sexta-feira, 14 de março de 2014

Assim que Amanhecer - Capítulo 12





     – Luigi, vem aqui! – Gritou Eliana ao ter certeza que a mulher em sua frente estava os ajudando. Voltou a checar as fotos. Batia os pés no chão. Seu coração palpitava aceleradamente. Nunca sentiu tanta agonia em sua vida. Luigi se aproximou, ainda não entendendo o porquê de a amante ter o chamado.
   – O que houve? – Perguntou ele.
   – Olha isso. – Ela se desesperou, e jogou o documento de qualquer jeito nele, colocando as suas mãos no cabelo, muito nervosa.
   Luigi abriu o envelope. Foi como um baque. A mulher sentada no sofá ao lado de um homem, e de frente a dois idosos, trazia a ele uma certeza: era mesmo Angélica.
   – Vagabunda! Não pode ser! Como? Meu Deus, isso não pode ser verdade. A Angélica viva? Ai meu Deus!
   – E na minha casa – Completou Melissa, que fitava o homem.
   – Espera! – Ele colocou uma das mãos na testa. – Não, não pode ser ela. A gente viu o corpo dela. A gente confirmou: ela tá morta. Morta, não é, Eliana?
   – Claro que sim! – Eliana concordava enfurecida. – Não tem como isso estar acontecendo. Nós temos essa certeza! A Angélica morreu.
   – Não. Ela está vivíssima da silva. – Melissa voltou a falar. – O meu irmão a apresentou pra minha família como Angélica, a miss universo desaparecida. Olha, meu pais nem deram atenção. Eles não são ligados na TV, muito menos em jornais. Pra eles tanto faz. Mas pra mim...


    Eliana encarava Luigi enquanto ele passava as mãos na cabeça. O suor escorria. Depois de alguns minutos, os três estavam sentados no sofá principal da sala, em frente à TV.
    – Me desculpem, mas odeio essa Angélica. É uma desgraçada. – A ruiva estava soltando toda a sua vida nas mãos deles. – Ela quem destruiu meu casamento. As fotos dela. E ela está na minha casa, entendem? No meu lar! O que eu faço? Eu não sei o que fazer...
    – Espera! – Eliana a fitou sorrindo. – Acha mesmo que a gente gosta dessa vadia? – Levantou, e se pôs a andar. – Mas é inacreditável ela estar viva. O corpo dela foi encontrado. A gente confirmou que era ela.
    – Deve ter algum engano, com certeza. – Melissa começou a gaguejar – Ela está viva, gente. Viva! E na minha casa, namorando o meu irmão.
           
Logo depois, e já na saída da casa, Melissa se despedia de Eliana e Luigi. Os últimos nem sequer ofereceram uma bebida, ou algo de comer para a visita. Apenas a usaram como uma informante.
    – Você nem imagino como nos ajudou, querida. – Eliana disse a ela, encarando os seus olhos. – E prometemos que vamos tirar a Angélica do seu caminho também. E já! – A irmã de Angélica se lembra de algo – E obrigada por nos dar o endereço e deixar conosco alguma das fotos. Vai ser muito útil.
    – Eu sinto prazer em ouvir isso. – Melissa respondeu, e se virou para trás. Caminhou apressadamente até seu carro e entrou. Virou a chave e saiu. O sorriso estampado no retrovisor mostrava como se sentia: com prazer em destruir a vida da pessoa que também fez o mesmo com a sua.


    Ainda sem entender nada, e em pés, na sala de estar, Eliana e Luigi encaravam-se. A mulher não sabia se corria até o amante, e lhe dava belas palmadas, ou se continuava feito uma besta vendo o tempo passar não poder fazer nada.
    – Temos que agir. E já tenho uma ideia. A Angélica morre hoje.
    – Me explique sua ideia.
    – A gente vai entrar nessa casa. E vai acabar com tudo e com todos. Mas a gente tem que matar a Angélica. Ou melhor: a gente precisa mandar nossos capangas fazerem o serviço. Os outros da casa, se ficarem vivos, não importa. O importante é: a Angélica tem que morrer! Desgraçada! Como ela tá viva, gente? Isso... Isso é incrível. Eu não consigo acreditar ainda, Luigi. Não consigo. Ah, meu Deus! O que é isso?
    – Calma, Eliana! – Luigi se aproxima da amada, e a envolve com seus braços. Brutalmente, ele encosta seus lábios aos dela, e se entregam aos beijos.



    O lugar era “estranho”. As casas, além de serem todas construídas de madeira, eram baixas, e cobertas por papelão. Resumindo: aquilo era uma favela de São Paulo. E uma das mais precárias. Como praxe, pelas ruas destruídas, só apareciam pessoas pobres, talvez até mesmo bandidos. Mas claro: pessoas honestas também. Pessoas que não têm culpa do destino, que reservou a elas uma vida de cão. Eliana e Luigi estavam na porta de uma dessas “construções”. Ela batia descontroladamente para que as pessoas de dentro pudessem atendê-los. Finalmente a porta foi aberta, e um homem branco e tatuado surgiu. Sua voz era grossa. Seus cabelos eram castanhos. Tinha uma aparência forte. Mas o importante era: Chamava-se Leandro, um dos capangas dos amantes que ainda o encaravam.
    Apesar da sala de estar não ser aconchegante, Eliana se sentou ao sofá, onde um homem negro estava deitado, assistindo futebol em uma TV LCD. Eliana não pôde deixar de reparar.
    – Como tu descolou essa grana pra comprar isso? Sei que é cara. Aliás, muito caro.
    – Comprar? O que é isso, patroa? O meu lema é roubar. Pra que comprar? Eu posso passar a mão em tudo o que eu vejo. Até na bunda das popozudas desse lugar aqui.
    – Senta aqui, Leandro, perto de mim e do Caio. – Eliana disse para o homem tatuado em pé, que obedeceu às ordens, apesar da casa ser dele, e ele quem deveria mandar ali. Luigi permaneceu em pé. A amante conseguia resolver as coisas sozinhas, e melhor do que ele.
    – Eu quero que vocês nos ajudem. Sei que vocês têm um monte de armas aqui escondidas. Peguem todas e nos encontrem na Avenida Paulista. A gente pra um assalto. Eu sei que pode cair na rede, e por isso tem que ser perfeito. Muito perfeito. O nosso único objetivo é matar uma pessoa. Uma loira muito bonita. A Angélica. Vocês conhecem.
    – E qual será o pagamento?
Eliana tira da bolsa de couro marrom, que combinava muito com sua camisa branca florada e sua calça jeans azul, um bolo de dinheiro. Era tudo notas de cem reais. Entregou mil reais pra cada um, fazendo questão de contar tudo o que entregava.
 – Isso é só um terço do pagamento. Se vocês fizerem o serviço direito, prometo que vou dar o que pedirem. Arranjem seus parceiros. Planejem tudo. – Eliana entrega para um deles um papel, com um endereço anotado. – Eu quero a cabeça da Angélica em cima de uma forma ungida a óleo.

COLABORADORES - LUIZ GUSTAVO E MÁRCIO GABRIEL
APOIO - VICTOR MARÇAL
DIREÇÃO DE ARTE - VICTOR MARÇAL e MÁRCIO GABRIEL
ESCRITO POR - WILLIAM ARAUJO
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