segunda-feira, 31 de março de 2014

A ERA DOS MORTOS - 37


CAPÍTULO 37



Lex, Janaira e Lizzie desciam as escadas quando escutaram o primeiro grito agudo de dor e desespero.

- O que foi isso? – perguntou Janaira, congelando no meio da escadaria.

Lex sentiu uma estranha sensação em seu coração, aquela sensação que avançava e embebia sua alma em dúvida.  Alguma coisa estava acontecendo.

- Eu vou ver!!! – disse ela, descendo em disparada. Quando a visão para o saguão de entrada se abriu, Lex percebeu que havia realmente alguma coisa muito ruim acontecendo. As pessoas corriam de um lado para outro e agora era possível escutar os primeiros tiros vindos de algum lugar lá fora.

“Jack!”, pensou Lex. Ia descendo o restante das escadarias quando alguma coisa a segurou. Era Casper que a segurava pelo braço.

- Venha, precisamos ir...

- Precisamos ir, onde? – perguntou Lex, apavorada. Precisava alcançar a porta. Precisava assegurar de que Jack estava bem.

- São ordens do Sr. Trevor! Houve uma quebra de segurança na muralha interna. Preciso retirar você daqui o quanto antes.

- Ele está na muralha? – perguntou Alexia esperançosa.

- Você não vai... – ele ia dizendo, mas já era tarde. Pequena como era, desvencilhou-se de Casper e fugiu dos seus braços antes que ele pudesse reagir.

Depois disso, Lex desceu as escadas em disparada de dois em dois degraus e enfiou-se na multidão de pessoas que corriam sem rumo no saguão de entrada.

Quando saiu do castelo, viu que a situação era ainda pior lá fora. Pessoas corriam de um lado para outro. Agentes surgiam de dentro do castelo e corriam para onde havia um grande aglomero de pessoas perto da muralha.

Lex aproximou-se. Viu alguém que se parecia com Jack, mas então algo chamou sua atenção.

Era um dos soldados que se aproximava dela com os olhos esbugalhados, a boca aberta escorrendo uma estranha substancia as mãos à frente como se esperasse agarrá-la.

Levou a mão ao coldre, mas lembrou-se de que estava sem a arma e enquanto pensava sobre o que fazer, o agente a atingiu e a mordeu no antebraço.

A dor que a atingiu foi tão grande e, com o peso do maldito zumbi pra cima dela, Lex acabou tombando, machucando as costas na caída. Com a distração, o zumbi arrancou um pedaço de sua pele e ia avançando, quando Jack surgiu do nada e arrancou o morto-vivo de cima de Lex. Quando a criatura tentava se levantar, um tiro o atingiu na cabeça.

Com um estranho brilho no olhar, Jack a suspendeu meio sem jeito e a empurrou na direção no castelo.

- Saia daqui, agora! – disse ele, olhando em direção ao aglomero perto da muralha.

- O que está acontecendo? – perguntou Lex, voltando a aproximar-se dele.

- Há três pontos da muralha que sofreram falhas de segurança. Pessoas foram mordidas e levadas para dentro do castelo e já há alguns zumbis zanzando por aí, Alexia. O que acha que está acontecendo? Lembra-se da promessa que você me fez, é hora de cumprir, saia daqui e vá para o helicóptero. Se conseguirmos conter esse problema, mandarei trazê-la, mas até que tudo esteja bem, é imprescindível que você fique em segurança, para que não aconteça o que acabou de acontecer... – disse ele, com um tom irritadiço, olhando para o braço machucado de Lex.

- Eu posso ajudar... mais do que qualquer pessoa, pois eu posso ser mordida sem que nada aconteça comigo.

- Não sabemos disso! Você foi mordida uma vez, Lex e talvez não tenha sido contaminada o suficiente...

- Você sabe que na Cidadela eles fizeram experiências.... me injetaram mais desse vírus do que qualquer pessoa poderia suportar... Não me subestime, Sr. Trevor... você sabe que sou mais forte do que aparento.

- E mais preciosa, também, Alexia. O vírus pode não fazer efeito no seu organismo, mas se um zumbi morder em sua garganta? Ou se a morderem até seus ossos... até que não sobre nenhum traço de vida em você? Você é a coisa mais preciosa que existe nesse mundo, querida, e não vou deixar que nada aconteça com você...

Lex percebeu que Casper havia aparecido atrás dela e Jack a empurrava para ela,mas ela não iria deixar aquilo assim.

- Jack... venha comigo, se sou tão preciosa pra você... fique comigo, não me abandone, Jack... por favor...

- Ora, por favor... – disse ele, agarrando-a pelos braços e arrastando-a até Casper – Achou mesmo que eu transei com você por que a amo? Você não é nada para mim a não ser um objeto valioso, o MEU objeto... e vai me obedecer...

- Você não está falando sério... não é verdade. Você me ama... eu sei... eu sinto...

Lex lutava com ele, mas sabia que era uma luta perdida, principamente, quando Casper a segurou pela cintura.

- Jack... Jack por favor... Jack... – disse ela, sem conseguir segurar o embargo que havia em sua garganta. As palavras dele a feriram mais do que imaginava e não queria acreditar que fosse verdade. Era uma mentira... uma mentira para protegê-la, só poderia.

-Não vou dizer que não foi bom...- disse ele, com um escárnio na voz – Mas as coisas tomaram outro rumo.

- Que outro rumo? Não estou compreendendo....

- Saiam daqui, anda!!! – disse Jack, olhando para Casper e depois para Alexia.

- NÃO!!! NÃO!!! – disse Lex, resistindo a força de Casper que tentava puxá-la.

- OLHA AQUI! – Disse Jack, aproximando-se dela. – Desde que você pisou essa fortaleza, eu quis dormir com você, garotinha. Não porque eu me apaixonei por você, mas porque você representava algo para Lanister e eu queria fazê-lo sofrer pelo que fez a minha filha. Eu desejei matar você, mas achei mais divertido esse joguinho de conquista com uma garota estúpida e esquizofrênica que tem medo de homem. Eu me esforcei muito na minha vingança elaborada contra Lanister, mas desde que eu descobri que você era a chave para a cura, percebi que não poderia matá-la, mas eu poderia feri-la naquilo que dói... você foi violentada novamente, querida e nem percebeu que estava sendo... Não sabe o quanto me diverti essa noite e o quanto ansiava com este momento... vê-la assim, tão desolada... tão afetada...

- Você está mentindo...

- Estou, Alexia...? – disse ele, sorrindo. - Suma da minha frente!

- Venha, Alexia... venha!!! –disse Casper atrás dela.

Alexia deixou-se arrastar por Casper para dentro do castelo e então, para as escadarias. Viu que Janaira, Lizzie e Briam aguardavam no andar dos agentes especiais, mas depois seguiram Casper e Alexia para o Heliporto.

Ao passarem pela torre de guarda, viram que os quatro agentes de vigia estavam ocupados atirando. Pareciam tensos e nervosos. Com certeza a situação lá embaixo piorava a cada segundo.

- Venham... precisamos ser rápidos... – ordenou Casper, mais tenso do que o usual.

No heliporto, o helicóptero parecia pronto para partir e quando subiram, perceberam que a Dra. Melanie já estava a bordo e chorava com medo.

As hélices começaram a girar  e logo estava no ar. Alexia, que estava no meio, evitou olhar para baixo, mas pelos rostos de Briam e Janaira, a cena não era boa.

Com um estranho sentimento dúbio, de preocupação e decepção com o Sr. Trevor, Lex enfiou o rosto entre as mãos, sentindo que um grande vazio se instalara em sua alma.

- Alexia...

Lex levantou o rosto para Casper que olhava preocupado para ela.

- Ele estava mentindo...

- Como é que sabe... ?

-  Eu conheço e confio em Trevor como a ninguém. Ele ama você... e como você estava dificultando, ele teve que te afastar da maneira como podia... naquilo que sabia que iria te magoar... mas é tudo mentira... Ele se apaixonou por você no minuto em que a viu. Não pôde te matar na mansão Lanister porque viu algo em você... e eu preciso te dizer que nunca vi Jack tão feliz como nesta manhã...

- Ele me disse coisas horríveis...


- Palavras, Alexia... Mas palavras são mais importantes do que os atos?

- Que atos? Que atos?

- Ele fez você subir no helicóptero sem ele, não fez???

Lex piscou os olhos, deixando que as lágrimas escorressem.

- Ele queria me salvar... não é? – falou Lex, sentindo o coração apertar – Não precisava ser assim. Não precisava...

O helicóptero foi se afastando da fortaleza mansamente, alheio ao caos que havia lá embaixo. Longe o suficiente, Lex olhou para Leste enquanto a torre da fortaleza ia sumindo aos poucos. Imaginou se um dia veria seu lar novamente e as pessoas que por meses foram sua família.
Mas principalmente imaginava se um dia poderia ver o homem que amava e que a machucara tão intensamente na alma. Estaria ele falando a verdade? Seria ela um mero objeto de uma vingança elaborada? O que os dois viveram na noite anterior fora apenas um ato de barbárie velada contra ela? Embora sua razão dissesse que sim, que essa era a verdade, em algum ponto de sua alma, uma voz gritava alto e forte: não... não pode ser... Jack não faria isso... não faria...


ESCRITO POR - ELIS VIANA
DIREÇÃO DE ARTE - MÁRCIO GABRIEL
DIREÇÃO - FÉLIX
REALIZAÇÃO - TV VIRTUAL
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