CAPÍTULO 38
Jack olhou para cima quando viu o helicóptero partindo e seu alma se aliviou. Sabia que Lex estava em segurança e Casper asseguraria isso. Era muito importante para a sobrevivência do mundo que ela sobrevivesse a qualquer custo . E talvez fosse ainda mais importante para seu coração, embora Jack jamais fosse admitir isso. Era mesmo uma infelicidade que sua última lembrança juntos fosse tão triste como fora. Viu no rosto dela o quanto ela sofreu quando ele a rejeitou. Decepção. Era a palavra que ele usaria para descrever o sentimento que vira nela. Ele fora ríspido. Precisou ser.
Não queria
decepcioná-la. Não mesmo. Já o tinha
feito antes quando não acreditou em sua palavra, quando a expulsou da
Fortaleza. O quanto ela não sofrera na Cidadela, sendo um maldito rato de
laboratório para aqueles animais? Para Abraham Smith?
Não tinha
certeza do que sentia por Lex. E se arrependeu por ter dormido com ela. Não que
não tenha sido maravilhoso tê-la em seus braços, mas sabia que precisava ter
cuidado com a menina. Ele pensou mais em
si mesmo do que nela. Sabia que se a fortaleza fosse invadida, eles se
separariam e talvez para sempre. Jack
sabia que não poderia separar-se dela sem verdadeiramente tê-la, nem que fosse
por apenas uma noite.
O problema é
que Lex não encararia isso da mesma forma e talvez, com essa atitude egoísta,
ele tivesse causado nela mais uma cicatriz. Jack sacudiu a cabeça, tirando
aquele pensamento da cabeça.
Ela estava
longe e estava bem, pelo menos, fisicamente, e isso era tudo o que importava.
Agora, restava sua situação a resolver.
Depois de
alguns minutos gastando nos zumbis mais próximos as últimas balas de seu rifle
e da sua Colt, Jack convenceu-se de que a situação da Fortaleza havia chegado a
um limite intransponível. Havia mais zumbis dentro da fortaleza do que fora.
Autorizou, enfim, a retirada da fortaleza.
Os poucos
agentes que estava ali fora, cataram as pessoas que pareciam bem, privilegiando
mulheres e crianças, e as colocaram nos dois ônibus da fortaleza e nos jipes.
- PARA O SUPERMERCADO!!!
– gritou Jack, ajudando os jipes a transporem os portões, recheados de zumbis.
Os agentes
sabiam o que fazer. Ir para o supermercado onde Lex ficara quando estava fora
da fortaleza era o plano de fuga traçado por ele e repassado para os demais.
- Senhor,
venha conosco!!! – gritou Abril, um dos agentes no último jipe.
- Vá!! Eu os
encontrarei em breve! – mentiu Jack. Sabia que não havia muita esperança para
ele próprio.
Depois dos
jipes, foi a vez dos ônibus, lotados de pessoas. O primeiro ônibus teve sucesso
na travessia, apesar da imensa quantidade de mortos-vivos ao redor, balançando
o veículo.
O segundo
ônibus não teve tanta sorte. Jack tentou de tudo. Atirou freneticamente nos
zumbis que se agarravam as janelas do ônibus, tentando virá-lo a qualquer
custo. Ele até se aproximou, arriscando ser mordido por alguns mortos que
avançaram sobre ele. Nada deu certo. O ônibus tombou e diversos zumbis
entraram. Era o fim para eles. Pela janela dos fundos, viu a terrível cena de
pessoas sendo estraçalhadas por mortos famintos.
Jack
retornou à fortaleza, desviando dos zumbis e pessoas prestes a tornarem-se um.
O abrigo da fortaleza era seu último recurso.
Lá dentro, a situação não estava muito diferente: Zumbis atacavam as
pessoas que corriam inadvertidamente para qualquer lado.
Ele subiu as
escadas. Seu objetivo era chegar ao terraço, mas parou no primeiro andar. Olhou
para o lado, onde ficava o dormitório que Lex ocupou por um bom tempo. Uma
mulher zumbi tentava atacar Cindi, a menina que ele e Lex haviam resgatado na
lanchonete da Avenida Atlantida. A menina estava escondida entre duas pesadas
estatuas, mas a mulher esticava os braços para alcançá-la e o faria se ele não
fizesse nada.
Jack
estraçalhou a cabeça da mulher com sua faca e jogou seu corpo escadas abaixo.
Cindi saiu das estatuas e correu para Jack que a segurou nos braços.
- Me ajuda,
por favor – choramingou a menina, enterrando-se em seus braços, envolvendo os
pequenos bracinhos ao redor do pescoço de Jack.
- Onde está
Andrea, Cindi? – perguntou Jack, preocupado. Sabia que Andrea cuidava de Cindi
como se fosse sua mãe.
- Ela
morreu... – falou a menina.
Jack
lamentou. Fez menção em subir as escadas, mas um grupo de zumbis estava no
caminho, bem no meio da escadaria. Eles haviam despedaçado alguém. Havia sangue
por toda a parte.
- É melhor
fechar os olhos, Cindi. – falou Jack, preocupado com a menina que poderia
entrar em choque com a situação.
Sem saída,
uma vez que o Lobby de entrada, embaixo, estava completamente tomado, resolveu
tomar o corredor dos dormitórios e entrou no nº 2, o que Lex ocupava.
Trancou a
porta atrás de si e virou para contabilizar a situação. Havia umas vinte
mulheres ali e um menino de 12 anos que
Jack conhecia como Pedro Afonso. Estavam assustados, mas pareciam bem.
- O Senhor
veio nos resgatar? – falou uma das mulheres, com esperanças nos olhos
melancólicos. - Estávamos achando que estava tudo perdido. Que era uma questão
de tempo até que os zumbis nos achassem.
Jack não
sabia o que dizer. Como explicar que eles estavam cercados? Que não havia
esperança? Que ele fugia muito mais por instinto do que por chance?
Mas então,
um lampejo de memória agitou seu pensamento. Lembrou-se do dia em que Lex,
usando apenas uma toalha, saiu correndo do banheiro e esbarrou nele. Lembrou-se
da sensação do momento em que ela o abraçou assustada e fragilizada. Ela
dissera que Brandon estivera no banheiro feminino e que ele havia escapado por
uma passagem secreta. Na época, achou que era produto da imaginação perturbada
de Lex, mas quem sabe...?
- Para o
banheiro... – disse Jack às outras mulheres – Acho que há uma passagem
secreta...
O banheiro
estava vazio e escuro. Jack colocou Cindi no chão e aproximou-se da porta de
entrada para o dormitório 1. Não havia ninguém ali no dormitório, mas havia
sinais de sangue da parede. Preocupado, Jack fechou a porta e travou-a bem.
Depois foi até a porta do dormitório nº 3. Quando a abriu, assustou-se: havia
uma grande infestação de zumbis ali e quando ele apareceu na porta, acabou
chamando a atenção dos zumbis mais próximos que correram em sua direção. Jack
fechou a porta com rapidez, mas quando se afastou percebeu que a porta se movia
com a pressão que os zumbis estavam fazendo do outro lado.
- Não temos
muito tempo. – disse Jack, alarmado com a situação. – Há uma passagem secreta
em algum lugar da parede. Tentem descobri-la. É a única chance de escaparmos
daqui vivos.
As mulheres
se apavoraram com a informação de Jack, mas o obedeceram e passaram a
investigar as paredes, e os chuveiros grudados às paredes. Depois de alguns
minutos, foi Pedro Afonso quem surgiu com um sinal de esperança.
- Aqui...
senhor Trevor...
Jack correu
em direção ao garoto. Ele havia empurrado um das torneiras dos chuveiros e um
vão apareceu na parede. Uma pesada porta disfarçada de parede se abrira.
Jack procurou a lanterna em seu coldre e a
ligou. Desde sua experiência nos esgotos de Parnaso que Trevor não tirava a
lanterna do coldre.
- Eu irei à
frente! – informou Jack aos outros que se aproximaram deles. – O último a
entrar deve selar a porta.
Jack entrou
na escuridão, sem saber exatamente o que iria descobrir. Sentiu-se extremamente
aborrecido consigo mesmo por não ter acreditado em Lex quando ela jurou que
Brandon havia usado aquela passagem secreta. O quanto ela não sofrera, acuada
pelo maldito Brandon, semi-nua, naquele banheiro, espreitada pelo homem que a
violentara? Ah, se ele tivesse acreditado em sua palavra. Se ele tivesse
atirado Brandon da Fortaleza da primeira vez que ela lhe alertara sobre aquele
inescrupuloso estuprador, um psicopata fingindo ser psiquiatra.
Se tivesse
acreditado em Lex, tudo teria sido diferente e as pessoas da fortaleza estariam
a salvo agora.
- Onde isso
vai dar? – perguntou uma das mulheres.
Nem Jack
sabia. Ajeitou Cindi nos braços quando viu uma estreita escada espiral e subiu
tentando fazer silencio contra os andares de ferro que faziam barulho a cada
passo.
Subiram
diversos degraus até chegarem a uma porta. Jack gelou quando ela pareceu estar
fechada. Colocou Cindi no chão e tentou novamente. A menina, automaticamente
agarrou-se a sua cocha.
Com
dificuldade, Jack deu um pequeno impulso e bateu com os ombros contra a porta.
Ela se moveu um pouco. O suficiente para Jack ver que ela não estava trancada,
apenas estava escorada pelo que parecia ser um armário. Empurrou novamente e
passou pelo vão, puxando Cindi em seguida e tomando-a nos braços.
Percebeu que
estava no quarto de Brandon. Agora sabia porque Brandon havia insistido tanto
para ficar com aquele quarto quando eles preparavam a fortaleza para ser um
abrigo pós-apocalíptico.
Quando todas
as mulheres saíram, lotando o pequeno quarto de Brandon, Jack empurrou
novamente o armário no lugar, caso precisassem tomar aquela passagem novamente.
Depois
disso, saíram para o corredor do andar dos agentes especiais.
Por pura
sorte estava vazio, mas havia muito barulho um andar abaixo e isso indicava que
o perigo estava muito perto.
- Rápido...
por aqui – sussurrou Jack, tentando produzir menos barulho.
Correu para
entrada das escadarias da torre e começou a subir de dois em dois passos. Pedro
e as outras mulheres o seguiram. Quando eles haviam feito metade do percurso,
escutaram um grande barulho. Jack olhou
para baixo, mas não conseguiu ver direito. Então, as outras mulheres começaram
a se agitar.
- Zumbis!
Estamos sendo atacados! – gritou uma das mulheres.
Antes que o
exercito de mulheres apavoradas passassem por cima de Jack, ele segurou Cindi
firme em seus braços, puxou Pedro Afonso pelo ombro e subiu correndo. Na torre de
guarda, onde ficaram os agentes atiradores de snipers, Jack colocou Cindi no
chão, empurrou ela e Pedro Afonso para
baixo e ficou aguardando as outras mulheres.
As primeiras
mulheres que passaram pareciam bem, sem nenhum arranhão e ele deixou que elas
passassem. Então viu que a próxima mulheres estava com uma grande
quantidade de
sangue em seu rosto e, antes que ela alcançasse a porta, Jack a fechou.
- Abra, por
favor, Sr. Trevor... eu não fui mordida? – o desespero na voz da mulher era
latente e Jack lutou contra o impulso de abrir a porta. Ele não poderia
arriscar.
Virou-se
para encarar os sobreviventes. Algumas mulheres olharam para ele assustadas,
outras, lançaram olhares condescentes. Ninguém, entretanto, fez menção em abrir
a porta. Olhou para Pedro Afonso que tremia dos pés a cabeça e o garoto fez
apenas um gesto de concordância.
- Vamos
subir para o terraço. Há um pequeno armazém lá com alimentos e outros recursos.
Além do mais, há um porta de ferro que pode segurar essas criaturas longe de nós
até...
- Até sermos
resgatados? – completou uma das mulheres, com esperança no olhar.
Jack olhou
para ela e balançou a cabeça concordando. Como dizer a elas que ele dera ordem
para Casper jamais retornar à Fortaleza se ela fosse tomada pelos zumbis?
- Sim...
claro, até sermos resgatados... – confirmou ele, sentindo-se mal por estar
mentindo, mas achou que era a melhor coisa a fazer, dados os fatos.
- Senhor...
podemos ir também? – perguntou um dos atiradores.
- Sim, vocês
quatro também. – disse Jack. – Não há mais nada que vocês possam fazer daqui. E
vou precisar de vocês lá em cima...
Dez minutos
depois, Jack e todos os outros sobreviventes estavam no terraço, olhando ao
redor, assustados com o que acontecia lá embaixo. Pouco se podia ver com nitidez,
é claro, mas ainda assim, a impressão era de um formigueiro em chamas. Além do
barulho ensurdecedor de pessoas gritando em desespero. Jack certificou-se de fechar com bastante
cuidado a porta de ferro que dava entrada para o interior da fortaleza. Cruzou
o Heliporto e quebrou a fechadura do armazém com o cabo do rifle, entrando em
seguida. O armazém era pequeno. Um quarto com uma pequena janela basculante que
abrigava algumas caixas. Quase todas eram de alimentos em conserva. Uma das
caixas continha remédios e uma outra, continha fazendas na cor preta e cinza
para a manufatura dos uniformes da fortaleza. Isso era bom, pensou Jack. As
fazendas serviriam como cobertores. Mas nada disso era o que Trevor procurava,
entretanto. Revirou tudo até encontrar o que queria: um rádio portátil de longo
alcance.
- Alô,
testando... câmbio – Jack iniciou, movendo os botões para os outros canais.
Sabia que o caçula Casper, da Trevor & Associados, sempre mandava e recebia
mensagens no canal 2. – Aqui é Jack Trevor da Fortaleza, cambio. Casper, você está aí? Câmbio.
Escutou um
barulho de estática e com um pequeno “click”, escutou a voz de John do outro
lado.
- Sr.
Trevor? Estou aqui, algum problema? Câmbio.
- Não,
nenhum problema John. Vamos mudar o protocolo de segurança para 196, eu repito,
196. Câmbio.
Sentiu que
John hesitava do outro lado. 196 era o código para “a fortaleza foi invadida”.
Não poderia falar livremente, pois a Cidadela poderia estar escutando.
- 196,
Senhor, o senhor tem certeza? Câmbio.
- Sim, John.
O heliporto da fortaleza está reparos, avise a Cidadela que Alexia foi enviada
para o casarão.
- Para o
casarão? Senhor, tem certeza de que é seguro informá-los da posição do
casarão...
- Não há
outra alternativa, John. Câmbio – disse Jack, tentando parecer o mais
indiferente possível.
- Senhor...
eu posso mandar um “engenheiro” para cuidar do heliporto. Câmbio.
“Engenheiro”
era o código que eles usavam para resgate. Era óbvio que John já havia sacado a
situação. A fortaleza fora tomada. Jack barricara-se no terraço e a situação
não estava nada boa para que eles dessem a localização do casarão para a
Cidadela.
- Não é
necessário, John. – afirmou Jack, varrendo de si qualquer chance de
resgate. – A situação já está sob
controle. Cambio.
- Senhor,
Frank está no casarão? Câmbio. – perguntou John. Jack imaginou que ele estava
preocupado com o irmão.
- Sim.John.
Frank ficou responsável por Alexia. Assim que puder, ative o protocolo 126.
Câmbio.
O protocolo
126 era para enviar recursos para o casarão. Jack já havia enviado recursos
suficientes para o casarão, mas ainda assim, Casper e os outros necessitariam
dos recursos da Trevor & Associados mais dia menos dia.
Com isso,
Jack desligou o rádio e em seguida, quebrou-o em pedaços, antes que qualquer
sobrevivente pudesse por os olhos nele. Sabia que todos seguiriam suas ordens
por enquanto, mas quando a fome e o desespero se abatessem sobre eles, alguém
poderia usar o rádio para pedir resgate e dar informações por rádio que
poderiam colocar a situação de Alexia em perigo. Por enquanto, até que Lanister
ou Bio conseguissem uma cura, era imprescindível que Abrahan acreditasse que a
fortaleza estava em plenas condições de defender Alexia. Isso era quase inútil,
pensou Jack, mas era melhor assim.
Depois de
alguns segundos, refazendo a própria respiração, Jack saiu do armazém. Os
outros ainda olhavam para baixo, distraídos com o que acontecia, Jack também se
aproximou da beirada para ver o que acontecia. Cindi, automaticamente,
aproximou-se dele e abraçou sua cocha. Jack sorriu para ela, tentando passar
conforto, embora não tivesse muito sucesso com isso. A menina estava apavorada
e lembrava-lhe Alexia. Não podia deixar de sentir seu coração se afundando no
peito, imaginando se algum dia voltaria a ver a mulher que amava.
Amava!! Era
tão doce o sentimento que nutria por ela. Nunca imaginou que poderia amar
novamente, depois que perdera sua filha há seis anos atrás. Deixou que o
sentimento de vingança preenche sua alma e endurecesse seus sentimentos.
Tornou-se um homem cruel e selvagem. No entanto, Lex, com o seu jeitinho de
ser, havia conseguido achar um caminho até seu coração. Ele a amava. Amava-a
como nunca amara em sua vida e sabia que ela o amava. Que ela o completava. Que
ela era a única coisa agora que o mantinha vivo.
Segurou
Cindi em seus braços e envolveu-a como costumava fazer com sua própria filha e,
sem conseguir segurar suas próprias emoções, chorou. Deixando as lágrimas
rolarem pelo seu rosto. “Eu a perdi”, pensou Jack, desesperado por testemunhar
a queda de sua querida fortaleza e ainda mais mortificado por ter perdido o
amor de Alexia.
E todas
aquelas pessoas lá embaixo que confiaram nele, que o respeitavam por tudo o que
ele representava. Agora reduzidas a corpos rasgados e apodrecidos.
- Meu
Deus... É o resgate!!! – gritou uma das mulheres e Jack olhou na direção para a
qual ela apontava.
Jack uniu as
sobrancelhas preocupado ao ver ao longe um helicóptero se aproximando. Não
podia acreditar que John ou Frank Casper estavam desrespeitando sua ordem direta
de não resgatá-lo. Sabia que era muito arriscado.Em sua mente, preparava um
grande sermão, mas então algo chamou sua atenção. Não era o helicóptero da
fortaleza, nem poderia ser o planador bimotor que Jack mantinha no casarão.
Então...
Seu corpo
todo se enrijeceu e sua mandíbula travou.
- Sr.
Trevor... devemos atirar? – perguntou um dos agentes atirador de sniper ao
perceber que era um helicóptero da Cidadela.
- Não... não
adiantaria.
Rendição era
a única alternativa.
ESCRITO POR - ELIS VIANA
DIREÇÃO DE ARTE -
MÁRCIO GABRIEL
DIREÇÃO - FÉLIX
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