CENA 1. CASA DE CARLOTA/ SALA. INTERIOR. DIA
CARLOTA – Tem notícias da minha filha? Ela tá com ele.
PORTEIRO – Olha dona Carlota não tenho notícias nada boas… Ela subiu no AP ontem a noite e acabou de descer aos beijos com o Derick.
Carlota põe a mão no peito, deixa o celular cair.
CARLOTA – Não! Não pode ser meu Deus! Não pode!
Música: Grand Guignol – Bajofondo
CARLOTA – Na minha filha aquele desgraçado não toca!
Carlota sobe as escadas, abre seu criado mudo e tira uma pistola, ela desce as escadas com a arma em punho, Roberto com cara de taxo, Carlota sai enfurecida, Roberto senta-se no sofá acomodado.
ROBERTO – Hei! É agora que o circo pega fogo!
CENA 2. APARTAMENTO DE DERICK/ QUARTO. INTERIOR. DIA
Derick e Rosa após passarem a noite juntos dormem na cama dele, eles acordam assustados com o barulho da porta sendo arrombada, logo Carlota invade o quarto com a arma em punho.
CARLOTA – SAI DE PERTO DA MINHA FILHA AGORA!
Derick e Rosa ficam completamente atônitos.
DERICK – Que isso Carlota!?
ROSA – Mãe… O que é isso!?
CARLOTA – (Com sangue nos olhos) Eu que pergunto! Você me decepcionou tanto Rosa, se não fosse minha filha eu juro que te matava!
DERICK – Eu não tenho o menor interesse na Rosa… O que houve aqui foi apenas um deslize… Eu não quero ter nenhum vínculo com teu sangue podre Carlota!
CARLOTA – Mais do que já tem? Você se acha tão maioral, tão santo, mas você também errou! Tudo o que houve no passado foi TUA culpa! Sua e do resto do teu bando! Vocês acabaram com a minha vida!
DERICK – MENTIRA! Não escuta ela Rosa, a sua mãe é uma bandida! Você tirou tudo que era meu!
CARLOTA – Eu vou te matar Derick!
Rosa pula para cima da mãe e a desarma. Ela corre para seu carro com a arma e foge catando pneu completamente atordoada. Carlota sai atrás, Derick sem reação.
CENA 3. CASA/ SALA. INTERIOR. DIA
João e um investigador entram na casa de uma mulher de meia-idade, a casa é extremamente simples, de subúrbio. Eles se sentam.
JOÃO – Dona Joana, o que a senhora viu?
JOANA – Eu já disse, vi uma mulher sair toda da avoada daquele prédio, parecia com satanás no corpo! Eu tava chegando em casa pra minha novelinha das onze e a vi.
JOÃO – Por que não disse nada a polícia?
JOANA – Ah seu João… Eu sou pobre, uma pé rapada, vendo cocada pra sobreviver seu João… Eu não ia ter crédito pra defender um cara da alta lá, filha de dona de grif e nem pela minha cabeça passou que isso podia ser importante!
INVESTIGADOR – Dona Joana, será que a senhora poderia me descrever quem viu?
JOANA – Sim, poderia.
INVESTIGADOR – Eu vou lá no quarto dela para ficarmos mais a vontade ok?
JOÃO – Claro.
O Investigador e dona Joana se vão, João fica tenso na sala.
CENA 4. RESTAURANTE. INTERIOR. DIA
Cauã está na mesa do restaurante, até que Esmeralda entra deslumbrante, Cauã se levanta, beija sua mão e lhe puxa a cadeira.
CAUÃ – Soledad… Deslumbrante!
ESMERALDA – Em modéstia parte eu sou assim. Vamos pedir?
CAUÃ – Claro.
ESMERALDA – Você acredita em amor à primeira vista?
CAUÃ – Mais ou menos.
ESMERALDA – Eu não acreditava… Até te conhecer.
Cauã e Esmeralda se beijam.
CENA 5. CABANA/ QUARTO DE ESMERALDA. INTERIOR. DIA
Jack entra no quarto de Esmeralda, que está vazio, ele abre sua gaveta e tira uma foto dela ao lado de Cristal de lá.
JACK – Quem não conhece diz até que são irmãs… Só que uma é a boa a outra a má… Cristal, Cristal, já tá passando da hora de sermos apresentados…
CENA 6. CONFEITARIA. INTERIOR. DIA
Na confeitaria Cristal está sentada, prestes a fazer seu pedido, quando Jack entra e senta-se ao seu lado, fingindo não perceber outra pessoa.
JACK – Desculpe… Não havia reparado que você tá aqui. Espera alguém?
CRISTAL – Não, e você?
JACK – Também não, bom, vou indo pra outro lugar.
CRISTAL – Não, pode ficar.
JACK – Qual seu nome?
CRISTAL – Meu nome é Cristal.
JACK – Já o meu da certidão é Jackes, mas todos me chamam de Jack.
CRISTAL – É brasileiro?
JACK – Sim, de Sampa.
CRISTAL – Não diga, eu sou da Lapa e você?
JACK – Casa Verde, é muito linda minha terrinha, vim aqui a trabalho.
CRISTAL – (Risos) Eu também.
Jack e Cristal começam a conversar desinteressadamente e descontraídos, acabam ficando encantados um com o outro.
CENA 7. DELEGACIA/ SALA. INTERIOR. DIA
Pablo está em sua sala, lendo o inquérito de Amanda, até que um escrivão entra na sala segurando um envelope.
ESCRIVÃO – Mandaram lhe entregar seu Pablo.
PABLO – Obrigado.
Pablo pega o envelope, ele abre e tira várias fotos, sua cara vai ao chão ao ver o conteúdo. Logo ele tira uma carta de dentro do envelope com recortes de jornal com os dizeres “O quanto abalaria sua reputação se isso fosse descoberto? Cuidado onde pisa, Pablito”. Pablo completamente em choque senta-se na cadeira.
PABLO – Não há dúvidas, só pode ser o Augusto o assassino… Ou, alguém mais sabe disso.
CENA 8. CASA/ SALA. INTERIOR. DIA
João continua aflito, até que o Investigador e Joana voltam com um papel em mãos.
INVESTIGADOR – Ela fez o retrato falado da pessoa que ela viu…
JOÃO – Cadê!?
O Investigador mostra, João fica completamente incrédulo, ele toma o desenho das mãos do investigador e fica a encará-lo.
JOÃO – Não pode ser! A Esmeralda tá viva… E ela é a assassina!
INVESTIGADOR – Você conhece?
JOÃO – Dona Joana a senhora tem certeza que é essa mesma? Confere?
JOANA – Sim, eu tenho uma excelente memória, é essa mesma, sem tirar nem por que eu vi.
INVESTIGADOR – Quem é ela?
JOÃO – Aquela vadia da Esmeralda! Ela tá viva e nos enganou esse tempo todo meu Deus!
INVESTIGADOR – Vamos contatar a polícia imediatamente!
João pega o telefone.
JOANA – Só que tem um problema… A operadora está em reparo, aqui no subúrbio tá pegando não.
INVESTIGADOR – Então vamos de carro então!
João e o Investigador vão até a rua e constatam que o carro havia dado problema.
INVESTIGADOR – Droga, estamos presos aqui!
CENA 9. RESTAURANTE. INTERIOR. DIA
Esmeralda e Cauã continuam jantando, até que o celular de Esmeralda vibra, ela vê no visor que é Natalie.
ESMERALDA – Com licença, é a trabalho… Vou atender.
CAUÃ – Claro, eu espero.
Esmeralda sai e atende o celular.
NATALIE – A casa caiu Esmeralda!
ESMERALDA – Tá falando do quê?
NATALIE – A polícia tá um passo de descobrir que você tá viva e que você é a bandidona da história. ACABOU!
Esmeralda completamente incrédula.
ESMERALDA – (Aflita) Tá falando do quê Natalie?
NATALIE – Uma amiga minha que fiz quando estávamos no subúrbio me ligou dizendo que uma outra vizinha está espalhando pelos quatro cantos que viu você sair da casa do Armando após os tiros e advinha: entrou um policial e o seu João lá, pela nossa sorte eles tão preso por lá, mas é uma questão de minutos isso chegar nas mãos da polícia… E você tá acabada!
Esmeralda desliga o telefone, completamente atordoada ela volta para a mesa, ela dá um forte abraço em Cauã.
ESMERALDA – Desculpa, é urgente, tenho que ir! Vai ficar tudo bem!
CAUÃ – O que foi Soledad?
ESMERALDA – Depois a gente se fala.
Esmeralda pega a bolsa e sai correndo do estabelecimento deixando Cauã completamente intrigado.
CENA 10. CASA DE CARLOTA/ SALA. INTERIOR. DIA
Carlota no sofá, aflita, até que Rosa volta com a arma em mãos, abaixada, ela joga a arma nas mãos de Carlota que guarda a arma.
ROSA – (Incisiva) Acho que devíamos conversar sobre hoje.
CARLOTA – O que foi aquilo hein Rosa?
ROSA – Eu que te pergunto, eu vou pra cama com um cara e você chega armada por lá pra matar ele e diz que me mataria se eu não fosse tua filha, fora todo aquele suspense, vamos mamãe, desenrola.
CARLOTA – Filha, ele não presta, ele é um bandido, puxa a fixa criminal dele, ele tava na cadeia.
ROSA – Hum, e qual o seu envolvimento com ele?
CARLOTA – Não te interessa!
ROSA – Interessa, eu já notei que me interessa bastante, e não só a mim, qual crime que a senhora cometeu hein mamãe?
CARLOTA – (Ofendida) EU!? Crime! Meu Deus o que esse marginal fez contigo, você está dizendo que sua mãe é uma criminosa, é isso mesmo?
ROSA – Me prova o contrário, diz o que vocês têm um contra o outro.
Carlota hesita em dizer, Rosa se levanta e começa a subir as escadas.
CARLOTA – Minha filha, promete que você nunca chegará perto desse homem.
ROSA – Não, eu não prometo, pelo menos até um dos dois me contar o que tem contra o outro.
Rosa sobe as escadas, Carlota senta-se tensa.
CENA 11. APARTAMENTO DE DERICK/ SALA. INTERIOR. DIA
Derick em seu apartamento, pensativo. Ele lembra-se da noite com Rosa.
DERICK – Esquece essa garota Derick… Nem em sonho isso pode se repetir, nem em sonho!
CENA 12. PRAÇA. EXTERIOR. TARDE
Cristal caminha por uma praça junto de Jack, ambos conversam descontraídos, comendo um algodão doce.
CRISTAL – Onde você trabalha aqui Jack?
JACK – Trabalho numa entidade.
CRISTAL – Que entidade?
JACK – Depois te mostro mais sobre ela, você namora?
CRISTAL – Não por enquanto, fiquei corna por esses dias.
JACK – Eu também… É ruim ser traído não? No meu caso nem traição foi, eu sempre soube que isso ia acontecer, eu fiz de um tudo por aquela pessoa sabe e ela faz isso comigo, ela tentou me passar a perna!
CRISTAL – Meu Deus! O mundo tá assim hoje em dia, você parece ser uma pessoa tão boa.
Jack dá um sorriso sincero, feliz.
JACK – Talvez bem lá no fundo eu seja.
CRISTAL – Por que bem lá no fundo?
JACK – Minha vida não foi um mar de acertos sabe? Tomei decisões erradas, me deixei levar por coisas e pessoas profanas, como por exemplo essa…
CRISTAL – Que coisas?
JACK – Você ainda há de saber Cristal.
Jack senta-se num banco, pensativo, Cristal senta ao seu lado, uma lágrima escorre de seu rosto ao lembrar-se de Esmeralda.
JACK – Sabe que eu pensava que você fosse uma pessoa totalmente diferente… Você não merece tudo isso, é tão doce, tão carinhosa.
CRISTAL – De onde me conhece?
JACK – Você vai saber. Agora eu só preciso de um abraço, será que essa minha nova amiga poderia me dar?
CRISTAL – Claro.
Jack e Cristal se abraçam fortemente, ficando ainda mais encantados um pelo o outro.
CENA 13. CASA/ SALA. INTERIOR. DIA
João saboreia uma cocada de Joana, até que o Investigador volta.
INVESTIGADOR – Amém! Concertamos o carro, estamos indo pra delegacia agora!
JOÃO – Ufa, dona Joana, obrigado pela hospitalidade, a senhora foi muito útil, obrigada.
JOANA – Foi um prazer ajudar, boa sorte!
O Investigador e João vão saindo, eles entram no carro e dão a partida.
CENA 14. PRAÇA. EXTERIOR. DIA
João e Cristal continuam caminhando pela praça, conversando, como se já fossem velhos conhecidos, brincam na praça, se divertem, conversam, se abraçam.
CRISTAL – Eu to dividida sabe? Por um lado eu não quero voltar pra ele pois ele me traiu, pelo outro esse meu ex, só que eu não sinto mais nada por ele, só um carinho enorme.
JACK – Você é apaixonante Cristal.
CRISTAL – Você também Jack.
JACK – Se eu tivesse te conhecido antes daquela pessoa tudo poderia ter sido tão diferente.
CRISTAL – Seja lá qual foram os seus erros você pode superá-los Jack, sempre se pode fazer o certo.
JACK – Tem razão.
Jack sorri, Cristal também, Cristal tropeça numa pedra e cai nos braços de Jack.
JACK – Parece que está na hora de fazermos o certo Cristal.
A música ganha a cena. Jack aproxima-se de Cristal e ambos se beijam apaixonadamente no meio da praça, sendo admirado por todos.
CENA 15. RUA/ TRÂNSITO. EXTERIOR. DIA
O trânsito um pouco congestionado na capital, o carro de João e do Investigador parado no meio da pista, todos tensos, o sinal está fechado perto do cruzamento da rua, de antemão do cruzamento vem uma perua com Esmeralda, Jonathan e Natalie armados até os dentes e encapuzados.
O sinal está prestes a se abrir, o carro de João vai passar até que é fechado pela perua. Esmeralda, Natalie e Jonathan pulam da van ameaçando atirar, João e o Investigador ficam tensos.
JONATHAN – Sai logo do carro e fiquem quietos!
JOÃO – O que é isso?
NATALIE – Isso é um seqüestro meu irmão, sai logo dessa joça, senão estouro teus miolos aí mesmo!
João e o Investigador saem do carro, João vê uma brecha e tenta correr, Natalie o pega e coloca a arma na cabeça dele.
JOÃO – Me larguem!
A música ganha a cena. João e o Investigador são jogados na van que parte acelerada os seqüestrando. Dentro da van todos aflitos, João e o Investigador são presos nos bancos. Esmeralda aparece sem o capuz e fica a encarar João.
ESMERALDA – Quem é vivo sempre aparece… Não é mesmo seu velho caquético?
A cena congela em tons roxos em Esmeralda encarando João.
FIM DO CAPÍTULO