DÉCIMO TERCEIRO CAPÍTULO
Ugo e Wagner se preparam para subir
no jatinho. Aos longes, os gritos de Vanessa:
―
Me esperem!
Ela corre carregando uma mala
cor-de-rosa.
―
Eu vou com vocês para Fortaleza, vovô.
***
Ingrid
e Cidinha voltavam do serviço na Flash Magazine e conversavam na parada de
ônibus.
―
Ta demorando demais, não acha? – Cida comenta.
―
É assim mesmo. A realidade pra quem anda de ônibus...
Enquanto isso, um fotógrafo tira
fotos das duas. (mais tarde sabe-se que esse fotógrafo é o detetive contratado
por Wagner).
***
Vanessa fica no pé do avô a viagem
inteira.
―
Chega! Chega minha neta.
―
O que foi vô? Eu só queria ajudar o senhor. Sabe o que eu tava pensando? Dá
umas férias para o Ugo e me deixa cuidando de você!
―
Muito gentil de tua parte. – Ugo comenta irônicamente.
Finalmente
o táxi chega à mansão. Vanessa salta e comenta:
― Uau! Que casarão! Por fotos não parece
tão grande... Quero ver meu quarto. — Ela corre em direção à porta arrastando a
mala cor-de-rosa de rodinhas. Fidel abre o portão.
Enquanto Ugo põe o patrão na
cadeira de rodas, eles conversam.
―
Não foi uma boa ideia trazer essa garota pra cá.
―
O senhor tem razão, Wagner. O que faremos agora?
―
Não importa agora. Vanessa pode ser uma ótima aliada futuramente. Leve-me até
em casa, preciso ver se chegou alguma correspondência pra mim.
***
Wagner chega à mansão. Pede para
que Ugo guie sua cadeira ate o escritório.
―
Fidel, chegou correspondência pra mim?
―
Sim senhor. Está em cima da sua mesa.
―
Não mexeu em nada?
―
Não senhor.
Wagner
procura a correspondência que deseja, mas não acha. Apenas contas e alguns
convites.
―
Droga!
―
O que foi, senhor?
―
Não há nada do detetive.
―
Ligue para ele!
―
É o que eu vou fazer...
Wagner
tira um cartão de dentro da gaveta. É o do detetive contratado por ele para
investigar Ingrid. Disca o número no telefone e espera o detetive atender.
―
Alô, Almeida? Alguma novidade?― Wagner escuta o homem falar e depois continua.
— Uma revelação bombástica? Mas só pessoalmente? Amanhã eu encontro você então.
Espero que a informação valha o que eu te pago. — desliga.
―
Ele descobriu algo sobre sua filha, senhor?
―
Sim. Amanhã eu o encontrarei. Pelo jeito dele falar, estou mais próximo da
minha filha mais do que nunca. Ingrid...
Wagner
coloca o cartão na mesa, mas ele voa com o vento. Ugo é rápido e guarda o cartão no bolso.
Assim
que coloca Wagner para descansar em sua cama, Ugo dirige-se até o banheiro para
fazer uma ligação do seu celular.
―
Alô, Cérebro? Precisamos fazer alguma coisa, capiche? Wagner está mais perto de
encontrar a filha bastarda...
― (uma voz distorcida, em off) Incompetente! Pelo menos já sabe o que
fazer?
―
Sì. Sujarei minhas mãos com sangue. Non te preocupes, Cérebro. A vida da
bastarda está em minhas mãos. Logo ela vai paro o inferno.
***
Ugo
vestiu-se de preto, como quem vai cometer um assassinato: calças compridas,
camisa de manga, boné, tudo de cor preta. Ele olha no relógio: meia noite. Ele
espera pacientemente por alguém na frente da porta de um velho escritório.
Confere no cartão deixado cair por Wagner se o endereço é aquele mesmo.
Som de passos. Um homem se
aproxima.
―
O senhor é o detetive Almeida? – pergunta Ugo.
―
Sim, por quê?
―
Tenho uma encomenda para o senhor.
Ugo atira bem na testa do homem,
que cai morto no chão. Ele pega as chaves do escritório e abre a porta.
―
Preciso achar os arquivos que ele ia mostrar pro Wagner...
O
italiano revira as gavetas e finalmente encontra um envelope em papel madeira
com várias fotos, e um verdadeiro dossiê de Ingrid.
―
Ingrid Ferreira, ex-catadora de lixo... Agora faxineira na Flash Magazine!? —
espanta-se — Endereço...
Ugo
revira os papeis e encontra o endereço da casa de D. Inês, onde nossa
protagonista está hospedada.
―
Preciso ir até lá ainda hoje. Preciso acabar com a vida dessa mulher antes que
seja tarde.
Ele sai do escritório. O corpo do
detetive continua lá. Ugo pisa em cima do homem ao sair do corredor.
Ugo coloca
a máscara antes de arrombar a porta da casa de D. Inês. Saca o revólver e
espera. A madrugada no lixão é silenciosa, porém deve-se tomar cuidado.
Não é
difícil derrubar a velha porta. Ugo se aproxima de um quarto. Lá dorme uma
senhora.
― Non é
esta. — sussurra para si mesmo.
No outro
quarto, dormem Ingrid e Cidinha. Ingrid está acordada e resolve ir até o outro
compartimento, que é uma pequena cozinha. Pela outra entrada, Ugo observa
Cidinha dormindo.
― Olá,
bastardinha...
Ingrid ouve
alguns ruídos no quarto e resolve voltar. Assusta-se ao ver um homem parado na
frente da cama onde a amiga dorme, porém, apenas observa o que ele diz.
― Sabe
Ingrid... Esse é o seu nome não? – sussurra para Cidinha, que dorme
profundamente. Continua. — Ganharia uma grana preta se tuo pai te achasse. Ele
quer deixar tudo pra ti. Sabe, eu ainda era um bambino quando conheci tua mãe.
Yolanda era uma tremenda puta que traía a patroa com o marido dela. Dona Norma
tinha plena confiança nela. Ela bem que mereceu o fim que teve.
Ingrid se
choca com as barbaridades ditas pelo homem.
― Você
seria rica... Muito rica! Mas agora só se for no inferno! Bons sonhos... — Ugo
dá dois tiros em direção à cama onde Cida dorme. O barulho foi abafado pelo
silenciador. — Adio, Ingrid Ferreira... Peregrini.
Ugo corre,
Ingrid grita, mas também abafa o barulho com a mão.
― Cida,
Cidinha. Cidinha!
Não
adianta. Cida está morta.
***
Ugo fica
com um sorriso no rosto, pois acha que matou de fato Ingrid. Ele vai até a
mansão falando no telefone com o “Cérebro”.
― Tudo
feito, Cérebro. Ingrid está morta. Podemos agora dar andamento ao nosso plano?
Estou louco para acabar com a raça do Wagner...
― (voz
distorcida em off) Ainda não. Ele precisa
saber da morte da filha e mudar o testamento. Conto com sua ajuda, Ugo.
Surpreenda-me.
***
D. Inês se
desespera e chora ao lado do corpo ensanguentado de Cidinha. Ingrid sente por
tudo. Poderia ter ajudado a amiga, porém não o fez por medo.
Os legistas
levam o corpo da moça até o rabecão. Inês chora:
― Não, não!
Isso não está acontecendo! Quem foi? Quem fez essa maldade, meu Deus?!
No
interrogatório, Ingrid esconde tudo o que aconteceu. Apenas conta que estava
dormindo na hora do acontecido.
― A vítima
tinha algum contato com entorpecentes?
― Sim, mas
ela parou faz muito tempo. — Ingrid responde ao policial.
― Você acha
que foi problemas com dívidas? Já que o bandido entrou na casa justamente para
matar sua amiga...
― Não sei
muita coisa da vida dela. Talvez sim, talvez não... — Ingrid mente. — Posso ir
agora moço?
***
Vanessa
acorda e dirige-se até a mesa, onde Wagner toma café da manhã. Fidel os serve.
― Como está
Analú, Fidel?
― Bem.
Obrigado por perguntar, senhor.
― Não se
faça de sonso. Ela tem que voltar logo ao trabalho.
― Oi
vovôzito! — da um beijo no rosto de Wagner e pega uma banda de mamão.
― Olá. Bom
dia! Dormiu bem?
― Com os
anjos! Estou louca para conhecer a
revista do senhor... Me leva até lá? Por favor, por favor, por favor?
― Hoje eu
vou dar uma passada lá, mas de lá eu tenho outro compromisso. Você pode ir
comigo voltar com o Ugo da Flash sem problemas. Aliás, onde ele está?
― Ainda
dorme, Dr. Wagner... Ugo chegou tarde ontem. — Fidel responde enquanto coloca
café na xícara do patrão.
―
(enciumado) Como assim, chegou tarde? Quer dizer... Ugo vai pra gandaia e quem
paga o pato sou eu. Empregado vagabundo eu quero fora daqui. Fidel, vá acordar
esse incompetente. Diga que eu quero ele e o carro prontos em dez minutos.
― Como
quiser.
― Ah vovô,
dá um desconto para o Ugo. Pelo que eu vi ele trabalha como um condenado. —
Vanessa dá sua opinião. Wagner não diz nada.
***
― Como
assim trabalhar hoje, Ingrid? — D. Inês assusta-se. – Temos que nos preparar
para o enterro da Cida. Eu ainda não me conformo com o que aconteceu...
― Agora é
uma questão de honra. Hoje eu falo com o meu pai.
― Não te
mete com ele. Eu ainda acho que eles queriam TE matar.
― E era...
Eu ouvi o assassino dizer.
― E você
estava acordada?!
― Fala
baixo, D. Inês! Eles mataram a Cida achando que era eu...
***
Wagner
recebe uma ligação. É da polícia.
― Alô,
senhor Wagner Peregrini?
― Pois
não...
― Achamos o
seu número aqui na lista das últimas ligações do celular do senhor Leônidas
Almeida.
― O que tem
ele?
― Ele foi
assassinado na noite passada. Era seu detetive, não?
COLABORADOR - LUIZ GUSTAVO
DIREÇÃO DE ARTE - MÁRCIO GABRIEL
ESCRITO POR - MÁRCIO GABRIEL
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