quarta-feira, 4 de junho de 2014

Império Feminino: Capítulo 20

Capítulo 20: O começo



Nos capítulos anteriores...

Mais uma vez, a brasileira Helena Gouveia, surpreendeu o mundo com sua ousadia e petulância. Para a divulgação da nova marca de sua empresa, a mulher lançou um novo slogan acompanhado de um ensaio fotográfico do qual ela aparece no meio de homens, que aparentemente são subordinados a mesma. A luxúria acompanhada das lingeries não ficou de fora, trazendo modelos femininas com os seios amostra, vestindo apenas a peça de baixo das roupas íntimas. Sensualidade, ousadia e sexo definem o poder que a empresária deseja mostrar.

                                                                                    27 de abril de 1990”
Dezembro de 2008

O tempo passou, as rugas apareceram e a idade chegou, mas nada que plásticas e maquiagem não resolvessem. Ainda no poder e sendo servida por Dupré, Helena adotou duas meninas e um menino, do qual lhe deram netas. Duas primas completamente diferentes uma da outra, na pronúncia do nome e na personalidade. Silvana e Rachel, uma foi criada com a avó, teve tudo do bom e do melhor e se casou cinco vezes, a outra resolveu seguir a própria vida, cursando faculdade de moda, se tornando estilista internacional. A única coisa que ambas têm em comum, é a ausência dos pais, que morreram em um acidente de avião há muitos anos atrás. Prestes a completar sessenta e três anos, Helena foi convidada a comparecer há uma festa feita especialmente para ela, organizada por seus amigos influentes ao redor do mundo. O objetivo do evento é mostrar a nova geração de mulheres os feitos de Helena durante seus quase cinquenta anos de carreira.

De repente, todos foram interrompidos pela beleza de Sônia, que havia clareado o cabelo e usava o tom louro claro natural. A herdeira dos Gouveia vestia um belíssimo Armani exclusivo todo trabalhado com pedras de diamantes nas laterais, para combinar com o colar que ela usava em seu pescoço. Aquela mulher que descia as escadas possuía um glamour e uma elegância incrivelmente fantásticos. Sônia não parecia mais a mesma pessoa. 2009 finalmente acabava de começar. [...]

Dois meses já haviam se passado após a virada do ano e Sônia mudou muita coisa no império dos Gouveia. Em homenagem a Helena, uma estátua inspirada na mesma foi feita e introduzida na frente da Fábrica de Lingeries que agora se chamava “Império Feminino”. Dupré ocupava o carga do diretor no Império, enquanto Silvana cuidava dos lucros. Rachel ainda não exercia nenhum cargo, de acordo com ela, “ainda não era a hora”. E quem ocupava a cadeira de presidente, era Sônia.

Com certeza, ela é a nova Helena Gouveia.
Novamente Sônia surpreende, a fábrica já possui as lingeries mais vendidas do mercado internacional.
Ricaça foi vista com novo affair, será?

Rachel lia revistas, jornais e não gostava nada de ver sua prima como uma das “famosas” mais influentes no mundo. A megera mal esperava o dia para retornar ao palacete e ter o que era seu por direito, mas tudo isso só depois de Joaquim enfartar. Rachel desviou o olhar para o lado, onde o marido se encontrava, cego e imóvel, devido aos remédios fortes.

 –Você pode me ouvir querido? –Indagou Rachel, sorrindo.
 –Sim... –Respondeu Joaquim, que aparentava um estado crítico. –Rachel eu quero ver a minha mãe.
 –Era sobre sua mãe que eu queria falar. Mas acho que você não deve saber.
 –Do que você está falando?
 –Querido eu...
 –Por favor, fale Rachel.

O sorriso de Rachel aumentava cada vez mais, ela se continha para não dar uma gargalhada. A megera acariciou os cabelos de Joaquim e lembrou-se de quando, Vera, a mãe dele, havia ido visita-lo. Rachel inventou uma desculpa esfarrapada para a mulher, dizendo que o marido estava passando férias no sul do país.

 –Ontem à tarde eu liguei para a sua mãe, contei que você tinha se aposentado do trabalho por estar doente e que você precisa de pessoas que te amam ao seu redor. –Ela mentia tão bem, quanto uma atriz. –Querido eu prefiro não falar sobre isso.
 –Continue Rachel! –Exclamou Joaquim, que já se sentia mal. –Eu quero saber o que a minha mãe disse.
 –Ela disse que não ia vir, por que você sempre foi um estorvo na vida dela e que não faria diferença se suas condições de saúde atuais são graves.
 –Eu... Isso é mentira! Você está mentindo! É mentira!
 –Calma Joaquim, calma querido!

Rachel chamou a enfermeira particular que ela havia contratado para cuidar de Joaquim.

 –Rosa, tente acalmá-lo. –Pediu Rachel chorando dissimuladamente. –Eu não sei o que fazer.
 –O que aconteceu dona Rachel? –Indagou Rosa.
 –Ele começou a delirar loucamente... Oh Deus, faça meu marido melhorar, por favor.
 –Vou tentar acalmá-lo, mas a senhora também precisa se acalmar, saia um pouco. Você está dentro desse quarto com ele há dias.
 –Você é um doce Rosa.
 –A senhora é que é tão dedicada ao marido.
 –Eu o amo...

Satisfeita com a encenação, Rachel pegou o celular e ligou para Magno e ordenou que ele a encontrasse no Motel Las Flores, próximo a Marginal Tietê. Para despistar o motorista, ela pediu que ele o levasse até o shopping e de lá, ela o dispensou. Após a dispensá-lo, Rachel pegou um táxi com destino ao motel. Magno já a esperava.

 –Desculpe a demora Magno, é que eu tive que dar um jeito no meu motorista. –Disse Rachel, acariciando o rosto do farmacêutico. –Você trouxe o que eu pedi?
 –Trouxe sim... Mas por que aumentar a dosagem? Isso vai mata-lo mais rápido, e você disse que quer uma morte lenta. –Indagou Magno.
 –Mudei meus planos, amanhã eu e o Joaquim nos mudaremos para o palacete dos Gouveia. Vou ser a viúva solitária lá.
 –Os seus planos me assustam, sabia?
 –Não tenha medo.

Em um puxão forte, Rachel rasgou a camisa social azul de Magno, deixando à mostra o corpo malhado de seu amante. Ela ficou de joelhos, tirou o cinto dele e em seguida a calça, deixando-o apenas de cueca. Rachel algemou o amante na cama e amarrou um lenço bem apertado em seu pescoço, para deixa-lo com dificuldade de respirar. De acordo com ela, o sadomasoquismo é essencial.
Sônia e Wagner haviam criado uma amizade incrivelmente bonita. Ambos eram como mãe e filho, só que de uma maneira muito mais divertida. Sônia estava saindo de uma coletiva de imprensa, e seu destino seguinte seria uma lanchonete, onde ela abandonaria as regalias, para apreciar um delicioso hambúrguer com Wagner e Pedro.

 –Para onde dona Sônia? –Indagou o motorista.
 –Vá para casa, eu vou pegar um táxi. –Respondeu Sônia, sorrindo. –Hoje eu deixo de ser essa durona Sônia Gouveia, para me tornar Soninha Berenice.
 –Como a senhora quiser.

Durante o percurso até a lanchonete, Sônia olhava através do vidro da janela casais apaixonados andando de mãos dadas pelas ruas de São Paulo. Ver aqueles casais a fez lembrar de João Pedro, mas uma lembrança recente com Lúcio, seu atual namorado, invadiu sua mente, espantando os fantasmas do passado.

 –Chegamos senhora. –Disse o taxista.

Sônia pagou a corrida e desceu do táxi. A lanchonete possuía muitos vidros, então era possível ver quem estava lá dentro. Wagner e Pedro já haviam chegado. Sônia fitou ambos por alguns instantes antes de entrar e percebeu que algo mais que “amizade” os unia. Mas ela resolveu deixar aquela dúvida para outro dia e finalmente entrou, esbanjando simpatia.

 –Estou muito atrasada meus queridos? –Indagou Sônia, sorrindo como de praxe.
 –Só vinte minutos tia. –Respondeu Wagner, gargalhando. –Mas nem precisa se explicar, nós sabemos da sua vida corrida.
 –O que importa é a sua presença dona Sônia, nem ligamos muito para os atrasos. –Completou Pedro.
 –Tenho que agradecer aos céus por ter dois sobrinhos que entendem a minha vida corrida. Mas vocês já pediram?
 –Não, esperávamos por você. –Respondeu Pedro.
 –Pois então vamos pedir, aquela coletiva de imprensa esgotou o meu estômago.
 –Soninha você está ficando igual à mãe do Pedro, vive em coletivas de imprensa.
 –Pois é Wagner, estou idêntica a Denise.

Após lanchar com Pedro e Wagner, Sônia pegou um táxi com destino ao Museu do Ipiranga, aonde marcou de se encontrar com Lúcio. Novamente ao olhar através da janela do táxi, Sônia se deparou com casais apaixonados, que lhe trouxe João Pedro a sua mente. Mas chegar ao museu, a fez ocupar a mente em procurar Lúcio.

 –Aonde você está? –Indagou Sônia, falando no celular com o namorado.
 –Bem atrás de você. –Respondeu Lúcio.

Lúcio agarrou Sônia por trás e a roubou um beijo apaixonante. O casal foi clicado por paparazzis que estavam escondidos no museu, mas nem isso fez estragar aquele momento perfeito que os dois estavam vivendo.

 –Eu te adoro Sônia, você não imagina o quanto. –Disse Lúcio, caminhando de mãos dadas com a amada.
 –Também te adoro. –Respondeu Sônia, sorrindo.

Após andar mais uns passos à frente, Sônia olhou para sua esquerda e se surpreendeu completamente, João Pedro e Silvana também estavam no museu do Ipiranga, e aparentemente namorando, já que andavam de mãos dadas.

 –Eu não acredito. –Disse Sônia a si mesma, incrédula.