sexta-feira, 2 de maio de 2014

Alta Tensão - Capítulo 31




PENÚLTIMO CAPÍTULO

     Alessandra abre os olhos e se levanta rapidamente na cama. Enxerga pouco nitidamente a imagem de Ugo remexendo nos armários no quarto.
     — Tá fazendo o quê aí, italiano devasso? — Alessandra passa as mãos nos olhos — volta aqui pra cama, vai?
     Ugo olha para a amante com uma expressão de pavor.
     — Mio amore... Cérebro... — as palavras saem da boca de Ugo com dificuldade. — Il celulare de Vanessa não está mais aqui. Alessandra, nós estamos perdidos!
     Perplexa, Alessandra sai da cama. Completamente nua, ela remexe a gaveta da mesinha de cabeceira até achar um revólver.
     — Estamos perdidos? Sua anta filha da puta! — Alessandra desfere uma coronhada na cabeça do amante. Ugo cai no chão.
     — Io non sei como questo celulare foi sumir daqui. Acalma-te, per favore!
     Ofegante, Alessandra vira de costas, pega o roupão e o veste. Pensativa, ela bebe um pouco de água, retirada do frigobar do quarto.
     — Eu sei quem foi. — diz ela. — Zuleide.
     — A empregada?
     — Aquela passa fome deve ter pego o celular quando estava arrumando as nossas malas. Vadia! — ela dá alguns passos e põe o pé na barriga de Ugo. — Levanta. A gente tem que resolver essa sua burrada. E depois de matar essa crente idiota, a gente se manda daqui desse país. Ouviu bem?
     — M- matar? — Ugo engole a seco.
     — Você vai matar a Irmã Zuleide. Dependendo do que havia no celular da putinha da Vanessa, talvez ela saiba demais. E eu quero a porcaria daquele celular aqui naminh mão, Ok?
     Alessandra tira o pé de cima do amante, lambe o cano do revólver e sai do quarto.
***
     Fidel, Ingrid e Alex saem aflitos do apartamento, deixando Analú e Inês assustadas.
     — Ingrid, minha filha, o que houve? — pergunta Inês.
     — A gente vai ter que sair, D. Inês. E por favor, não abram a porta pra ninguém até a gente chegar.
     Analú e Inês se entreolham, encafifadas.
***
     Alex, Ingrid e Fidel chegam à casa de Irmã Zuleide. É uma residência um tanto humilde, mas de aparência organizada. Ingrid toca a campainha e logo após algum tempo  Zuleide vem atender.
     — Eu não fiz nada, vou logo avisando, jovens. — diz Zuleide, assustada com a visita. Ela abre o portão.
     — A gente pode entrar, Zuleide? — Fidel pergunta.
     Na sala de Zuleide, a irmã serve cafezinho enquanto Ingrid tenta arrancar algumas informações.
     — Zuleide, enquanto você trabalhou na mansão, sentiu alguma coisa suspeita entre aqueles dois?
     — Sim... Os dois passavam o dia todo se esfregando. Aquela Dona Alessandra tem um fogo que, meu pai amado!
     — Por favor, senhora — diz Alex — o que a Ingrid está tentando dizer é se você não percebeu nada de criminoso, alguma conversa, qualquer coisa?
     — Gente, vamos embora. A Zuleide, coitada , não fez nem a quarta série e o cérebro dela não está desenvolvido pra esse tipo de assunto. — diz Fidel.
     Zuleide tenta começar uma discussão, mas Ingrid e Alex intervêm.
     — O melhor mesmo é procurar a polícia e entregar esse celular. Alessandra e Ugo precisam pagar por tudo o que fizeram.
     Do lado de fora da casa de Irmã Zuleide, um carro vermelho é estacionado. Ugo e Alessandra observam a movimentação. Irmã Zuleide está se despedindo da visita.
     — Ela já entregou o celular pra bastarda cata lixo da Ingrid. Tá vendo o que deu sua burrice, sua anta? Ugo, eu deveria te matar!   — exclama Alessandra.
     — Calma, mio amoré! Io posso resolver questo problema. — Ugo liga o carro novamente.
     — Para onde estamos indo?
     — Para o apartamento da favelada.
***
     Analú ouve o som da campainha. Inês assiste à televisão.
     — Será que eu devo atender?
     — A Ingrid falou que não. — diz Inês.
     — Pode ser o Victório. — ela olha no olho mágico. Um tiro é desferido na fechadura e a porta abre em consequência. — SOCORRO!
     Ugo segura Analú e tapa sua boca. Ele aponta um revólver para Inês e diz:
     — Diga para a favelada da Ingrid que a vida dessa garota está em risco. Se ela entregar o celular a polícia, Analú morre!
(ESPAÇO PARA A ABERTURA)
Música: Lady Gaga – Paparazzi.
     Estava em todos jornais, revistas e bombando em sites de fofocas desde o dia anterior as fotos e vídeos de Laura Ventura, a atriz italiana que agredira um paparazzo em sua chegada ao Brasil.
     Calebe, o paparazzo agredido, foi chamado à sede da revista Flash de Fortaleza para um depoimento.
     — Queremos que desabafe, Calebe! Laura Ventura é uma daquelas pessoas que a medida em que conseguem holofotes em seu rosto perde a humildade. Nunca, durante toda a sua carreira, ela pousou nem que fosse para uma foto para a Flash. — disse Gisela Saboya, pousando de diretora-chefe da revista. — Essa é a hora da vingança. Acabemos com ela.
     Calebe fica sem palavras. O choque de ser não mais um simples paparazzo naquela grande revista, e sim alguém que pode dar uma grande matéria, lhe causa arrepios.
     — Eu aceito. — diz ele, estendendo a mão para Gisela.
     Gisela vira de costas e responde em tom seco, deixando o aperto de mãos no vácuo:
     — Já acionei os melhores advogados da revista. Laura Ventura terá de lhe pagar uma indenização pançuda pela humilhação que passou. — sorri maliciosamente.
***
     Ingrid, Fidel e Alex estacionam o carro próximo a delegacia e descem do veículo. Antes de adentrarem no local o celular de Ingrid toca.
     — Ingrid, diva, é melhor desligar o celular. Os bonitões da polícia não curtem ser interrompidos. — diz Fidel.
     — Eu já ia desligar, mas é a D. Inês. Pode ser algo importante.
     — Atende! — diz Alex.
     Ingrid atende e escuta Inês do outro lado da linha que, aos prantos, tenta explicar o acontecido há poucos minutos.
     — (em off) Ingrid, me ajuda, me ajuda!
     — O que houve?
     — Aquele rapaz italiano esteve aqui,apontou uma arma para nós e levou a Analú!
     — O Ugo? Quem? A Analú!?
     Alex e Fidel se assustam. Ingrid para de caminhar para a delegacia e olha para os rapazes.
     — Ingrid, por favor, o que aconteceu com a minha filha? — Fidel pergunta.
     — Diz logo, Ingrid!
     — O Ugo passou no nosso apartamento, ameaçou a Analú e a D. Inês com uma arma... e levou a Analú como refém. — Ingrid tenta se recompor; todos estão chocados – Ele quer o celular da Vanessa!
***
     Estamos em um galpão abandonado. Ugo joga Analú no chão. A moça está amordaçada e com os braços e pernas amarrados. Alessandra aparece.
     — Hum, garotinha... Que bom que deu tudo certo. — diz Alessandra — Se seu papaizinho Fidel e a cata lixo da Ingrid forem pessoas boazinhas você pode ter sua vidinha salva, ok?
     Analú geme, temendo que Alessandra e Ugo façam alguma coisa com ela. As lágrimas descem pelo seu rosto.
     — Para com isso! — Alessandra acerta um tapa no rosto de Analú — Aff, que coisa mais chata! Fica calada na tua senão eu estouro os teus miolos agora.
     Ugo abraça Alessandra por trás e pergunta:
     — Alguma novidade?
     — Vamos embarcar para a França mais tarde. De jatinho. Paguei uma boa grana para um piloto nos levar até lá.
     — Nós vamos levá-la? — Ugo aponta para Analú, que se calou devido a ameaça.
     — Se ela se comportar como uma menina boazinha — Alessandra segura o queixo da moça — talvez eu a leve para a França. Ou... a jogue de cima do jatinho. Que tal? Seria uma queda linda!
***
Música: Miley Cyrus – Adore You.
     Anoitece. Bruno Valente decide procurar Ingrid, mesmo ela estando de casamento marcado com outro homem. No apartamento, Fidel, Inês e Alex rezam por Analú enquanto Ingrid e Vitório esperam por uma possível ligação de Ugo. A campainha do apartamento toca.
     — Deixe-me atender. — diz Vitório.
     Vitório abre a porta e se depara com Bruno. O jovem paparazzo traz um ramalhete de flores.
     — Posso falar com a Ingrid?
     — Não é uma boa hora. Por favor, vá embora. — diz Vitório — e estamos de casamento marcado, se você não sabe.
     Bruno dá as costas, mas Ingrid aparece na porta, surpreendendo o noivo.
     Bruno e Ingrid se entreolham.