quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Me... I Am... Dudu Jean - Episódio 04


EPISÓDIO 1x04
"O Contrato"

FADE IN.

CENA 01/ MANSÃO AMARAL/ INTERIOR/ SALA PRINCIPAL/ MADRUGADA.

O relógio na parede apresenta o horário exato, 03h35min da manhã. Uma pessoa entra, quase caindo, no hall de entrada da mansão, escura. Bate a porta, não a tranca, e, segurando uma garrafa de pinga baiana, continua a perambular. Eis que o homem aperta o interruptor e as luzes de todo o hall se acendem: trata-se de Eduardo.


Eduardo: Eu bebo sim, minha cachaça! E quando bebo, a minha tristeza passa... 


Em tentativa de encaminhar para o quarto, pela extensa escadaria, ele tropeça e cai no assoalho. 


Eduardo: Tenho que subir para a minha suíte e ter uma noite de núpcias com o Cristiano. (P; rindo sozinho) Cris... Cristiano.


Após alguns empenhos frustrantes para se levantar, Eduardo acaba por se jogar no chão. 


CENA 02/ MANSÃO AMARAL/ INTERIOR/ SALA PRINCIPAL/ MANHÃ.

Yuri entra na sala principal, completamente arrumado, vestindo um terno e gravata, pronto para servir Eduardo, caído, no pé da escada, dormindo. 


Yuri: Rainha soberana, causa de toda a existência do universo, acorde! 


Yuri bate palma duas vezes. 


Yuri: Quando aconteceu isso com a Branca de Neve... Um príncipe encantado, a deu um delicioso beijo na boca. (P) Será que devo?! 


Yuri se aproxima do patrão, segura as mãos morena e encara o rosto inexpressivo adiante. 


Yuri: Será por uma boa causa. 


Eduardo abre os olhos, com uma expressão facial assustada e empurra o empregado. 


Eduardo: Nunca mais faça isso!


Eduardo se levanta rapidamente e se põe frente a Yuri.

Yuri: Minha diva batedora de cabelos pensei que estava em coma, ou algo parecido, assim como as princesinhas da Disney...


Eduardo: Meu príncipe tem nome, codinome e camisinha tamanho 30 centímetros, lá no quarto.

Yuri: Peço perdão, majestade! 

Eduardo: Perdoado. Agora, me traga um bom café preto. 

Yuri faz que sim com a cabeça, no entanto, permanece parado.

Yuri: Mas antes, deusa do amor! Precisamos conversar a respeito de uma carta, do RH da emissora. 

Eduardo se dirige a SALA, subdivisão do hall de entrada, e se senta na primeira poltrona que vê. Se acomoda e, estalando os dedos, encara Yuri. 

Eduardo: Desengata, carretel.

Yuri: Segundo o envelope, o salário está marcando míseros 800 mil dólares.

Eduardo: (Pasmo) Como assim?

Eduardo levanta, furioso, e lança uma escultura caríssima, próximo a poltrona, na parede. 

Yuri: Cleópatra brasileira, a senhora não deve fazer isso, mas conversar com os administradores da TVV.

Eduardo encara o garoto.

Eduardo: É hoje que faço o Luiz Gustavo, engolir cada perfume vagabundo que forma a audiência daquela série pornográfica.

Yuri: Que sinal, eu adoro. Disseram que vai ter uma continuação!

Eduardo: Você vai virar um pano de chão, se não calar essa boca.

Yuri: Estou de saída divindade, fazer o café da manhã.

Eduardo: Não precisa, avise ao Idalécio que prepare a limusine.

Eduardo encara a CAM, furioso.

CENA 03/ MANSÃO AMARAL/ INTERIOR/ COZINHA/ MANHÃ.


Idalécio entra na cozinha, trajando apenas um short e um chinelinho havaianas vermelho. Yuri entra no cômodo.

Yuri: Idalécio, a rainha do amor, mandou você preparar o carro.

Idalécio: E para onde o Sr. Eduardo irá?

Yuri: Para a TV Virtual, resolver alguns probleminhas contratuais, então, se arrume e coloque uma roupa decente. Aliás, você é apenas um porteiro.

Idalécio: Porteiro não, motorista!

Yuri: Pau para toda a obra, ou pensa que não sei?

Idalécio: Do que está falando?

Yuri: Divina Isis te tirou da Angola apenas para se aproveitar da sua anaconda por todas as noites. (P; Sorri) Eu sei de tudo, querido.

Idalécio não dá muita bola para as palavras do garoto e caminha em direção à saída da cozinha.

Yuri: (Alto) Nesse mato tem coelho misturado com linguiça. Haja psicose, pra tanta surra de vara! 

CENA 04/ MANSÃO AMARAL/ EXTERIOR/ MANHÃ.

CAM na bolsa transversal de Eduardo, que segura uma taça de ouro, a qual contém espumante. 

Idalécio: Vestida para matar, em, Sr. Eduardo?!

O homem negro abre a porta do automóvel, mas o proprietário o encara. 

Eduardo: Agora, assassino o Luiz Gustavo na TVV, mas depois, no motel, te mato de prazer. 

Idalécio bate na bunda de Eduardo. 

Idalécio: A criancinha não irá junto para a reunião?

Eduardo: O Yuri tem que cuidar da faxina. Por isso é taxado de diarista, né? 

Eduardo entra na limusine, com dificuldade por causa do vestido longo.

Eduardo: Hoje é o dia do seu sepultamento Luiz Gustavo feat Glades Félix. 

CENA 05/ EMISSORA TVV/ INTERIOR/ CORREDORES/ TARDE.

A secretária mexe no computador com uma caneta próxima a boca, quando o elevador é aberto. Ela se levanta, para cumprimentar o homem à frente, Eduardo Amaral, que se recusa a tocar em suas mãos.

Eduardo: Passou álcool em gel e tomou banho de cândida hoje, Rosinha Manfrine? 

A secretaria se acomoda novamente, na poltrona de couro. Atrás, na parede, a logomarca da empresa.

Rosinha: O que o senhor deseja?

Eduardo: Conversar com o Luiz Gustavo, baby.

Rosinha: O vice-presidente está ocupado neste momento.

Eduardo: Aquele miserável irá de me receber, por bem ou por mal.

CENA 06/ EMISSORA TVV/ INTERIOR/ CORREDORES/ TARDE.

Eduardo caminha pelos os longos corredores, faz algumas curvas e chega à porta, contendo um nome: Luiz Gustavo. Eduardo entra na SALA, de tamanho considerável e objetos decorativos para todos os lados. Luiz Gustavo, acomodado na poltrona, mexendo no computador, se levanta para recebê-lo.

Eduardo: Onde está os meus três milhões de dólares?

Luiz: Em primeiro lugar, muito boa tarde Senhor Eduardo. Em segundo, você recebe em reais. E, em terceiro, comprem Applause no Itunes.

Luiz dá uma risada sarcástica. 

Eduardo: Acha mesmo que irei de continuar aqui, nessa emissora?

Luiz: Acho sim, afinal, temos um contrato assinado.

Eduardo: (Esbraveja) De três milhões de reais mensais!

Luiz: 3 milhões foram apenas para construir aquele estúdio ridículo... Incluindo o preço daquela água importada.

Eduardo: A água mais pura do mundo, dos vulcões.

Luiz: Um cavalo de guerra, para ficar ao seu lado no camarim, incluindo uma banda de rock inglesa, para alegrar a plateia.

Eduardo: Entretenimento em primeiro lugar.

Luiz: 800 mil foram o que sobrou de tudo. É pegar ou largar. Como diria o Luciano Hulk: é agora ou nunca. 

Eduardo, enfurecido, encara o empresário. Caminhando em passos firmes, como se quisesse quebrar o chão, se dirige até a porta e a tranca por dentro.  Em Eduardo.

CENA 07/ EMISSORA TVV/ INTERIOR/ PRESIDÊNCIA/ TARDE.

Uma grande cortina é aberta, dando vista a uma bela paisagem do Rio de Janeiro. Uma mulher branca, baixinha e de cabelos escuros, limpa todo o cômodo grandioso, coloca cada objeto em devido lugar, mesas, cadeiras e liga um pequeno robô, em cima da mesa.

Mulher: Está tudo limpo, Félix. 

O robô, com uma voz rouca, responde.:

Félix: Agradecido, Marcelina.

Marcelina (pretensiosa): Ainda sonho em conhecer o homem por trás dessa maquina. O senhor deve ser tão lindo quanto o raio de sol, que ilumina o amanhã. 

A porta é batida diversas vezes, de forma bruta.

Eduardo: (em off – fora da sala) Abre essa porta, Félix, antes que eu te transforme em campainha de centro de idosos.

Félix: Não abra essa porta nem se passarmos pela a era dos mortos. 

A porta cai no chão e Eduardo surge do outro lado, elevando as mãos na cintura. 

Eduardo: Faço a Beyoncé em Crazy In Love, meu bem.

Eduardo entra na sala, desfilando e encara a mulher, assustada, ao lado do robô. 

Eduardo: Sai daqui, projeto desfeito de Sheila, volta para o seu chiqueiro.

Marcelina se retira correndo e assustada. 

Félix: O que aconteceu contigo?

Eduardo: Pergunta isso? Viu a cor de meu salário? 

Eduardo segura o robô nas mãos. 

Eduardo: Sei muito bem onde você mora, Glades Félix! Te destruo apenas com o soar de meu silicone.

Félix: Caso não deseja, encontre outra emissora para pegar a recisão! 

Marcelina reaparece, com quatro seguranças fortões. 

Marcelina: (Ordena) Tirem-no daqui!

Eduardo reage, olha para os seguranças e se joga no colo deles.

Eduardo: Me levem pelo o colo, me segurem, me amarrem e me taquem na parede! 

Os seguranças puxam o entrevistador. 

Eduardo: Podem abusar à vontade. 

CENA 08/ EMISSORA TVV/ EXTERIOR/ TARDE.

Eduardo desce as longas escadarias da saída da emissora segurando a bolsa em mãos. Uma pessoa o incomoda no meio do caminho. 

Eduardo: Ah... William Araujo. Já amanheceu ou ainda está no ainda? Vaza William, corre de volta para o Acre, que estou sem paciência para gente estrangeira.

William: Quero dizer que sou muito fã do senhor, minha família toda gosta dos seus programas de entrevistas, minha avó, meu pai, meus irmãos, as capivaras...

Eduardo: A boiada, periquito, papagaio, os cardumes de peixe. Alias, você mora interligado com a África, né? (Ri) Manda um beijo para os figurantes de Psicose.

Eduardo se retira, entrando na limusine, estacionada ao fim das escadas, com o auxilio de Idalécio. William permanece parado e olha para a câmera. 

William: (Lamenta) Só queria um autografo. 

CENA 09/ BELAS HISTÓRIAS/ INTERIOR/ PRESIDÊNCIA/ TARDE.

Uma mulher loira de olhos azuis, vestindo uma roupa casual preta, coloca as mãos sobre o mouse, olha para Eduardo Amaral, a sua frente, sentado numa cadeira, atrás da mesa da mulher, que porta uma expressão duvidosa. A sala está completamente arrumada. Quadros na parede, algumas fotos espalhadas na mesa e prêmios na instante. 

Mulher: Seria um bom negócio para o BH, Eduardo?

Eduardo: Claro, Barbara, só gastaria 10 milhões de indenização pra TV Virtual, mas o restante é bobagem. 

Barbara tosse algumas vezes, pega um copo de cristal e o enche de água da jarra. 

Barbara: (abismada) 10 milhões?

Bebe a água.

Eduardo: Nada para uma emissora de alto porte como o Belas Histórias, não é lindinha?

Barbara: Infelizmente, temos que conter algumas despesas, por causa de alguns problemas com a publicidade.

Eduardo: Já devia saber. 

Eduardo levanta da cadeira.

Eduardo: Tá assim por causa do flop de Taylor? Então, querida, beijinhos, beijinhos e tchau, tchau. 

CENA 10/BELAS HISTÓRIAS/ INTERIOR/ CORREDORES/ TARDE.

O celular de Eduardo toca na bolsa, o entrevistador retira e atende.

Eduardo: Fale Yuri, a casa está pegando fogo?

Yuri (em off): Minha linda santa, pense bem nas suas atitudes, por favor! Os jornais de fofocas, só falam a seu respeito.

Eduardo: Falam mentiras, não vou sair da TVV.

Yuri: Irá aceitar os 800 mil?

Eduardo: Só pelo o primeiro mês, baby, depois retorna aos 3 milhões de dólares.

Yuri: Reais.


Eduardo: Tanto faz, queridinho, o que importa é que eu continuo sendo a Oprah Winfrey brasileira.

Eduardo desliga o aparelho e continua a andar, em direção à saída. 


CENA 11/BELAS HISTÓRIAS/ EXTERIOR/ TARDE.

Eduardo entra na limusine, segura a taça e, em seguida, o enche com o espumante da marca cidra. O automóvel começa a andar, mas para, antes mesmo de sair da fachada emissora, estressando o entrevistador, que desce do veículo. Logo à frente, um fusca azul bebê, está enguiçado. 

Eduardo: Quem será, nesse fusquinha de merda? 

Um homem loiro desce do fusca e grita, se aproximando de Eduardo: 

Homem: Eduardo! Meu Deus! Sou seu fã! Meu nome é Leonardo de Castro, quero ser entrevistado.

Eduardo: Você é mais de 130 milhões de brasileiros, né?

Ele acaricia as mãos do entrevistador, que se afasta, com nojo.

Leonardo: Te amo, diva! 

Eduardo regressa para o carro, abre a janela e grita: 

Eduardo: Acelera Idalécio, passa por cima se possível, mas não quero me misturar com essa (Tom) gentinha

Eduardo olha para a câmera e levanta a taça. 

Eduardo: Faço a Avril e fico longe dos fãs, afinal, não quero me contaminar com o ar de pobre.

FADE TO BLACK.


Uma série de
Eduardo Amaral
Luiz Gustavo
Márcio Gabriel

Episódio escrito por
Luiz Gustavo
Márcio Gabriel

Revisão de texto
Félix Crítica

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