Já eram mais de nove da noite. E eles estavam
dentro do carro vermelho, prontos para saírem. Então o homem soltou a embreagem
e pisou no acelerador ao mesmo tempo, e começaram a andar pelas ruas de São
Paulo. Ao lado, a mulher levava uma bolsa. Ela entreabriu a mesma, e uma arma
pôde ser vista. Passou suas mãos sobre o objeto, e disse para o parceiro.
– Só de pensar que depois desses
meses a gente vai ver a Angélica de novo, me dá uma dor na barriga. Uma coisa
estranha, Luigi. Acha que fizemos bem termos esperado esses nove meses depois
que descobrimos que ela está viva?
– Claro que sim, Eliana. – Ele respondeu, não
tirando os olhos da estrada. – Como a Melissa disse: Angélica estava por dentro
de tudo. Até deu uma surra na cunhadinha por causa disso.
– Eu to com medo, Luigi.
Ele olhou para a amante, e pela primeira vez,
pôde perceber que ela estava tensa de verdade. Nunca a viu daquela forma.
Colocou uma de suas mãos em cima da dela, e continuou dirigindo para o local
desejado.
Ele acariciava a barriga da amada, sorrindo para a última. As mãos que ela sentia eram quentes e macias. Ou eram as mãos da pessoa que lhe deu o maior presente que uma mulher pode ganhar: um filho.
– Falta pouco, Miguel. O nosso filho vai
nascer essa semana. – Disse ela, ansiosa.
– Meu Deus, Angélica! Então por que não vai
para o hospital? – Seu olhar era preocupado – Aqui ninguém vai te levar quando
cê começar a sentir as dores. A Melissa não gosta de você, eu não consigo, e
meus pais nem se quer entram num carro pra dirigir.
– Ambulâncias existem, Miguel. – Angélica
levantou-se, ficando de costas. Depois se virou para o namorado novamente. –
Agora, voltando ao assunto: ainda estou pensando no nome.
Miguel encarou Angélica. Parecia estar
pensativo. Depois de alguns segundos, ele a respondeu:
– Poderia se chamar Gabriel.
Angélica
sorriu para o amado. Sentou-se novamente na cama, como qualquer gestante
apaixonada faria se estivesse em seu lugar.
– É... É perfeito. Claro! Gabriel
vai ser o nome. – Ela fechou os olhos. – Gabriel.
– Maldito o dia que a gente brigou Angélica.
– Não me lembre daquele dia. A minha
cabeça tava quente. Cê sabe. E você ainda preferiu confiar na sua irmã do que
em mim. Enfim, não quero mais falar sobre isso. O importante é que estou aqui,
meu amor. Voltei, e quero viver o resto de minha vida ao seu lado, sofrendo ao
seu lado. Porque eu te amo demais, cara. Você é tudo pra mim. – Disse isto
antes de beijaram-se apaixonadamente. Mas essa prova de amor foi interrompida
pelo grande barulho vindo da porta. Angélica desencostou seus lábios dos de
Miguel, afastando-se com um pulo.
– O que foi isso? – Perguntou, já
com medo.
A
porta do quarto foi brutamente aberta por uma mulher ruiva, ou melhor, por
Melissa, que desesperada, abaixava a todo o momento a barra de seu vestido
preto e justo.
– Angélica, você precisa fugir!
Esses homens querem te matar. São comparsas da Eliana.
– Homens? Eles querem... Me matar?
Como... Como você sabe disso? – Ela gritou muito nervosa.
– Não posso explicar. – Ela olhou no
fundo dos olhos da cunhada. – Confie em mim. Eles vão arrombar a porta. Vai,
Angélica! Pula a janela... Sei lá! Mas foge.
– Acredita nela, Angélica. Eu
conheço quando minha irmã tá falando a verdade. Toma aqui. – Miguel tirou o
celular de cima da mesa, espichando o braço para que pudesse alcançar Angélica.
– Leva esse celular. Vou te ligar no outro.
Angélica olhou para ele assim que escutou uma
nova batida na porta. Aproximou-se, dando-lhe um beijo, e segurando o objeto
que ele lhe entregava: o celular. Depois foi para a janela. Olhou para baixo e
percebeu que era menos de um metro para pular. Fez isto. Já no jardim, olhou
para trás, e pôde perceber Melissa lhe fitando pela janela, e dizendo ao mesmo
tempo:
– Boa sorte.
A porta foi arrombada, e os três homens entraram correndo pela casa. Em suas mãos eram vistas armas, totalmente carregadas, e prontas para o feito. Subiram a escada, incansáveis, à procura de uma mulher. Um deles abriu uma porta usando seu pé, e mirando ao mesmo tempo. Era o banheiro. Fechou a porta e acompanhou seus parceiros, que estavam prestes a empurrar uma a maior porta da casa: a do quarto de Silvana e Bruno.
– Socorro! – Silvana se desesperou
ao ver os homens começando a lhe colocar as mãos, e a levando para a cama, para
que ficasse amarrada junto ao esposo. E em segundos já estavam presos. E com as
bocas tapadas.
– A gente podia soltar quantos tiros
quiser, mas vamos deixar cês viver mais um tempo, velhos gagás. – Disse um dos
homens, antes de se virar para trás e seguir os companheiros, deixando ali no
quarto os dois velhos amarrados aos gritos na cama, nem imaginando o porquê
daquilo.
Estavam abraçados e aos choros.
Melissa envolvia seus braços ao irmão, deitado na cama. Os dois estavam em
desespero, enquanto a mulher botava pra fora algumas palavras:
– É tudo culpa minha, Miguel. Eu quem
avisei a Eliana que a Angélica voltou. De repente o arrependimento bateu
aqui... No meu peito, irmão. O que eu fui fazer?
A porta foi aberta com um grande baque.
Melissa soltou um grito ao sentir entrando em si uma bala. A responsável por
deixar a cama ensanguentada. Logo depois, arrastaram Miguel e amarraram sua
boca. Um homem pegou em suas pernas, e outro em seus braços, enquanto o último
encarava a vítima, dizendo:
– Vamos passear.
O lugar era escuro e abafado. Praticamente um depósito abandonado, com vários latões de óleo enferrujados encostados na parede de madeira. Miguel estava sentado numa cadeira de madeira, amarrado nela. Uma arma estava encostada em seu pescoço. O homem que a segurava, decidiu apertá-la, e consequentemente fez uma pergunta:
– Aonde tá a Angélica?
– Eu não sei, cara. Ela não tá aqui
em São Paulo e...
Miguel
levou um chute na barriga, arremessado pela mulher que estava em sua frente,
fitando-o com um olhar nada bom. O homem jogou a arma no chão, brutalmente, e
tirando dos bolsos da calça jeans rasgada um celular.
– Vai falando os números. A Angélica
tem que atender.
Miguel
obedeceu às ordens de Eliana e Luigi, dizendo atentamente os oito dígitos. Logo
em seguida, a mulher estava na linha.
– Meu amor, me ajuda. – Lágrimas
caíram do rosto do homem. – Angélica, eles vão me matar. Me ajuda? Eu to
muito...
Eliana tirou das mãos de Luigi o
aparelho, que estava encostado no rosto de Miguel e o colocou perto da sua
boca, e falando devagarzinho, para que a querida irmã pudesse ouvir:
– Ai que saudade, maninha querida. –
Soltou uma gargalhada. – Sabia que teu homem tá aqui, na minha frente? E...
Prontinho pra morrer? É melhor você vir pra cá. Sei que conhece o “Boteco do
Raimundo”. E preste atenção: venha sozinha, ou caso contrário, as balas da arma
que tá aqui perto vai invadir o cérebro do seu querido... Aleijado.
COLABORADORES - LUIZ GUSTAVO E MÁRCIO GABRIEL
APOIO - VICTOR MARÇAL
DIREÇÃO DE ARTE - VICTOR MARÇAL e
MÁRCIO GABRIEL
ESCRITO POR - WILLIAM ARAUJO
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