CAPÍTULO 39
Jack Trevor e os outros sobreviventes assistiam passivamente o helicóptero pousar no heliporto da fortaleza. Os quatro agentes da guarda da torre estavam ansiosos e apontavam suas snipers para o helicóptero quando a porta do mesmo se abriu e um homem saiu.
Jack
conhecia aquele homem. Já o tinha visto antes. Sabia que ele era perigoso e por
precaução, colocou Cindy no chão e se colocou à frente de todos.
Aquele
estranho homem que agora se aproximava deles com aparente calma havia sido o
chefe de segurança das Industrias Lanister.
Há
alguns anos atrás, Jack havia invadido um dos armazéns de Lanister a procura de
pistas de onde o vírus T-523 poderia estar. Foi a primeira vez que teve contato com aquele
homem. Ele era organizado, forte e sabia como atirar. Trevor havia levado um
tiro dele enquanto tentava escapar e por pouco não foi capturado. Era um homem
implacável, mas Jack também o era e por isso sustentou um olhar ameaçador.
-
Se eu fosse você, entraria nesse helicóptero de novo e sumiria da minha vista.
Não há nada para você aqui. – disse Jack, num tom grave que indicava que ele
não estava para brincadeira, embora não estivesse em posição de ameaçar ninguém
naquele momento.
-
Vim buscar Paris Lanister... Paris é a minha prioridade e só sairei daqui
quando eu a encontrar. – disse o homem, levantando as mãos, como se estivesse
desarmado.
Um
barulho chamou a atenção de todos. Os zumbis havia conseguido chegar até a
porta que dava acesso ao terraço. Não levaria muito tempo agora.
-
Vá embora! Suma antes que os zumbis...
-
Sr. Trevor, eu sinto muito pelo que ocorreu na fortaleza, mas você precisa me
dizer onde posso encontrar Paris Lanister. Ela está lá embaixo? – o misterioso
homem insistiu. – Se estiver, devo insistir em resgatá-la.
-
Alexia não está aqui. Ela está segura, mas eu morrerei antes de lhe dizer onde
ela está...
-
O senhor não está entendendo, Sr. Trevor. – continuou o homem. – Paris Lanister
precisa vir comigo, agora. É uma questão fundamental. E o senhor irá me dizer onde ela está, quando
eu lhe disser para que eu vim...
Um
novo baque estranho fez-se ouvir.
-
Nós não temos muito tempo, Sr. Trevor... então eu vou começar dizendo que Paris
é a chave para a nossa libertação... E
se o senhor quiser vê-la novamente a salvo, antes que Brandon chegue até ela, o
senhor irá me dizer onde ela está...
Dois
dias depois...
Lex
acordou com uma terrível dor de cabeça. Não conseguiu dormir a noite toda, pois
estava preocupada com Lizzie. Ela voltara a tossir e não parecia muito bem. Era
uma sorte que a Dr. Melanie estava no casarão, pois ela poderia ajudar Lizzie.
Era
estranho estar ali, uma vez que acostumara a sua vida na fortaleza.
Foi
terrível se aproximar do casarão pela primeira vez, há dois dias atrás. Não
havia muralhas como na fortaleza, mas a casa era completamente afastada da
civilização, construída no centro de uma pequena ilha paradisíaca ao sul da
Capital. Lex já havia visto aquela ilha antes.
Da
casa de praia onde Lex passara os verões com o pai, Lex podia ver a praia. Uma
vez, Teddy levou-a muito perto da casa com uma bateira motorizada que ele havia
alugado para um dos verões.
Lex
imaginava que a ilha era inabitada e se surpreendeu por ver a casa, surgindo no
meio de uma grande clareira, geometricamente no interior da ilha.
Quando
pousaram, houve pouco tempo para conhecer os arredores e concentrou suas
energias em compreender seu interior e sua nova vida ali.
Havia
uma cerca eletrificada e quase nenhuma das regalias que havia na fortaleza.
Havia energia, mas por precaução, só era utilizada para manter a cerca e os
aparelhos da enfermaria. Isso significava que banho quente e confortável estava
fora de circunstância. Mas pelo menos, tinham um lugar seguro para ficar.
Ao
redor do casarão, por fora da cerca elétrica, havia uma grande plantação de
trigo, tomates, pepinos e morangos, cobertos por plástico transparente, numa
grande estufa. Lex imaginou que era para evitar a contaminação pelos pássaros.
Não
havia frangos, nem vacas, nem qualquer outro tipo de animal, fora um cachorro
magro que era do caseiro do casarão, um senhor de idade chamado de Steve. Foi o cachorro que havia acordado Lex naquela
manhã. Quando abriu os olhos, viu a carinha do animal ao seu lado. Ele tinha as
patinhas sobre a cama e tentava alcançar o rosto de Lex com o focinho.
-
Bom dia, Bob! – disse Alice e o cachorro abanou o rabo. – Está com fome,
imagino?
O
cachorro latiu e Lizzie revirou-se na cama.
-
É melhor ficar calado, Lizzie não está muito bem! – explicou Lex ao cachorro
que parecia compreendê-la. – Vem... vamos descer.
O
casarão tinha somente um andar e o térreo. Além disso, havia um porão, onde
Steve guardava mantimentos. A casa era toda rústica, mas era bem grande. No
primeiro andar, havia quatro quartos, divididos dessa maneira entre os
sobreviventes: Lex e Lizzie; Dr. Melanie e Janaira; Casper e Alexander, o
piloto do helicóptero; Briam e Steve.
No
térreo do casarão, havia somente uma grande sala de jantar, com uma mesa
enorme, a cozinha, a lavandeira e uma saleta que parecia um altar: havia até
uma imagem de algum santo que Lex não conhecia.
Seguida
por Bob, o cachorro, Alice encaminhou-se para a cozinha.
Nos
dois dias em que estivera na casa, Alice fora a primeira a descer e a preparar
o café: pão com geleia de morango e água. Naquela manhã, surpreendeu-se por ver
Dr. Melanie sentada na mesa, com a cabeça deitada sobre os braços.
-
Dr. Melanie? – perguntou Lex preocupada.
Quando
a Dr. Melanie levantou a cabeça, percebeu que seu rosto estava inchado e os
olhos vermelhos e marejados.
-
O que aconteceu? – perguntou Lex, preocupada.
-
Só estou triste! – respondeu ela, enxugando os olhos rapidamente.
Lex
não respondeu. Era óbvio que tudo era muito triste. Não queria pensar sobre o
que havia acontecido com a fortaleza e seus habitantes que foram seus amigos
por tantos dias. Quantos haviam perecido e quantos poderiam ter sobrevivido?
Desde que pousaram na ilha, há dois dias atrás, não haviam mais entrado em
contato.
Havia
um rádio no casarão, que ficava num canto da sala de jantar. Steve ligava o rádio
todos os dias e tentava contatar a fortaleza ou a Trevor & Associados, mas
não havia tido sucesso. Alexander também tentara o rádio do helicóptero, mas só
conseguiu captar uma mensagem entrecortada, ininteligível.
-
Fico pensando... – balbuciou a médica - Eu sei... sei que você é importante. E
sei que você não viria pra cá sem a sua irmã. Eu entendo isso e acho que é
justo... mas porque o namorado da sua irmã, o Briam pôde vir??? Você acha que
isso é justo? – perguntou Melanie, deixando as lágrimas correrem soltas. – Por
que Lizzie pôde trazer o namorado dela e eu não pude trazer o meu? Casper
trouxe a Janaira...
-
Eu entendo, Dr. Melanie. – disse Lex, sem saber o que mais responder. - Eu
acredito que Briam só está aqui porque é sobrinho de Abraham Smith, achei que a
senhora soubesse. E eu não sabia que você tinha um namorado...
-
Briam é filho do porco Smith? – perguntou a médica, parecendo ainda mais
revoltada – Devíamos mata-lo, não deixa-lo sobreviver.
Lex
observou a médica um pouco surpresa por sua sentença. Um médico geralmente se
preocupava em salvar vidas, não em tirá-las. Entretanto, Lex sabia que não
deveria julgar. A médica estava em estado de choque por saber que seu namorado
provavelmente não sobreviveria.
Lex
até a compreendia. Jack não era seu namorado. Tiveram uma noite e alguns
momentos e era tudo. E ainda assim, Lex sentia um pequeno buraco no coração por
pensar que talvez ele não tivesse conseguido...
-
Quem é seu namorado? – perguntou Alice, sentando-se defronte à médica.
-
Abril... Abril Madison!
-
Abril...? Eu o conheço. Ele é um agente. Ele foi gentil comigo. – falou Lex,
lembrando do dia em que conheceu Abril no salão de jantar da fortaleza. Achou-o
simpático. Lex lembrava de ter visto Abril perto de Jack quando fora levada por
Casper. Se os dois estivessem juntos, talvez estivessem bem. Um poderia ter
protegido o outro....
Ou
talvez ambos estivessem mortos.
ESCRITO POR - ELIS VIANA
DIREÇÃO DE ARTE -
MÁRCIO GABRIEL
DIREÇÃO - FÉLIX
REALIZAÇÃO - TV
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