Capítulo 19: Consequência
Nos capítulos anteriores...
Curiosa para saber o que continha no envelope, Soninha
Berenice não perdeu tempo, abriu o mesmo e se surpreendeu, nele continha uma
carta de Helena Gouveia, a ricaça que acabara de falecer em um misterioso
acidente, e um testamento. Ambos endereçados a ela.
–Como
pode depois de tantos anos essa mulher pode ter nos encontrado? Como ela teve
coragem de mandar isso para você? Maldita! –Exclamou Leda.
Encostada na limusine, usando um longo vestido
Armani, calçando Prada e carregando nos olhos óculos escuros. Helena espiou por
alguns minutos uma mulher que jantava em um restaurante classe baixa,
localizado no subúrbio Paulista. Ao lado de Dupré, a empresária estava certa de
que aquela era uma de suas netas perdidas.
–Tem
certeza senhora? –Indagou Dupré, espantado.
–Absoluta, essa é a Esther, a filha roubada do
meu menino...
O grande dia chegou e com a ajuda de Denise,
Dupré transformou Soninha em uma verdadeira imperatriz. Todos se perguntavam o
que aconteceria naquela noite que antecedia a véspera de natal, nos canais
televisivos o assunto era o evento beneficente. Aquele assunto havia parado
todo o mundo, como no dia da explosão que havia matado Helena.
–Você
está pronta? –Indagou Dupré. –Daqui a dois minutos, eu te chamarei para o
palco.
O mundo havia parado
com aquela revelação, Soninha estava intacta fitando todos com um olhar
incrivelmente idêntico ao olhar de soberania que fora muitas vezes utilizado
por Helena. Rachel e Silvana se fitavam constantemente, tentando entender o que
acontecia naquele momento. João Pedro se sentiu tão enganado, quanto o resto do
mundo, que resolveu esperar até o “espetáculo” acabar. A herdeira usava um
vestido Prada legítimo da cor vermelha para combinar com o batom da mesma cor,
que a deixava com muito poder. [...]
Em baixo do chuveiro,
Wagner e Pedro se amavam incondicionalmente. O que eles faziam, parecia tão
proibido e tão bonito, que a cada movimento, a vontade de continuar o ato se tornava
mais forte. Ambos exploravam seus corpos de uma maneira tão “suja” ao modo de
ver pela sociedade. O toque de ambas as mãos foi muito mais além do que
imaginavam. A água quente que caía do chuveiro, apenas contribuiu para tornar
tudo mais perfeito. E em um momento de transe, Wagner disse a Pedro,
silenciosamente:
–Eu te amo, espero que quando acordamos no dia
seguinte, você possa me perdoar.
Pedro calou a boca do amado com um beijo, que
continuou em sua cama e terminou no dia seguinte, quando ambos acordaram
entrelaçados um nos braços do outro, incrivelmente apaixonados, porém
incrivelmente assustados. Eles haviam acabado de experimentar o sexo proibido e
condenado pelas pessoas que faziam parte de suas vidas. Mas absolutamente nada,
poderia estragar aquele momento.
–Pedro eu
te amo, eu te amo! –Exclamou Wagner. –Eu sei que é errado e proibido o nosso
tipo de amor, mas eu não posso evitar. Me perdoa.
–Não diga
nada meu pequeno. –Pedro aproximou seus lábios dos de Wagner. –Eu tive o melhor
natal da minha vida.
–Pra ser
sincero, eu tinha até esquecido que o Natal acabou.
–Sim
acabou, mas o que nós temos está apenas começando.
–Desde a
primeira vez em que você me acolheu e me apoiou quando a minha avó morreu, eu
senti algo diferente, eu sabia que você era especial.
–Vamos
fazer valer a pena Wagner.
–Sim,
vamos meu amor.
Decidida a dar um
rumo em sua vida de uma vez por todas, Soninha foi atrás de João Pedro, para
ter certeza de que ele não estaria em seus planos futuros. Ao chegar ao hotel,
ela se deparou com o amado deixando o mesmo, carregando suas malas para o
porta-malas do táxi. Sem pensar duas vezes, Soninha desceu de seu carro e
tentou intervir na partida de João Pedro.
–Mais o que você está fazendo aqui? –Indagou
João Pedro. –Será que eu não deixei claro que está tudo acabado entre nós?
–Você
precisa me ouvir, eu... –Soninha foi interrompida pelo amado.
–Não
quero explicações Soninha, acabou! Eu não suporto mentiras, e você mentiu, você
mentiu para mim, isso destruiu os sentimentos que eu sentia por você.
Como havia acontecido na boate, Soninha e João
Pedro estavam cercados de pessoas, que acompanhavam a briga do casal, assim
como paparazzis que fotografavam a cena.
–Não é
possível que você não sinta mais nada por mim. –Soninha levou suas mãos até
seus cabelos, virou-se para trás e em seguida fitou João Pedro. –Eu te amo e
você não pode acabar com isso assim.
–Eu já
acabei. –Respondeu João Pedro, que em seguida entrou no táxi.
Soninha ficou incrédula e imóvel ao ver seu
amado partir, as lágrimas que escorriam de seus olhos caiam no chão. A partir
daquele momento, Soninha tinha mais certeza do que nunca de que João Pedro não
faria mais parte de seu futuro. Ela fugiu dos paparazzis e jornalistas e foi
para o salão de beleza, onde Dupré havia marcado uma hora, como a mesma havia
pedido.
–O que
iremos fazer dona Sônia? –Indagou a cabelereira.
–Me deixe
diferente, me deixe com cara de Sônia, por que Soninha Berenice não existe
mais. –Respondeu Soninha.
Os dias estavam passando muito rápido, faltava
pouco para o réveillon e Rachel estava disposta a fazer absolutamente qualquer
coisa para se livrar do marido e voltar para o palacete dos Gouveia, para
garantir sua fortuna no ano novo que estava chegando. Para tal coisa acontecer,
Rachel estava tendo um caso com o farmacêutico que cuidava dos remédios de
Joaquim.
–Você
precisa se apressar, logo meu marido está em casa! –Exclamou Rachel ao
farmacêutico, que vestia sua roupa após o sexo com a amante.
–Não se
preocupe Rachel. –Disse Magno.
A megera levantou da cama, beijou a nuca de
Magno e em seguida ajeitou o nó da gravata dele.
–Quanto
tempo você acha que deve demorar para os novos remédios fazerem efeito?
–Não
muito tempo, esses novos são muito mais fortes, creio que o organismo de seu
marido não vai aguentar por muito tempo.
–Eu
sempre tive medo da morte, mas parece que dessa vez ela está ao meu favor.
Tenho que admitir, é meio excitante esperar meu marido ter um ataque do
coração.
–Espero
que você lembre de mim quando seus planos derem certo.
–Oh disso
você não precisa se preocupar, claro que eu lembrarei.
–Bom
saber.
Alguns
dias depois...
Era o primeiro Réveillon de Sônia junto dos
Gouveia, e de acordo com Dupré, não poderia passar em branco de jeito nenhum.
Todos os milionários paulistanos comemoravam o ano novo no palacete dos
Gouveia, até Leda estava na festa. Rachel compareceu com Joaquim para manter a
aparência de esposa dedicada e Silvana esperava ansiosamente o filho e o amigo,
que mudaram de ideia e iriam passar o Réveillon na selva de pedra, já que
haviam passado o natal na cidade maravilhosa.
–Não é
engraçado estarmos nós duas aqui juntas depois de anos? Quem diria hein
Silvana... –Disse Rachel à sua prima.
–Dizem
que os fantasmas do passado sempre voltam para nos assombrar de um jeito ou de
outro. –Silvana não conseguiu se conter. –Acho que nosso último réveillon
juntas foi em Búzios, quando eu e o João Pedro éramos casados e o Wagner era
pequeno.
–Ainda
posso me lembrar do lindo vestido vermelho que a vovó usava naquele ano.
–A
vovó... É o primeiro réveillon sem ela, porém é o primeiro com a Sônia.
–Preferia
aturar a dona Helena.
De repente, todos foram interrompidos pela
beleza de Sônia, que havia clareado o cabelo e usava o tom louro claro natural.
A herdeira dos Gouveia vestia um belíssimo Armani exclusivo todo trabalhado com
pedras de diamantes nas laterais, para combinar com o colar que ela usava em
seu pescoço. Aquela mulher que descia as escadas possuía um glamour e uma
elegância incrivelmente fantásticos. Sônia não parecia mais a mesma pessoa.
Após a chegada de Wagner e Pedro, uma homenagem
a Helena começou a ser exibida no telão. Homenagem na qual emocionou todos e
minutos após a mesma acabar, o ponteiro do relógio já marcava meia-noite. 2009
finalmente acabava de começar.