segunda-feira, 5 de maio de 2014

Capítulo 7- Império Feminino


Capítulo 7: A nova herdeira!

Nos capítulos anteriores...

Encostada na limusine, usando um longo vestido Armani, calçando Prada e carregando nos olhos óculos escuros. Helena espiou por alguns minutos uma mulher que jantava em um restaurante classe baixa, localizado no subúrbio Paulista. Ao lado de Dupré, a empresária estava certa de que aquela era uma de suas netas perdidas.

 –Tem certeza senhora? –Indagou Dupré, espantado.
 –Absoluta, essa é a Esther, a filha roubada do meu menino... Escreva no seu caderninho de anotações o slogan que você verá frequentemente nos noticiários, “Do subúrbio ao paraíso, Esther Gouveia retorna as origens!”.

Curiosa para saber o que continha no envelope, Soninha Berenice não perdeu tempo, abriu o mesmo e se surpreendeu, nele continha uma carta de Helena Gouveia, a ricaça que acabara de falecer em um misterioso acidente, e um testamento.

 –A senhora está bem? –Indagou Soninha.
 –Como pode depois de tantos anos essa mulher pode ter nos encontrado? Como ela teve coragem de mandar isso para você? Maldita! –Exclamou Leda. –Nem depois de morta me deu sossego.
 –Me dá um tempo... –Soninha saiu pela porta de casa em direção ao ponto do ônibus.
 –Aonde você vai?
 –Eu vou descobrir quem eu sou realmente.

Durante a espera pelo ônibus, a jovem discou em seu aparelho celular os números fornecidos no testamento. Um homem com sotaque francês atendeu, era Dupré, o mordomo de Helena.

–Soninha? –Indagou Dupré, chegando por detrás da moça. –Sou François Dupré.
 –Oi... –Respondeu Soninha, assustada. –O sotaque francês é o mesmo do telefone...
 –Sei que está assustada, mas vou responder tudo o que você perguntar, prometi a minha patroa que iria ajudar você, caso ela não estivesse mais entre nós. [...]

Sentada em sua poltrona de couro irlandês, e tomando chá inglês, Sueli estava certa de que havia uma parte do quebra-cabeça que estava faltando. Na noite passada, a delegada havia ordenado aos seus investigadores que lhe trouxessem uma papelada com todos os registros dos integrantes da família Gouveia. Ela passou a madrugada lendo a papelada trazida pelos investigadores. No amanhecer de hoje, Sueli escreveu um relatório e pediu um mandado de busca a juíza Luciana que lhe concedeu, ao paradeiro de Esther Gouveia, a neta desaparecida de Helena.

 –Como eu não pensei nisso antes Moreira? –Indagou Sueli, tomando o chá. –Essa mulher pode ter sido a mandante do crime.
 –Ou pode estar morta... –Respondeu Moreira. –Nessa papelada que a senhora leu, também diz que a dona Helena e o senhor Dupré buscaram por anos a herdeira desaparecida dos Gouveia.
 –Independente de tudo eu encontrarei essa mulher e a investigarei. Você não acha estranho a dona Helena e o Dupré não terem pedido ajuda à polícia para encontrar a menina na época?
 –Sim, mas não me surpreendo. A dona Helena tinha uma personalidade forte e um autoconvencimento notável, talvez ela quisesse encontrar a menina sem a ajuda da polícia para aumentar seu ego.
 –Faz sentido.

Após diversas especulações dentro da delegacia, Sueli saiu do ambiente, entrou em seu carro vestindo um terninho azul marinho e dirigiu até a casa dos Gouveia, a fim de interrogar Dupré sobre o desaparecimento de Esther Gouveia e a procura de seu paradeiro realizada há anos atrás. Novamente os pombos foram expulsos da rua, pelo carro top de linha da delegada esforçada. Sueli desceu do veículo, se identificou com os seguranças na entrada da mansão e foi levada até a sala de visitas, onde Dupré a esperava ansiosamente.

 –Ah que lhe devo a honra minha querida? –Indagou François Dupré encarando a delegada.
 –Eu vim interroga-lo. –Respondeu Sueli.
 –Imagino que seja a respeito da morte de minha patroa... Eu acho que vocês deveriam deixar essas interrogações de lado, lembrar de um ente querido que não está mais entre nós é um caso muito delicado.
 –Imaginou errado senhor Dupré, estou aqui para interroga-lo a respeito do desaparecimento de Esther Gouveia.

Os olhos de Dupré duplicaram no tamanho, enquanto a satisfação tomava forma no ego de Sueli.

 –Esse processo já foi arquivado há anos. –Disse Dupré, engolindo a seco o veneno de Sueli. –Pra que desenterrar o passado?
 –Acontece que o passado está ligado ao presente e pela sua reação, está mais ligado do que eu pensava. –Respondeu Sueli, franzindo a testa. –Onde está Esther Gouveia?
 –Eu e a dona Helena a procuramos durante anos, mas não tivemos sucesso nas buscas.
 –E por que não pediram ajuda a polícia?
 –Por que assim que ela desapareceu a polícia não conseguiu encontra-la. Pra que pediríamos ajuda a incompetentes se podíamos usar todos os recursos que o dinheiro nos oferecia? É questão de lógica, minha cara.
 –Tem algo que não bate nessa história e é melhor você me contar.
 –Suponho que seja imaginação e cisma sua, minha querida. Não há mais nada a ser dito.
 –Dupré isso não é um jogo! A sua patroa morreu em uma explosão criminal do qual estamos tentando encontrar o mandante do crime, se essa Esther estiver viva, ela pode ser uma suspeita bastante óbvia.
 –Continue...
 –Os seres humanos esquecidos e humilhados fazem qualquer coisa por vingança. Talvez essa menina tenha se vingado da dona Helena, implantando aquela bomba no palco.
 –Eu duvido.
 –Como você pode ter tanta certeza assim se nem ao menos sabe se ela está viva?
 –Não sei, só tenho.
 –Espero que você não esteja brincando com a polícia.
 –E eu espero que a senhora saia pela porta desta mansão e não retorne, ah não ser que tenha um mandato do juiz que permita a sua entrada aqui.
 –Do jeito que você fala, parece até que algum segredo se mantém no alicerce dessa família.
 –Agradeço a sua visita, e fique sabendo que tomarei medidas drásticas para a senhora não voltar aqui.

Após a saída de Sueli, Dupré limpou a testa suada com um lenço, pegou o celular no bolso esquerdo e discou os números do celular de Soninha, com quem marcou um encontro no Parque do Ibirapuera naquela mesma tarde. Ambos compareceram ao compromisso, e Dupré foi breve no que quis dizer a respeito a Soninha e Sueli.

 –Por que marcou esse encontro? –Indagou Soninha.
 –Por que eu quero que seja breve em sua decisão. Preciso de uma posição logo. –Respondeu Dupré.
 –Mas você me disse que eu tinha até depois do Natal para decidir...
 –Os tempos eram outros, Soninha. Hoje aquela maldita delegada foi na mansão me interrogar a respeito do seu desaparecimento, não posso correr o risco de ela encontrar você. Você é quem deve encontrar ela e todo o mundo, com a sua chocante revelação.
 –E se eu não quiser ser uma Gouveia?
 –Sugiro que vá para o mais longe possível de nós.
 –Há alguns dias eu já tinha tomado a minha decisão.
 –E o que foi que decidiu?
 –Eu vou assumir a minha identidade de herdeira dos Gouveia.
 –Garanto que não se arrependerá.
 –Mas tem uma condição...
 –Qual?
 –Não posso deixar a minha mãe sozinha, por mais que ela tenha me tirado de vocês, eu a amo.
 –Já imaginei que pediria isso... Posso dar um apartamento a ela e uma mesada todo o mês para que sobreviva bem.
 –Na verdade eu queria que ela morasse conosco na mansão.
 –Isso já é pedir demais. Essa mulher era a melhor amiga da minha patroa e a traiu, de jeito nenhum vou coloca-la em baixo do mesmo teto que a dona Helena viveu.
 –Tudo bem, eu entendo, mas e quanto o apartamento?
 –Farei.
 –Quando eu vou me revelar uma das herdeiras da dona Helena?
 –No evento de caridade anual natalino da fábrica. O mesmo é exibido mundialmente e a sua avó queria que a sua volta fosse estrondosa e polêmica. Iremos fazer a vontade dela.
 –E quanto a essa delegada?
 –Você terá de poupar saídas por um tempo, pelo menos até todos saberem quem você é. Não podemos correr o risco da Sueli descobrir que você é a neta desaparecida de Helena.
 –Obrigada por tudo Dupré.
 –Agradeça não decepcionando a sua avó.

Deitado sobre sua cama, Pedro sentiu seu celular vibrar no bolso, ao pegá-lo havia uma nova mensagem de Wagner que dizia: “Me encontre na frente de sua casa, estou lhe esperando.” O rapaz trocou de roupa, penteou os cabelos, escovou os dentes, espirrou perfume na nuca e foi encontrar Wagner.

 –Por que demorou tanto? –Indagou Wagner, sorrindo. 
 –Eu estava trocando de roupa. –Respondeu Pedro, correspondendo o sorriso. –Mas a que lhe devo a honra loirinho?
 –Falei com a minha mãe sobre a viagem ao Rio no Natal.
 –E ela?
 –Disse que era pra você me dizer quando viajaremos e se iremos precisar de alguma coisa.
 –Então quer dizer que...
 –Vou com você, cara.
 –Sabia que não me diria não.
 –Estou curioso para conhecer seus pais, eles estão?
 –Não. Pai e mãe estão em uma segunda lua de mel, só voltam amanhã.
 –Pedro?
 –Diga.
 –Você tem o hábito de convidar pessoas desconhecidas para viajar com você?
 –Sinta-se único, você é o primeiro Wagner.