sexta-feira, 18 de abril de 2014

Que se Acendam as Luzes - Capítulo 06


Dez anos depois...
Ao som de “I’ m In Here – Sia”...

         – Tem certeza? – Era a pergunta de Robson para a linda moça loira a sua frente.
         – Tenho sim delegado. Eu quero ser uma policial.
Robson se espantou com a coragem de Valéria, que por bom comportamento saiu da cadeia em dez anos. A garota, ou melhor, a mulher, ainda não viu os pais depois de sua saída, muito menos Renato.

         – Valéria, você tem realmente alguma coisa a ver com aquele esquema do tráfico de órgãos? – Foi a pergunta direta e objetiva de Robson para a futura PM.
         – Eu prometo te contar tudo, mas agora quero que providencie meu treinamento, pro quanto mais antes. Depois que eu me diplomar, tenho muita coisa a contar.



         Logo às nove da manhã de uma segunda-feira, Valéria já estava em centro de treinamento.
         – Você entendeu o que eu disse? – perguntou o treinador para ela.
         – Entendi.
Com a arma na mão, ela mirou para o alvo e atirou, mas não acertou. Tentou mais uma vez e não conseguiu. Com mais uma tentativa ela acertou “em cima da mosca”.
         – É isso aí – Exclamou ao ver o feito.

         Mas isso não era tudo. Valéria tinha muito que treinar e aprender nesse centro de treinamento. Justiça é uma coisa difícil de conseguir quando quem quer fazê-la é visto de tal maneira meio “suja” na sociedade.
         Ela precisava fazer a carteira de habilitação, afinal, todos os policiais precisam saber dirigir. Ela começou a frequentar as aulas de habilitação uma semana depois. Em poucos dias de aula ela já aprendeu todas as regras do trânsito. Meses se passaram e ela terminou a carteira de motorista.
         E no centro de treinamento Valéria acelerava um carro, com uma velocidade enorme. Ao chegar a uma pista reta e limpa, ela virou o carro numa manobra radical. Dentro dele, ela sorriu satisfeita e confiante.
        

Três anos depois...

         – Polícia Federal, mãos para o alto! – Gritou Valéria com a arma mirada na cara do bandido, em plena meia noite. O bandido tentou render um homem para tomar o dinheiro que ele carregava nas mãos, mas Valéria conseguiu chegar a tempo. Estava passando pela rua de carro e viu o assaltante em ação. Desceu do carro e o rendeu, pois estava com a arma amarrada à sua coxa.
E agora, eles estavam frente a frente. Valéria com a arma apontando pra cara dele, o qual poderia ter seus miolos arrebentados em segundos se a PM quisesse.
         – É melhor você ficar quietinho enquanto eu chamo o carro da polícia.
Valéria tirou os olhos do bandido para teclar no celular, e foi aí que o homem deu-lhe um soco no estômago. A arma caiu, assim como Valéria, com o celular na mão. O bandido tentou pegar a arma, mas Valéria foi mais rápida, e mesmo com toda aquela dor na barriga por causa da pancada, ela se levantou, e nessa hora o homem correu rapidamente.
         – Parado! Eu disse “parado”! – Gritou ela enquanto corria desesperadamente atrás dele, que se aproximou de uma mulher montada numa moto e a derrubou, roubando o veículo e saindo em disparada, sem capacete.
         – Seu filho duma égua cara de bunda! – Resmungou a mulher ao ver o cara já longe. Ela voltou a falar quando viu um carro vermelho em alta velocidade perseguindo a moto – Que velocidade!

         Velocidade era o que Valéria sentia dentro daquele carro enquanto perseguia o bandido. Ela decidiu aumentar mais um pouco a mesma e com isso ultrapassou os cem quilômetros por hora. O bandido, em cima da moto e sem capacete continuava correndo pelas ruas. Valéria se aproximou da moto, fazendo o bandido ficar com medo e se desequilibrar, caindo sobre o asfalto, se machucando. Valéria se aproximou. Ela estava vestida com roupa de policial: bota de couro, uniforme e até um boné. Então ela tirou o último e balançou seus lindos cabelos ruivos, que na verdade eram loiros, pois ela os pintou há dez dias.
         – Você perdeu.
Ao dizer isso já era possível escutar a sirena do carro de polícia se aproximando.



Ao som de “Don’ t You Worry Child – Swedish House Mafia”...
         Ele não estava na balada de música eletrônica para dançar, e sim, para se lembrar dos bons momentos que passou ao lado de Valéria naquela balada. Sentado em um tamborete e tomando uma bebida, Renato não tirava da cabeça o sorriso de Valéria. Sem que ele percebesse, uma mulher o observava. E tinha uma beleza oriental. Seus cabelos negros se mexiam enquanto ela dançava. Ela então decidiu se aproximar do rapaz e se apresentar.
         – Vem sempre aqui?
         – Não, só vim aqui hoje pra relembrar uma coisa.
         – Ah, prazer – Disse ele lhe estendendo a mão – Eu me chamo Ingrid.
Renato a encarou e percebeu que ela possui uma beleza extraordinária, privilégio que Ingrid Steffens nunca deixou de ter.
         – Prazer – Respondeu ele pegando na mão dela – Renato.
Então Ingrid se sentou ao lado dele.
         – Garçom – Disse ela para o balconista – Eu quero um vinho branco.
O garçom a atendeu. Ingrid despejou um pouco do vinho no copo e começou a beber, olhando para Renato, que sorriu para ela. Ingrid o viu de uma forma como nunca viu ninguém.
         – Quer dançar? – Perguntou ela.
         – Eu não sou bom em dança.
         – Eu também não, mas venha.
 Assim como Valéria fazia, ela o puxou para a pista de dança, e de repente Renato se viu mexendo. Seus braços se soltaram, assim como suas pernas. Naquele ritmo de dança Ingrid agarrou a cintura do rapaz e lhe deu um beijo, que foi iluminado por aquelas luzes da balada.


         Longe das baladas e em uma vista mais séria, Valéria estava na delegacia de polícia federal, na frente de Robson.
         – Então decidiu me contar tudo? – Perguntou ele.
         – Sim, e quero que ouça com atenção e que acredite em mim. – Respondeu ela, que continuou – Eu fui sim sequestrada, mas vítima. O tráfico de órgãos existe mesmo, delegado, pelo menos aqui nessa cidade. O que acontece é que eu fui levada para a Argentina, me sequestraram aqui no Brasil e lá me vi como uma defunta. Eu fiquei amarrada, assim como outras cinco jovens que também foram sequestradas.
         – Então quer dizer que você não era a única vítima?
         – Não.
         – Por que não quis contar antes?
Valéria se sentiu um pouco triste em responder essa pergunta.
         – Eles disseram que se eu contasse pra alguém, principalmente pra polícia, eles matariam o Renato.
Após escutar PM revelou, Robson fica pensando por alguns segundos. Ao voltar em si, ele encarou-a e faz a pergunta chave:
         – Então me responda: pra qual hospital os órgãos traficados são levados?
Valéria se preparou antes de soltar o que ficou guardado dentro de si há treze anos, uma pista para a polícia.
         – Hospital Trindade, de Estela Lumbré.


 COLABORADOR- LUIZ GUSTAVO 

DIREÇÃO DE ARTE - MÁRCIO GABRIEL
ESCRITO POR - WILLIAM ARAUJO
REALIZAÇÃO - TV VIRTUAL
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