VIGÉSIMO SEGUNDO EPISÓDIO
THE REVENGERS
"OS VINGADORES"
EPISÓDIO DO PONTO DE VISTA DE LUNA
― Luna,
vamos logo! – Reed grita.
― Estou
indo o mais rápido que posso! Sabe como é difícil descer essas escadas num
vestido longo? – Reclamo.
Depois de alguns degraus, chego ao logo. Meu irmão estende
sua mão para me cumprimentar e eu estendo a minha mãe de volta, ele a beija com
leveza. Hoje é meu décimo sexto aniversário e Sara, a gerente desse castelo
inteiro, decidiu dar uma festa para celebrar.
Reed coloca seu braço esquerdo por entre o meu e nós andamos
pelos vastos corredores do castelo até alcançarmos o salão de festas. Reed abre
a porta e a vasta imensidão do local faz meus olhos brilharem. É um baile de
máscaras.
― Não pense
que eu esqueci-me da sua. – Ele me entrega uma máscara.
― Obrigada,
isso é muito fofo. – Respondo.
Reed e eu andamos pelo salão, conversando com alguns amigos
que fizemos durante a nossa estadia aqui. Parece que faz anos que estou neste
castelo, mas na realidade, faz apenas duas semanas que Sara salvou a vida do
meu irmão. Não posso imaginar no quão eu estou grata por ela ter feito isso.
Uma música animada começa a tocar. Creio que seja I Love it,
de um jeito ou de outro, me entrego a musica. Reed me convida para dançar e,
animadamente, nós fazemos uma dança sincronizada incrível. Ser mago tem suas
vantagens.
Avisto um garoto do outro lado do salão. Ele tem os cabelos
pretos, pele branca e parece que não queria de jeito nenhum estar aqui. Quando
a música começa a tocar, peço licença à Reed e vou a seu encontro.
― Parece
que você está odiando isso aqui. – Inicio a conversa.
― E eu
estou. Acho muita bobagem fazer festas de aniversário. Estamos em um período de
guerra, mas isso só nos faz parecer ainda mais narcisistas.
― Ah,
sério? E o que você pensa de quem está aniversariando?
― Ela não
tem culpa, mas certamente não deveria estar aqui. Seria no mínimo, vergonhoso.
Perdoe-me, como você disse que se chamava mesmo? – Ele pergunta.
― Eu não
disse. – Estendo a mão para ele – Luna Mitchell, aniversariante.
Ele me cumprimenta com um aperto de mãos desengonçado.
― Eric
Domenit, envergonhado.
Sorrio. Fazia tempos que eu não sorria. Desde o que
aconteceu com o meu irmão duas semanas atrás. Paro para pensar. Meu irmão e eu
fomos atacados, isso eu sei, mas eu não lembro como ou porque fomos atacados.
Na verdade, eu não me lembro de nada. Nada além do rosto de Sara e um lobo.
Nada além de descer as escadas.
― Tem algo
errado. Você pode ir lá em cima comigo, rapidinho? – Pergunto.
― Claro.
Pego Eric pela mão e levo-o até as escadas. Os corredores
parecem iguais, mas é como se eu não visse mais nada e ao mesmo tempo visse
tudo. Não consigo explicar, embora saiba que a medida que eu ando, minha visão
fica mais distorcida.
Paro.
― Eric, você tem
que me guiar. Eu não consigo ver nada.
Eric me obedece. Ele pega em minha mão e me leva pelo resto
dos corredores até as escadas, onde nós paramos de correr. Minha visão
oficialmente ficou pior. É como se minha mente quisesse que eu soubesse de algo,
mas alguém quisesse me prender aqui.
Ponho o pé no primeiro degrau da escada e percebo que meu
equilíbrio está terrível. Eric então sobe e me ajuda com cada um dos degraus.
Quando estamos na metade da escadaria, ouço um grito de Reed.
― Mas o que
diabos você está fazendo?
― Reed!
Você precisa me ajudar, eu não consigo enxergar nada.
― Saia daí,
Luna. Por favor, saia daí.
Fico confusa.
Sinto um leve choque em meu pulso.
Alguns dias atrás – ou o que minhas memórias fizeram-me
acreditar a ser alguns dias atrás –, eu criei uma pulseira que me daria um leve
choque à medida que o perigo se aproximasse de mim. Eu utilizei um feitiço de
sangue, então é 100% eficiente em vários mundos. Reed dá mais dois passos para
cima de mim e eu levo um choque mais forte.
― Afaste-se
de mim. – Digo para Reed.
― Como é?
― Afaste-se
de mim! Você não é o meu irmão. – Começo a sentir raiva por dentro.
O ambiente começa a ventar. Os quadros começam a cair das
paredes, o barulho de vidro estilhaçando-se no chão é inconfundível. Eric solta
as minhas mãos e eu fico completamente perdida.
― Luna, o
que você está fazendo? – Ele pergunta.
― Eric, eu
não posso subir sozinha. Eu tenho que mantê-lo longe de mim.
― Aqui,
toma isso. – Eric pega minha mão para me dar algo, mas eu a fecho e puxo o
braço para trás.
― Certo.
Eric desce as escadas e ouço um barulho de ossos se
quebrando. Nesse momento, fico grata por não enxergar nada, pois os únicos sons
que eu consigo ouvir são os gritos agonizantes de “Reed” enquanto Eric o ataca.
Eu já li sobre isso.
Só há um tipo de criatura assim em todo o mundo.
Lobisomens.
Minhas memórias voltam.
Minha visão volta.
Eu tenho que me livrar de Reed sozinha.
― Pare.
Deixe comigo. – Digo.
Estendo a mão para frente e aponto para o corpo
ensanguentado de Reed. Em latim, ordeno que a criatura revele a sua verdadeira
identidade e ele se transforma em pó. Eric – E.D., pelo que eu me lembro –
vira-se para mim e faço o mesmo feitiço em latim, e ele também se transforma em
pó.
Todo o castelo está virando pó.
A parte de baixo dos degraus começa a se dissolver, e vai se
aproximando cada vez mais rápido. Puxo o meu vestido para cima e tento fugir,
mas em menos de dez degraus eu caio e não consigo me levantar.
― Rescellas!
Levanto-me rapidamente e corro até chegar ao andar de cima.
Lá há uma porta de madeira com as minhas iniciais entalhadas nela. Abro a porta
e uma luz branca me joga para trás.
― Ah droga!
– Exclamo.
A pulseira não é o objeto. Eu já tenho o objeto.
No outro mundo.
O colar de Chase.
Arranco a pulseira da minha mão só para vê-la reduzida a pó.
Ando em direção a luz branca.
[...]
Luna acorda de
súbito.
— Você está bem?
– Pergunto.
— Sim, sim. Aqui
está. – Luna joga um colar para mim. O colar de foice.
— Isso outra
vez? – E.D. pergunta.
— Pode
acontecer. Obviamente esse é o objeto mais importante para ela. Ela está aqui,
não está? – Ariel responde em um tom irônico.
Quatro já foram.
Faltam dois.
DIREÇÃO DE ARTE - MÁRCIO GABRIEL, FÉLIX E WALTER HUGO
ESCRITO POR - WALTER HUGO
REALIZAÇÃO - TV VIRTUAL
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