terça-feira, 5 de agosto de 2014

Reaper - 2ª Temporada - Episódio 19


DÉCIMO NONO EPISÓDIO

PSYCHO KILLER
"PSICOPATA"

Pingos de chuva começam a cair. Sinto uma gota no meu pulso e percebo que a temperatura é elevadíssima. A cor dos olhos de Luna volta ao normal e Silas acena para irmos em direção ao lago, pois do outro lado não está chovendo. Ele abre os braços e o lago se divide em dois, e todos nós corremos pelo caminho, enquanto a água volta a ficar em seu lugar de origem. Luna cai no chão e eu volto para ajudá-la. Abraço Luna quando a água passa por cima de nós dois.
Meus olhos se abrem. Tudo ao meu redor está coberto de água. Peixes nadam ao meu redor, brincando com as bolhas de oxigênio que saem do meu nariz. Luna ainda está abraçada comigo, e nenhum de nós parece ter sequer uma gota de água em nossa pele.
— Tira a gente daqui, por favor. – Luna fala. Assusto-me, pois embaixo d’água não dá para ouvir sons, ao menos não da superfície, eu acho. Olho para minha mão e vejo uma camada de oxigênio percorrendo-a.
Concentro-me e tiro nós dois da água, levando-nos até a margem do rio, junto dos outros.
— Vocês estão bem? – Silas nos pergunta.
— Sim. – Respondo.
— Muito bem, vamos. – Ariel afirma e começa a andar. Nós a seguimos.
— Você ainda não nos disse para onde estamos indo! – Exclamo.
— Para o castelo de Hades. Há uma coisa lá que irá nos ajudar.

[...]

Ariel entra nas ruínas do castelo de Hades e desaparece por algumas horas. Ela retorna com um livro empoeirado aberto em suas mãos, em seguida, ela o fecha e o coloca atrás de uma árvore.
Ariel ergue uma porta do chão e pede que Silas a segure. Ela pega a sua pena e contorna a forma da porta até que outra se projete no ar e pede para que Silas a solte. Ariel cria várias réplicas dessa porta e torna a olhar para nós.
— Ouçam. Cada uma dessas portas levará vocês ao passado. Bom, a uma ilusão do passado. Quando vocês atravessarem-na, terão que recuperar o objeto de maior valor para vocês e terão que trazê-lo de volta. Se for uma caneca, então tragam a maldita caneca. Vocês saberão o motivo depois. É importante que saibam: Não aceitem nada de ninguém ou ficarão presos lá pela eternidade. Apenas encarem o passado e peguem o objeto. Todos nós teremos que passar por esse teste, incluindo eu. É o único modo que eu consegui pensar de libertar Íris.
Eu não estava interessado na baboseira até agora. Se isso irá libertar Íris, então é o que deve ser feito. Só espero que dessa vez não dê tudo errado.
Todos nós caminhamos até as portas e a abrimos. Sinto um calafrio nas minhas costas e respiro fundo. Entro no portal.

[...]

— Ele acordou. Chamem o médico, ele acordou!
Estou numa cama de hospital. Vários enfermeiros entram no local onde estou e um deles tira uma garota loira daqui. Não sinto minhas pernas, mas sinto meu braço. Um dos enfermeiros pega uma seringa e está prestes a aplicá-la em mim, mas eu pego a seringa e aplico-a em seu pescoço.
O enfermeiro cai e outros dois me seguram pelos braços e me colocam de volta na cama de hospital. Dou chutes no ar quando uma terceira enfermeira tenta aplicar uma injeção, mas chuto-a com meu pé e ela cai no chão, desacordada.
Ponho minhas mãos na nuca dos dois enfermeiros e bato suas cabeças, de modo que eles caem no chão. Meu coração está batendo muito rápido e minha visão está falhando. Olho para a mesinha do lado da cama e vejo uma seringa com “adrenalina” etiquetado nela, depois, olho para o canto do quarto e vejo uma mochila preta.
Pego a seringa e aplico-a no meu braço. Meu corpo inteiro entra em colapso e, depois de uns trinta segundos, consigo recuperar todos os meus sentidos. Desço da cama, pego a mochila preta e coloco-a numa mesinha de medicamentos, sem me preocupar com qualquer coisa que eu tenha derrubado. Dentro da mochila há um bastão, um molho de chaves, uma lata de coca-cola, uma corda, um pacote de doritos, uma faca e uma muda de roupas.
Viro para o enfermeiro no chão e tenho uma ideia. Pego suas roupas e as visto. Coloco-o nos trapos do hospital que eu estava vestindo antes e aplico um sedativo nele, para ter certeza de que não acordará nas próximas horas. Pego um crachá que estava no chão e coloco no lado direito do uniforme. Ainda está faltando alguma coisa. Olho em volta e vejo um par de óculos num dos enfermeiros no chão. Pronto.
Saio do quarto e fecho a porta. Cumprimento todos os enfermeiros que passam por mim, mas acho estranho que nenhum deles me cumprimente. Sigo até o banheiro e ponho as vestes normais, deixando o uniforme de enfermeiro na lixeira. Quando saio, a garota loira começa a me seguir lentamente. Ando até o estacionamento, abro a mochila e pego o molho de chaves. Aperto o botão e ouço o alarme de uma moto de neve ser desativado.
— Incrível! – Digo.
Olho para dentro da mochila e pego o bastão. Só há um botão nele, e naquele momento, um carro seria bem mais viável para fugir do que uma moto de neve, visto que não há neve em canto nenhum. Aperto o botão e vejo a moto de neve se transformar em um Impala 67.
Sinto uma mão em meu ombro e me viro de susto.
— Chase, o que você está fazendo aqui? – A garota loira pergunta.
— Chase. É esse o meu nome? – Pergunto.
— Você não se lembra de nada? Sou eu, Zoe.
Tento pensar em qualquer coisa, mas tudo o que eu consigo ver em minha mente é uma mulher de cabelos castanhos. Não sei o nome dela. Não sei o nome de ninguém.
— Entre no carro. – Digo.
— O quê? – Ela pergunta.
— Entre na droga do carro. – Mostro a faca a ela – Vamos dar um passeio.

[...]

— Essa é a minha casa? – Pergunto.
— Sim. Chase, o que houve com você? Pode me contar, eu posso ajudar.
— Cala a boca. Você não pode me ajudar em nada. Uma voz fica constantemente rodeando a minha mente ordenando que eu pegue algo. Se você sair daqui, eu juro que corto sua cabeça e coloco na caixa do correio bem ali.
A garota começa a chorar. Sei que eu a conhecia, mas não lembro quem ela é e não consigo sentir nenhum remorso por vê-la assim. Tudo o que preciso fazer é arrombar essa casa e pegar alguma coisa.
Saio do carro e caminho em direção ao portão. Pego o molho de chaves e tento uma por uma até que o portão se abre. Há uma porta mais a frente. Faço a mesma coisa e ela também se abre.
Não há ninguém na casa. Caminho até um quarto e abro a porta, que estava destrancada. Seu interior é repleto de móveis brancos e uma televisão grande e um computador são as únicas coisas tecnológicas aqui. Abro o guarda-roupa e só encontro uniformes pretos, embora não saiba para que sirvam. Olho para o meu braço e vejo umas manchas pretas se formando.
Começo a ficar com medo. Reviro o cômodo inteiro, mas não consigo identificar o que eu devo pegar. Ouço um barulho vindo da porta dos fundos e vou conferir. Quando eu a abro, um gato olha diretamente para mim. Abaixo-me para acariciá-lo e no segundo em que minha pele entra em contato com o animal uma série de memórias brotam na minha cabeça. De repente, estou com um pingente de foice em minhas mãos.
O gato corre até o sofá e olha para a porta da frente. Oh Sleepy, você está tentando me mostrar o caminho certo? Caminho até a porta e abro-a. Consigo ver umas três árvores negras. Acaricio o gato e saio da casa pela porta da frente.

Estou de volta às ruínas do castelo de Hades.


DIREÇÃO DE ARTE - MÁRCIO GABRIEL, FÉLIX E WALTER HUGO
ESCRITO POR - WALTER HUGO
REALIZAÇÃO - TV VIRTUAL
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