segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Pedras Preciosas - Capítulo 16



CENA 1. PRÉDIO DA QUADRILHA/ SALA. INTERIOR. NOITE

ESMERALDA – (Berrando) VÁ PRO INFERNO MISERÁVEL!

Esmeralda dispara dois tiros certeiros no peito de Armando.

ARMANDO – Ah!

Ele cai de joelhos no chão todo ensangüentado, ele encara Esmeralda.

ARMANDO – ASSA… ASSASSINA!

Armando cerra os olhos e por fim cai morto no chão. Esmeralda totalmente incrédula diante do falecido, não acreditava que o havia matado, ela curva-se diante dele e checa seu pulso, constatando sua morte.

ESMERALDA – Eu matei meu Deus! Eu sou uma assassina! E agora!? O que eu faço!? Eu não posso deixar ele aqui assim! E o pior é que eu nem descobri a droga da senha do banco!

Esmeralda coloca a arma no sofá, ela começa a caminhar de um lado para o outro, passando longe do corpo, pensativa, leva as mãos à cabeça aflita. Até que houve uma sirene de polícia por perto do apartamento.

ESMERALDA – ESSA NÃO!

Esmeralda corre, ela abre o porão, ela entra e depara-se com Cauã desacordado. Ela aproxima-se dele.

ESMERALDA – Droga! Tudo tá conspirando contra mim agora! Mas eu não posso ser pega por assassinato! Não posso!

Ela encara novamente Cauã desacordado, até que tem uma idéia, ela o pega e o carrega até a sala, o coloca diante do corpo de Armando, ela pega na mão de Cauã e dá um disparo para o teto para colocar resíduo de pólvora nas mãos, em seguida ela deixa a arma nas mãos de Cauã que continua desacordado.

ESMERALDA – Vou me livrar de dois encostos de uma vez só! (Encarando Cauã desacordado) Vamos ver se em troca da sua liberdade você não vai me dar essas pedras hein!

Esmeralda sai do apartamento, ela desce as escadas afobada, novamente escuta sirenes seu coração dispara, ela continua descendo, até que chega no estacionamento, ela corre em direção a saída aflita, em meio a escuridão, tem a impressão de ouvir passos.

ESMERALDA – QUEM ESTÁ AÍ!? EU TO ARMADA HEIN!

Esmeralda continua a correr até que tropeça em algo, ela olha no que era, uma moto preta e potente pertencente a Armando, ela encara a placa da moto que fica gravada em sua cabeça, ela se levanta e corre em direção a saída. Ela anda pela rua quase deserta, onde há apenas uma vendedora de cocadas voltando para a casa. Esmeralda corre para cabine telefônica, coloca um lenço na boca e disca o telefone da polícia.

ESMERALDA – Alo, é da polícia!? Por favor, eu to desesperada, eu ouvi tiros na minha rua!

ATENDENTE – Acalme-se senhora. Quem é o proprietário?

ESMERALDA – Armando… Armando Valdez!

ATENDENTE – Qual rua que é?

ESMERALDA – Na 24th, num prédio bem velho de três andares, moça eu tenho medo que algo tenha acontecido.

ATENDENTE – Dona, qual o seu nome?

A música ganha a cena. Esmeralda solta o telefone e sai da cabine onde o atendente chama por ela, sorridente Esmeralda entra em seu carro e acelera fugindo.

CENA 2. RUA. EXTERIOR. NOITE
Pablo, Ruan e Augusto continuam por uma rua perguntando por Armando, já desesperançosos, até que ouvem a central passando um rádio, eles entram no carro e atendem.

RUAN – Ruan Castilho falando.

CENTRAL – Recebemos uma denuncia de tiro há 2 quadras de onde vocês estão… E o proprietário do local é Armando Valdez!

Augusto, Ruan e Pablo se entreolham esperançosos.

CENA 3. PRÉDIO DA QUADRILHA/ SALA. EXTERIOR. NOITE
Diversos policiais chegam na porta do prédio já fazendo alarde.

AUGUSTO – Polícia de Madrid abram!

Nisso Cauã desperta totalmente em choque com a arma em mãos e o corpo de Armando diante de si, ele dá um pulo e fica em pé.

PABLO – INVADAM!

Diversos policiais arrombam a porta e invadem o prédio, todos entram de uma vez e ficam perplexos, Cauã estava diante do corpo de Armando com a arma em mãos, os policiais avançam para cima de Cauã e rapidamente o desarmam, o mantendo rendido, Augusto abre espaço dentre os policiais para encará-lo. Ele encara o corpo de Armando e a face de Cauã.

CAUÃ – Eu… Eu… Eu não sei o que aconteceu aqui! Eu só lembro de levar uma pancada e acordar assim.

AUGUSTO – Cauã Fernández Romero, você está preso em flagrante pelo assassinato de Armando Valdez.

Os policiais começam a arrastar Cauã para fora, ele reluta alegando inocência. Pablo e Ruan aproximam-se de Augusto que está a encarar o corpo de Pablo.

CENA 4. PENSÃO/ SALA DE ESTAR. INTERIOR. COMEÇO DE MADRUGADA
Cristal continua roendo as unhas de preocupação, inquieta andando de um lado para o outro, com Dinora e Mirna ao seu lado tentando acalmá-la, até que o telefone toca, alvoroçada ela corre para atender.

CRISTAL – Alo, Augusto. Notícias do Cauã?

AUGUSTO – Temos sim, e nada boas!

CRISTAL – (Desesperada) Ai meu Deus! Fala!

AUGUSTO – Nós o achamos, ele tá aqui na delegacia…

Cristal dá um grande suspiro de alívio feliz.

CRISTAL – (À parte) ACHARAM ELE!

Dinora e Mirna vibram.

AUGUSTO – Ele tá aqui na delegacia, preso pelo assassinato do Armando.

Cristal fica completamente boquiaberta, sem reação, ela cai no sofá pasma.

CENA 5. DELEGACIA/ CARCERAGEM MASCULINA. INTERIOR. COMEÇO DE MADRUGADA
Cauã entra praticamente sendo arrastado pelos policiais que nem dão ouvidos a ele que está aos berros.

CAUÃ – ME SOLTEM! EU JÁ DISSE QUE SOU INOCENTE! Eu não matei aquele cara, eu não matei!

O carcereiro abre a cela, Cauã reluta e é empurrado para dentro dela, ele vai ao chão, ele começa a bater na cela.

CAUÃ – EU SOU INOCENTE! Eu sou inocente!

Ele senta no chão e começa a chorar. Instantes. Logo Cristal entra desesperada na carceragem acompanhada de Augusto que está de braços cruzados.

CRISTAL – Meu amor!

CAUÃ – CRISTAL! Eu juro que eu sou inocente… Eu não…

CRISTAL – Para, para, eu sei, você seria incapaz de matar alguém por querer amor, mas só vocês estavam lá! Você pode não ter se lembrado.

CAUÃ – Eu não o matei! Você tem que acreditar em mim!

CRISTAL – Calma, eu acredito, você vai sair dessa meu amor (Chora) Você vai sair!

CAUÃ – Desaparece Cristal, some no mundo! Você deve ser o próximo alvo desses bandidos! Quem o matou não vai parar até matar recuperar essas pedras (Emocionado) Se protege!

CRISTAL – Vai ficar tudo bem.

Augusto faz sinal para o carcereiro, exibindo seu relógio no pulso.

CARCEREIRO – Acabou o tempo.

Cauã repara.

AUGUSTO – Vem Cristal!

Cristal arrasada dá um abraço em Augusto e ambos saem afastados da carceragem, Cauã totalmente enciumado.

CENA 6. CASA DE CARLOTA/ SALA. INTERIOR. COMEÇO DE MADRUGADA
Rosa e Carlota tensas, até que o telefone toca, ela atende um policial que lhe dá a notícia, ela fica totalmente perplexa.

ROSA – Meu Deus! Mas tem certeza disso moço!? Tá, está bem, nós informamos ela.

Rosa desliga o celular, Carlota inquieta.

CARLOTA – Vai fala! O que foi!?

ROSA – O Cauã. Ele foi preso por assassinar o seu seqüestrador.

CENA 7. RUA. EXTERIOR. COMEÇO DE MADRUGADA
Esmeralda dá voltas e mais voltas com o carro, pensativa, a todo instante lhe vem a cabeça o momento em que disparou contra Armando.

ESMERALDA – (Preocupada) O que será que acontecerá com aquele garoto!? (Comovida) Pobrezinho, não tinha nada a ver com isso! Depois que eu colocar as mãos nas pedras quem sabe eu não faça uma caridade e o tire de lá?

Esmeralda digita uma mensagem para Jack escrita “Estou chegando, prepare terreno”.

CENA 8. CABANA/ SALA. INTERIOR. MADRUGADA
Natalie, Jonathan, Amanda e Jack estão preocupados lá, tensos, quase roendo as unhas.

NATALIE – Ai gente será que tá dando tudo certo?

AMANDA – Claro, o Armando é muito competente, mas se fosse eu lá nosso tormento já havia acabado faz tempo!

JACK – (Sarcástico) Acredite Amanda, você não ia querer estar no lugar do Armando esta hora.

AMANDA – Por quê?

Nesse instante a porta bate, Jack sorri.

JACK – Você vai descobrir agora.

Jack caminha até a porta sorridente, e a abre, Esmeralda revela-se, ela entra abrindo os braços.

ESMERALDA – (Irônica) Então amores, sentiram saudades da mortinha aqui!?

Todos completamente perplexos.

JONATHAN – Você morreu!

NATALIE – Não é possível! O Jack, ele te viu lá no hospital!

Jack e Esmeralda riem.

AMANDA – Ora, ora, ora! Quem diria que eu ia te encontrar em Esmeralda, mas a sua felicidade vai durar pouco! Daqui a pouco o Armando vai entrar por essa porta e vai acabar com você (apontando para Jack) e esse traíra aí!

ESMERALDA – Interessante… Não sabia que assombrações faziam mal.

AMANDA – O que disse?

ESMERALDA – EU MATEI O ARMANDO!

Todos, inclusive Jack totalmente impactados.

CENA 9. STOCK-SHOTS. EXTERIOR. MADRUGADA/ DIA
Amanhece um nebuloso dia na capital espanhola, tudo ritmado como sempre, um ar mais tenso paira sobre a cidade, em todas as bancas o escândalo do filho de socialite preso por assassino é manchete.

CENA 10. ENTRADA DO ATELIÊ DE CARLOTA. INTERIOR. DIA
Tudo estava montado na entrada do ateliê de Carlota para uma coletiva de imprensa, ela estava sendo esperada por diversos jornalistas. Ela chega no palanque para conceder a entrevista com um ar sofrível, roupa e óculos escuros fingindo muito bem tristeza em relação a morte de Armando. Todos os jornalistas se alvoroçam.

CARLOTA – Bem eu… Eu não tenho palavras para descrever o que eu estou sentindo, o que ocorreu na madrugada passada foi um trágico incidente do qual o meu filho é completamente inocente. Nós sentimos muito pela morte desse individuo e iremos provar para a sociedade espanhola que os culpados desse crime serão pegos. Por favor, respeitem esse momento de extremo pesar minha e de meu filho, nós já estamos tomando as medidas cabíveis e com novidades retornaremos contato.

Carlota finge algumas lágrimas para comover, coloca óculos escuros e se afasta, ela entra em sua limusine em direção ao cemitério de Armando onde fará ainda mais pose.

CENA 11. DELEGACIA/ CARCERAGEM MASCULINA. INTERIOR. DIA
Cauã em sua cela, um tanto arredio e amedrontado, a toda hora escuta gracinhas dos colegas de carceragem, Augusto entra na carceragem, sorridente, ele se aproxima da cela de Cauã.

AUGUSTO – Oi Cauã, precisando de algo?

CAUÃ – De você é que não!

AUGUSTO – O que foi que eu te fiz hein cara? Eu só cumpri a lei! Seu eu flagro uma pessoa apontando uma arma pra uma outra pessoa morta eu tenho de prender, eu sou um policial, é isso que eles fazem!

CAUÃ – Eles também roubam mulheres dos presidiários?

AUGUSTO – Quem roubou a Cristal de mim foi você! Ela me amava!

CAUÃ – Mas agora não ama mais, ama a mim! Você pensa que eu não notei seu sorrisinho sarcástico quando você tava lá abraçadinho com ela!

AUGUSTO – Você entendeu tudo errado.

Ode aos ratos – Chico Buarque

Cauã furioso, o agarra e prende seus braços na cela o colocando junto a ele.

CAUÃ – Escuta bem o que eu to te falando seu policialzinho de merda, fique longe da Cristal, mas bem longe, se eu sair daqui e você ousar ter feito algo eu vou voltar pra cá só que sendo realmente culpado!

AUGUSTO – ME SOLTA!

CAUÃ – Espero ter sido bem claro!

Cauã o solta, o empurrando, os presidiários vaiam Augusto.

AUGUSTO – (Furioso) Eu tentei! Eu realmente tentei ser simpático com você seu mauricinho! Mas não rolou né? Quanto a Cristal eu sinto muito mas eu vou lutar pelo amor dela, porque no fundo é de mim que ela gosta e não de um cara irresponsável que ela conheceu ontem!

Augusto se vai.

CENA 12. CEMITÉRIO/ ENTERRO DE ARMANDO. INTERIOR. DIA
A música continua. Dezenas de pessoas estão no enterro de Armando, como Cristal, Dinora, Carlota, Rosa, Roberto, Mirna, Amanda, Natalie, Jack, Jonathan e Esmeralda que está disfarçada, além de muitos outros. Com exceção de Amanda, todos sem nenhum pesar por Armando, queriam apenas checar o defunto, Amanda a todo instante olhava para Esmeralda com um certo ódio por ela tê-lo matado.

CRISTAL – Que tristeza! Apesar de ser um bandido não devia terminar assim, olha onde essa maldita ambição nos levou!

DINORA – O assassino Cristal só vai parar quando recuperar as pedras.

CRISTAL – Eu preciso pegar as pedras do banco do Cauã! Assim eu devolvo pros bandidos e isso acaba de uma vez!

DINORA – Eu não sei porque, mas meu feeling diz que não será tão fácil assim… E que essa história ainda há de render.

CRISTAL – Deus que nos livre!

Armando começava a ser sepultado, Carlota e Cristal aproximam-se do caixão e acabam se esbarrando.

CARLOTA – Aí está a garota problema que fez meu filho ser preso!

ROSA – Mãe isso não é verdade.

CARLOTA – NÃO!? Tudo de ruim entrou nas nossas vidas quando essa chegou do Brasil!

CRISTAL – Eu tenho nome, Carlota. E você não me intimida!

Carlota segura forte o braço de Cristal a encarando em tom ameaçador.

CARLOTA – Você ainda vai se arrepender do dia em que cruzou nossos caminhos Cristal, você vai ver!

Cristal se solta.

CRISTAL – Realmente eu não to boa hoje dona Carlota! Não quero ouvir besteira de ninguém e muito menos de uma perua desvairada que só tá aqui pra fazer a vítima com a imprensa como a senhora, com licença!

Cristal se solta e se afasta, Carlota faz menção de ir até ela, mas Rosa a segura.

ROSA – Hoje não é dia de chilique mãe, definitivamente não. Agora eu vou lá pedir desculpa por seu vexame.

Rosa se afasta, Carlota injuriada. Amanda enquanto vê o caixão de Armando descer a sepultura olha ao redor, repara em todos, ela repara em Jack, Jonathan, Amanda e Esmeralda ao redor.

AMANDA – Se essas pedras preciosas não serão nossas Armando, serão minhas!

Amanda repara em Carlota indo embora do cemitério, Amanda dá uma última olhada no caixão descendo a sepultura, ela vira-se para trás e começa a correr. Fora do cemitério Carlota pega o celular e liga para Roberto, Amanda atrás de um pilar escondida escuta a tudo.

CARLOTA – Roberto, por favor, na minha casa, em 20 minutos, vai tá tudo aberto te esperando.

A música ganha a cena. Carlota sai do cemitério, entra em seu carro e parte, Amanda rapidamente entra num táxi.

AMANDA – Siga aquele carro moço!

CENA 13. CASA DE CARLOTA/ CORREDOR. INTERIOR. DIA
Carlota toma um whisk em seu quarto, tensa, a espera de Roberto, Amanda invade a casa após dopar o segurança e pular o portão. Ela entra no quarto de Cauã e começa a revirar silenciosamente tudo a procura de algo que possa levá-la as pedras preciosas.

AMANDA – Droga! Nada de interessante! Mas eu vou encontrar alguma coisa aqui!

Logo Roberto entra, ele chega ao quarto de Carlota.

ROBERTO – Segurançinha incompetente o seu! Tá dormindo em serviço, vê se pode!

CARLOTA – E eu lá to preocupada com segurança, depois jogo no olho da rua! Minha preocupação é o Cauã! To com medo dele ficar por lá.

ROBERTO – Minha querida você tem uma coisa que muda tudo: GRANA! A grana no mundo compra tudo, e não é só em paisinho tupiniquim como o Brasil não!

Amanda tensa, com medo de mexer em algo e ser pega. Roberto senta-se e começa a beber com Carlota sorridente.

ROBERTO – Olha, mas eu nunca pensei que o CAUÃ, justo ele ia pegar esse instinto assassino seu Carlotinha, é nisso que dá, convivência demais!

Amanda fica em choque com o que ouve, sem pestanejar ela tira o celular do bolso e começa a gravar.

CARLOTA – O Cauã não matou ninguém! Ele é inocente! Que ironia hein! O Cauã é acusado de matar uma pessoa e vai preso injustamente e eu mato 4 pessoas e nunca me descobrem!

ROBERTO – Já imaginou Carlota, se isso vem à tona?

CARLOTA – (Ri) Nunca! Ninguém NUNCA vai descobrir que eu fui a responsável pelo atentado que matou os pais da Cristal e da Esmeralda há quase 20 anos.

A cena congela em tons roxos em Amanda completamente perplexa com a revelação que acabou de gravar.

FIM DO CAPÍTULO