PENÚLTIMO CAPÍTULO
Alessandra abre os olhos e se levanta
rapidamente na cama. Enxerga pouco nitidamente a imagem de Ugo remexendo nos
armários no quarto.
— Tá fazendo o quê aí, italiano devasso? —
Alessandra passa as mãos nos olhos — volta aqui pra cama, vai?
Ugo olha para a amante com uma expressão de
pavor.
— Mio amore... Cérebro... — as palavras
saem da boca de Ugo com dificuldade. — Il celulare de Vanessa não está mais
aqui. Alessandra, nós estamos perdidos!
Perplexa, Alessandra sai da cama. Completamente
nua, ela remexe a gaveta da mesinha de cabeceira até achar um revólver.
— Estamos perdidos? Sua anta filha da puta!
— Alessandra desfere uma coronhada na cabeça do amante. Ugo cai no chão.
— Io non sei como questo celulare foi sumir
daqui. Acalma-te, per favore!
Ofegante, Alessandra vira de costas, pega o
roupão e o veste. Pensativa, ela bebe um pouco de água, retirada do frigobar do
quarto.
— Eu sei quem foi. — diz ela. — Zuleide.
— A empregada?
— Aquela passa fome deve ter pego o celular
quando estava arrumando as nossas malas. Vadia! — ela dá alguns passos e põe o
pé na barriga de Ugo. — Levanta. A gente tem que resolver essa sua burrada. E
depois de matar essa crente idiota, a gente se manda daqui desse país. Ouviu
bem?
— M- matar? — Ugo engole a seco.
— Você
vai matar a Irmã Zuleide. Dependendo do que havia no celular da putinha da
Vanessa, talvez ela saiba demais. E eu quero a porcaria daquele celular aqui
naminh mão, Ok?
Alessandra tira o pé de cima do amante,
lambe o cano do revólver e sai do quarto.
***
Fidel, Ingrid e Alex saem aflitos do
apartamento, deixando Analú e Inês assustadas.
— Ingrid, minha filha, o que houve? —
pergunta Inês.
— A gente vai ter que sair, D. Inês. E por
favor, não abram a porta pra ninguém até a gente chegar.
Analú e Inês se entreolham, encafifadas.
***
Alex, Ingrid e Fidel chegam à casa de Irmã
Zuleide. É uma residência um tanto humilde, mas de aparência organizada. Ingrid
toca a campainha e logo após algum tempo
Zuleide vem atender.
— Eu não fiz nada, vou logo avisando,
jovens. — diz Zuleide, assustada com a visita. Ela abre o portão.
— A gente pode entrar, Zuleide? — Fidel
pergunta.
Na sala de Zuleide, a irmã serve cafezinho
enquanto Ingrid tenta arrancar algumas informações.
— Zuleide, enquanto você trabalhou na
mansão, sentiu alguma coisa suspeita entre aqueles dois?
— Sim... Os dois passavam o dia todo se
esfregando. Aquela Dona Alessandra tem um fogo que, meu pai amado!
— Por favor, senhora — diz Alex — o que a
Ingrid está tentando dizer é se você não percebeu nada de criminoso, alguma
conversa, qualquer coisa?
— Gente, vamos embora. A Zuleide, coitada ,
não fez nem a quarta série e o cérebro dela não está desenvolvido pra esse tipo
de assunto. — diz Fidel.
Zuleide tenta começar uma discussão, mas
Ingrid e Alex intervêm.
— O melhor mesmo é procurar a polícia e
entregar esse celular. Alessandra e Ugo precisam pagar por tudo o que fizeram.
Do lado de fora da casa de Irmã Zuleide, um
carro vermelho é estacionado. Ugo e Alessandra observam a movimentação. Irmã
Zuleide está se despedindo da visita.
— Ela já entregou o celular pra bastarda
cata lixo da Ingrid. Tá vendo o que deu sua burrice, sua anta? Ugo, eu deveria
te matar! — exclama Alessandra.
— Calma, mio amoré! Io posso resolver
questo problema. — Ugo liga o carro novamente.
— Para onde estamos indo?
— Para o apartamento da favelada.
***
Analú ouve o som da campainha. Inês assiste
à televisão.
— Será que eu devo atender?
— A Ingrid falou que não. — diz Inês.
— Pode ser o Victório. — ela olha no olho
mágico. Um tiro é desferido na fechadura e a porta abre em consequência. —
SOCORRO!
Ugo segura Analú e tapa sua boca. Ele
aponta um revólver para Inês e diz:
— Diga para a favelada da Ingrid que a vida
dessa garota está em risco. Se ela entregar o celular a polícia, Analú morre!
(ESPAÇO PARA A ABERTURA)
Música: Lady Gaga – Paparazzi.
Estava em todos jornais, revistas e bombando em sites de fofocas
desde o dia anterior as fotos e vídeos de Laura Ventura, a atriz italiana que
agredira um paparazzo em sua chegada ao Brasil.
Calebe, o paparazzo agredido, foi chamado à
sede da revista Flash de Fortaleza para um depoimento.
— Queremos que desabafe, Calebe! Laura
Ventura é uma daquelas pessoas que a medida em que conseguem holofotes em seu
rosto perde a humildade. Nunca, durante toda a sua carreira, ela pousou nem que
fosse para uma foto para a Flash. — disse Gisela Saboya, pousando de
diretora-chefe da revista. — Essa é a hora da vingança. Acabemos com ela.
Calebe fica sem palavras. O choque de ser
não mais um simples paparazzo naquela grande revista, e sim alguém que pode dar
uma grande matéria, lhe causa arrepios.
— Eu aceito. — diz ele, estendendo a mão
para Gisela.
Gisela vira de costas e responde em tom
seco, deixando o aperto de mãos no vácuo:
— Já acionei os melhores advogados da
revista. Laura Ventura terá de lhe pagar uma indenização pançuda pela
humilhação que passou. — sorri maliciosamente.
***
Ingrid, Fidel e Alex estacionam o carro
próximo a delegacia e descem do veículo. Antes de adentrarem no local o celular
de Ingrid toca.
— Ingrid, diva, é melhor desligar o
celular. Os bonitões da polícia não curtem ser interrompidos. — diz Fidel.
— Eu já ia desligar, mas é a D. Inês. Pode
ser algo importante.
— Atende! — diz Alex.
Ingrid atende e escuta Inês do outro lado
da linha que, aos prantos, tenta explicar o acontecido há poucos minutos.
— (em off) Ingrid, me ajuda, me ajuda!
— O que houve?
— Aquele
rapaz italiano esteve aqui,apontou uma arma para nós e levou a Analú!
— O Ugo? Quem? A Analú!?
Alex e Fidel se assustam. Ingrid para de
caminhar para a delegacia e olha para os rapazes.
— Ingrid, por favor, o que aconteceu com a
minha filha? — Fidel pergunta.
— Diz logo, Ingrid!
— O Ugo passou no nosso apartamento,
ameaçou a Analú e a D. Inês com uma arma... e levou a Analú como refém. —
Ingrid tenta se recompor; todos estão chocados – Ele quer o celular da Vanessa!
***
Estamos em um galpão abandonado. Ugo joga
Analú no chão. A moça está amordaçada e com os braços e pernas amarrados.
Alessandra aparece.
—
Hum, garotinha... Que bom que deu tudo certo. — diz Alessandra — Se seu
papaizinho Fidel e a cata lixo da Ingrid forem pessoas boazinhas você pode ter
sua vidinha salva, ok?
Analú
geme, temendo que Alessandra e Ugo façam alguma coisa com ela. As lágrimas
descem pelo seu rosto.
—
Para com isso! — Alessandra acerta um tapa no rosto de Analú — Aff, que coisa
mais chata! Fica calada na tua senão eu estouro os teus miolos agora.
Ugo
abraça Alessandra por trás e pergunta:
—
Alguma novidade?
—
Vamos embarcar para a França mais tarde. De jatinho. Paguei uma boa grana para
um piloto nos levar até lá.
—
Nós vamos levá-la? — Ugo aponta para Analú, que se calou devido a ameaça.
—
Se ela se comportar como uma menina boazinha — Alessandra segura o queixo da
moça — talvez eu a leve para a França. Ou... a jogue de cima do jatinho. Que
tal? Seria uma queda linda!
***
Música: Miley Cyrus – Adore You.
Anoitece. Bruno Valente decide procurar Ingrid, mesmo ela
estando de casamento marcado com outro homem. No apartamento, Fidel, Inês e
Alex rezam por Analú enquanto Ingrid e Vitório esperam por uma possível ligação
de Ugo. A campainha do apartamento toca.
— Deixe-me atender. — diz Vitório.
Vitório abre a porta e se depara com Bruno.
O jovem paparazzo traz um ramalhete de flores.
— Posso falar com a Ingrid?
— Não é uma boa hora. Por favor, vá embora.
— diz Vitório — e estamos de casamento marcado, se você não sabe.
Bruno dá as costas, mas Ingrid aparece na
porta, surpreendendo o noivo.
Bruno e Ingrid se entreolham.