sexta-feira, 21 de março de 2014

Alta Tensão - Capítulo 13


DÉCIMO TERCEIRO CAPÍTULO

Ugo e Wagner se preparam para subir no jatinho. Aos longes, os gritos de Vanessa:
     ― Me esperem!
Ela corre carregando uma mala cor-de-rosa.
     ― Eu vou com vocês para Fortaleza, vovô.

***

     Ingrid e Cidinha voltavam do serviço na Flash Magazine e conversavam na parada de ônibus.
     ― Ta demorando demais, não acha? – Cida comenta.
     ― É assim mesmo. A realidade pra quem anda de ônibus...
Enquanto isso, um fotógrafo tira fotos das duas. (mais tarde sabe-se que esse fotógrafo é o detetive contratado por Wagner).
***
Vanessa fica no pé do avô a viagem inteira.
     ― Chega! Chega minha neta.
     ― O que foi vô? Eu só queria ajudar o senhor. Sabe o que eu tava pensando? Dá umas férias para o Ugo e me deixa cuidando de você!
     ― Muito gentil de tua parte. – Ugo comenta irônicamente.
     Finalmente o táxi chega à mansão. Vanessa salta e comenta:
     ― Uau! Que casarão! Por fotos não parece tão grande... Quero ver meu quarto. — Ela corre em direção à porta arrastando a mala cor-de-rosa de rodinhas. Fidel abre o portão.
Enquanto Ugo põe o patrão na cadeira de rodas, eles conversam.
     ― Não foi uma boa ideia trazer essa garota pra cá.
     ― O senhor tem razão, Wagner. O que faremos agora?
     ― Não importa agora. Vanessa pode ser uma ótima aliada futuramente. Leve-me até em casa, preciso ver se chegou alguma correspondência pra mim.
***
Wagner chega à mansão. Pede para que Ugo guie sua cadeira ate o escritório.
     ― Fidel, chegou correspondência pra mim?
     ― Sim senhor. Está em cima da sua mesa.
     ― Não mexeu em nada?
     ― Não senhor.
     Wagner procura a correspondência que deseja, mas não acha. Apenas contas e alguns convites.
     ― Droga!
     ― O que foi, senhor?
     ― Não há nada do detetive.
     ― Ligue para ele!
     ― É o que eu vou fazer...
     Wagner tira um cartão de dentro da gaveta. É o do detetive contratado por ele para investigar Ingrid. Disca o número no telefone e espera o detetive atender.
     ― Alô, Almeida? Alguma novidade?― Wagner escuta o homem falar e depois continua. — Uma revelação bombástica? Mas só pessoalmente? Amanhã eu encontro você então. Espero que a informação valha o que eu te pago. — desliga.
     ― Ele descobriu algo sobre sua filha, senhor?
     ― Sim. Amanhã eu o encontrarei. Pelo jeito dele falar, estou mais próximo da minha filha mais do que nunca. Ingrid... 
     Wagner coloca o cartão na mesa, mas ele voa com o vento.  Ugo é rápido e guarda o cartão no bolso.
     Assim que coloca Wagner para descansar em sua cama, Ugo dirige-se até o banheiro para fazer uma ligação do seu celular.
     ― Alô, Cérebro? Precisamos fazer alguma coisa, capiche? Wagner está mais perto de encontrar a filha bastarda...
― (uma voz distorcida, em off) Incompetente! Pelo menos já sabe o que fazer?
     ― Sì. Sujarei minhas mãos com sangue. Non te preocupes, Cérebro. A vida da bastarda está em minhas mãos. Logo ela vai paro o inferno.

***


     Ugo vestiu-se de preto, como quem vai cometer um assassinato: calças compridas, camisa de manga, boné, tudo de cor preta. Ele olha no relógio: meia noite. Ele espera pacientemente por alguém na frente da porta de um velho escritório. Confere no cartão deixado cair por Wagner se o endereço é aquele mesmo.
Som de passos. Um homem se aproxima.
     ― O senhor é o detetive Almeida? – pergunta Ugo.
     ― Sim, por quê?
     ― Tenho uma encomenda para o senhor.
Ugo atira bem na testa do homem, que cai morto no chão. Ele pega as chaves do escritório e abre a porta.
     ― Preciso achar os arquivos que ele ia mostrar pro Wagner...
     O italiano revira as gavetas e finalmente encontra um envelope em papel madeira com várias fotos, e um verdadeiro dossiê de Ingrid.
     ― Ingrid Ferreira, ex-catadora de lixo... Agora faxineira na Flash Magazine!? — espanta-se — Endereço...
     Ugo revira os papeis e encontra o endereço da casa de D. Inês, onde nossa protagonista está hospedada.
     ― Preciso ir até lá ainda hoje. Preciso acabar com a vida dessa mulher antes que seja tarde.
Ele sai do escritório. O corpo do detetive continua lá. Ugo pisa em cima do homem ao sair do corredor.





Ugo coloca a máscara antes de arrombar a porta da casa de D. Inês. Saca o revólver e espera. A madrugada no lixão é silenciosa, porém deve-se tomar cuidado.
Não é difícil derrubar a velha porta. Ugo se aproxima de um quarto. Lá dorme uma senhora.
― Non é esta.  — sussurra para si mesmo.
No outro quarto, dormem Ingrid e Cidinha. Ingrid está acordada e resolve ir até o outro compartimento, que é uma pequena cozinha. Pela outra entrada, Ugo observa Cidinha dormindo.
― Olá, bastardinha...
Ingrid ouve alguns ruídos no quarto e resolve voltar. Assusta-se ao ver um homem parado na frente da cama onde a amiga dorme, porém, apenas observa o que ele diz.
― Sabe Ingrid... Esse é o seu nome não? – sussurra para Cidinha, que dorme profundamente. Continua. — Ganharia uma grana preta se tuo pai te achasse. Ele quer deixar tudo pra ti. Sabe, eu ainda era um bambino quando conheci tua mãe. Yolanda era uma tremenda puta que traía a patroa com o marido dela. Dona Norma tinha plena confiança nela. Ela bem que mereceu o fim que teve.
Ingrid se choca com as barbaridades ditas pelo homem.
― Você seria rica... Muito rica! Mas agora só se for no inferno! Bons sonhos... — Ugo dá dois tiros em direção à cama onde Cida dorme. O barulho foi abafado pelo silenciador. — Adio, Ingrid Ferreira... Peregrini.
Ugo corre, Ingrid grita, mas também abafa o barulho com a mão.
― Cida, Cidinha. Cidinha!
Não adianta. Cida está morta.

***

Ugo fica com um sorriso no rosto, pois acha que matou de fato Ingrid. Ele vai até a mansão falando no telefone com o “Cérebro”.
― Tudo feito, Cérebro. Ingrid está morta. Podemos agora dar andamento ao nosso plano? Estou louco para acabar com a raça do Wagner...
― (voz distorcida em off) Ainda não. Ele precisa saber da morte da filha e mudar o testamento. Conto com sua ajuda, Ugo. Surpreenda-me.

***

D. Inês se desespera e chora ao lado do corpo ensanguentado de Cidinha. Ingrid sente por tudo. Poderia ter ajudado a amiga, porém não o fez por medo.
Os legistas levam o corpo da moça até o rabecão. Inês chora:
― Não, não! Isso não está acontecendo! Quem foi? Quem fez essa maldade, meu Deus?!
No interrogatório, Ingrid esconde tudo o que aconteceu. Apenas conta que estava dormindo na hora do acontecido.
― A vítima tinha algum contato com entorpecentes?
― Sim, mas ela parou faz muito tempo. — Ingrid responde ao policial.
― Você acha que foi problemas com dívidas? Já que o bandido entrou na casa justamente para matar sua amiga...
― Não sei muita coisa da vida dela. Talvez sim, talvez não... — Ingrid mente. — Posso ir agora moço?

***

Vanessa acorda e dirige-se até a mesa, onde Wagner toma café da manhã. Fidel os serve.
― Como está Analú, Fidel?
― Bem. Obrigado por perguntar, senhor.
― Não se faça de sonso. Ela tem que voltar logo ao trabalho.
― Oi vovôzito! — da um beijo no rosto de Wagner e pega uma banda de mamão.
― Olá. Bom dia! Dormiu bem?
― Com os anjos!  Estou louca para conhecer a revista do senhor... Me leva até lá? Por favor, por favor, por favor?
― Hoje eu vou dar uma passada lá, mas de lá eu tenho outro compromisso. Você pode ir comigo voltar com o Ugo da Flash sem problemas. Aliás, onde ele está?
― Ainda dorme, Dr. Wagner... Ugo chegou tarde ontem. — Fidel responde enquanto coloca café na xícara do patrão.
― (enciumado) Como assim, chegou tarde? Quer dizer... Ugo vai pra gandaia e quem paga o pato sou eu. Empregado vagabundo eu quero fora daqui. Fidel, vá acordar esse incompetente. Diga que eu quero ele e o carro prontos em dez minutos.
― Como quiser.
― Ah vovô, dá um desconto para o Ugo. Pelo que eu vi ele trabalha como um condenado. — Vanessa dá sua opinião. Wagner não diz nada.

***

― Como assim trabalhar hoje, Ingrid? — D. Inês assusta-se. – Temos que nos preparar para o enterro da Cida. Eu ainda não me conformo com o que aconteceu...
― Agora é uma questão de honra. Hoje eu falo com o meu pai.
― Não te mete com ele. Eu ainda acho que eles queriam TE matar.
― E era... Eu ouvi o assassino dizer.
― E você estava acordada?!
― Fala baixo, D. Inês! Eles mataram a Cida achando que era eu... 

***

Wagner recebe uma ligação. É da polícia.
― Alô, senhor Wagner Peregrini?
― Pois não...
― Achamos o seu número aqui na lista das últimas ligações do celular do senhor Leônidas Almeida.
― O que tem ele?
― Ele foi assassinado na noite passada. Era seu detetive, não?

 

COLABORADOR - LUIZ GUSTAVO
DIREÇÃO DE ARTE -  MÁRCIO GABRIEL
ESCRITO POR - MÁRCIO GABRIEL
REALIZAÇÃO - TV VIRTUAL
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