segunda-feira, 21 de abril de 2014

A ERA DOS MORTOS - 46


CAPÍTULO 46

Lex ficou boquiaberta. Havia milhares de pessoas ali. Algumas delas estavam em gaiolas que pendiam do teto. Alguns escravos estavam de pé e se aproximavam deles com suas mãos estendidas, como se lhe pedissem um pedaço de pão. Não sabiam eles que ela era rebelde? Com aquelas roupas, talvez não.

- Escutem! Escutem... em poucos minutos iniciaremos uma guerra contra os agentes da Cidadela e nós precisamos da ajuda de vocês!!! Se nos ajudarem, talvez quando o sol surgir hoje... seremos livres!

- Você está louca! – falou uma mulher ali perto. Ela parecia robusta de mais em relação aos outros escravos. Como ela poderia estar mantendo o peso enquanto os outros quase sumiam com suas peles grudadas em ossos. Era óbvio que ela fazia favores para os agentes – Você vai é nos matar. Guardas!!! Guardas!!

Antes que a mulher conseguisse levantar mais a voz, Lex chegou até ela e transpassou a sua faca em sua garganta. Quando a retirou a mulher caiu no chão, o sangue respingando alto de sua garganta.

Lex perdeu alguns segundos para refletir sobre o que tinha feito, mas era tarde demais e não podia mais voltar atrás. Como alguns escravos se aproximaram ameaçadoramente, Lex colocou a bandoleira do rifle em modo patrulha e com uma voz firme, ameaçou:

- Não se aproximem ou eu atiro! Eu não sou a inimiga aqui. Os inimigos não se importam se vocês vivem ou morrem. Eu preciso da ajuda de vocês. Se nós nos unirmos, poderemos...

- Moça... você vai nos meter em encrenca! – falou outro homem. – Meu filho morreu hoje de manhã. Eu tenho uma filha noutro pavilhão. Não quero perde-la. Vá embora daqui!

- Você acha que está ajudando a sua filha ficando calado? O que aconteceu com seu filho irá acontecer com sua filha se você não fizer nada. Você quer que ela continue nesse inferno?

- Não, mas...

- Então se una a mim. Eu sou Paris Lanister! – disse Lex, tirando o boné. – Eu sou a cura!!!

Não foi fácil. Mas depois de alguns minutos, Lex teve a certeza que os escravos do pavilhão 4 estavam prontos para lutar quando chegasse o momento, encontrando Jack lá fora.

- Então?

- Eu não deveria ter entrado no pavilhão 5! – falou Jack, pálido. – Eles não vão lutar na guerra, Lex. Já estão lutando outra batalha.

- Como assim?

- Estão doentes. A maioria nem percebeu que eu estava lá. Vamos, não podemos perder tempo. Vamos nos separar. Eu irei para o 6 e depois o 1 e você precisa ir para o 3 e o 2.

- Por onde nós vamos?  - perguntou Lex. – Se formos pela frente, os agentes do Órgão Central nos verão. Se dermos a volta, os agentes dos portões irão nos ver.

- Vamos dar a volta – disse Jack, tirando um pequeno binóculo para olhar para os portões. – Eles estão muito distantes. Ainda que nos vejam, acharão que somos agentes da Cidadela como eles.

Os dois se separaram na primeira bifurcação. Ao redor dos pavilhões, as ruas sempre se abriam em bifurcações, envoltas com jardins, bancos, parques. Seria muito belo se as pessoas pudessem utilizá-los. Passar seus momentos de lazer dessa forma, mas ao invés disso, estavam trancafiados em pavilhões que eram verdadeiros campos de concentração.

Ela entrou no pavilhão 3, pedindo a Deus que o plano desse certo. Explicou para que ela estava ali. Explicou o que ela precisava deles. Todos eram necessários. Teve medo da reação de um ou dois escravos que disseram em alto e bom tom que aquilo era loucura e que todos seriam punidos por aquele ato de rebeldia. Para a sorte de Lex, a maioria das pessoas estavam cansadas daquela vida escrava e estavam disponíveis a tentarem a liberdade, nem que para isso, perdessem a própria vida.

Quase uma hora depois, quando saiu do pavilhão 2, encontrou Jack numa das ruas. Para azar deles, dois agentes estava passando por ali. Ela disfarçou, andando ao lado de Jack como se eles estivessem fazendo rondas. O plano era tão louco que ninguém desconfiava que eles estivessem dentro da Cidadela.

- Lex, Jack?  - disse Janaira, no ouvido deles.

Eles disfarçaram, pois os agentes ainda estavam perto, mas assim que se afastaram, Lex respondeu em sussurro.

- Janaira? O que foi?

- Agora a pouco, um homem bateu na porta do Painel de Controle. Ele saiu daqui agora mas estou com medo que ele volte. Algum sinal de Casper e Dantas?

Lex olhou no relógio de pulso: faltavam apenas 15 minutos para as 3.

- Falta quinze minutos, Janaira! – falou Lex, preocupada.

- Oh, não. O homem está voltando. Ele trouxe mais dois homens com ele. Pelo monitor eu estou vendo que ele está se aproximando da porta.

- Danielle disse que o Painel de Controle é blindado. Fique calma e aguente as pontas.  – disse Jack, tão preocupado quanto Lex.

- Ah, Meu Deus! Ele está atirando na porta!

- Janaira, ele não pode entrar! – Jack reassegurou. – Não responda, não abra a porta por nada nesse mundo.

Lex olhou novamente no relógio. Faltavam apenas 15 minutos. O que são 15 minutos? Mas então aconteceu. Esquisito, gutural. Um grande chiado veio de algum lugar e depois as sirenes berraram em alto-falantes pendurados em postes por toda a Cidadela. Os 15 minutos jamais chegariam.

- Janaira... AGORA! – gritou Jack, dando-lhe a ordem definitiva. Se esperassem 15 minutos, perderiam a oportunidade. A chance era agora e era única. 


ESCRITO POR - ELIS VIANA
DIREÇÃO DE ARTE - MÁRCIO GABRIEL
DIREÇÃO - FÉLIX
REALIZAÇÃO - TV VIRTUAL
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