PALAVRAS DE GABI CARVALHO
Quando
Valeska e eu chegamos a Fortaleza, vimos ao longe que tanto os nossos pais
quanto os de Márcio e a madrasta de Lara nos esperavam na rodoviária.
—
Mulher! Os pais de todo mundo estão ali! — disse Valeska, amedrontada.
—
Querida, a gente contorna todos eles dizendo a verdade. A madrasta da Lara já
sabe que ela é uma galinha. Agora a mãe do Márcio vai ter uma síncope quando souber
que o queridinho dela ficou lá no Rio. — falei.
Continuamos
caminhando, até que Valeska soltou a minha mão e saiu correndo pelo caminho
contrário pelo qual nós íamos.
—
Mulher, volta aqui! Deixa de ser frouxa!
Decidi
continuar andando lentamente, levando minhas malas comigo. Finalmente
aproximei-me do conjunto de adultos que ali nos esperavam. Abracei minha mãe.
—
Onde estão os outros? — perguntou Sheila, madrasta de Lara.
—
Valeska foi comprar água e alguns Doritos.
Acreditam que ela comeu todo o nosso estoque de comida o caminho todo? Eu tô
faminta! — menti. Na verdade eu não sabia para onde a anta da minha amiga havia
corrido e menti também porque quem havia comido toda a comida fui eu
Todos
se olharam. Era difícil não decifrar quando eu, Gabi Carvalho, mentia ou
escondia alguma coisa.
Silêncio
absoluto. Olhares desconfiados, todos para mim.
—
Tá! Vocês venceram! — falei, finalmente — Lara fugiu com um cara do Rio de
Janeiro, Marcio foi atrás dela e Valeska acabou de sair correndo com medo de
vocês. — cuspi todas as palavras rapidamente — Eu sou a única “macho” daqui.
Podem me aplaudir, eu sei que sou demais.
Minha mãe puxou minha orelha enquanto a mãe de Márcio
alegava palpitações, abraçando-se ao marido, que tentava acalmá-la. Os pais de
Valeska se retiraram para ir procurar a filha e Sheila andava de um lado para o
outro, a passos curtos, sem saber o que dizer. Até que finalmente disse:
— Que cara é esse que está com a Lara? — Sheila tinha o
rosto meio inchado e não consegui entender exatamente o que ela dizia porque
estava prestando atenção na sua roupa: meio palmo de um short jeans (tenho certeza que aquilo era uma
calça que ela cortou) e uma blusa tomara que caia que deixava seu umbigo e
pança a mostra. — Gabriela, pode me responder onde está minha enteada?
Recompus-me.
— Não, Dona Sheila, eu não sei exatamente por onde a Lara
anda porque simplesmente ela decidiu que não é mais nossa amiga e nos abandonou.
A única coisa que eu sei é que ela estava com um cara, pois andava com a cabeça
nas nuvens e os olhinhos brilhando “forevermente”.
Ai, que iludida...
Havia uma expressão de preocupação em Sheila. Confesso
que eu me espantei com a reação dela, pois sabia que a relação entre Lara e a
madrasta não era das melhores. Tinha alguma coisa muito estranha.
— Bom... o pai da Lara vai ficar sabendo. E ai de você,
da Valeska e daquele amigo estranho de vocês (Márcio) se estiverem me
escondendo mais alguma coisa. Fiquem sabendo que o meu marido — nessa parte ela encheu a boca para falar — é um ex-policial e tem contatos com gente
importante de todo o estado.
Sheila deu de costas e saiu. Enquanto andava, tive uma
pequena impressão de que ela tentava seduzir as pessoas de alguma forma
rebolando a sua bunda cheia de banha e de crostas. Sim, ela chamava atenção de
todos a sua volta, mas mal sabia que as pessoas estavam rindo dela por ser tão
ridícula.
— Eu sabia que essa viagem pro Rio de Janeiro não ia
prestar. — disse minha mãe.
Mais alguns mimimis da minha mãe e dos pais do Márcio QI.
Vi ao longe os pais da Valeska puxando a coitada pelo braço e pedindo
explicações também. Então saímos da rodoviária alguns minutos depois com a sensação
de que nada acabaria tão cedo.
☺
☺
PALAVRAS DE VALESKA SOARES
Minha mãe me
arrastou até a casa de Lara, pois tinha medo que o pai dela, um senhorzinho já
de idade, não entendesse as coisas que sua esposa ouvira na rodoviária naquele
dia mais cedo e... partisse dessa pra melhor. (batendo na madeira três vezes)
— Mãe, eu não quero ir! Eu já disse que a Lara foi
sequestrada por um lobisomem na noite de lua cheia!
— Ah, Valeska, mas você vai sim. Não quero filha minha
sendo acusada de ser cúmplice de sequestro ou alguma coisa do tipo.
Estávamos exatamente em frente ao portão da casa dos
Pacheco quando o meu celular tocou.
“Eu vou passar batom (chic, chic,
chic, chic), eu vou ficar bonita. Segura! Eu vou rebolar, vou rebolar, vou
rebolar...”
— Menina, eu já mandei tu desgrudar da porcaria desse
celular! — disse minha mãe, furiosa. — E que diabo de toque é esse?!
— Eu posso até um dia me livrar do celular, mas não abro
mão da minha diva Kelly Key por nada desse mundo, ouviu mãe? — atendi — oi,
Valeska Soares falando.
— Valeska, aqui é o
Márcio! Só liguei pra avisar que estou voltando pra Fortaleza. — disse uma
voz ao telefone.
— Pera... Márcio? Mentira, não é o Márcio. Ele não usa
celular, eu conheço meu amigo. Vambora, diga logo de que planeta você veio e
fale o que você fez com o meu amigo Márcio QI!
— Eu vim do “Planeta
Anta”, do país “Amebolândia” o mesmo que você veio! Menina, escuta logo o que
eu tenho pra dizer! Olha, eu consegui falar com a Lara. Ela não quer mais saber
da gente e parece que de ninguém da família também. Dá um jeito de avisar pro
pessoal porque eu não quero mais me meter nessa história. Tô desligando porque
pedi o celular emprestado e o bônus tá acabando. Logo estarei chegando aí. Até
a vista!
Posso enumerar algumas coisas estranhas:
1) Márcio QI usando celular.
2) Márcio QI me tratando mal. Ele nunca me chamou de
anta. Das duas uma: ou ele estava muito estressado ou alguma raça alienígena
pôs uma sonda em seu cérebro e estavam controlando todos os seus movimentos.
3) Essa martelou minha cabeça durante um bom tempo:
Márcio QI fazendo uma loucura dessas pela Lara? A Gabi disse que ele finalmente
estava apaixonado por alguém e era por ela. Duvido muito.
4) Sim, sou fã da Kelly desde os tempos de “Cachorrinho”.
***
Quando eu e minha mãe entramos na residência dos Pacheco,
quase sentimos um clima de luto: Sr. Giuseppe, pai de Lara, assistia à TV num
volume inaudível (daí pude perceber que estava perdendo a Malhação). Sheila
estava sentada aos pés do homem, chorando. A meia-irmã de Lara, a Clarinha,
brincava com alguns bonecos de lego babados.
— Parece que não viemos em uma boa hora. Perdão, mas o
portão estava aberto e...
— Não! — Sheila interrompeu minha mãe com um berro e se
levantou rapidamente do chão, correndo até ela — Por favor, Dona Sílvia,
convença o Giuseppe a acionar as autoridades para ir atrás da Lara! Eu amo
tanto aquela garota! Ela é como se fosse uma filha para mim!
(falsa...)
— Já disse que aquela vadia não é mais minha filha! Que
fique com ela pra você! — resmungou o velho senhor, que apoiou o cotovelo no braço
do sofá e encostou o punho cerrado na têmpora direita. — Se é isso o que ela
quer, se ver livre da gente, que vá.
Sr. Giuseppe enfim se levantou do sofá, calçou os
chinelos, coçou a bunda explicitamente por cima do calção e saiu andando a
passos curtos para dentro da casa. Sheila sentou-se no sofá e começou a
espernear. Clarinha ficou nervosa e eu logo a coloquei nos braços.
— Valeska, por favor, leva a Clarinha lá pra fora pra dar
uma volta que eu vou conversar com Sheila. — ordenou minha mãe.
Então
eu saí e não precisei falar nada para a família Pacheco naquele dia, mas estava
louca para contar os babados para a Gabi o quanto antes!
NOVELA ESCRITA POR MÁRCIO GABRIEL
COLABORAÇÃO DE ANA GABRIELA E LUIZ GUSTAVO
DIREÇÃO DE FÉLIX CRÍTICA
COPYRIGHT© TVV VIRTUAL 2014, TODOS OS DIREITOS RESERVADOS
ESTA É UMA OBRA DE FICÇÃO E NÃO TEM NENHUM COMPROMISSO COM A REALIDADE
NOVELA ESCRITA POR MÁRCIO GABRIEL
COLABORAÇÃO DE ANA GABRIELA E LUIZ GUSTAVO
DIREÇÃO DE FÉLIX CRÍTICA
COPYRIGHT© TVV VIRTUAL 2014, TODOS OS DIREITOS RESERVADOS
ESTA É UMA OBRA DE FICÇÃO E NÃO TEM NENHUM COMPROMISSO COM A REALIDADE