quarta-feira, 12 de março de 2014

Assim que Amanhecer - Capítulo 11




Música: “Sexy Bitch – David Guetta”.

    Seu nome era Melissa. E estava em seu quarto. Procurava algo muito importante nas gavetas. Revirou-a inteira até encontrar o que queria: uma máquina fotográfica. Antes de ligá-la, lembrou-se dos momentos difíceis que passou com o ex-marido. Exatamente no dia em que decidiram divorciar.

20 de Setembro de 2009.
    Estavam deitados na cama. Mas havia algo errado: eles permaneciam virados um para o outro, de costas. Melissa despejava no lençol suas lágrimas de sofrimento. Não aguentou mais. Levantou-se da cama, gritando:
    – Já chega! Eu to cansada de ver você olhando as fotos daquela Angélica, dizendo que eu devia ser igual a ela. Eu não quero ser igual àquela loira metida. Você tem que gostar de mim do jeito que eu sou.
    – Espera aí! É melhor você calar a boca, seu sapo-bola. – Disse ele, levantando-se da cama, e revelando estar de sunga, enquanto Melissa usava camisola, que fazia seu corpo gordo ficar maior, e não combinar nada com os cabelos ruivos, grudados no rosto cheio de sardas. – Você e a Angélica têm uma diferença: ela é gostosa. Você é uma panqueca vencida. Eu tenho nojo de você. É por isso que nunca quis ter filho. Só transamos uma vez, que foi na lua de mel. E dou graças a Deus por isso. Não quero me contaminar com essa sua gordura amarela, cheia de sebo.
     – Cala a boca! – Ela tascou uma enorme bofetada no rosto do marido, e correu em direção à gaveta. Pegou um álbum de fotografias, que eram todas de Angélica. – Olha o que eu faço com essas fotos, seu idiota! Eu rasgo e queimo. Porque marido meu não tem foto de puta guardada no nosso quarto.
     – Se é assim, acabou por aqui! – Gritou ele.
     – Do que você tá falando?
     – Do nosso casamento estranho e nojento. Eu quero o divórcio.
     – Você não vale nada, Samuel. Nada!
     – Melhor do que ser uma pata choca pingando gordura, e falando nojeira nos meus ouvidos para me convencer a ir pra cama. Você... Causa repugnância! Você... É uma gorda inflável. Você... É sebosa! Você, não é mulher. Você é um nada! Um nada!
     Melissa teve uma crise de nervos, correu novamente até a gaveta. Pegou o documento que estava em sua frente, e sem perder muito tempo o rasgou.
     – Você rasgou a nossa ‘certidão de casamento’?
     – Sim. E rasguei também as nossas vidas. Vai embora daqui agora mesmo. Sai da minha casa! Sai!
     – Com muito prazer.
     Rapidamente, ele começou a se vestir e arrumar as malas. De repente a porta se abriu e os pais da mulher, Bruno e Silvana, entraram. Estavam desesperados.
     – O que houve? – Perguntou Silvana, já chorando.
     – Não é da conta de vocês, velhos safados. – Respondeu Samuel, o ex-marido de Melissa, que derramava na cama o que lhe restara: as últimas lágrimas. “Tudo isso por culpa daquela Angélica. Se essa mulher aparecer no meu caminho, eu juro que destruo a vida dela de uma só vez”.


           
Música: “Dark Horse – Katy Perry”.

Eliana estava... Com tédio. Sim, pois assistia a um filme. Um documentário. Não aguentou mais, pegou o controle e desligou a televisão. Levantou-se do sofá onde estava deitada. E caminhou até o quarto. Ao abrir a porta, flagrou Luigi deitado na cama, e lendo um livro.
– Não acredito. Lendo, Luigi?
– O que você acha? – Perguntou ele, meio nervoso.
– Calma! Desculpa se eu atrapalhei sua leitura. O que você tá lendo? – Perguntou se jogando na cama e observando as palavras do texto.
– Esse livro... É estranho. Não conta a história de um personagem. Ele dá conselhos. Olha esse: “Nunca pense que seus planos possam ter dado certo. Pois o que ou quem você usou para fazê-lo poderá negar tudo isso, com uma jubilosa prova”.
Luigi, apesar de tudo, não conseguia refletir com a frase. Mas Eliana, ao contrário, se lembrou do que fizeram com Angélica. Fez o sinal da cruz. “Deus que me livre”.

Angélica não sabia quem deveria responder. O casal de sogros – Eram sim, pois Miguel fez questão de apresentá-la à família como namorada. – Não paravam de fazer perguntas:
– Você atropelou nosso filho, e fugiu para a imprensa não saber? – Era a pergunta de Bruno, o senhor da casa, que apesar da idade avançada, conseguia ser tão esperto quanto os mais novos.
– Sim, exatamente. E eu fico feliz por contar com a confiança de vocês. Eu to gostando do Miguel, desde hoje, se é que parece estranho. E já to contando minha vida para vocês. Mostrando que eu to viva.
   Mas a falta de uma pessoa naquela sala causava preocupação nos outros.
   – Cadê a Melissa? – Perguntou Miguel.
   – Vou chamá-la. Deve estar no quarto. – Explicou Silvana, que se dirigiu para o local que dissera.
   Subiu as escadas e abriu a porta do quarto de Melissa. Não havia ninguém lá. Começou a chamá-la por todos os cômodos, e não encontrou. Decidiu descer e avisar. Quando fez isso, exclamou:
    – Ela não está aqui.

    A campainha da mansão havia tocado. Eliana se apressou para atender. Antes, pediu que Luigi se escondesse. Abriu a porta e a figura era diferente de todas as pessoas que já viu em sua vida.
    – Quem é você?
    – Não importa quem eu sou. O importante é que trago uma notícia.
    – Notícia? – Perguntou Eliana, interessada. – Que notícia?
    – Essa! – Melissa entregou nas mãos de Eliana um envelope. Ela não perdeu tempo e abriu. Surpreendeu-se com o que viu: Angélica. E ela estava viva.



COLABORADORES - LUIZ GUSTAVO E MÁRCIO GABRIEL
APOIO - VICTOR MARÇAL
DIREÇÃO DE ARTE - VICTOR MARÇAL e MÁRCIO GABRIEL
ESCRITO POR - WILLIAM ARAUJO
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