**CONTINUAÇÃO DO CAPÍTULO ANTERIOR**
Vanessa pede licença e sai em direção ao
camarim. Pela fresta da porta, ela vê Alessandra e Ugo fumando charutos e
conversando. A moça filma tudo com o celular, pois percebe que se trata de uma
conversa sigilosa.
—
Fiquei sabendo que a faveladinha cata lixo da Ingrid saiu da prisão. — diz
Alessandra. — A gente precisa matar ela. E eu quero uma morte pior do que a que
eu encomendei para o Wagner. Você consegue, Uguinho?
Vanessa fica nervosa. A neta de Wagner
chega a tremer ao saber que Alessandra é a mandante do assassinato do avô.
Contudo, ela continua filmando. Dá dois passos para trás, mas não vê o vaso
atrás de si. O vaso cai no chão , quebra. Ugo e Alessandra percebem a presença
da jornalista da Flash Magazine.
VIGÉSIMO NONO
CAPÍTULO
Assustada,
Vanessa corre até o estacionamento. Alessandra e Ugo vestem suas roupas.
— Vá atrás
dela. — Alessandra tira da bolsa uma lanterna e a entrega para o amante. — Faça o que tem de ser feito.
— Mas, Cérebro,
pra quê essa lanterna? — Ugo indaga.
— Vá logo, sua
anta italiana! Você vai saber o que fazer.
***
Música : Lady
GaGa – Paparazzi.
O desfile começa. Uma música começa a tocar
enquanto uma modelo entra na passarela. Alessandra, nos bastidores, corre até o
painel de controle e puxa uma alavanca. Todas as luzes são apagadas e os
convidados se assustam.
— Mas o que está havendo aqui, agora —
Gisela, na plateia, indaga pra Adriano.
— Só pode ser uma coisa muito estranha. —
com a luz do celular, Adriano se levanta e tenta localizar alguém.
— Quem você está procurando?
— A Vanessa não dá sinal de vida.
— Sua filha deve estar procurando algum
furo. Não me admiraria nada se ela conseguisse algo impossível. — Gisela
gargalha — Ela é uma baba ovo, tadinha.
***
Vanessa tenta
correr de volta à plateia, mas Ugo a alcança e tapa sua boca.
— Vai ficar
caladinha, tutto bene? — Ugo diz
suavemente no ouvido de Vanessa. Sua expressão é de pavor e desespero. Ela
morde a mão de Ugo e consegue fugir para dentro dos bastidores do desfile.
Vanessa corre
para um espaço onde as roupas são guardadas. Algumas modelos ainda estão
deixando o local devido ao apagão. Vanessa se esconde entre algumas araras de
roupas e, tremendo, pega o celular e digita um número.
— Alô? Pai!
Pai, socorro! Socorro! Ele quer me matar! Socorro!
— (Adriano, em
off, do outro lado da linha) Quem quer te
matar? Vanessa, responda!
De repente,
Vanessa sente um grande impacto na cabeça. Ela cai inconsciente no chão.
***
Na plateia,
Adriano corre desesperado entre as cadeiras em busca de Vanessa. Gisela,
acompanhada de Bruno, tentam saber a causa do desespero do médico.
— Adriano,
querido, quem ligou pra você? — pergunta Gisela.
— A Vanessa! A
Vanessa! Alguém está tentando matá-la! — Adriano chora. — Eu não vou suportar a
perda de mais um filho. Não!
— Sr. Adriano,
onde ela está? — pergunta Bruno.
— EU NÃO SEI,
PORRA! EU NÃO SEI! EU SÓ QUERO A MINHA FILHA!
Um tumulto é
formado na plateia e a locomoção para fora do espaço onde o evento está sendo
sediado é quase impossível devido ao tráfego das pessoas, que tentam sair dali.
A escuridão é mais um impasse.
Bruno decide
subir no palco e procurar Vanessa nos bastidores do desfile. Lá, ele vê um
rastro de sangue e o segue, com a luz do celular. O rastro fica cada vez mais
difícil de se enxergar.
— Droga! —
brada.
O paparazzi
segue em linha reta e chega até o estacionamento. De longe, ele vê Vanessa, que
está muito ensanguentada e tentando se levantar com dificuldade. Na frente da
jornalista, a poucos metros de distancia de si, há um carro vermelho de luxo
com vidros escuros. A placa do veículo está coberta com uma espécie de fita
isolante para dificultar a identificação.
***
De dentro do carro, Alessandra está a prontos com o pé no
acelerador enquanto Ugo, no banco do passageiro espera Vanessa ficar
completamente de pé para dar o sinal.
— Agora! — diz
Ugo.
Alessandra
Saboya pisa fundo no acelerador e sorri maliciosamente.
— Vai pro
inferno, vadia!
O carro
vermelho acerta Vanessa em cheio. A garota é arremessada para longe, antes
mesmo que Bruno chegue a tempo para salvá-la.
— Strike! — grita Alessandra,de dentro do
carro,logo após atropelar a sobrinha.
(ESPAÇO PARA A ABERTURA)
Dias depois...
Adriano Peregrini está arrasado. O sentimento de ter
perdido seus dois únicos filhos esfaqueia seu coração como um punhal.
Trancafiado em seu apartamento, ele definhava por depressão.
A campainha
toca e, para Adriano, é difícil levantar-se da cama e antender a porta. Parece
que há um peso em suas pernas que o impede de andar.
Ele abre a
porta. É Gisela que está ali.
— Meu neto! —
ela o abraça e entra no apartamento. Ele a acompanha.
— Ainda não
consigo me conformar, minha avó! — o médico cai no choro.
— Eu também não
consigo me conformar com a morte da Vanessa, mas você tem que seguir a sua
vida, meu rapaz! Não é assim que se têm justiça. Alguma notícia do caso?
— A única coisa
que sabemos é que foi um carro vermelho e de luxo que a atropelou.
Gisela pega uma
xícara de café e entrega ao seu neto.
— Seja lá quem
tenha feito isso com a sua vida, pagará caro. Pode ter certeza. — Gisela abraça
o neto novamente.
***
Estamos em
outro apartamento, este, locado por Ingrid. Fidel está na cozinha cortando
carne enquanto Analú e Ingrid lavam as louças. Alex assiste TV.
Tempos depois,
Victório Machado entra no apartamento trazendo boas notícias.
— Ingrid,
finalmente saiu o resultado do exame de DNA. — diz ele. — Meu amor, você é
realmente uma das herdeiras da família Peregrini.
Ingrid tira o
avental e, sorrindo, abraça o namorado.
— Mas isso é
uma boa notícia! — diz Analú.
— Somos
oficialmente irmão e irmã. — Alex afirma.
— E agora, —
Fidel finca a faca na tábua de cortar carne — trate de tirar aquela vadia de
dentro da mansão. Sambe na cara da Alessandra, ouviu bem, senhorita Ingrid
Peregrini?
Todos riem com
a interposição de Fidel. Victório termina:
— E tem mais.
Entrei com uma liminar contra aquele documento da Alessandra. A herança dos
Peregrini deverá ser dividida igualmente entre os quatro filhos de Wagner: você,Alex,
Adriano, e a Alessandra. Neste momento ela deve estar sendo expulsa da
mansão...
— Alessandra bitch, zero. Ingrid diva Peregrini, um. A mansão é nossa! — diz Fidel.
***
Música : Caro
Emerald – Tangled Up.
Um oficial de
justiça entrega um documento para Alessandra para que ela assine.
— “ORDEM DE
EXPULSÃO”?! — ela lê — que tipo de sacanagem é essa? Você pode me explicar?
— Deverá deixar
a mansão dentro de uma semana. Por favor, peço que a senhora assine.
Ugo sai de
dentro da piscina e se aproxima da amante, tentando saber o que está
acontecendo.
— O que há, amore mio? — o italiano pergunta.
— Este
almofadinha está insinuando que essa mansão não pertence mais a mim.
— Seu
inventário foi reduzido a apenas 25%. Terá de entrar com um acordo com os seus
outros três irmãos se quiser continuar aqui. — diz o oficial de justiça. —
agora, por favor, queira assinar.
A megera
assina. O oficial se despede e vai embora.
—
ZULEEEEIDEEEEEEEEEEEEE!!! — Alessandra, furiosa, grita pela empregada. Ela vem
segundos depois.
— Sim, senhora?
— Prepare todas
as minhas malas. Iremos embora da mansão. — diz ela, com uma voz mais mansa — por enquanto.
Zuleide sai,
resmungando. Alessandra abraça Ugo e questiona:
— Uguinho...
Você,no dia em que matamos a Vanessa, verificou se ela estava com algum celular
ou câmera nos bolsos?
— Si, estava. Io tomei cuidado com isso. Confisquei o celular da vadiazinha.
— Ótimo. Não
quero que as coisas compliquem para o nosso lado. E agora, precisamos nos
conformar, já que a mansão não é só minha. Deixe que o favelal volte para cá,
pois tenho uma ideia muito melhor.
— Que ideia?—
Ugo indaga.
— Iremos para a
França. Que tal? Já cansei desse país de merda. — ela dá um selinho no amante.
Alessandra se
desprende de Ugo e retira a toalha,
ficando de biquíni. Dá um mergulho na piscina.
***
Zuleide retira
as roupas de Ugo e de Alessandra do grande closet da suíte da mansão e guarda
nas malas.
— Eles vão
embora e eu vou ficar desempregada de novo. Isso só pode ser praga daquele fiho
do capeta. Esse Fidel deve ter feito alguma macumba com a Jaciara. Mas a
justiça divina...
O discurso de
irmã Zuleide é interrompido quando, ao pegar uma calça de Ugo, deixa cair um
celular com uma capa cor-de-rosa de um dos bolsos.
— Nossa, jovem,
que celular bonito... — ela aperta um dos botões e o visor do telefone é aceso.
Nele, há uma foto da falecida Vanessa Peregrini. Zuleide não percebe e, então,
guarda o aparelho dentro do bolso de sua saia jeans comprida.
— Não vão nem
sentir falta. São tão ricos...
A empregada
continua a arrumar as malas de Alessandra e Ugo.