PALAVRAS
DE VALESKA SOARES
Minha mãe é
enfermeira de um hospital bem conceituado da cidade. Gabi me pedira, naquela madrugada,
que eu a convencesse a me levar com ela quando fosse trabalhar, assim poderia
visitar Giuseppe e ficar de olho nele.
— Que história é essa? — indagou mamãe.
— Mãe, é que eu queria muito falar com ele. Depois que a
Lara foi embora, o pobre velhinho ficou tão só. Eu queria saber como ele está.
— Bom, se a Sheila aceitar... Você sabe que não é nenhuma
parenta dele e precisa da permissão.
— Não! Não fala nada pra ela... Aquela gorda não vai com
a minha cara! Poxa, mãe, dá um jeito de me colocar lá! Eu fico quietinha! Eu...
eu prometo que falo com ele e caio fora. Por favor, por favor, por favor?
***
Minha mãe me deixou esperando na recepção do hospital e
foi falar com a recepcionista. Tempo depois, se aproximou com más notícias.
— Sinto muito, filha, mas não vai dar pra você entrar. A
não ser que queira pedir autorização à Sheila.
— Não, mãezinha, valeu. Vou pra casa. — fingi ter ficado
decepcionada. Mamãe me deu um beijo na testa, lhe desejei um bom trabalho e nos
despedimos.
Corri até o banheiro que havia perto da recepção e tirei
da minha mochila uma calça e uma camisa branca, as quais eram uniformes que a
minha mãe usava para trabalhar. Com aquela roupa, consegui entrar sem problemas
no hospital.
***
Consegui entrar no quarto. Uma enfermeira tentava
cochilar ao lado de Giuseppe. Ela estava lá como acompanhante. Quando me viu na
porta do quarto, se levantou e se aproximou:
— Ai, você deve ser a acompanhante desse horário. Menina
eu tô varada de fome. Tchau, tchau.
Ela saiu e eu fechei a porta do quarto. Sr. Giuseppe
parecia bem. Olhei no prontuário e lá indicava que ele havia sofrido uma parada
cardiorrespiratória.
— Shh... Sheila,
sua, sua... — o pai de Lara pegou minha mão e apertou bem forte.
— N-não é a Sheila, é a Valeska!
Ouvi alguns passos estrondosos vindos do corredor do
hospital. Corri até a porta e a deixei entreaberta. Olhei pela fresta: era
Sheila. Vinha se rebolando pelo corredor, vestindo uma calça mega apertada
(pelo menos ela estava vestida) que provavelmente lhe dificultava a respiração
e a locomoção. Estava explícito que aquela mulher se achava o último guaraná
Dolly do deserto, atraindo até a atenção de alguns enfermeiros e funcionários
que ali passavam.
— Com uma mulher dessas eu nem sairia de casa!
Ô coisa linda! — disse um zelador, trollando a nossa amada Sheila.
— Pena que eu não posso dizer o mesmo de você. — Sheila
deu uma rabissaca e foi andando até a porta do quarto. Corri para me esconder
embaixo do leito. Continuei ouvindo a conversa que vinha do corredor.
— Faz que nem eu: mente! — disse o zelador, gargalhando.
Sheila deu de ombros e finalmente entrou.
Realmente quando aquela megera andava o chão tremia. Vi
que ela colocou a bolsa em cima da cadeira que havia ao lado do leito onde Sr.
Giuseppe estava deitado e se aproximou dele.
— Giuseppe, Giuseppe. Enfim, sós. Vim terminar o que eu
comecei ontem. Logo, logo aquela casa vai ser toda minha! Apenas minha! Já que
a galinha da sua filha Lara não quer nem saber de você, por que eu tenho que te
aguentar, hein? Quem gosta de velho é fundo de rede.
Sheila mexeu na bolsa e tirou dela uma seringa. Ela
estava cheia com algum líquido transparente, o qual eu não conseguia adivinhar
qual era.
De repente, meu celular tocou (eu me esqueci de colocar
no silencioso).
“Ninguém me entende
quando eu aumento o rádio, a vida que eu levo nego pensa que é fácil...
Acordar, lavar, varrer, passar...”.
A vaca se abaixou e me viu escondida embaixo da cama.
Lasquei-me.
☺
PALAVRAS
DE DOUGLAS LORETO
Já tinha mais ou
menos um dia que Lara havia ido embora da minha vida e me levantar do sofá,
sair de casa ou mesmo tomar um simples banho, para mim era impossível. Liguei o
PC, e fui olhar o Facebook, talvez ouvir algumas músicas também...
Havia uma solicitação de amizade: “Gabriela Carvalho
deseja ser sua amiga”. Um amigo em comum: Lara Pacheco. Lembrei-me que era
aquela menina que gostava de tirar sarro com tudo e que estudou comigo no
primário.
Adicionei. Ela estava online no chat.
Gabriela
Carvalho: Eu já descobri que vc não é
Josivaldo Aquino Pinto porra nenhuma. Cadê minha amiga? Ela tá com vc que eu
sei, seu sedutor de quinta!
Douglas Loreto: Se ficar me xingando eu vou te excluir.
Gabriela
Carvalho:
Vá pro raio que o parta! Chama a Lara que
eu quero falar é com ela. Já que ela me bloqueou do chat eu decidi te add, mas
não faço questão de ter vc no meu face não.
Douglas Loreto: A Lara não tá aqui mais. A gente brigou e ela foi
embora.
Gabriela Carvalho: E vc deixou ela solta sozinha por aí, seu
filho da puta? O que vc fez com ela, hein? Cara, quando eu te pegar, vc vai se
ver comigo. Eu vou deixar essa tua cara tão inchada que ninguém vai te
reconhecer. Eu vou fazer vc passar uma vergonha tão grande que vai ser
necessário vc mudar de nome mesmo, tá ok?
Sem
dizer mais nada, excluí e bloqueei aquela louca da minha conta. Pois,
realmente, eu não sabia onde Lara estava.
☺
PALAVRAS
DE VALESKA SOARES
Era Márcio QI
quem estava me ligando. Esse aí foi comprar um celular só pra fazer merda...
Bom, eu não sei exatamente se quem fez merda foi ele por ter me ligado ou eu
por não ter deixado o meu telefone no silencioso. O que importava era que, de
qualquer forma, Sheila havia me descoberto.
— Você?! — exclamou a gorda, espantada.
Tentei sair debaixo da cama, mas ela me segurou pelo
braço, fortemente e mandou eu ficar calada, me ameaçando com aquela seringa.
— Sheila, o que é isso?
— Você vai ficar caladinha aí — ela me empurrou e eu dei
com as costas na porta do quarto — ou pode ser a próxima a comer capim pela
raiz.
— Sheila, não! Não!
Aquela mulher estava mesmo disposta a matar o marido e
consequentemente qualquer pessoa que viesse a impedi-la. Mas eu sentia que era
meu dever salvar aquele homem.
Sheila começava a injetar o conteúdo daquela seringa na bolsa
do soro que Sr. Giuseppe recebia na veia. O que quer que fosse aquilo, não era
algo bom.
Saltei em cima daquele monte de banhas e, quando menos
vi, ela estava com as duas mãos agarradas no meu pescoço. Era impossível sair. Os
últimos vestígios de ar que restavam nos meus pulmões foram embora e eu não
conseguia mais respirar. Eu me debatia nas mãos daquela louca e, quando dei por
mim, não tinha mais forças. Minha visão começou a ficar escurecida e, a partir
daí eu não me lembro de mais nada.
NOVELA ESCRITA POR MÁRCIO GABRIEL
COLABORAÇÃO DE ANA GABRIELA E LUIZ GUSTAVO
DIREÇÃO DE FÉLIX CRÍTICA
COPYRIGHT© TVV VIRTUAL 2014, TODOS OS DIREITOS RESERVADOS
ESTA É UMA OBRA DE FICÇÃO E NÃO TEM NENHUM COMPROMISSO COM A REALIDADE
COLABORAÇÃO DE ANA GABRIELA E LUIZ GUSTAVO
DIREÇÃO DE FÉLIX CRÍTICA
COPYRIGHT© TVV VIRTUAL 2014, TODOS OS DIREITOS RESERVADOS
ESTA É UMA OBRA DE FICÇÃO E NÃO TEM NENHUM COMPROMISSO COM A REALIDADE