sexta-feira, 28 de março de 2014

A ERA DOS MORTOS - 36


CAPÍTULO 36


Jack não conseguiu dormir. Passou a noite toda zelando o sono de Alexia que dormia tranquilamente em seus braços. Ele se preocupava com ela. Tentou ser mais gentil possível para não traumatizá-la. Já era manhã quando ela se remexeu em seus braços.

- Tudo bem, querida? – perguntou Jack, cobrindo Alexia com a coberta até os ombros nus.

Ela não respondeu, mais sorriu. Um sorriso gracioso desses que faziam a vida valer a pena, pensou Jack, sorrindo também.

- Bom dia, Senhor Trevor... – sussurrou Lex, abrindo os olhos para admirar o homem que amava.

- Bom dia, Senhorita MacNichols! – retrucou ele, beijando seus lábios – Se me chamar de Sr. Trevor mais um vez eu vou te jogar daqui de cima... – disse ele, brincalhão...

- Acho que você vai ser sempre o senhor Trevor pra mim, Jack – disse  Lex, apoiando-se no cotovelo para contemplá-lo melhor, e ao mesmo tempo, fazer-lhe uma carícia no peito. – Nem consigo imaginar que estou aqui, na sua cama, nos seus braços... eu desejava tanto isso, mas achei que jamais teria coragem... que jamais estaria aos seus pés para...

- Aos meus pés??? – perguntou Jack, sem compreender o que ela queria dizer.

- Ora... eu sou uma menina boba comparada com você.

- Não há nada de boba em você, Alexia. Ambos sabemos disso...  – disse Jack, colocando uma mecha dos cabelos de Alexia para trás da orelha. Você é uma mulher espetacular...

Lex sorriu novamente e se deitou sobre o peito de Jack, escutando os sons do seu coração.

- Eu nunca me senti tão bem, Jack. Estar com você, em seus braços, apesar de tudo o que tem acontecido, é como estar protegida, a salvo de tudo.

- Que bom, meu amor! Tive receio que você se sentisse insegura, traumatizada, machucada. Não sabe o quanto eu gostaria de perpetuar esse momento. Gostaria de congelar esse instante e que nada no mundo pudesse interromper ou separar nós dois, mas ainda há muitos perigos e problemas para que possamos resolver. E é por isso que eu quero que você me prometa uma coisa, Alexia: se for necessário uma evacuação de emergência e se eu não estiver naquele helicóptero, eu quero que você continue sem mim, sem se importar com o que possa acontecer comigo.

- Do que está falando, Jack? Se acontecer uma evacuação de emergência você irá conosco não é? Você é o “Senhor da Fortaleza”, é o cérebro por trás de tudo isso, você tem que vir conosco.

- Claro que sim, Alexia – mentiu Jack. Não podia deixar Alexia saber que ele pretendia sucumbir com a fortaleza – É só que... eu tenho outros meios de me salvar e você, não. E agora, é importantíssimo que você se mantenha a salvo. Não só por mim, que a amo, nem pela sua irmã ou seus amigos, mas por toda a humanidade. O que restou dela, pelo menos. Você é a única esperança de uma cura, Alexia, por isso, é mais importante do que qualquer um de nós, você entende isso, não é?

Lex sentiu uma estranha sensação, como se algo ruim estivesse para acontecer, embora não quisesse pensar nisso.

- Eu entendo e prometo que irei partir daqui, mesmo que você não esteja naquele helicóptero comigo, mas você precisa me prometer que vai voltar pra mim, não importa o que houver.

Jack olhou para Alexia com um pesar no coração. Como fazer uma promessa que não pretendia cumprir? Sabia que se a fortaleza fosse invadida, os dois jamais se veriam novamente. Mas como dar mais esse desgosto a Alexia? Se lhe dissesse o que tencionava fazer, ela jamais tentaria salvar a si mesma e era extremamente importante que ela o fizesse.

- Eu prometo, Alexia! Prometo que irei voltar pra você! – mentiu ele, mais uma vez, desejando que Alexia não pudesse ler em seus olhos aquela mentira deslavada.

Por uns instantes, ela olhou para ele como se quisesse ler a sua alma, como se estivesse tentando identificar qualquer traço de mentira, mas depois sorriu e se levantou num pulo.

- Eu vou atrás da minha irmã e Janaira. Vou tomar um banho e depois eu vou descer. Acho que é importante não descermos juntos por enquanto, Jack, pelo que aconteceu com Barbra.

- Sim, você tem razão. Eu vou falar com ela mais tarde, tentar entender o que se passou na cabeça dela.

- Acho que você deve isso a ela. – respondeu Alexia,  colocando a calça, a camisa e o colete de agente.

- Alexia? – falou Jack, quando ela estava prestes a sair do quarto. Por alguma razão, tinha medo de deixá-la partir, como se não fosse vê-la novamente.

- Sim – disse ela, se virando para contemplá-lo. Mas ele não disse nada, apenas franziu as sobrancelhas como se estivesse preocupado.

– Não se preocupe, Jack. Eu estou bem... de verdade...

No corredor do andar dos agentes especiais não havia ninguém aquela hora, o que era bom.  Seria um pouco embaraçoso se alguém a flagrasse saindo do quarto de Jack, principalmente depois do que havia acontecido com Barbra. Mas quando entrou no quarto de Barbra, percebeu que tanto Janaira quanto Lizzie já estavam acordadas e se preparavam para descer.

- Onde estava, Lex? Estávamos preocupadas. Casper me disse que você estava neste andar, mas não veio dormir conosco.


- É... estávamos preocupadas! – retrucou Lizzie.

- Depois eu conto! – falou Lex, tentando despistar daquele assunto. – Lizzie! Como é bom ver você fora daquela bolha de ar! – disse Lex, abraçando a irmã que ainda parecia pálida.

- Estou bem melhor! – falou Lizzie. Na verdade, foi Casper quem ordenou que eu saísse do isolamento, mas a Dra. Melanie concordou. Casper falou que talvez tivéssemos que partir. O que está acontecendo, Lex?

- É... o que está acontecendo? Ninguém nos diz nada, mas há uma grande comoção lá embaixo. As pessoas estavam correndo de um lado para outro lá fora.

- As muralhas externas foram deixadas abertas por Brandon quando ele fugiu! – explicou Lex, suscintamente.

- Brandon escapou? – perguntou Lizzie, preocupada.

- É... por muito pouco não nos cruzamos... pois eu fui vê-lo ontem depois das coletas de sangue e tecido. Foi quando eu descobri. Mas isso não é o pior. Parece que quem ajudou o filho da mãe a fugir foi Barbra que surtou. Ela tentou me matar ontem, acredita nisso?

- Meu Deus, Lex... – dessa vez foi Janaira quem pareceu assustada. – Por isso eles querem evacuar.

- É. Mas por enquanto, Jack conseguiu organizar os agentes na muralha interna para conseguir nos manter a salvos. De qualquer forma, se a fortaleza for invadida, precisaremos sair daqui com o helicoptero, então...

- O helicoptero é pequeno, Lex. Você é importante por causa do vírus que há em você, mas quem nos garante que eles irão nos levar também? – perguntou Janaira, parecendo estar aterrorizada.

- Jack me garantiu que você, Lizzie e Briam irão juntos comigo.


- Briam também? – perguntou Lizzie.

- Sim... ele deveria estar aqui neste andar também.

- Está com Casper, por isso não pude passar a noite com ele. – falou Janaira - Agora, estou interessada em saber onde você estava, senhorita e porque está chamando o Sr. Trevor de Jack?

Lex sorriu, sem conseguir se conter.

- Ah, mas vejam só! – disse Janaira, surpresa.

- O que está acontecendo, estou boiando! – falou Lizzie.

- Eu passei a noite com Jack. Mas vocês não podem comentar nada disso com ninguém, por causa do que aconteceu com Barbra e também, não podem sair por aí dizendo nada do que foi dito a vocês aqui. Se perguntarem a vocês porque estão passando a noite no andar dos agentes especiais, digam que é para me acompanhar e que eu estou aqui por conta das experiências de Bio, ok?

- Certo, certo... mas como foi, Lex... afinal, sabemos que você... bem...com Brandon e tudo o mais... – insistiu Janaira, corroída pela curiosidade.

- Foi maravilhoso! – confessou Lex, com um sorriso. - Eu o amo e sinto que ele sente o mesmo por mim. Nunca imaginei que pudesse sentir algo assim. É um sentimento de... completude. Agora entendo o que você quis dizer para mim naquele dia. Que eu deveria enfrentar a mim mesma. E que a felicidade não dependia do outro, mas de mim mesma.  Não foi fácil, Janaira, enfrentar os meus demônios, meus medos, minhas ansiedade, mas eu confiei em Jack e enfrentei tudo isso. E foi perfeito... como eu sempre imaginei que deveria ser entre um homem e uma mulher...

- Que bom, minha amiga! – disse Janaira, colocando uma das mãos nos ombros de Lex. – Mas tome cuidado, não quero que você acabe machucada.

- Por que diz isso... – perguntou Lex, meio chocada com o que Janaira dissera, era como se ela soubesse de algo que Lex não sabia. Sabia que a amiga tinha uma grande habilidade em ler situações, mas o que poderia ela estar sugerindo?

- Bem... por nada... não é nada não... – disse Janaira, meio sem jeito. – Acho que melhor descermos, tomar café. Estou faminta, pois não comemos o jantar com tudo o que estava acontecendo.

- Claro... vamos... – disse Lex, mas já era tarde, alguma coisa estranha pairava no ar...


ESCRITO POR - ELIS VIANA
DIREÇÃO DE ARTE - MÁRCIO GABRIEL
DIREÇÃO - FÉLIX
REALIZAÇÃO - TV VIRTUAL
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