DÉCIMO NONO EPISÓDIO
PSYCHO KILLER
"PSICOPATA"
Pingos de chuva
começam a cair. Sinto uma gota no meu pulso e percebo que a temperatura é
elevadíssima. A cor dos olhos de Luna volta ao normal e Silas acena para irmos
em direção ao lago, pois do outro lado não está chovendo. Ele abre os braços e
o lago se divide em dois, e todos nós corremos pelo caminho, enquanto a água
volta a ficar em seu lugar de origem. Luna cai no chão e eu volto para
ajudá-la. Abraço Luna quando a água passa por cima de nós dois.
Meus olhos se
abrem. Tudo ao meu redor está coberto de água. Peixes nadam ao meu redor,
brincando com as bolhas de oxigênio que saem do meu nariz. Luna ainda está
abraçada comigo, e nenhum de nós parece ter sequer uma gota de água em nossa
pele.
— Tira a gente
daqui, por favor. – Luna fala. Assusto-me, pois embaixo d’água não dá para
ouvir sons, ao menos não da superfície, eu acho. Olho para minha mão e vejo uma
camada de oxigênio percorrendo-a.
Concentro-me e
tiro nós dois da água, levando-nos até a margem do rio, junto dos outros.
— Vocês estão
bem? – Silas nos pergunta.
— Sim. –
Respondo.
— Muito bem,
vamos. – Ariel afirma e começa a andar. Nós a seguimos.
— Você ainda não
nos disse para onde estamos indo! – Exclamo.
— Para o castelo
de Hades. Há uma coisa lá que irá nos ajudar.
[...]
Ariel entra nas
ruínas do castelo de Hades e desaparece por algumas horas. Ela retorna com um
livro empoeirado aberto em suas mãos, em seguida, ela o fecha e o coloca atrás
de uma árvore.
Ariel ergue uma
porta do chão e pede que Silas a segure. Ela pega a sua pena e contorna a forma
da porta até que outra se projete no ar e pede para que Silas a solte. Ariel
cria várias réplicas dessa porta e torna a olhar para nós.
— Ouçam. Cada
uma dessas portas levará vocês ao passado. Bom, a uma ilusão do passado. Quando
vocês atravessarem-na, terão que recuperar o objeto de maior valor para vocês e
terão que trazê-lo de volta. Se for uma caneca, então tragam a maldita caneca.
Vocês saberão o motivo depois. É importante que saibam: Não aceitem nada de
ninguém ou ficarão presos lá pela eternidade. Apenas encarem o passado e peguem
o objeto. Todos nós teremos que passar por esse teste, incluindo eu. É o único
modo que eu consegui pensar de libertar Íris.
Eu não estava
interessado na baboseira até agora. Se isso irá libertar Íris, então é o que
deve ser feito. Só espero que dessa vez não dê tudo errado.
Todos nós
caminhamos até as portas e a abrimos. Sinto um calafrio nas minhas costas e
respiro fundo. Entro no portal.
[...]
— Ele acordou. Chamem o médico, ele acordou!
Estou numa cama
de hospital. Vários enfermeiros entram no local onde estou e um deles tira uma
garota loira daqui. Não sinto minhas pernas, mas sinto meu braço. Um dos
enfermeiros pega uma seringa e está prestes a aplicá-la em mim, mas eu pego a
seringa e aplico-a em seu pescoço.
O enfermeiro cai
e outros dois me seguram pelos braços e me colocam de volta na cama de
hospital. Dou chutes no ar quando uma terceira enfermeira tenta aplicar uma
injeção, mas chuto-a com meu pé e ela cai no chão, desacordada.
Ponho minhas
mãos na nuca dos dois enfermeiros e bato suas cabeças, de modo que eles caem no
chão. Meu coração está batendo muito rápido e minha visão está falhando. Olho
para a mesinha do lado da cama e vejo uma seringa com “adrenalina” etiquetado nela, depois, olho para o canto do quarto e
vejo uma mochila preta.
Pego a seringa e
aplico-a no meu braço. Meu corpo inteiro entra em colapso e, depois de uns
trinta segundos, consigo recuperar todos os meus sentidos. Desço da cama, pego
a mochila preta e coloco-a numa mesinha de medicamentos, sem me preocupar com
qualquer coisa que eu tenha derrubado. Dentro da mochila há um bastão, um molho
de chaves, uma lata de coca-cola, uma corda, um pacote de doritos, uma faca e
uma muda de roupas.
Viro para o
enfermeiro no chão e tenho uma ideia. Pego suas roupas e as visto. Coloco-o nos
trapos do hospital que eu estava vestindo antes e aplico um sedativo nele, para
ter certeza de que não acordará nas próximas horas. Pego um crachá que estava
no chão e coloco no lado direito do uniforme. Ainda está faltando alguma coisa.
Olho em volta e vejo um par de óculos num dos enfermeiros no chão. Pronto.
Saio do quarto e
fecho a porta. Cumprimento todos os enfermeiros que passam por mim, mas acho
estranho que nenhum deles me cumprimente. Sigo até o banheiro e ponho as vestes
normais, deixando o uniforme de enfermeiro na lixeira. Quando saio, a garota
loira começa a me seguir lentamente. Ando até o estacionamento, abro a mochila
e pego o molho de chaves. Aperto o botão e ouço o alarme de uma moto de neve
ser desativado.
— Incrível! –
Digo.
Olho para dentro
da mochila e pego o bastão. Só há um botão nele, e naquele momento, um carro
seria bem mais viável para fugir do que uma moto de neve, visto que não há neve
em canto nenhum. Aperto o botão e vejo a moto de neve se transformar em um
Impala 67.
Sinto uma mão em
meu ombro e me viro de susto.
— Chase, o que
você está fazendo aqui? – A garota loira pergunta.
— Chase. É esse
o meu nome? – Pergunto.
— Você não se
lembra de nada? Sou eu, Zoe.
Tento pensar em
qualquer coisa, mas tudo o que eu consigo ver em minha mente é uma mulher de
cabelos castanhos. Não sei o nome dela. Não sei o nome de ninguém.
— Entre no
carro. – Digo.
— O quê? – Ela
pergunta.
— Entre na droga
do carro. – Mostro a faca a ela – Vamos dar um passeio.
[...]
— Essa é a minha
casa? – Pergunto.
— Sim. Chase, o
que houve com você? Pode me contar, eu posso ajudar.
— Cala a boca.
Você não pode me ajudar em nada. Uma voz fica constantemente rodeando a minha
mente ordenando que eu pegue algo. Se você sair daqui, eu juro que corto sua
cabeça e coloco na caixa do correio bem ali.
A garota começa
a chorar. Sei que eu a conhecia, mas não lembro quem ela é e não consigo sentir
nenhum remorso por vê-la assim. Tudo o que preciso fazer é arrombar essa casa e
pegar alguma coisa.
Saio do carro e
caminho em direção ao portão. Pego o molho de chaves e tento uma por uma até
que o portão se abre. Há uma porta mais a frente. Faço a mesma coisa e ela
também se abre.
Não há ninguém
na casa. Caminho até um quarto e abro a porta, que estava destrancada. Seu interior
é repleto de móveis brancos e uma televisão grande e um computador são as
únicas coisas tecnológicas aqui. Abro o guarda-roupa e só encontro uniformes
pretos, embora não saiba para que sirvam. Olho para o meu braço e vejo umas
manchas pretas se formando.
Começo a ficar
com medo. Reviro o cômodo inteiro, mas não consigo identificar o que eu devo
pegar. Ouço um barulho vindo da porta dos fundos e vou conferir. Quando eu a
abro, um gato olha diretamente para mim. Abaixo-me para acariciá-lo e no
segundo em que minha pele entra em contato com o animal uma série de memórias
brotam na minha cabeça. De repente, estou com um pingente de foice em minhas
mãos.
O gato corre até
o sofá e olha para a porta da frente. Oh Sleepy,
você está tentando me mostrar o caminho certo? Caminho até a porta e abro-a.
Consigo ver umas três árvores negras. Acaricio o gato e saio da casa pela porta
da frente.
Estou de volta
às ruínas do castelo de Hades.
DIREÇÃO DE ARTE - MÁRCIO GABRIEL, FÉLIX E WALTER HUGO
ESCRITO POR - WALTER HUGO
REALIZAÇÃO - TV VIRTUAL
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