OITAVO EPISÓDIO
LIMBO
"LIMBO"
Olho com pesar
para o corpo frágil de Zoe. Ela sempre esteve ao meu lado, éramos como unha e
carne. Agora ela se foi.
— Chase, eu
posso enviá-la de volta ao mundo mortal, se você quiser. Como ela morreu no
submundo, ela morreria no mundo mortal também, mas pelo menos você poderia
visitá-la.
— Faça, Luna. –
Respondo e saio das catacumbas.
[...]
Sento no chão,
apoiado na parede da entrada das catacumbas. Ponho as mãos no rosto e penso em
todas as coisas ruins que aconteceram por causa dos meus erros. Primeiro E.D.,
depois Zoe, agora só resta Chloe. Não posso deixar que ela morra.
Ouço alguns
passos subindo as escadas das catacumbas. Chloe aparece na entrada e senta ao
meu lado.
— Provavelmente
não é a melhor hora, mas o que a Zoe queria que você me contasse?
— Eu beijei
outra garota. Bom, tecnicamente ela me beijou, mas de qualquer forma, eu cometi
um erro, Chloe.
Os olhos
verde-claro de Chloe brilham e vejo algumas lágrimas escorrerem. Ela limpa as
lágrimas, respira fundo e olha para frente.
— Eu não sei o
que dizer. – Ela diz, fracamente. – Eu não sei o que sentir.
— Não precisa
dizer nada. Eu entenderei se quiser terminar tudo, mas eu nunca, jamais, em
hipótese alguma, deixarei de proteger você.
— Chase, eu amo
você. Eu nunca vou deixar de amar você, mas, sinceramente, eu não sei mais em
que acreditar. Eu preciso de um tempo.
— Entendo.
Depois de alguns
minutos em silêncio, Íris, Luna, Ryan e Silas saem das catacumbas e Chloe e Eu nos
levantamos. Decidimos andar em busca de Morte, mas eu não esqueci aquela mulher
morena. Ela ainda vai pagar pelo que fez à Zoe, e vai pagar caro.
[...]
Depois de
andarmos por quase doze horas, Íris e os outros decidem parar para descansar.
Luna faz um feitiço básico de camuflagem e materializa algumas barracas. Todos,
com exceção de mim e ela, vão se deitar.
— Chase, você
precisa descansar.
— Luna, eu não
estou com a mínima vontade de descansar.
— E cansado você
não vai conseguir ir a lugar nenhum!
— Conta outra.
Nós não sabemos nem para onde ir. Estamos andando sem rumo a um bom tempo e não
vimos nenhum sinal de outro ser vivo. – Retruco.
Silas junta-se a
nós. Ele está tão abalado quanto eu. Silas amava Zoe, era mais do que evidente
isso. Ela conseguiu tirá-lo do lado de Morte e trazê-lo para o nosso lado.
Silas é leal, e é bom saber disso.
— Alguma ideia
de onde vamos? – Pergunto a ele.
— Eu conheço
algumas pessoas por aqui. Eu posso tentar contatar um amigo meu, Aaron, mas eu
preciso de um alquimista para isso. – Silas responde.
— Um alquimista?
Uma maga não serve? – Aponto para Luna.
— Ah, obrigada
por me tratar como um objeto!
— Não há de quê.
– Sorrio ironicamente.
— Não. Uma maga
não serve. É preciso um alquimista. Alguém que saiba misturar magia e ciência
para manipular os resultados. Preciso entrar no limbo.
— Limbo?
— O limbo é um
lugar entre a vida e a morte, contudo, ele é inteiramente diferente do
purgatório. Um limbo é uma dimensão alternativa onde algumas pessoas são
confinadas para que não interfiram tanto no mundo mortal quanto no submundo.
Apenas um alquimista pode resgatar alguém do limbo, digo, apenas um alquimista
pode fornecer o necessário para resgatar alguém do limbo. – Eu e Luna nos
olhamos – Porém, um mortal que saiba usar magia também pode entrar no limbo e
resgatar quem quer que seja.
Imediatamente
lembro-me do bastão.
— Meu amigo
Aaron Crass foi condenado ao limbo algumas décadas atrás. Se você conseguir
tirá-lo do limbo, ele ficará em dívida com você, e fará qualquer coisa para
compensá-lo.
Silas continua
explicando os símbolos que devem ser desenhados para que alguém entre no limbo,
quantas pessoas podem entrar, quantas podem sair, as consequências disso,
enfim, várias outras coisas. Luna termina de desenhar os símbolos no solo e
eles brilham uma luz azul.
Luna desenhou um
símbolo grande e sete símbolos em volta dele. Eu ocupo o símbolo maior, Íris,
Ryan e Silas ocupam um símbolo menor cada. Chloe não pode entrar no limbo por
ser inteiramente mortal e não possuir nenhuma magia. Luna precisa ficar no
submundo para controlar o fluxo de energia entre o submundo e o limbo, para que
as coisas não entrem em colapso.
Antes que eu use
a minha magia, Luna materializou algumas armas para Íris, Ryan e Silas, para
que não entrem no limbo sem proteção. Aparentemente, todos os poderes são
neutralizados naquele ambiente. Íris está com duas adagas, similares às de
Milena, Ryan está com uma espada de prata e Silas está com o punhal usado para
matar Zoe.
Então, tiro o
bastão de dentro da minha foice e conjuro o feitiço. Nossos corpos são
inteiramente jogados no limbo. Há algo estranho aqui. É idêntico ao submundo,
exceto que eu não consigo interagir com coisas materiais. Vejo nossos corpos
caídos no chão, enquanto Chloe se desespera ao lado do meu corpo, Luna está
focada em manter o equilíbrio entre os dois lugares.
Nossos poderes
não estão conosco.
Nossos corpos
não estão conosco.
Somos apenas
sub-almas. Corpos astrais que vagam sem rumo. Felizmente, ainda temos nossas
armas conosco e somos capazes de manuseá-las normalmente.
— Queremos
encontrar Aaron Crass. – Diz Silas, e então, a imagem do limbo se distorce.
Lembre-se da missão. Isso continua sendo repetido em minha mente.
Guardo o bastão
de volta na minha foice quando a imagem do limbo fica nítida novamente. Silas e
Eu ficamos pasmos com o local.
É uma base
central da C.I.A.
DIREÇÃO DE ARTE - MÁRCIO GABRIEL, FÉLIX E WALTER HUGO
ESCRITO POR - WALTER HUGO
REALIZAÇÃO - TV VIRTUAL
TODOS OS DIREITOS RESERVADOS.