Capítulo 5: Do subúrbio ao paraíso, Soninha Berenice da Silva retorna às origens! (Parte2)
Nos capítulos anteriores...
Horas antes da explosão...
Dupré foi
cumprimentar alguns amigos e Helena se afastou... Ao entrar no banheiro
feminino para retocar a maquiagem, a empresária sentiu a presença de mais
alguém lá dentro. Helena virou de costas e se surpreendeu, o passado parecia
ter voltado para assombrá-la novamente. Rapidamente, a empresária tentou correr
para a saída, mas a pessoa que estava com ela no banheiro a segurou os braços.
–Não tão rápido, rainha. –O ódio poderia ser
visto nos olhos daquele alguém.
–O que você quer? –Indagou Helena. –Eu já
disse que não temos mais nada em comum.
–Saiba que se você sair por essa porta, tudo
estará acabado, as consequências do passado a matará Helena!
Do lado mais claro da
Selva de Pedra... Rachel sentada em seu sofá de couro trazido do Japão, estava
esperando os policiais chegarem para interrogarem-na.
–Você vai se envolver
com os Gouveia depois da morte da sua avó, querida? –Indagou Joaquim,
acariciando o rosto de Rachel.
–Não sei, temos nossa vida... Só quero
responder essas malditas perguntas e me ver livre de uma vez por todas dessa
família. –Respondeu Rachel.
Curiosa para saber o
que continha no envelope, Soninha Berenice não perdeu tempo, abriu o mesmo e se
surpreendeu, nele continha uma carta de Helena Gouveia, a ricaça que acabara de
falecer em um misterioso acidente, e um testamento. Ambos endereçados a ela.
–Como pode depois de
tantos anos essa mulher pode ter nos encontrado? Como ela teve coragem de
mandar isso para você? Maldita! –Exclamou Leda. [...]
Boquiaberta com todo
o acontecido, Soninha Berenice não conseguiu encarar a mãe e muito menos olhar
seu reflexo no espelho. Que espécie de vida ela estaria vivendo? Uma mentira?
Perguntas como estas brotavam nos pensamentos de Soninha, tentando encontrar um
verdadeiro significado para todo o acontecido. No testamento dizia que seu
lugar era junto da família Gouveia, no palacete, para governar ao lado de suas
primas a fábrica de lingeries e poder usufruir de sua fortuna. No fim do
testamento, um número de celular e um nome estavam escritos. Era para ela
procurar o homem especificado caso houvesse alguma dúvida.
–Querida... Venha cá. –Disse Leda, chorando.
–Mamãe te ama.
–Eu quero ficar sozinha. Não são todos os dias
que você se descobre neta de uma ricaça. –Respondeu Soninha a mãe. –Eu só não
consigo entender o porquê disso tudo.
–Pode me perguntar qualquer coisa querida, eu
te explico! Não tenha medo.
–Não sei se posso confiar na senhora.
–Como pode dizer uma coisa dessas? Eu sou a
sua mãe!
–Minha mãe? Mães não sequestram seus filhos,
elas dão à luz a eles.
–Eu sei que é tudo muito difícil para você
entender, mas...
–Me dá um tempo... –Soninha saiu pela porta de
casa em direção ao ponto do ônibus.
–Aonde você vai?
–Eu vou descobrir quem eu sou realmente.
Durante a espera pelo
ônibus, a jovem discou em seu aparelho celular os números fornecidos no
testamento. Um homem com sotaque francês atendeu, era Dupré, o mordomo de
Helena. Soninha contou a ele que sabia de toda a verdade e que seu número de
celular e seu nome estavam no testamento, caso ela precisasse de respostas.
Ambos marcaram um encontro em uma lanchonete próxima à casa de Soninha, para
que pudesse haver explicação de todo o acontecido.
–Soninha? –Indagou Dupré, chegando por detrás
da moça. –Sou François Dupré.
–Oi... –Respondeu Soninha, assustada. –O
sotaque francês é o mesmo do telefone...
–Sei que está assustada, mas vou responder
tudo o que você perguntar, prometi a minha patroa que iria ajudar você, caso
ela não estivesse mais entre nós.
–Não são todos os dias em que descobrirmos ser
ricos e que nossa mãe é uma sequestradora...
–Quer que eu lhe peça algo?
–Não, estou bem obrigada.
–Então... O que quer saber?
–Por que só agora vocês me procuraram? Ou ela,
ou você... Entendeu o que eu disse.
–A sua avó procurou por você a vida toda.
Helena era uma mulher fria, mas muito correta, ela perdeu os três filhos em um
acidente de avião. Uma dor insuportável para qualquer mãe, mesmo sendo
adotivos.
–Imagino...
–Depois da morte de ambos, um mês depois a
melhor amiga dela e uma de suas netas sumiram, misteriosamente. Apenas uma
carta foi deixada, nela continha a seguinte frase: “Você nunca mais nos verá novamente, vadia.”. A Helena viajou o
mundo a sua procura, criou duas garotas, polemizou e manteve um império em um
nível muito avançado. Procuramos em Amsterdã, Alemanha, Buenos Aires, França...
Viajamos o mundo, mas nenhuma pista. Nem os investigadores descobriram o seu
paradeiro e de sua “mãe”.
–Nossa, e como ela conseguiu fazer isso?
–A Leda usou todos os recursos que eram
disponibilizados a ela na época, para apagar o seu passado e o passado dela.
Foi criado uma identidade falsa para ambas. Registros escolares, faculdade,
moradia... Tudo foi apagado. Berenice do Prado não existia mais, assim como Esther
Gouveia também não passara de uma simples criança desaparecida.
–Não imaginava que minha mãe era um monstro
capaz de cometer tal atrocidade.
–Eu e sua avó pecamos em não procurar no
Brasil, imaginávamos por ela ser rica e inteligente, que o nosso país não
serviria de moradia a ela. Mas para a nossa surpresa, descobrimos há mais ou
menos seis meses que Leda/Berenice havia perdido toda a fortuna no jogo, tendo
que se contentar com uma vidinha medíocre no subúrbio paulista ao lado da
“filha” de sete anos.
–Então foi assim que descobriram que eu estava
viva?
–Exato.
–E por que a minha avó não veio me procurar?
Por que escrever uma carta?
–Suponho que ela sofria ameaças de alguém...
Sinto muito mais para essa pergunta eu não tenho a resposta.
–Que loucura... Sou neta de uma das
milionárias mais ricas do país. Dupré o que eu faço?
–Deve pensar se você está mesmo disposta a
entrar nesse ninho de cobras.
–E depois?
–Se você disser não a si mesma, entenderei,
mas se disser sim eu serei seu protetor.
–Posso te procurar depois do réveillon? É o
tempo que eu preciso para pensar.
–Claro. Você tem meu número e sabe onde se
localiza o palacete dos Gouveia, saiba que te apoiarei em qualquer decisão.
–Obrigada.
Os dias estavam
passando rapidamente, já faltavam quase duas semanas para o Natal. Na mansão
dos Gouveia, Dupré e Wagner enfeitavam o jardim com piscas-piscas coloridos, e
em seguida montariam a clássica árvore natalina no canto esquerdo da sala
principal do palacete. Os portões da mansão estavam se abrindo, era Isabella, a
namorada do adolescente, chegando de sua viagem à Curitiba.
–Olha lá quem está vindo Wagner, é a Bella.
–Disse Dupré, sorrindo.
–Onde? –Indagou Wagner, surpreso. –Onde Dupré?
–Entrando pelo portão da mansão...
–Meu Deus, parece que eu não há vejo faz anos.
–Largue esses piscas-piscas, terminaremos de
decorar aqui depois, eu vou para dentro, vou deixar os pombinhos a sós.
Assim que Dupré
entrou na mansão, Bela se aproximava cada vez mais de Wagner, a garota estava
mais linda do que nunca. Suas longas madeixas loiras já batiam em sua cintura,
a maquiagem que cobria suas bochechas era de um tom rosado quase transparente.
Seus seios haviam se desenvolvido desde a última vez que vira Wagner, Isabella
fazia jus ao seu nome, ela realmente era bela, uma verdadeira obra de arte.
–Não acredito no que vejo, a minha garota está
de volta e veio me ver. –Wagner estendeu os braços e acolheu à amada neles.
–Senti sua falta Isabella, senti muito a sua falta.
–Vou acabar chorando desse jeito, seu idiota.
–Disse Isabella, sentindo o calor do corpo de Wagner acolhendo o seu. –Eu te
amo muito. Te amo mesmo.
–Também amo você Bella...
O casal foi
interrompido pelo toque do celular de Wagner, era Pedro, o rapaz que havia lhe
apoiado.
–Precisa mesmo atender? –Indagou Isabella.
–Preciso, é importante.
–Vou ir falar com a sua mãe. Te espero no seu
quarto.
Após encostar o
celular no ouvido esquerdo e ouvir a voz grossa de Pedro, Wagner se esqueceu de
toda a magia que Isabella havia lhe transmitido ao chegar à mansão. Havia algo
naquele rapaz que lhe encantava de uma maneira diferente, mas como ele poderia
contar a alguém sobre aquela sensação? Sua avó, que naturalmente lhe entenderia
e lhe diria o que fazer estava morta, então ele resolveu apenas atender e
esquecer tudo aquilo.
–Faltam duas semanas para o Natal e você não
me ligou então resolvi ligar. –Disse Pedro, aparentando estar sorrindo do outro
lado da linha pelo tom de voz adocicado. –Fiz mal?
–Não... –Respondeu Wagner. –Na verdade fez
bem. Desculpe por esquecer, é que...
–Não precisa explicar, eu sei das coisas que
andam acontecendo com você nesses últimos dias.
–Obrigado por entender.
–Mais e então, você vai vir comigo e meus pais
para o Rio de Janeiro?
–Minha namorada acabou de chegar de Curitiba.
–Ainda temos duas semanas, poderá curtir ela
até viajarmos... Só, por favor, não diga não.
–É tão importante para você que eu vá?
–Muito mais do que você imagina.
–Nesse caso, prometo pensar com carinho.
–Pense. E por favor, não diga não.
–Não direi...