Capítulo 36: Magazine Noivas
Nos capítulos anteriores...
No interior da mansão dos Gouveia, Sônia e
Rachel discutiam os preparativos do casamento duplo, que aconteceria daqui a
dois meses. Um grupo especializado em Buffet havia trago as duas damas uma
amostra dos cardápios, com aperitivos prontos para a degustação. Na sala de
estar, bandas de violino e de tango, se mantinham apostos para apresentar todo
o seu poder musical as duas mulheres, que escolheriam com qual iriam ficar. Na
sala superior que se encontrava no terceiro andar, vestidos de noivas
exclusivos importados da Europa, estavam sobrepostos em manequins, para a prova
das noivas. A mansão havia sido transformada em uma verdadeira loja de
casamento.
–Quero
falar com você a respeito do vestido... –Disse Sônia. –Não era para revelar
nada agora, mas pelo visto não poderei mais guardar segredo.
–Algum
problema? –Indagou Rachel.
–Eu estou
grávida.
–Sério?
–Sim.
Naquele momento, Rachel passou a mão em sua
barriga e lembrou-se do que o médico havia dito: “–A facada atingiu o centro do útero da senhora, causando danos internos
ao mesmo. –O médico continuou, sem hesitar: –Dona Rachel, a senhora ficou
estéril. Sinto muito.”. Mas como de praxe, a megera pôs um sorriso no rosto
e comemorou.
–Que
benção divina! Por que não me contou antes?
–É que
fiquei um pouco receosa... Você não pode mais... –Sônia havia sido interrompida
por Rachel, que não parava de sorrir um instante se quer.
–Não
posso mais ter filhos? Oh querida! Posso adotar. E além do mais vou amar o seu
queridinho como se fosse meu.
–Nossa
Rachel, obrigada!
–Agradeça
dizendo que aceita que a festa seja em uma lancha.
–Contanto
que a cerimônia seja na igreja.
–Perfeito!
Agora venha, vamos experimentar os vestidos. Nada do que um número maior não resolva.
[...]
Um mês depois...
Os flashes das lentes fotográficas ultrapassavam
dimensões. Rachel e Soninha estavam em um estúdio fotográfico, vestidas de
noiva, para o ensaio da próxima edição da Magazine Noivas. O longo que ambas
estavam usando eram iguais. Possuíam rendas inglesas nos detalhes laterais. As
madeixas das primas estavam soltas. A cabelereira de Soninha lhe dava um ar
confiante, enquanto a de Rachel lhe deixava sexy.
–De
costas meninas, temos que valorizar o véu! –Exclamou o fotógrafo.
No fundo aquilo era mais do que um simples
ensaio. Rachel estava começando a pôr seu plano em prática. E a megera
precisaria de toda a confiança de Soninha, para usufruir das armas mais pesadas
que o mal lhe oferecia. A obsessão de Rachel sobre a prima mais nova era
notória, porém o sorriso falso entre os dentes brancos da ricaça deixava tudo
mais natural.
–Sorriam,
por favor! –Disse o fotógrafo. –Vocês são noivas felizes. Imaginem a cerimônia,
imaginem a festa, se imaginem com seus futuros maridos.
Rachel podia imaginar a festa. “Ocorrerá em um iate, em alto mar bem longe
da costa, todos estarão bêbados e fartos de tanta comida. A polícia não poderá
encontrar um suspeito em específico, por que a arma do crime não existirá...”.
O sorriso falso e dissimulado fez de Rachel a noiva mais bonita do ensaio,
ofuscando a prima.
–Pronto,
podem tirar os vestidos. O ensaio acabou. –Falou o fotógrafo, visualizando as
fotos na câmera.
Ao lado de Silvana, no banheiro social da
mansão. Isabella fez o teste de gravidez de farmácia. As suspeitas apareceram
através de enjoos, tonturas e muitos desejos. A certeza da gravidez se
concretizou, não só por Bella e Wagner terem transado sem camisinha, mas sim
pelo resultado, que deu positivo.
–Você vai
ser mamãe! –Exclamou Silvana, olhando nos olhos de Isabella. –O Wagner não
precisa saber de nada agora...
–Do que a
senhora está falando? –Indagou Bella.
–Tenho
uma surpresinha para o meu filho, ou você achou mesmo que essa gravidez era meu
único trunfo?
–Pra ser
sincera, achei sim...
–Então
você achou errado.
Horas
antes da apresentação do Bajofondo no estádio do Morumbi.
Dentro de um táxi. Silvana seguiu para a
marginal tietê. Ela carregava consigo um cheque de dez mil reais, assinado. O
taxista parou no acostamento e a perua pôs seu pé esquerdo para fora do
automóvel. Revelando seu calçado Prada azul, que estava valorizando suas lindas
pernas, seguido de um vestido preto Dolce e Gabbana com material de seda. As
madeixas louras de Silvana se movimentavam uniformemente durante o balançar de
sua cintura. Ao caminhar alguns centímetros à frente, ela tirou de dentro de
sua bolsa Louis Vuitton, uma câmera fotográfica e o cheque.
–Está
tudo aí. E quanto às fotos dê o seu jeito! –Exclamou a perua, sorrindo para o
rapaz. –Afinal, estou pagando bem.
–A
senhora tem certeza de que quer fazer isso com o seu filho? –Indagou Felipe. –Digo...
Ele é seu filho!
–Por isso
mesmo. Saiu do meu útero. Portanto tenho o direito de machuca-lo de todas as
formas possíveis.
Silvana retornou a realidade ao sentir seu
telefone celular vibrar no bolso esquerdo de sua calça jeans. Ao olhar o
número, ela percebeu que era de Felipe. A perua atendeu e ouviu as palavras que
ele disse como um coral magnífico divino:
–Dona
Silvana, as fotos ficaram prontas.
Rachel chegou à mansão exausta do ensaio
fotográfico. A megera subiu as escadas do palacete e se dirigiu a sua suíte.
Onde se deparou com Magno parado em frente ao espelho, segurando um DVD de
vídeo. O tal DVD de sexo entre ela e Rafael. Magno estava possesso e com raiva.
Ele foi em direção à esposa com toda sua força, seu desejo principal era
mata-la.
–Me
larga! –Exclamou Rachel! –Me larga Magno!
–Sua
vagabunda! –Gritou Magno, enquanto enforcava Rachel. –Pensou mesmo que iria me
enganar por muito tempo?
–Me
escuta seu desgraçado!
Rachel empurrou o noivo, que caiu de costas no
espelho horizontal do quarto, quebrando-o. A megera ligou o DVD e a TV, pôs o
filme caseiro de sexo para rodar e despiu-se. Ficando apenas de lingerie.
Rachel pausou o filme, se aproximou de Magno e lhe atingiu com uma bofetada no
rosto. Em seguida, ela começou a explicar e argumentar sua inocência.
–Isso
aconteceu há muitos anos antes de eu e você nos tornamos amantes. –Disse
Rachel. –Larga de ser idiota! Eu te sustento. Eu pago as suas contas agora e te
dou o estilo de vida que você sempre sonhou, se eu não te amasse de verdade,
você já teria sido substituído há séculos. Agora levanta essa bunda inútil do
chão e limpa esses vidros. Eu vou tomar um banho.
Mergulhada em sua banheira de hidromassagem,
Rachel discou os números do celular de Rafael com quem não mantinha contato
desde a morte de Joaquim e mandou uma mensagem a ele. Marcando um encontro a
sós no restaurante de sempre amanhã à noite. O sorriso de satisfação da megera
estava estampado em sua feição. Se havia mesmo um homem a quem ela amava era
Rafael e ele faria parte de sua vida para sempre, por que ela tinha um plano
para o futuro.
–Rachel
eu... Peço desculpas e perdão. –Implorou Magno. –Eu fui um idiota e não devia
ter duvidado de você.
–Não
quero saber. –Disse Rachel, com a cabeça sob a espuma. –O que você fez foi algo
irrelevante. Eu sou uma dama e não uma piranha! Só traí o Joaquim por que te
amava, mas nunca te trairia. Uma pena que você duvide do meu amor.
–Me deixa
fazer algo para reparar.
–O que?
–Me peça
uma prova, eu posso provar que confio em você!
–Qualquer
coisa?
–Qualquer
coisa!
–Apresente
a sua irmã para o Rafael. Prove que você confia em mim mantendo-o por perto.
–Quer que
minha irmã tenha um relacionamento com ele?
–Sim. Mas
se você não é capaz de...
–Nem
precisa continuar. Vou apresentar os dois no nosso casamento.
–Você não
imagina o quanto me faz bem... Querido.