CENA 01/ CEMITÉRIO/ MANHÃ.
FADE IN em um buquê de rosas brancas, seguradas por mãos revistadas por luvas de renda preta. O buquê é jogado em cima de um túmulo. PLANO MÉDIO de Sophia e Nanda em frente à cova. Elas se encaram com pesar.
Sophia: Não vou conseguir me recuperar disso! (Pausa/ Chorando) Parece ser apenas um coração partido, mas meu corpo inteiro dói!
Sophia se ajoelha em frente ao túmulo e chora incontidamente. Nanda se agacha e coloca as mãos sobre os ombros de Sophia.
Nanda: Eu sei que nós duas brigamos, mas precisamos estar unidas nesse momento! Queria ter tido a oportunidade de despedida!
Sophia (amargurada): Pode ter certeza que meus advogados prenderão os responsáveis pelo incêndio!
Ela cai em choro novamente e Nanda a abraça. A câmera vai se afastando até chegar em determinado ponto, onde está Jack escondido. Ele as observa. FADE OUT.
CENA 02/ CALÇADA/ MANHÃ.
PLANO PRÓXIMO de uma repórter. Ela segura um microfone e veste um terno preto. Atrás dela é possível ver uma enorme movimentação de pessoas.
Repórter: Bom dia! Hoje, dia 5 de outubro, as eleições se iniciam. O dia no Rio de Janeiro amanheceu com protestos apartidários. A polícia militar os acompanha e eles permanecem pacíficos até o momento! (Pausa) Voltamos daqui a pouco com mais informações!
CENA 03/ MANSÃO BITTENCOURT/ QUARTO DE FRED/ MANHÃ.
PLANO GERAL do cômodo. Marina ENTRA e vai à direção da cama, onde está Fred todo coberto por lençóis verde fosco. Ela senta-se na cama e tira a parte do lençol que cobre o rosto do rapaz.
Marina: Como está?
Fred: Estive pior!
Fred senta-se na cama.
Marina: Ele era legal! Nos demos bem!
Fred: Sabe, eu não o considero como um irmão, mas errei muito com ele. Queria ter pedido perdão antes de ele morrer!
Marina: Isso é perturbador! Henrique morreu brigado comigo também. (Pausa) Você lembra o quanto eu me contorci de arrependimento, e ainda, digamos, tenho uma certa culpa.
O silêncio paira por instantes.
Fred: Obrigado por estar comigo!
Os dois dão-se as mãos.
Marina (sorrindo): Não é nada!
Fred: Tenho vontade de visitar o túmulo dele. Não tive coragem de ir no dia!
Marina: O que acha de ir comigo?
Fred: Tem certeza?
Marina: Sim! Troque de roupa e eu te espero lá embaixo.
Fred se levanta da cama.
CENA 04/ MANSÃO BITTENCOURT/ SALA DE ESTAR/ MANHÃ.
PLANO GERAL da sala dos Bittencourt. Em um sofá duplo estão sentados Augusto e Selma, sorrindo e de mãos dadas. Em uma poltrona está uma jornalista que dá alguns retoques em sua pele, usando um blush. Próximo aos três é possível ver vários câmera-men.
Câmera-man: 1... 2... 3...
Uma enorme movimentação de assistentes e maquiadores inicia-se.
Câmera-man: Começando!
As câmeras são ligadas e o flashs iluminam os rostos de Augusto, Selma e a repórter.
Repórter: Bom dia! Estamos aqui com o candidato a senador Augusto Bittencourt e sua esposa, Selma Bittencourt! Muito obrigada por receber toda a nossa equipe em sua casa.
Selma (sorridente): Agradecemos também pelo comparecimento. É sempre um prazer receber visitas.
Repórter: Fico felicíssima! (Pausa) Recentemente a família Bittencourt sofreu uma grande perda. Como estão superando a morte de Jackson Bittencourt?
Selma e Augusto se encaram. Eles dão-se as mãos e Selma acaricia o ombro do marido, que simula um choro. Augusto pega um lenço e limpa suas poucas lágrimas.
Augusto: Não está sendo fácil! O meu filho sempre foi muito difícil. Lutei para ele mudar e ser uma pessoa digna, mas infelizmente errei, cuidando da nação ao invés da família. (Olhando para Selma) Sorte que minha esposa dedicou-se integralmente na educação de Frederico e Fernanda.
SONOPLASTIA OFF dos três dialogando.
CENA 05/ MANSÃO CLARK SIMÕES/ SALA DE ESTAR/ MANHÃ.
PLANO MÉDIO de Bruno, Raquel, Antonio e Samira. Eles estão em pé e dão gargalhadas.
Bruno: Esses deputados federais! Uma campanha mais engraçada que a outra!
Raquel: E não é?! Morro com os discursos mal decorados! Brasil e sua ignorância sem tamanho!
Bruno (dirigindo-se a Antonio): Vamos? Programa de homens!
Antonio: A última vez que velejamos eu quase afundei o barco.
Bruno: Releve! O mar estava agitado. (Dirigindo-se à Samira) Você quer que eu a leve em casa?
Samira: Não! Tenho assuntos pendentes com a Raquel.
Raquel (assustada): Comigo? Que assuntos?
Bruno: Também gostaria de saber!
Samira: Coisas de mulher!
Bruno: Ok então! Lá vamos nós!
Bruno beija os lábios de Samira, logo se aproxima de Raquel e os dois aproximam os rostos. Eles se olham por instantes, até que Raquel toma iniciativa e beija a bochecha esquerda de Bruno.
Raquel (dirigindo-se a Bruno/ desconcertada): Tchau! (Dirigindo-se a Antonio) Quero um abraço seu também mocinho!
Antonio: Pode deixar!
Antonio e Raquel dão um forte abraço. A última faz um cafuné na cabeça de Antonio. Antonio e Bruno SAEM do local. Samira fita repressora Raquel.
Raquel: O que quer?
Samira: O que eu quero? Quero que suma!
Raquel (desentendida): O quê?
Samira: Deixe meu namorado em paz! Ele não está mais com você. Ele me escolheu!
Raquel: Ei mocinha! Eu tenho filhos com o Bruno. Existe um laço entre nós inquebrável!
Samira: Você ama muitos seus filhos, não é?
Raquel: Sim!
Samira: Então pare de insistir em uma relação que á foi destruída. Ou quer que eu faça algo contra Marina ou Antonio? (Pausa) Em um mundo como esse, vivemos do que os outros falam de nós. Imagina se eu espalho algumas fofoquinha sobre eles?
Raquel: Você não seria capaz!
Samira: Pode ter certeza que eu seria! A Marina, eu nem preciso inventar, só falar as burradas que ela vive fazendo.
Raquel segura o braço de Samira e a confronta.
Raquel (irritada): Você pode fazer qualquer coisa comigo, mas deixe meus filhos fora disso. Juro que viro uma onça e te destruo! Não faz ideia com quem está mexendo.
Samira (provocando): Sei sim! Com uma socialite decadente. (Gritando) Sozinha e infeliz!
Raquel: Vá embora!
Samira: Com todo prazer!
Samira caminha até a saída.
Raquel: Você de burrinha não tem nada, né! Finge de boba para conseguir o que quer!
A jovem vira-se e encara a rival.
Samira: Já deixei meu recado!
Samira abre porta e segue rumo.
Samira abre porta e segue rumo.
CENA 06/ CALÇADA/ MANHÃ.
A câmera está estática mostrando várias pessoas andando apressadas. É possível ver a frente Marina e Fred que aos poucos se aproximam da câmera. PLANO AMERICANO nos dois andando.
Marina: E aí, te fez bem visitar seu irmão?
Fred: Na moral?
Marina encara Fred e balança a cabeça positivamente.
Fred: Não fez! Estou sentindo ainda mais culpado!
Marina: O que fez é tão grave assim?
Fred: Sim!
Marina: Poderia se abrir comigo!
Fred: Prefiro manter isso comigo!
Os dois preparam-se para virar a esquina, quando se esbarram com Léo. Eles se encaram.
Marina: Ei Léo!
Léo (irônico): Oi! Pelo visto está passeando com seu velho amigo.
Marina: Amigo sim! Sem deboches. (Pausa) E não estava passeando. Fui com ele visitar o túmulo de Jack!
Léo: Não precisa dar satisfações! Não somos mais namorados
Marina: Então pare com isso! (Dirigindo-se a Fred) Vamos embora!
Marina e Fred ENTRAM em um táxi. PLANO PRÓXIMO de Léo que expressa sofrimento vendo a partida de Marina. A imagem congela.
Surge na tela como legenda: Flagrado o triângulo mais agitado do Rio. Aceite Léo, no fim a princesa sempre escolhe o príncipe. Bobos da corte são mera diversão!”.
CENA 07/ MANSÃO CLARK LUPORINNY/ QUARTO DE SOPHIA/ MANHÃ.
Sophia está deitada em sua cama. Ela se levanta e senta-se numa cadeira próximo a sua penteadeira. Olha-se no espelho e repara em suas olheiras. Permanece em silêncio. A sua expressão natural modifica gradualmente para uma de pura insanidade. Ela bate no espelho, cortando a mão direita com os cactos de vidro. Com a outra mão, pressiona a ferida e emite sons de dor. Ajeita seus cabelos com a mão e mancha seu rosto de sangue. Encosta-se em uma parede e chora sem fazer muito barulho.
O celular de Sophia vibra e ela se aproxima. Um SMS surge na tela: “Na literatura Édipo mata Laio. Na elite carioca, pai descarta filho com a mesma naturalidade que socialites descartam roupas da coleção passada.”.
CLOSE na expressão espantada de Sophia. FADE OUT.
CENA 08/ MANSÃO BITTENCOURT/ SALA DE ESTAR/ MANHÃ.
Val ENTRA na mansão e ver a movimentação de várias pessoas desmontando o estúdio criado para a entrevista de Augusto e Selma. Avista Augusto e acena, ele vem em sua direção.
Augusto: O que quer?
Val: Ainda pergunta?
Augusto (sussurrando): Fale baixo! Está cheio de jornalistas aqui.
Val: Melhor ainda!
Augusto: O que quer?
Val: Havia me prometido que se eu testemunhasse contra Jack me ajudaria!
Augusto: Eu disse sim! Mas você piorou, aproximou Marina e Fred. Por que quer destruir Marina?
Val: Estou servindo a dois senhores! Vai dizer que não fará isso no senado?
Augusto: Sabe alguma coisa?
Val: Querido, eu sei de tudo!
Augusto: Ok! Ok! Eu não sei quem matou Mau!
Val empurra Augusto. Ele a agarra pela cintura.
Augusto: Calma! Mas eu tenho ótimos contatos. A polícia civil ainda vai demorar solucionar isso, mas eu tenho amigos da federal. Prometo lhe informar assim que conseguir!
Val: Olha, eu não vou mais esperar! Acha que eu sou boba? Eu posso te destruir
Augusto (ameaçando): Destrua! Eu sei de muita coisa sobre você que a polícia ainda não está ciente! Você já fez 18, não é? Pode ser levada em cana!
Val (assustada): Eu não fiz nada!
Augusto: Todos falam isso! Mas quero ver contestar quando há uma acusação!
Augusto (ameaçando): Destrua! Eu sei de muita coisa sobre você que a polícia ainda não está ciente! Você já fez 18, não é? Pode ser levada em cana!
Val (assustada): Eu não fiz nada!
Augusto: Todos falam isso! Mas quero ver contestar quando há uma acusação!
Os dois se encaram.
CENA 09/ APARTAMENTO DE VAL/ QUARTO DE VAL/ TARDE.
Val ENTRA no quarto. Deita-se na cama e acende um cigarro. A campainha toca. Bufa e apaga o cigarro. Ela caminha até a SALA DE ESTAR e abre a porta. Léo e Val se encaram.
Léo (frágil): Tem um tempo pra mim?
Val: É claro! Entre!
Léo ENTRA. Os dois sentam-se no sofá.
Val: Diga o que houve!
Léo: Adivinha quem eu encontrei?
Val: Fred e Marina!
Léo: Leu NRJ?
Val: Li sim!
Léo: Acha que deveria pedir desculpas e voltar?
Val: Não! Marina também errou. Ela que tome inciativa. (Pausa) Ela está me decepcionando. Nem me procura mais.
Léo: Ela não é o anjo que imaginei! Não estou conseguindo virar a página.
Val: Não adianta só virar a página, muitas vezes precisamos rasga-la!
Léo: Como? Eu a amo! Não dá pra apagar alguém assim.
Val: Acha que ela está se importando? Nesse momento ela está com Fred rindo da sua cara. Quantas transas ela já deve ter tido depois que te largou? Já pensou nisso?
Léo: Chega!
Val se aproxima de Léo e o abraça.
Val: Me desculpe! É que você é o pai do meu filho. Não quero te ver sofrendo.
Léo: Não quero nosso filho sendo poluído por esse ambiente. Tantas futilidades!
Val: Você é fofo! Acho que tô até gostando de ti.
Léo: Está?
Val: Sim.
Léo acaricia a barriga de Val. Os dois se aproximam e se olham por algum tempo, até que se beijam.
CENA 10/ MANSÃO CLARK SIMÕES/ QUARTO DE LARISSA/ BANHEIRO/ TARDE.
Larissa está vestindo apenas um short bem curto e um sutiã. Ela olha sua barriga no espelho e coloca seus dedos sobre ela.
Larissa (assustada): Não há barriga ainda!
Raquel ENTRA.
Raquel: O que não há?
Larissa: Tia? O que faz no meu quarto.
Raquel: Vim te ver. A porta estava aberta e eu entrei. Está tudo bem?
Larissa (nervosa): Está!
Raquel (pacífica): Não está não! Pode se abrir comigo.
Larissa (chorando): Tia, eu estou perdida!
Raquel abraça Larissa.
Raquel: Ah, meu bem! Eu estou aqui! Não precisa chorar. Alguém fez algo contra você?
Larissa: Não!
Raquel: Então o que é?
Larissa: Eu estou grávida!
Raquel: Nossa! Como isso aconteceu? Você é tão esperta, por que não usou preservativo?
Larissa: Eu não sei! Fui irresponsável, mas me ajude! Não sei o que fazer?
Raquel: Deve contar isso aos seus pais!
Larissa (chorando): Eles vão me odiar!
Raquel acaricia a cabeça de Larissa.
Raquel: Ah meu bem! Eles não vão te odiar. Te amam. (Pausa) Como você descobriu a gravidez?
Larissa: Teste de farmácia!
Raquel: Esses testes nem sempre são seguros. Vou te levar a um laboratório de um amigo da família. Acho que com um bom pagamento conseguimos ele ainda hoje.
Larissa: Tudo bem! Mas se eu realmente estiver grávida?
Raquel: Ai você e o pai da criança terão que assumir as responsabilidades! (Pausa) Aliás, quem é o pai?
Larissa encara Raquel constrangida.
CENA 11/ PRAÇA/ PALANQUE/ TARDE.
Augusto está sobre o palco. Ele segura um microfone e discursa. Em frente ao palanque estão vários jornalistas e civis.
Augusto: Quero um país mais justo! Um país em que o filho do pobre e o do rico estudem na mesma escola e tenham as mesmas oportunidades! Se um país não pode fornecer isso... Não pode ser chamado de nação!
Todos o aplaudem. De longe do palanque é possível avistar Sophia que caminha na direção do mesmo.
Sophia (gritando): Assassino!
Todos os flashs vão em direção a ela. Os jornalistas a cercam, formando um círculo.
Sophia: Esse homem que diz querer mudar o país foi capaz de matar o próprio filho!
Um jornalista aproxima o microfone da boca de Sophia. Ela empurra o microfone e o olha com aversão.
Jornalista 1: Como pode afirmar isso?
Sophia: Jack sempre teve uma relação tumultuada com o pai. O que levaram eles a crescerem separados. Entretanto, quando Jack voltou ele foi visto como um perigo para Augusto. Então por que não matá-lo e dar uma de sofrido? Uma morte comove qualquer ignorante e gera muitos votos. Aka Marina Silva.
Jornalista 2: Você não poderia estar mentindo? A sua mãe é patrocinadora da campanha de Augusto. Pode ser um ato de rebeldia da sua parte!
Sophia: Primeiramente, não sou “você”. Me chame de senhorita, no mínimo! Não sou qualquer uma. (Suspira) Segundo, não seria burra de colocar a C&L Designs em risco!
Jornalista: E com que base a senhorita faz essas acusações!
Sophia pega seu celular e mostra à jornalista um vídeo. Nesse vídeo é possível ver a limusine de Augusto passando pelo presídio minutos antes do incêndio.
Sophia: Acho que isso já responde!
Ela coloca seus óculos escuros e anda em direção à CALÇADA. Os jornalistas a seguem, porém ela ENTRA em um TÁXI e segue rumo.
O PLANO volta para o PALANQUE. Augusto é vaiado. Ele DESCE o palanque e os jornalistas e cidadãos o seguem. Vários assessores acompanham Augusto.
Augusto (dirigindo-se ao assessor): Estamos em estado iminente! (Pausa) Precisamos resolver isso!
FADE OUT.
CENA 12/ CALÇADA/ TARDE.
Jack anda pela rua. Ele usa óculos Ray Ban escuros, um blazer preto e um chapéu estilo Porkpie. Conversa ao telefone com Augusto.
Jack (no telefone): Quando sairei daqui?
Augusto (no telefone): Precisa ser paciente! Não pode ir agora! É arriscado demais. Sophia está dificultando tudo.
Jack (no telefone): Acho melhor ela saber a verdade! Não quero vê-la sofrer.
Augusto (no telefone): Ei! Temos um trato! Se ela descobrir que você está vivo terei que calá-la. Você está me entendendo?
Jack (no telefone): Não seria capaz!
Augusto (no telefone): Será que não? (Pausa) Preciso sair. Lembre-se, permaneça escondido!
Augusto desliga o telefone. Jack continua caminhando.
CORTA PARA/ INTERIOR TÁXI/
Fred está sentado no banco de trás de um táxi. Ele guarda seu celular no bolso e observa a paisagem pela janela. Acredita avistar Jack e se assusta.
CORTA PARA/ CALÇADA/
Jack olha disfarçado para o TÁXI e vê Fred. Logo, despista e ENTRA em um BAR.
CORTA PARA/ INTERIOR DO TÁXI/
CLOSE no rosto confuso de Fred. Ele pega seu telefone e digita o número de Marina.
Fred (no telefone): Alô Marina! (Tempo) Preciso falar urgentemente com você!
FUSÃO PARA/
CENA 13/ MANSÃO CLARK SIMÕES/ ÁREA DA PISCINA/ TARDE.
Marina está sentada em uma esteira. Ela veste um chapéu Floppy e óculos de sol Chilli Beans. Ao seu lado está Fred, agachado. É possível perceber que eles já estão há um tempo conversando.
Marina: Isso não é possível! Visitamos o túmulo do seu irmão!
Fred: Mas eu o vi sim! Não posso estar doido! (Pausa) Desconfio que meu pai fez algo. Viu a declaração de Sophia?
Marina: Sophia é exagerada! Seu pai não fez nada. Você deve estar cismado! Quando Henrique morreu, eu também fiquei dessa maneira.
Fred encara nervoso Marina e bufa.
Fred: Estou falando sério!
Marina: Ok! Mas se isso for verdade o que podemos fazer?
Fred: Por que não investigamos?
Marina: Investigar?
Fred: Anos acompanhando CSI e Castle podem servir para alguma coisa.
Marina (rindo): Talvez! (Pausa) Tive uma ideia aqui!
Fred (curioso): Qual?
Marina: O que acha de pedir ajuda a NRJ?
Fred: Se NRJ soubesse algo já teria divulgado!
Marina: Se engana! NRJ não divulga imediatamente nada! Ela espera o momento certo!
Fred: Mas por que ela nos ajudaria?
Marina: Ela nos deve muito! Nós a alimentamos.
Fred: Ok, vamos tentar!
Marina pega seu celular e digita um SMS para NRJ: “Abra o jogo, onde está Jack?”. Ela envia a mensagem. Os dois se encaram.
CENA 14/ MANSÃO BITTENCOURT/ CONDOMINIO/ CALÇADA/ NOITE.
Matias e Nanda andam de mãos dadas.
Nanda: Não queria poder encarar meu pai hoje!
Matias: O que achar de ir para meu ap.? É pequeno, mas...
Nanda (cortando): Não! Melhor ir para casa. Pensei em dormir na Sophia, mas preciso encarar meu pai.
Matias: Ok! Se precisar me liga.
Nanda: Pode deixar!
Nanda dá um rápido selinho em Matias.
CORTA PARA/ MANSÃO BITTENCOURT/ NOITE/
Selma e Augusto estão no sofá acompanhando o noticiário.
Augusto: Estou ansioso com o resultado. O incidente de hoje deve ter contado muitos votos.
Selma: Fique calmo, nós vamos ganhar! Acha que levarão uma criança a sério? Os jornais mesmo mostram isso. Sophia vive se metendo em escândalos!
Os dois dão-se as mãos.
Augusto: Eu espero isso!
Selma: E quanto ao Jack?
Augusto: Ele o que?
Selma: Ele já saiu do Brasil?
Augusto: Ainda não. É arriscado tirá-lo agora. Por enquanto, ele está escondido no Rio.
Selma: E se ele se expuser? Sabe que ele não é confiável.
Augusto: É um risco a ser corrido.
Nanda ENTRA na sala e os encara.
Nanda: O que fizeram com Jack?
Augusto: Filha, o que a Sophia falou é mentira!
Nanda: Eu ouvi vocês conversando. Não tentem me tapear. Não sou mais uma criança.
Selma: Nanda chega! Se não quer acreditar vá para seu quarto e durma. Deveria estar apoiando seu pai e não ir contra ele. Isso é feio!
Nanda: A favor de corrupção?
Augusto (concentrando-se na televisão): Olha lá! Tão anunciando os ganhadores.
William Bonner (off): O candidato a senador Augusto Bittencourt venceu com 37% dos votos. Atrás dele, o outro ganhador foi Romário com 34% dos votos.
Augusto levanta-se eufórico do sofá e beija Selma.
Augusto (deslumbrado): Vencemos! Não estou acreditando.
Os telefones de Augusto e Selma começam a tocar.
Selma (sorridente): Devem ser os assessores! Prepare-se para ter uma agenda bem lotada! Sabia que você venceria! Afinal, somos os Bittencourt.
Ele aproxima de Nanda para abraça-la, porém ela recua.
Nanda (dirigindo-se a Augusto): Você pode ter ganhado a campanha, mas perdeu o meu respeito. Eu vou encontrar Jack, custe o que custar!
Nanda sobe as escadas.
CENA 15/ MANSÃO CLARK SIMÕES/ QUARTO DE RAQUEL/ NOITE.
Raquel está deitada em sua cama. Ela veste uma camisola azul e conversa ao telefone.
Raquel (no telefone): Sim, Doutor. (Tempo) O que? Como assim? (Tempo) Tem certeza disso? (Tempo) Muito obrigada e boa noite!
Ela desliga o telefone e levanta da cama. SAI do quarto e anda pelo CORREDOR do SEGUNDO ANDAR até chegar ao QUARTO DE LARISSA. Ela abre a porta e encara a jovem, que está deitada na cama.
Larissa (assustada): O que houve tia?
Raquel (chocada): Você não tá grávida!
CLOSE em Larissa. A jovem está boquiaberta.
Larissa: Não pode ser!
Surge na tela: “@NewsRealezaJuvenil: Dizem q 1 mentira dá 1 volta inteira ao mundo...”
CENA 16/ COPACABANA PALACE/ SUÍTE DE BRUNO/ NOITE.
PLANO GERAL do quarto. A porta é aberta e Bruno ENTRA carregando Samira em seu colo. Deitam na cama e se beijam.
CORTE DESCONTÍNUO nos dois deitados seminus na cama.
Samira (ofegosa): Uau! Isso que é sexo!
Bruno: Você me deixou cansado hoje!
Samira: Bobinho!
Samira flexiona o cotovelo na cama e apoia a cabeça sobre as mãos. Encara Bruno.
Samira: Sabe, agora que você está divorciado da Raquel, o que acha de irmos morar fora?
Bruno: Oi? Está falando sério?
Samira: Sim! Tipo, podemos ir para a Califórnia. Os meus pais moram Nevada. Ficamos até próximos!
Bruno: Mas e o seus estudos?
Samira: Ah, termino esse aqui. O terceiro ano eu termino lá. Vamos! Please, please!
Ele a encara confuso.
Bruno: Eu não sei! Posso pensar?
Samira: É claro, amor! (Pausa) Tem o tempo que precisar (Sorri para Bruno).
“@NewsRealezaJuvenil: ...antes de a verdade poder se vestir.”
CENA 17/ HOTEL/ ESCADARIA/ NOITE.
Marina e Fred SOBEM as escadas.
Marina: Meu Deus! Nunca imaginaria que Jack está aqui! Esse Hotel é... Nojento!
Fred: Graças a Deus NRJ nos ajudou! Estamos em dívida.
Os dois chegam até o QUARTO ANDAR e caminham pelo corredor. Param em frente a uma porta.
Marina (sussurrando): É aqui!
Fred bate na porta por um tempo, até que ela é aberta por Jack.
Fred: Puta merda! Você tá vivo!
Fred e Jack se encaram.
CENA 18/ MANSÃO CLARK LUPORINNY/ QUARTO DE SOPHIA/ INTERIOR/ NOITE
Sophia no quarto, ela atônita. Do nada a porta subitamente se abre e bate forte contra a parede. Teodora entra a encarar Sophia com um olhar odioso. Sophia contida, amedrontada. Ela tenta se aproximar da mãe, que a levanta a mão.
Sophia: (assustada) Mãe!?
Teodora: O que foi que te deu hein? Me diz, onde é que você tava com a cabeça quando fez aquele show? (Berra) Você pirou de vez foi?
Sophia cabisbaixa começa a lacrimejar. Teodora dá um riso nervoso, dando passos pelo quarto até se aproximar rente à filha.
Teodora: Engole esse choro falso, não me comove. Você tem noção do prejuízo que você me deu? Me diz caramba, quem é que se importa com a morte de um bandidinho como aquele? Ninguém! É um peso a menos pra mim, pra você, é um peso a menos pro mundo a morte daquele Jack!
Sophia: Para mãe! Para, por favor! (Chora) Eu me importava!
Teodora: (Berra) Mas ele não! Você se lembra daquilo que ele te falou? Aquele era o Jack de verdade, um sujo, um nojento! Ele só queria te arrastar pra um motel de quinta e te jogar na cama como uma vadiazinha. Você quer isso para você?
Sophia: E se eu quisesse? Você me ensinou lutar pelo que eu quero. Aprendi... Simples assim!
Teodora hesitante, muda. Ambas se olham, Sophia se segura para não desabar em lágrimas. Teodora pega no braço da filha e a aperta forte.
Sophia: Mãe... Você tá me machucando, mãe! Por favor...
Teodora: (Corta) Quer saber? Eu me arrependo de ter te posto no mundo sim! Engordei tanto quanto você tá agora, tive ânsia, sofri horas e horas num parto. Tudo isso pra quê? Pra nascer você? (Fria) Uma pena que não compensou.
Teodora empurra Sophia na cama e ruma à saída.
Sophia: Você só fala isso porque eu pus em risco a merda do seu dinheiro! Você odeia tanto a tia Raquel, mas no fundo, no fundo, eu invejo a Marina mamãe. (Grita) Porque diferente de mim, ela tem uma mãe de verdade!
Teodora se vira com ódio. Descontrolada ela dá um forte tapa na face da filha. Sophia dá um berro e por fim cai na cama, dolorida, desabando em lágrimas.
Teodora: Não filhinha, isso não é só pelo money que eu investi e que você podia ter jogado na lata do lixo.
Sophia: Então me diz... Por que é afinal? Por causa do Jack então? (Embargada) Mas ele está morto mãe! Morto!
Teodora: Tudo isso é por que você sentiu uma paixãozinha por um vagabundo como aquele! Sinceramente Sophia? (Histérica) Você não passa duma garota fraca, uma burra! (Fria) Você me decepciona, quer ser igual a mim, mas no fundo... No fundo eu sei que você nasceu pra ser tão sonsa quanto à Raquel. Vergonha, é isso que sinto!
Sophia jogada na cama. A passos curtos, sem sequer olhar na cara da filha, Teodora vai à porta. Ela para e vira-se novamente, já com a mão na maçaneta.
Teodora: Nem o próprio pai se importava com aquele traste. Saber que a garota que eu criei se importa com isso só me dá pena Sophia. Pena de você. (Pausa) Nunca será uma rainha!
Teodora SAI. Sophia chora, desconsolada na cama. Ela se levanta. Possuída de ódio derruba alguns móveis e vasos no chão e ENTRA no banheiro.
Sophia se atira no chão, de joelhos chorando. Seu estômago revirado, ela chora e aperta a barriga, na tentativa de diminuir a dor que sente. Abre a tampa do vaso sanitário e enfia o dedo na goela. Vomita sem controle, por minutos a fio, fica jogada ao vaso, frágil, ela se acosta nele. Limpa o suor que recorre seus cabelos com as costas do antebraço.
Sophia, ainda com ânsia, frágil se ergue, se escorando pela parede. Ela estende a mão, sorri, vendo uma miragem de Jack.
Sophia: Jack! (Sorri)
A miragem faz que não. Uma piscada de olho e Sophia já não o via mais, ela dá um passo à frente. Coloca as mãos sobre o lado esquerdo do peito e demonstra com a expressão facial uma enorme dor. SONOPLASTIA revela o som dos os batimentos cardíacos da jovem que diminuem de intensidade de forma não gradual. FADE OUT no barulho de um tombo.
FADE IN em uma torneira. Alguns gotas de água escorrem dela e batem na pia. PLANO DETALHE nos lábios de Sophia. Estão pálidos e secos. Logo depois mostra-se os olhos cobertos por olheiras e sombra borrada da mesma, que permanecem fechados. Em um enquadramento é revelado o corpo da jovem ateado ao chão.
CENA 19/ IMAGENS AÉREAS/ NOITE.
A câmera mostra a movimentação de carro durante a noite com uma distância de cerca de 11 metros. As luzes do farol iluminam o ambiente.
CENA 19/ IMAGENS AÉREAS/ NOITE.
A câmera mostra a movimentação de carro durante a noite com uma distância de cerca de 11 metros. As luzes do farol iluminam o ambiente.
CENA 20/ APARTAMENTO DE VAL/ QUARTO DE VAL/ NOITE.
PONTO DE VISTA de um anônimo que abre, cuidadosamente, a porta de Val. Filma-a tirar sua barriga falsa. Val olha em sua direção, porém ela não o vê. Entretanto ela corre em sua direção. Eles correm pelo apartamento. O anônimo ABRE a porta de saída e SAI do apartamento. DESCEM as escadas, até que ele cai e Val o alcança. Ela o encara.
Val (maliciosa): Então você é NRJ! (Pausa/ sorrindo) Acho que agora é você que está em minhas mãos!
“@NewsRealezaJuvenil: Um erro q precise de uma mentira, acaba por precisar de 2. Bye bye fofoqueiros de plantão!”