
2x3 – ABYSM
Toca a
canção Electric Chapel, de Lady Gaga
DOIS MESES DEPOIS. LAS VEGAS.
Phillip Page
só tinha dinheiro para mais uma dose de uísque e uma hora com uma prostituta
barata. Estava descontando suas frustrações na clandestinidade: fora despedido
do emprego e, em consequência disso, sua esposa lhe deixou.
Ele era o
melhor amigo de Nicholas Collins desde a época da faculdade, contudo o contato
entre eles dois estava cada vez mais raro nos últimos tempos.
Após
deitar-se com a prostituta e dar-lhe uma surra, Phillip Page saiu do prostíbulo
cambaleando. O mundo lhe parecia mais vivo, mais agradável enquanto ele estava
bêbado. Os carros na avenida principal pareciam pontos de luz que dançavam aos
seus olhos em harmonia.
Estava
perdido, não tinha para onde ir. Há tempos dinheiro não era problema, mas agora
era. E aqueles pontos de luz dançantes e harmoniosos lhe eram atraentes, e
Phillip queria estar mais próximos deles. Aproximava-se dos carros da avenida,
tão encantado quanto uma criança ao ver um doce.
Os carros
buzinavam para ele sair da frente, mas já era tarde. Um veículo atropelava
Phillip Page naquele momento.
— Porque você, fez isso, cara! Sabia que eu poderia lhe ajudar em qualquer
circunstância que fosse! — disse Nick, quando empurrava a cadeira de rodas do
amigo, Phillip Page, para fora do hospital. Finalmente ele recebera alta.
— Você é um
filha da puta mesmo. — disse Phillip, sorrindo de forma conformada — Só quis
saber do seu amigo aqui quando ele ficou aleijado das duas pernas. Agora eu sou
um inválido.
— Philip,
não seja idiota! — disse Nick, colocando o amigo para dentro do seu carro. O peso
era quase imperceptível, pois Philip vinha se alimentando muito mal e estava
magro. — Você sabe que meu filho foi sequestrado e ... tudo indica que ele não
está mais entre nós. Além do mais, eu não sabia o que havia acontecido entre
você, seu emprego e sua esposa. Só lamento não ter lhe ajudado antes.
— Eu vi na
TV o que aconteceu com o pequeno Benjamin. Eu lamento muito, mas você sabe que
eu passo a maior parte do tempo em outro mundo, se é que você me entende.
— Encher a
cara e fazer o sangue virar álcool não lhe ajudará em nada. Se fosse assim, eu
já estava lhe fazendo companhia há muito tempo.
ރ
SEDE DO FBI EM LAS VEGAS
Aquele coração, que ao que tudo
indicava, era do pequeno Benjamin Collins ainda estava congelado em um dos
freezers do departamento. Michael Cortez e Kathy Simpson, nova dupla de
legistas da sede, trabalhavam para identificar se a origem do órgão era
realmente aquela. O chefe, Tyler Gomez, cobrava respostas dos médicos.
— Este coração realmente parece ser
de uma criança de 8 anos. — disse um dos legistas.
— Isso nós já sabemos. — Tyler Gomez
franziu a testa. Tentava também não olhar para o órgão disposto em cima de uma
das mesas de dissecação. — Quero que vocês identifiquem se há alguma chance de
esse coração haver pertencido a este corpo. Traga-o!
Um enfermeiro entrou na sala.
Empurrava uma maca que, em cima, parecia haver um corpo, coberto com um lençol
branco. O legista Michael Cortez retirou o lençol.
Era uma
garotinha. Parecia ter sido uma moradora de rua. A sua origem humilde era
perfeitamente identificada apenas pelas suas vestes. A camiseta, fora rasgada
ao meio, e sua caixa torácica aberta.
— Ainda não
acredito que há pessoas que fazem isso com crianças. — disse Tyler. — mesmo
depois de tanto tempo neste trabalho. Oh, céus! Agora digam-me, Kathy e
Michael: este coração pode ter pertencido a esta garota?
CONTINUA NO PRÓXIMO
EPISÓDIO.
