CAPÍTULO 19
Laura
já tinha todos os detalhes do plano na cabeça. Tudo seria perfeito. Tirar as
coisas das pessoas se tornara fácil, desde que a vida tirou dela o que ela
tinha de mais precioso.
Perder
um filho não era como perder dinheiro ou algo valioso. A ausência nunca era
preenchida. Sempre existiria a ausência.
Para
colocar o plano em execução Laura precisava colocar o pai na jogada.
-
Pai eu pensei em passarmos o fim de semana na cabana. Eu o Bernardo o senhor a
Samantha, a Isabel com o namorado dela. Vai ser ótimo. Vai ser uma ótima
ocasião para o senhor pedir a mão da Samantha.
-
Seria mesmo, mas infelizmente eu vou viajar, mas eu faço questão que vocês vão.
Vai ser ótimo.
-
O senhor pode falar com a Samantha? Eu quero que ela vá comigo para preparar
uma surpresa para o Bernardo. Eu e ela vamos um dia antes e o Bernardo e a
Isabel vão no outro dia.
-
Eu vou falar com ela. Pode deixar.
Samantha
não queria preparar surpresa para Bernardo e muito menos ajudar Laura, mas para
manter as aparências ela concordou. Samantha não sabia ao certo o que sentia
quando olhava para Bernardo. Se era saudade, raiva, amor, desejo ou se era uma
combinação de todos esses sentimentos juntos.
Mesmo
tendo um apartamento de luxo Samantha sempre que podia estava na casa de
Mizael, era uma forma de marcar território, fazer Laura saber que ela sempre
estaria por perto. Observando cada movimento da rival. Samantha adorava ficar
na piscina tomando sol e expor a ótima forma física. Um dia para a sua surpresa
Bernardo se aproximou. Ele trouxera um copo de refresco.
Samantha
sentou na espreguiçadeira e disse em alemão:
-
Você me surpreendeu. Eu nunca imaginei que você viesse falar comigo.
-
Antes eu não tinha coragem. Eu também não sabia ao certo o que falaria quando
tivesse cara a cara com você.
-
Não importa mais. Nós dois já fizemos as nossas escolhas.
-
Você não sabe mesmo quem era o cara que estava com você na cama?
-
Não... eu não faço a menor ideia.
-
Para minha tristeza eu acho que a Laura sabe. Um dia eu os vi conversando.
Antes
que Samantha pudesse dizer a próxima frase Laura apareceu.
-
Vocês não têm mais nada para conversar. Vem Bernardo o meu pai quer falar com
você.
....
Geraldo
precisava se aproximar outra vez de Laura, precisava arrumar um meio para estar
com ela e para isso pediu para Carmem ligar para ela e dizer que estava no
Brasil e marcarem para que elas pudessem conversar. Carmem ligou e pediu para que
elas se encontrassem no hotel onde ela estava hospedada.
Laura
chegou ao hotel e deu o nome falso de Carmem, Carmem recebeu Laura com um
abraço afetuoso. Laura não fez rodeios, soltou logo a pergunta:
-
Eu achei que você nunca mais pisaria no Brasil.
-
Você deve imaginar como são essas coisas um dia não se pode e no outro pode.
Estou aqui.
Carmem
se aproxima de Laura e toca sua barriga.
-
Você está grávida. Foi uma noticia maravilhosa.
-
Eu estou radiante, não achei que fosse possível.
-
Deus gosta de pregar peças em nós médicos. Nós dizemos que não e vem Ele e muda
tudo. Nós falamos sim e Ele simplesmente diz não. É uma queda de braço que não
podemos vencer.
-
Eu fiquei curiosa para saber o que você tinha para me falar.
-
Eu particularmente não tenho nada a dizer, mas ele sim.
Carmem
gira os calcanhares e vê Geraldo sair do banheiro. Ao vê-lo Laura arregala os
olhos como se estivesse vendo um fantasma.
-
Eu não quero ouvir uma palavra do que ele tem a me dizer.
-
Minha Laura, nós estamos aqui. Escuta-me.
-
Eu vou embora.
Laura
foi até a porta e constatou que a mesma estava trancada.
-
Me deixem sair! Eu não quero ficar.
Geraldo
se aproximou e tocou o ombro de Laura para acalma-la e a reação que veio a
seguir foi a mais inesperada. Laura o cobriu de tapas, murros e feria sua pele
com as unhas. Carmem interveio.
-
Laura, por favor. Se acalme.
Mas
Laura estava fora de si, todo o ódio viera a tona e ela não conseguia mais se
controlar. De repente os gritos cessaram e o quarto foi tomado de um silencio
pavoroso. Geraldo estava com os braços sobre a cabeça para se defender dos
golpes, mas o próximo golpe não veio.
Laura
estava imóvel com seu rosto pálido. Uma mancha de sangue escorria por suas
pernas e ela permanecia imóvel.
-
Ela está sangrando. Faça alguma coisa Geraldo.
-
Vamos deitá-la na cama.
O
quarto começou a ficar preto ao redor. Laura sabia o que estava por vir. Ela
tentava falar, mas as palavras se transformavam em uma bola de carne na boca
dela e ela não conseguia pronunciá-las.
-
Nós precisamos leva-la ao hospital.
Carmem
ligou para a recepção e logo uma ambulância estacionava na entrada do hotel.
Laura
estava mergulhada na escuridão, ela não conseguia ver nada e só sentia que em
meio a escuridão havia agulhas que espetavam todo o corpo dela. Ela sentia
vontade de gritar, mas alguma coisa lhe tapava a boca e segurava seus braços e
pernas.
Carmem
e Geraldo estavam desesperados. Geraldo estava todo machucado e falou baixinho
para Carmem.
-
Nós precisamos sair daqui.
-
E deixar a Laura?
-
Carmem como nós vamos explicar a historia toda?
Pode
ir. Eu fico e eu tento concertas as coisas.
-
Me mantenha informado.
-
Tudo bem, agora sai daqui antes que eu mesma chame a policia pra você.
Uma
luz fraca surgiu em meio a densa escuridão e aos poucos ela pode reconhecer
onde estava. Laura foi abrindo os olhos e observou os detalhes do quarto onde
estava. Era um quarto grande e deveriam ter umas vinte pessoas se amontoando.
Uns pareciam mortos e outros já pareciam estar em decomposição.
Minutos
depois Carmem entrava no quarto. Ela estava tão elegante que era impossível não
notar sua presença. Laura conteve o desejo de voar na garganta dela e apertar
com força.
-
Você está bem querida?
-
Que lugar é essa Carmem?
-
Você está no hospital.
-
Eu sei que isso é um hospital, mas de que povoado da África?
-
Adoro seu senso de humor. Estamos no hospital público.
-
Meu filho está bem?
Uma
enfermeira observou a movimentação e se aproximou:
-
Você tem que repousar.
-
O meu filho está bem?
ESCRITO POR - TIAGO MACHADO
DIREÇÃO DE ARTE - TIAGO MACHADO
REALIZAÇÃO - TV VIRTUAL
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