momento, encontrando
Jack lá fora.
-
Então?
-
Eu não deveria ter entrado no pavilhão 5! – falou Jack, pálido. – Eles não vão
lutar na guerra, Lex. Já estão lutando outra batalha.
-
Como assim?
-
Estão doentes. A maioria nem percebeu que eu estava lá. Vamos, não podemos
perder tempo. Vamos nos separar. Eu irei para o 6 e depois o 1 e você precisa
ir para o 3 e o 2.
-
Por onde nós vamos? - perguntou Lex. –
Se formos pela frente, os agentes do Órgão Central nos verão. Se dermos a
volta, os agentes dos portões irão nos ver.
-
Vamos dar a volta – disse Jack, tirando um pequeno binóculo para olhar para os
portões. – Eles estão muito distantes. Ainda que nos vejam, acharão que somos
agentes da Cidadela como eles.
Os
dois se separaram na primeira bifurcação. Ao redor dos pavilhões, as ruas
sempre se abriam em bifurcações, envoltas com jardins, bancos, parques. Seria
muito belo se as pessoas pudessem utilizá-los. Passar seus momentos de lazer
dessa forma, mas ao invés disso, estavam trancafiados em pavilhões que eram
verdadeiros campos de concentração.
Ela
entrou no pavilhão 3, pedindo a Deus que o plano desse certo. Explicou para que
ela estava ali. Explicou o que ela precisava deles. Todos eram necessários.
Teve medo da reação de um ou dois escravos que disseram em alto e bom tom que
aquilo era loucura e que todos seriam punidos por aquele ato de rebeldia. Para
a sorte de Lex, a maioria das pessoas estavam cansadas daquela vida escrava e
estavam disponíveis a tentarem a liberdade, nem que para isso, perdessem a
própria vida.
Quase
uma hora depois, quando saiu do pavilhão 2, encontrou Jack numa das ruas. Para
azar deles, dois agentes estava passando por ali. Ela disfarçou, andando ao
lado de Jack como se eles estivessem fazendo rondas. O plano era tão louco que
ninguém desconfiava que eles estivessem dentro da Cidadela.
-
Lex, Jack? - disse Janaira, no ouvido
deles.
Eles
disfarçaram, pois os agentes ainda estavam perto, mas assim que se afastaram,
Lex respondeu em sussurro.
-
Janaira? O que foi?
-
Agora a pouco, um homem bateu na porta do Painel de Controle. Ele saiu daqui
agora mas estou com medo que ele volte. Algum sinal de Casper e Dantas?
Lex
olhou no relógio de pulso: faltavam apenas 15 minutos para as 3.
-
Falta quinze minutos, Janaira! – falou Lex, preocupada.
-
Oh, não. O homem está voltando. Ele trouxe mais dois homens com ele. Pelo
monitor eu estou vendo que ele está se aproximando da porta.
-
Danielle disse que o Painel de Controle é blindado. Fique calma e aguente as
pontas. – disse Jack, tão preocupado
quanto Lex.
-
Ah, Meu Deus! Ele está atirando na porta!
-
Janaira, ele não pode entrar! – Jack reassegurou. – Não responda, não abra a
porta por nada nesse mundo.
Lex
olhou novamente no relógio. Faltavam apenas 15 minutos. O que são 15 minutos?
Mas então aconteceu. Esquisito, gutural. Um grande chiado veio de algum lugar e
depois as sirenes berraram em alto-falantes pendurados em postes por toda a
Cidadela. Os 15 minutos jamais chegariam.
-
Janaira... AGORA! – gritou Jack, dando-lhe a ordem definitiva. Se esperassem 15
minutos, perderiam a oportunidade. A chance era agora e era única.
ESCRITO POR - ELIS VIANA
DIREÇÃO DE ARTE -
MÁRCIO GABRIEL
DIREÇÃO - FÉLIX
REALIZAÇÃO - TV
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