terça-feira, 3 de junho de 2014

Reaper - 2ª Temporada - Episódio 01


PRIMEIRO EPISÓDIO

WE'RE GOING TO HELL
"NÓS ESTAMOS INDO AO INFERNO"

Quase não consigo sentir o meu corpo por conta da leveza da água. Não consigo me mexer, mas sinto que eu estou bem. Ouço alguns sons enquanto olho fixamente para o céu alaranjado que este local tem. Não há nuvens. Não há sol. Não há nada que ilumine este lugar, pelo menos é o que eu acho.
Identifico um dos sons que escuto como braços se debatendo. Uma espécie de luta contra algo. O outro barulho é de queda d’água. E está ficando cada vez mais forte.
— CHASE! – Ouço a voz de Luna.
Caio.
Percebo agora que eu estava numa correnteza que dava numa cachoeira. Meu corpo está em queda livre. Ainda não posso me mover, tudo que eu vejo agora é o céu ficando cada vez mais longe e preparo-me para cair em pedras, porém, acabo caindo em mais água. Agora consigo me mover. Esta água está quente. Quente até demais.
Começo a nadar para fora dali, mas o rio parecer não ter fim. Está queimando. Atinjo a margem com um pouco de esforço e me deito na areia. Ao meu redor, vejo plantas de tons negros espalhadas por todos os cantos. Algumas delas parecem ter vida. Vejo uma criatura gigante voando. A criatura é cinza, com presas enormes, escamas espalhadas pelo corpo inteiro e um par de asas parecidas com as de um morcego. A criatura faz algumas voltas, como se estivesse procurando a sua presa; então, olho à frente e vejo duas pessoas na água. Íris e Silas.
Imediatamente mergulho na água escaldante de coloração vermelha enquanto vejo a criatura aproximar-se dos dois. Ponho a mão nas costas e sinto a minha foice. Fico de pé, com a água agora mais ou menos na altura do meu abdômen.
— Afastem-se! – Grito.
Silas põe Íris apoiada nas suas costas e começa a correr para sair da água. Tiro a minha foice das costas e decepo a cabeça da criatura, que ao cair n’água, pega fogo instantaneamente. Minhas pernas estão em carne viva e a água está começando a emitir pequenas ondas de vapor. Preciso sair daqui rapidamente.
Não tenho mais forças para andar. Meu corpo tomba na água e sinto cada centímetro da minha pele esquentar a um nível tão crítico que torna a dor intolerável. Apenas aceito o fato que desintegrarei nesta água extremamente quente.

[...]

Acordo de impulso. Todos os meus sentidos voltam à tona de uma vez. Estou meio tonto, mas estou consciente. Íris está sentada ao meu lado, me encarando.
— O que houve? – Pergunto. – Cadê o Silas?
— Ele te deu sangue de vampiro e pediu para eu ficar te vigiando. – Ela responde.
— Vigiando? Pra onde ele foi?
— Procurar comida, ora. Você estava inconsciente e eu não tenho a mínima noção de caça, então tem que ser ele.
Levanto e bato as mãos na perna para tirar areia dos dedos.
— Para onde você vai?
— Procurar uma saída daqui.
— Não! Nós vamos esperar o Silas. – Diz Íris, me segurando pela mão.
— Eu sou um ceifeiro. Você não tem mais força que eu.
— Talvez não fisicamente, mas eu tenho mais poder que você.
De repente, uma ventania começa a tomar conta do local. As árvores começam a se sacudir, começa a cair uma chuva muito forte e é possível ouvir um estrondoso barulho de trovões, além disso, há raios caindo por todos os cantos e, por conta da ventania, uma espécie de redemoinho começa a se formar no lago quente.
— Você está criando um desastre natural!
— O que está acontecendo aqui?! – Ouço o grito de Silas em meio à toda confusão.
— Não sou eu!
— Então quem é?! – Pergunto.
— Não temos tempo para isso. Vamos! – Diz Silas, fazendo sinal para nós seguirmos ele.
Silas sai correndo por entre as árvores da floresta negra. Íris e eu estamos no seu encalço, correndo que nem desesperados. Vários raios atingem as árvores próximas à nós. Algumas pegam fogo, outras desabam no meio do nosso caminho, é aí que perdemos Silas de vista. Íris e eu paramos de correr.
— Para onde ele foi? – Diz Íris.
— Eu não sei. – Respondo.
Andamos mais alguns metros e o chão desaba. Nós dois caímos em algum tipo de armadilha para pegar animais grandes. O ambiente aqui é estranho. São vários túneis metálicos postos debaixo do solo, uma espécie de tubulação de ar subterrânea.
— Eu vou na frente, fique no meu encalço, ok? – Digo.
— Certo. – Íris responde.
Começamos andando normalmente pelos túneis, sem encontrar qualquer sinal de vida. Íris fica olhando de um lado para o outro, como se tivesse perdido alguma coisa. Chegamos ao fim da linha. Só há dois túneis restantes. Um requer que escorreguemos e o outro requer andar de joelhos para conseguir passar.
— Vamos pelo outro. Não temos como saber onde esse “escorregador” vai dar.
— Certo. – Respondo.
Íris entra no túnel primeiro. Assim que o pé dela alcança uma certa distância, eu me abaixo para entrar no túnel também. É aí que uma espécie de portão desce, impedindo a minha passagem e impedindo também a saída de Íris.
Ouço um barulho horrível se aproximando e vejo uma coisa rosada gelatinosa envolvendo o corpo de Íris e puxando-a mais para dentro do túnel, onde não há como eu buscá-la.
— Íris! – Grito.
— CHASE! – Ouço uma voz familiar. Viro para trás e dou de cara com E.D.
— E.D.? Como você veio parar aqui?!
— Eu te faço a mesma pergunta. Você não pertence a este lugar.
— E o que é este lugar?
Ouvimos o barulho da criatura. E.D. aponta para o túnel para baixo e pede para eu pular, que ele estará logo atrás. Não tenho muito tempo para pensar. Pulo e escorrego metros e metros para baixo, até que caio numa pilha de ossos.
— Que lugar é esse? A câmara secreta?! – Pergunto.
E.D. cai na pilha de ossos também. Estamos diante de um salão enorme, onde, ao fundo, há um trono gigante com um homem velho sentado.
— Aproxime-se, Davenport.
— Como você sabe o meu nome? Quem é você?
— Eu sou o imperador deste lugar onde você está.
— E que lugar é esse?
— Senhor, eu acredito que houve um engano. Chase não pertence aqui. – Diz E.D.
— Eu sei que ele não pertence, mas há uma guerra se aproximando e eu preciso dele do meu lado.
— Eu tenho que saber a quem eu estou me aliando, não? – Indago.
— Não seja por isso. Permita que eu me apresente. Eu sou Hades.
Engulo em seco. Agora sei o porquê de a floresta ser negra, porque o lago tinha água incrivelmente quente. Estou no inferno.


DIREÇÃO DE ARTE - MÁRCIO GABRIEL, FÉLIX E WALTER HUGO
ESCRITO POR - WALTER HUGO
REALIZAÇÃO - TV VIRTUAL
TODOS OS DIREITOS RESERVADOS.