Capítulo 38: Eu e você eternamente
Nos capítulos anteriores...
“Espero que você faça uma boa viagem querido...” Isabella ouviu a
tal frase dita por Silvana, que descia as escadas do palacete de mãos dadas com
Wagner, que partiria hoje à noite. Sem pensar duas vezes, a menina saiu de
dentro do quarto de hóspedes correndo em direção as escadas, mas quando chegara
era tarde demais, seu amado estava na porta da sala principal junto de Pedro.
Porém uma força e um medo incrivelmente desconhecidos surgiram dentro do
coração de Bella, que a fez gritar o nome do namorado, implorando-o que
ficasse.
Pedro estava em baixo
do chuveiro já fazia sete minutos. O barulho da água caindo sobre o corpo do
amigo atiçava sentimentos em Wagner, que ele não sentia fazia tempo. Algo
libertador parecia ter tomado conta de Wagner. O menino tirou a roupa toda,
ficando completamente nu, e em seguida subiu as escadas da casa, indo até o
banheiro em que Pedro tomava banho. Vagarosamente, Wagner viu o amigo de olhos
fechados lavando o cabelo com o shampoo, foi a oportunidade certa para ele
entrar no box sem que Pedro notasse. Até que o mesmo abriu os olhos e se
deparou com Wagner nu, dentro do box.
As mãos de Wagner
tocaram a cintura de Pedro, impulsionando-o contra seu corpo. Ambos trocaram um
beijo gay literalmente molhado em baixo do chuveiro.
Completamente nua, Isabella caminhou em direção
a garrafa de conhaque que se encontrava sobre uma mesa de madeira ao lado da
porta de entrada do banheiro. Ela abriu a garrafa, encheu um corpo de vidro até
a metade com a bebida e disfarçadamente, pôs uma pílula que Silvana havia lhe dado.
Aquela pílula havia sido comprada em um sex shop e tinha a função de aumentar a
excitação do homem. A mesma se desfez no álcool em segundos.
Wagner estava encostado na cabeceira da cama,
completamente nu, com seu órgão ereto e sobre as suas pernas, Isabella se
mantinha firmemente, gemendo durante os movimentos aleatórios do qual fazia.
Wagner fez o que a mãe mandou, ele se dirigiu
até o escritório da mansão...
–A Bella
engravidou. [...]
A água quente caiu sobre o corpo molhe de Wagner
e se misturou com as lágrimas que escorriam de seus olhos. Na mente do rapaz,
imagens de momentos felizes ao lado de Pedro começaram a passar como um filme.
Aquilo tudo que estava acontecendo parecia um pesadelo e o que ele mais queria,
era acordar. O vapor tomou conta do banheiro. Assim como o box de vidro, o
espelho estava todo embaçado. Wagner saiu debaixo da água quente, pegou uns
calmantes dentro do armário e mergulhou em um sonho profundo e eterno, do qual
nunca mais acordaria...
Uma semana
antes...
Depois da conversa com sua mãe, Wagner resolveu
sair para espairecer. Durante a caminhada, ele acabou reencontrando um antigo
amigo de infância com quem não tinha contato há anos. Porém a surpresa não foi
esse reencontro, mas sim o amigo de Wagner ter se revelado homossexual
assumido. Ambos foram para um Park, compraram casquinhas de chocolate e
conversaram a respeito da vida e seus problemas.
–Você
parece mal... –Disse Sandro. –O que lhe aflige?
–Eu
engravidei uma garota, mas não fiz por que quis. A culpa foi dela e da minha
mãe que armaram tudo. –Respondeu Wagner. –Cara, eu não posso ser pai por que eu
amo o Pedro.
–Você já
pensou em contar a ele?
–Contar
que eu o traí e ainda engravidei a minha ex? Ele nunca entenderia.
–Procure-o.
Haja normalmente. Prepare o terreno e depois conte a ele o que aconteceu. Se
ele te ama, entenderá.
–Você
acha?
–No
início não será fácil, mas com o tempo tudo irá voltar ao “normal”. Vocês se
amam...
–Pior que
nos amamos mesmo.
–Então
não desista fácil, ele é seu e sempre será.
Mais tarde naquele mesmo dia, Sueli havia
recebido uma ligação de uma mulher que preferiu não se identificar. A mesma
disse que poderia provar algo que abalaria todos. A morte de Joaquim Gouveia
não foi em legítima defesa e sim planejada durante meses por Rachel e seu
amante Magno, de acordo com a mulher. Um material com gravações, filmagens e
amostras de cabelo de uma das herdeiras de Helena junto a amostras de cianureto
foi enviado à delegada por Sedex. As provas realmente eram concretas. Mas o
fato era, existia uma mulher infiltrada na família, pronta para revelar os
podres de cada uma das herdeiras.
–Isso é
assustador! –Comentou Sueli com um de seus assistentes. –Como alguém pode ter
tantas provas assim? Isso é coisa de profissional.
–E se for
Helena Gouveia? –Indagou Alex. –Nunca foi encontrado um resto mortal da velha.
Então não acho que seja impossível que ela esteja viva.
–Mas
forjar a própria morte é crime.
–Talvez
ela tenha algum motivo.
–Qual?
–Não
sei...
Sueli andou de um lado para o outro em sua sala,
segurando o frasco que continha o composto de cianureto com uma luva enquanto
pensava no que fazer a respeito de todas aquelas revelações e especulações.
–Vamos
prendê-la? Temos a faca e o queijo na mão. Se ela for mesmo uma assassina,
precisamos agir rápido. –Alex fitou Sueli nos olhos, enquanto esperava por uma
resposta da patroa. –E então?
–Ainda
não... –Respondeu Sueli.
–Como
não?!
–Eu
preciso descobrir que é essa mulher. Se a Rachel ou qualquer outra das
herdeiras agirem novamente, com certeza teremos informação o suficiente dessa
pessoa anônima e assim a pegaremos, descobrindo sua identidade.
Uma escuta estava instalada na parte inferior da
mesa de Sueli, e a mulher que enviara o material estava ouvindo toda a conversa
entre ela e Alex, degustando um bom vinho francês. Dois minutos depois de Sueli
sair de sua sala e a mulher sentar em sua poltrona de couro. François Dupré
surgiu como uma nuvem de fumaça por detrás da patroa, com passagens de avião
com destino ao País de Gales e uma identidade falsa.
–Ponha
sobre a mesa... –Ordenou a mulher. –Assim que sairmos esse lugar será queimado.
Contratei uns homens para realizar o serviço.
–E quanto
à delegada? –Indagou Dupré.
–Ela quer
descobrir a minha identidade. Se eu fosse ela me preocuparia em prender a
Rachel.
–Mas e se
isso não acontecer?
–Um dia
eu vou voltar Dupré. Pode ter certeza. Isso é apenas o começo.
O local já se encontrava em chamas. Dupré e
Soninha se esbarraram dentro da mansão. Ele se dirigiu para a sala de estar e
ela para sua suíte, a fim de mostrar as passagens a Lúcio com destino ao País
de Gales, que reservara para passar a lua de mel.
–Perfeito
querida.
Os dias estavam passando num piscar de olhos.
Pedro estava se preparando para voltar ao Rio de Janeiro com o intuito de pegar
seus últimos pertences deixados na casa de seus pais. O rapaz havia decidido
sair de casa de uma vez. Mas o que havia o surpreendido naquele momento foi o
interfone ter tocado. Era o porteiro do condomínio, avisando que Wagner estava
subindo. A campainha do apartamento soou, Pedro atendeu se deparando com o
amado.
–O que
você quer? –Indagou Pedro, fitando Wagner nos olhos. –Pensei que tivesse me
dito para sumir.
–Eu vim
te pedir perdão, por que eu te amo e te quero comigo para sempre. –Respondeu
Wagner. –Fiquei muito mal durante esses dias em que estávamos separados.
–Wagner
eu... Não sei se acho certo... Eu fiquei com um rapaz no show do Bajofondo. Mas
juro que ele me agarrou.
–Não diz
nada.
Wagner calou a boca de Pedro com um beijo
incrivelmente apaixonante. O casal gay caiu deitado sobre o sofá bege que se
encontrava na sala de estar do apartamento. Ambos se despiram... As juras de
amor foram sussurradas nos ouvidos. Os arranhões nas costas de Pedro se
tornaram visíveis. Wagner gritava a cada impulso imposto pelo namorado no
decorrer da penetração. Os corpos em fúria compartilharam do mesmo suor. O sexo
foi selado durante o orgasmo de trinta segundos atingido por Pedro, que
enforcou Wagner durante o ato final.
–Aconteça
o que acontecer... Eu te amo. –Sussurrou Wagner, no ouvido de Pedro.
No dia seguinte, Wagner e Pedro estavam a
caminho do Rio de Janeiro embarcados em um avião da companhia aérea Air Lines.
O vôo teve algumas turbulências que quase não deram para sentir, devido à
viagem ter sido rápida e tranquila. Silvana ficou sabendo do embarque do filho
e resolveu interferir. Uma cópia do teste de gravidez feito em laboratório por
Isabella foi enviado para Denise, que mostrou ao filho assim que ele e Wagner
chegaram. Houve uma mudança de planos. Pedro abandonou o amado e resolveu não
voltar mais para São Paulo, terminando de uma vez por todas o relacionamento.
Interior
da mansão dos Gouveia
O corpo sem vida de Wagner estava submerso na
banheira de sua suíte. Antes de sua morte, ele pensou em todos os motivos que
pudessem lhe deixar vivo, mas nenhum daqueles motivos importava. Sua mãe lhe
deu a luz e a tirou ao mesmo tempo. A homossexualidade descoberta na
adolescência o fez ficar frágil, porém ao conhecer Pedro, sua vida pareceu ter
ganhado cores novamente. Mas a gravidez de Isabella destruiu tudo. Seu amado
descobriu a verdade de uma maneira muito bruta. Aconteceu tanta coisa em tão
pouco tempo com o adolescente, que a única saída encontrada por ele, foi se suicidar.
Todos, inclusive sua mãe, se sentiriam culpados. E era o que ele mais queria
antes de morrer.
"Quando uma pessoa pensa em
suicídio, ela quer matar a dor, mas nunca a vida."
Augusto Cury