CENA 1. RESTAURANTE/ BANHEIRO FEMININO. INTERIOR. TARDE
Rosa sai do banheiro após escutar a conversa de Carlota e Esmeralda que ficam atônitas.
ROSA – Então vocês estão se aliando pra acabar com a Cristal!?
CARLOTA – Não é nada disso que você acha que ouviu! Você ouviu a conversa pela metade!
ESMERALDA – Rosa, você aqui. Que coisa não?
CARLOTA – Eu estava falando pra Esmeralda… Sobre… A Cristal, que estava tentando acabar comigo!
ROSA – NÃO ME SUBESTIME MAMÃE! Eu não sou mais aquela burra que você manipulava não, não mesmo. Falsas do escambal! O Derick tinha razão, vocês não prestam! Pobre Cristal. Mas eu só queria entender o motivo de tanto ódio entre vocês. O que uma fez pra outra hein? Como começou tudo isso?
Carlota rapidamente começa a forçar lágrimas, ela se aproxima de Rosa para abraçá-la dramatizando.
CARLOTA – Foi ela Rosa! Aquela garota não tem limites, ela se aproximou pra roubar tudo o que é nosso!
ROSA – CHEGA, você não sabe a hora de parar? Não sabe quando o seu teatrinho cansa não? Pois o seu já cansou, quer saber? Vocês e duas são bandidinhas da mesma laia, quero mais é que se explodam!
Rosa se vai, ela vai para o salão onde aproxima-se da mesa.
ROSA – Derick, eu tenho que ir, me deu uma indisposição, vou estar lá te esperando.
DERICK – O que foi Rosa?
ROSA – Eu fiquei bem indisposta. Parabéns Cristal, você merece, agora eu vou indo, é melhor.
Rosa cumprimenta a todos e se vai, eles se olham estanhando.
LAÍS – Estranho.
CRISTAL – Muito, ela é de fazer isso.
DERICK – Ah pessoal, vamos comemorar mesmo assim!
Novamente eles levantam uma taça de champanhe e brindam comemorando.
4 MESES DEPOIS…
CENA 2. APARTAMENTO DE CAUÃ/ SALA. INTERIOR. NOITE
Cristal entra no apartamento de Cauã que a recebe sorridente. Cauã agarra Cristal e a beija apaixonadamente.
CAUÃ – Parabéns pela contratação. Você merece o melhor minha linda.
CRISTAL – Obrigado Cauã! Sem você pra me dar força, pra me apoiar, eu não sei o que seria de mim.
CAUÃ – Enquanto você tá se divertindo Cristal, eu to com medo! Minha mãe e a Esmeralda estão juntas, a sogrinha e a norinha estão tramando contra todos nós, e o principal alvo é você.
CRISTAL – Quem disse?
CAUÃ – A Rosa, ela as encontrou hoje na sua comemoração.
CRISTAL – Foi por isso meu Deus! Tudo bem, eu encaro!
Cauã segura a mão de Cristal e a abraça.
CAUÃ – Eu to contigo meu amor!
CENA 3. STOCK-SHOTS. EXTERIOR. NOITE/ DIA
Cai um lindo dia na capital espanhola, o sol raia na cidade a iluminando.
CENA 4. PRÉDIO DA QUADRILHA/ SALA. INTERIOR. DIA
Esmeralda anda vagarosamente pela sala, pensativa, com a mão na barriga, um olhar de tensão estampado em sua face. Ela se lembra:
Esmeralda abraça Cauã, ela o encara com ternura.
CAUÃ – Esmeralda eu…
ESMERALDA – (Corta) Cauã, nós vamos ter um filho não me desampara! Por favor, eu te amo.
CAUÃ – Eu to com a Cristal, Esmeralda.
ESMERALDA – Se toca a Cristal não é pra você! Você me condena porque eu errei, tudo bem, eu admito, eu enganei, eu menti, eu roubei, mas eu to arrependida! Ser mãe tá me fazendo melhor! Você não vê a Cristal? Você acha que ela santa, mas ela não é tão santa quanto se pensa. Eu te amo Cauã.
CAUÃ – Mas eu não, eu amo a Cristal!
ESMERALDA – Quer saber? Eu já cansei de bancar a coitadinha, a pobrezinha! Já acabou a minha fase bozinha! Minha maternidade tá me deixando trouxa, só pode!
Esmeralda pega o telefone decidida e faz uma ligação onde atende do outro lado da linha uma mulher.
ESMERALDA – Alô, é da clínica? Eu só to ligando pra confirmar meu horário das 11 horas, sim eu sei onde é. Não, eu vou sozinha.
Esmeralda desliga, ela respira fundo e encara sua barriga.
ESMERALDA – É hoje que eu me livro desse encosto!
Esmeralda fica tensa, ela sente um enjoo e corre para o banheiro onde vomita. Ela lava o rosto enojada.
ESMERALDA – Ai que nojo! Esse foi um dos últimos graças a Deus!
CENA 5. PENSÃO/ SALA. INTERIOR. DIA
Cristal, Cauã e Derick estavam em torno da mesa de centro sobre a quadrilha.
DERICK – Tá rolando o rumor por aí que a Natalie antes de sofrer o acidente desovou aquelas pedras pra alguém em algum lugar.
CRISTAL – Ainda bem, aquelas malditas só trouxeram problemas pra nossa vida!
CAUÃ – Com certeza. Impressionante, graças a essa maldita ambição já aconteceu tanta coisa!
CRISTAL – Mas não é tão simples assim, algo me diz que o assassino e os outros não irão deixar por menos e irão até no inferno pra pegar essas pedras.
DERICK – Mas estão longe de nós.
CRISTAL – Mas a sombra delas não, o impacto na nossa vida, o nosso tormento tá longe de terminar ainda. Bem longe.
CENA 6. CASA/ SUBÚRBIO. INTERIOR. DIA
Júlia arrumava as malas e colocava suas poucas coisas num caixote antigo, o caminhão de mudanças na porta, vários homens entram e começam a carregar as caixas.
CARREGADOR – Você vai pra Miami, Júlia?
JÚLIA – Sim, meu pai me ofereceu essa passagem. To muito muito muito feliz! Eu mereço vai!
Júlia faz seu último caixote, até que ela nota em cima do colchão que estava debaixo da cama o urso entregue por Natalie, ela pega em mãos.
CARREGADOR – Faz o que com isso dona?
JÚLIA – Ah, a Natalie não vai reaparecer tão cedo, isso se reaparecer. E eu achei esse urso tão bonitinho! Ela nem irá dar falta.
Júlia coloca o urso dentro da caixa que é fechada com fita. A última caixa é lacrada e colocada no caminhão, Júlia tranca a casa e se vai num táxi.
CENA 7. CASA DE CARLOTA/ QUARTO. INTERIOR. DIA
Carlota deitada ao lado de Roberto, seu celular toca, ela acorda e o atende.
CARLOTA – Alo, quem fala?
ESMERALDA – Sou eu dona Carlota, eu to a caminho da clínica de aborto, eu vou tirar a criança.
CARLOTA – O QUÊ?
Roberto se acorda assustado.
ESMERALDA – É o melhor a fazer, eu sinto muito, desculpa, mas eu sei o que tenho que fazer.
Esmeralda desliga. Roberto preocupado.
ROBERTO – O que foi?
CARLOTA – A Esmeralda! Ela vai tirar o meu neto, eu tenho que impedi-la!
Carlota se levanta e se troca, rapidamente ela sai correndo da casa. Roberto fecha a porta e fica encostado abrindo um enorme sorriso irônico.
ROBERTO – Filho de peixe, peixinho é!
CENA 8. PENSÃO/ SALA. INTERIOR. DIA
Cauã, Cristal e Derick continuavam na sala conversando, até que a porta rapidamente se abre sem sequer pedir licença, Carlota entra rapidamente histérica e fica diante de Cauã.
CARLOTA – Ajuda Cauã! Ela vai tirar o seu filho. A Esmeralda vai abortar sua criança!
Cauã fica completamente em choque.
CAUÃ – Como assim abortar o NOSSO filho? Ela enlouqueceu?
CRISTAL – Quem garante que isso não é mais uma tramóia sua? Ao que saibamos você tá junto dela.
CARLOTA – Ela me ligou me avisando isso. O único que pode impedi-la é você, vai até a clínica, pelo seu filho Cauã.
Cristal abraça Cauã e segura firme em sua mão.
CARLOTA – Eu acho que sei onde é essa clínica. É perto de uma casa de uma mãe de santo, pra lá da área rural. Vai Cauã.
CRISTAL – Vai lá Cauã, não deixa aquela maluca fazer essa besteira!
Cauã beija Cristal e olha para Carlota a encarando.
CAUÃ – Vai me informando pelo cel!
Cauã sai correndo atônito da casa, ele entra em sua moto e sai cantando pneu.
CENA 9. CLÍNICA DE ABORTO CLANDESTINA/ SALA. INTERIOR. DIA
Algumas grávidas esperavam em cadeiras pela ordem de chegada numa sala ampla, como uma sala de espera de consultório comum. Esmeralda entra, ela fica consternada com a cena que vê. Ela olha por todos os locais da sala, ela vê duas mulheres com frieza, já com a barriga aparecendo, logo mais a frente, prestes a abortar, uma mulher tenebrosa que chorava bastante, com seu marido ao lado praticamente a forçando. Esmeralda nem senta-se, fica na entrada, apenas prestando atenção.
MARIDO – Essa criança não foi planejada! Ela só vai estragar a minha vida, você não me ama? Não quer o melhor? Você tem que tirar ela, você chegou até aqui, não pode amarelar!
A parteira surge na sala com luvas suja de sangue do último feto que tirou, com um olhar de frieza natural.
PARTEIRO – Próxima.
A mulher acompanhada pelo marido entra na sala, a parteira logo fecha a porta. Uma agonia toma conta de Esmeralda. Ela senta-se na cadeira, seu celular começa a tocar insistentemente, no visor ela vê Cauã, com imensa dor no coração ela desliga, uma lágrima escorre de seu rosto, rapidamente ela a seca e respira fundo.
ESMERALDA – É o melhor há ser feito!
CENA 10. HOSPITAL/ QUARTO DE NATALIE. INTERIOR. DIA
O quarto está vazio, até que acompanhado de um médico entra Roberto que ao ver Natalie desacordada e completamente ligada a diversos aparelhos se choca.
ROBERTO – Natalie! Gente, como ela ficou nesse estado?
MÉDICO – Acidente gravíssimo de transito. Ela tem sorte de estar viva e se ela acordar ela vai ter mais sorte ainda porque por um milagre a coluna vertebral dela escapou, graças ao sinto de segurança.
ROBERTO – Que tragédia!
MÉDICO – Bom, vou deixá-la a sós uns instantes, já volto.
O médico sai, Roberto debruça-se na cama e fica a sussurrar no ouvido de Natalie.
ROBERTO – Viu no que dá ser ambiciosa sua vadia? Tentou fugir e deixar todo mundo na lona! Olha no que deu? Tá vendo? Mas trate de melhorar Natalie, eu vou pegar essas pedras e quando você acordar seremos só nós dois.
Jonathan entra no quarto e vê Roberto.
JONATHAN – ROBERTO!? O que faz aqui? De onde conhece a Natalie?
Roberto vira-se encurralado.
CENA 11. CLÍNICA DE ABORTO CLANDESTINA/ SALA. INTERIOR. DIA
Esmeralda ainda na sala de espera tensa, seu celular toca novamente por diversas vezes, dessa vez é Cristal, ela atende.
CRISTAL – (Abalada) Não faz isso Esmeralda, por tudo o que já fomos um dia, não faz isso!
ESMERALDA – Me deixa Cristal, fica feliz! Sem esse encosto você vai ficar livre pra ficar com seu amorzinho em paz, eu vou ficar livre desse encosto. E não vai ser você que vai me impedir.
CRISTAL – Esmeralda NÃO!
Esmeralda desliga, ela respira fundo, novamente seu semblante torna-se de ódio. A porta se abre, a mulher sai numa maca carregada pelo marido para uma outra sala de repouso, chora inconsolável, arrependida.
MULHER – (Chorando) EU MATEI O MEU FILHO! Eu não podia ter feito isso, MEU FILHO!
PARTEIRA – Próxima!
ESMERALDA – Sou… Sou eu!
PARTEIRA – Entre!
Esmeralda hesita, um frio lhe percorre a espinha. Ela dá uma última olhada para a mulher indo para a sala de repouso.
PARTEIRA – Não se acanhe medrosa! Venha logo! É só uma puxadinha e pronto, quando ver já acabou seu estorvo!
Esmeralda entra na sala, a parteira fecha a porta, ela olha para diversos lugares onde se pode ver fetos conservados em formol, ela se choca, ela coloca a roupa para o aborto e deita-se na maca.
PARTEIRA – Vamos lá, é só uma puxadinha! Quer com ou sem anestesia? Com anestesia parece que demora até mais pra passar o efeito.
ESMERALDA – Pode ser com.
A parteira aplica uma anestesia na coxa de Esmeralda, que fica paralisada.
PARTEIRA – Quer um conselho? Nem olhe, depois que eu fizer será uma sangreira danada e um nojo que só! É capaz até de traumatizar!
Esmeralda fica mais tensa, pela última vez seu celular toca, antes que ela pegue no visor para ver, a parteira pega, o desliga e coloca numa mesa ao lado.
PARTEIRA – Não, não! Celular atrapalha minha concentração que só! Depois você dá a notícia.
A parteira sai da sala para pegar os objetos.
CENA 12. RUA. EXTERIOR. NOITE
Cauã à toda velocidade em sua moto cortando o trânsito, numa área quase deserta da enorme capital. Ele acelera passando por casas humildes, seu coração batia desesperadamente. Flashs de Esmeralda, de um bebê, de uma família vinham a todo instante em sua mente.
CAUÃ – (Pensamento) Tem que dar tempo meu Deus! Tem que dar!
Cauã continua a acelerar, ele aproxima-se da fachada da clínica, freia a moto e cai da moto a toda.
CENA 13. CLÍNICA DE ABORTO CLANDESTINA/ SALA DE ABORTO. INTERIOR. DIA
A parteira entra, Esmeralda atônita com o barulho que ouvirá.
ESMERALDA – O que foi isso?
PARTEIRA – Nada que lhe interesse, mas vamos logo sem lenga-lenga que tenho mais clientes! O dia tá lotado hoje.
A parteira tira seus objetos de um pote esterilizado, ela abre as pernas de Esmeralda, abaixa seu óculos, logo Cauã invade a sala desesperado.
CAUÃ – (Berrando desesperado) NÃO!
Esmeralda sente um puxão súbito em suas pernas, sangue começa a escorrer delas sem parar.
A cena congela em tons roxos em Esmeralda na maca sentindo seu sangue escorrer.
FIM DO CAPÍTULO