segunda-feira, 24 de março de 2014

Alta Tensão - Capítulo 14




DÉCIMO QUARTO CAPÍTULO

Wagner ainda está chocado com a morte do detetive.
― Isso não pode estar acontecendo! — Wagner brada.
― O que foi vovô? – Vanessa pergunta.
― Nosso passeio na Flash Magazine vai ter de ficar para outra hora. Tenho que resolver umas coisas. — vira-se para o motorista — Ugo, coloque-me no carro e me leve até o endereço que eu vou te dar...

***

     Wagner e Ugo chegam até o escritório do detetive. Já não há mais o corpo do homem lá, apenas sangue espalhado pelo chão. Ugo age friamente, sabe que é o culpado pela morte do homem. Apenas guia a cadeira de Wagner até os policiais que ali estão.
― O senhor sabe se o detetive tinha algo para mim? – Wagner pergunta.
― Apenas encontramos um endereço numa caderneta.
― Tem o nome da pessoa?
― Sim. Chama-se Ingrid Ferreira. Conhece?
Wagner abre um sorriso e Ugo espanta-se.
― Sim, conheço. Minha filha. O senhor pode me dar o endereço?

***

Ingrid está aflita varrendo o chão da entrada do escritório da revista Flash. Triste pela morte da amiga Cida e ansiosa para falar com Wagner. Ela está disposta a abrir o jogo com o pai. Magnólia, a secretária, mexe no computador e percebe a aflição de Ingrid.
― Moça, algum problema?
― Na verdade tem. — Ingrid responde e se aproxima da secretária. – Eu to esperando o Dr. Wagner.
― (gargalha) E por que ele falaria com uma reles faxineira?
― Pelo mesmo motivo que ele contratou uma cachorra pra ser secretária. Ele tá aí ou não?
― Não, criancinha, ele não está. Olha os modos... Mas o que esperar de uma empregada ex-catadora de lixo?
― Nossa, a senhora é fofoqueira mesmo hein? Mas não vou discutir com você. Fica na tua aí e faz o teu trabalho que eu faço o meu.
Ingrid pega a vassoura do chão e sai. Ela decide ir logo para o velório da amiga, pedindo para sair cedo do serviço.

***

Wagner desce do carro e com ajuda do seu fiel motorista Ugo, se ajeita na cadeira de rodas. O lugar é um lixão, ou seja, perto da casa de Ingrid.
― Eu sinto que estou muito perto de encontrar minha filha.
― Assim espero Wagner. — Ugo dá um sorriso satânico.
Os dois chegam à porta da casa.
― Bata palmas. Veja se tem alguém. — ordena Wagner.
Ugo bate palmas, mas fica tudo em um silêncio total.
― Não tem ninguém aí, senhores. Dona Inês saiu. Foi para o enterro da garota que morava aí com ela. — uma mendiga responde.
― Ent.. Enterro?
― Sim. A garota foi assassinada essa noite. É uma pena.
Wagner fica zonzo. Não pode acreditar.
― A senhora sabe qual é o cemitério?
― É no Parque da Paz. Eu não fui porque eu não conhecia a garota...
Wagner joga uma nota de cem no chão e pede para que Ugo o leve até o cemitério.

***

Ingrid chega ao cemitério. Há apenas Inês chorando ao lado do caixão de Cida.
― Ela era inocente, não merecia isso! Não conhecia muito a moça, mas sei que ela tinha bom coração...
Ela abraça a senhora.
― Ela vai pra um ligar melhor. Eu sofro muito. Cidinha era a minha melhor amiga!
De repende, Wagner e Ugo adentram na sala onde está sendo velado o corpo de Cida. Ingrid reconhece Ugo, da última noite. Foi ele quem matou a sua amiga, pensando que era ela.
― Desculpem-nos o incômodo, mas acho que essa garota é minha filha... — Wagner é direto. — Como ela se chamava?
Inês começa a dizer, mas Ingrid interrompe, dizendo o seu próprio nome, fazendo com que assim a garota tome sua identidade:
― Ela se chamava Ingrid Ferreira. Lamento pela morte da sua filha.




Wagner desejaria se ajoelhar, porém não pode.
     ― Essa é a Ingrid mesmo?
     ― Eu sinto muito, Doutor Wagner, mas ela foi assassinada esta noite. — a verdadeira Ingrid começa a assumir a identidade da amiga morta.
     ― Alguém matou o detetive para descobrir o paradeiro da minha filha, Ugo! E acabou matando a pobre inocente também. Maldito! — Wagner chora.
     Inês pega Ingrid pelo braço e se retira, deixando Ugo e Wagner a sós, com o corpo de Ingrid, que na verdade é Cidinha.

***

     ― O que você está fazendo, Ingrid? Falsidade ideológica é crime! — diz Inês.
     ― É por uma boa causa. Minha vida está em jogo! Aquele homem que está com o Dr. Wagner. Foi ele quem matou a Cida pensando que era eu. Agora deixe ele se enrolar. Certamente foi alguém misterioso que ele mandou me matar. Agora ele que se afogue na própria merda que ele fez.
     ― Abre o jogo com o seu pai. Quem ta fazendo merda é você!
     ― Eu não posso. Mas eu tenho um plano. Eu vou tentar me aproximar do Wagner, para protegê-lo. É meu dever como filha.
     ― Ele abandonou sua mãe com você no ventre dela!
     ― Mas eu vejo que ele se arrependeu, pois ele está me procurando!
     ― Eu não te entendo, Ingrid. Por que você mentiu? Aquela não é a Ingrid, é a Cidinha, sua melhor amiga. Ingrid é você, a filha dele, que está viva.
― Eu preciso me proteger e proteger ele. Só que antes eu tenho que saber quem está mandando essa cobra criada (Ugo) acabar com a minha vida e destruir os planos do Wagner.
― Você ta ficando maluca.
― Não. Só quero o que é meu de direito e eu nunca tive oportunidade. Essa, é única.
***
Ingrid e Inês voltam à sala onde o corpo de Cidinha está sendo velado. Wagner ainda acha que aquela ali é sua filha.
― Ela tem os traços de Yolanda...
― Por favor, Wagner. Vamos embora, capiche? — Ugo tenta tirar Wagner dali.
― Ela era minha melhor amiga. — Ingrid encara Ugo e depois olha para Wagner. – Eu... — fica com a voz embargada — Eu não sei se vou poder viver sem a... Ingrid.
― Quero dar toda a assistência necessária à família. Você trabalha...
― Meu nome é Cida, como já disse. — Ingrid mente mais uma vez.
― Desculpe, não me dou bem com nomes. Então, você trabalha?
― Sim... Trabalho na revista do senhor. Sou faxineira. Comecei há alguns dias.
― Quer dizer que você trabalha na Flash?
― Exatamente. Sou faxineira.
― Não é mais. A partir de hoje você é minha nova secretária. Não posso deixar a melhor amiga da minha filha desamparada. Aceita Cida?
Ingrid sorri.
― Não sei nem o que dizer...
― Não diga nada... É uma forma de agradecimento.
***
Os dias passam.
Ingrid está na casa de Dona Inês. Ansiosa para o primeiro dia como secretária de Wagner, mas ainda um pouco triste pela morte da amiga. Ela tira uma foto de dentro de uma caixa, onde ela guarda algumas lembranças. A foto é de duas adolescentes, mal vestidas, mas que estão felizes. É ela e Cida. Ingrid aperta a foto contra o peito e fecha os olhos.
― Ingrid... Tem um rapaz aí querendo falar com você. Você vai falar com ele? – Inês atrapalha a sessão nostalgia de Ingrid.
― Quem é?
― Não disse nenhum nome.
Ingrid fica curiosa e vai até a porta. Surpreende-se ao ver Bruno à sua espera. 


COLABORADOR - LUIZ GUSTAVO
DIREÇÃO DE ARTE -  MÁRCIO GABRIEL
ESCRITO POR - MÁRCIO GABRIEL
REALIZAÇÃO - TV VIRTUAL
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