CAPÍTULO 36
Jack não conseguiu dormir. Passou a noite toda zelando o sono de Alexia que dormia tranquilamente em seus braços. Ele se preocupava com ela. Tentou ser mais gentil possível para não traumatizá-la. Já era manhã quando ela se remexeu em seus braços.
- Tudo bem, querida? – perguntou Jack,
cobrindo Alexia com a coberta até os ombros nus.
Ela não respondeu, mais sorriu. Um
sorriso gracioso desses que faziam a vida valer a pena, pensou Jack, sorrindo
também.
- Bom dia, Senhor Trevor... – sussurrou
Lex, abrindo os olhos para admirar o homem que amava.
- Bom dia, Senhorita MacNichols! –
retrucou ele, beijando seus lábios – Se me chamar de Sr. Trevor mais um vez eu
vou te jogar daqui de cima... – disse ele, brincalhão...
- Acho que você vai ser sempre o senhor
Trevor pra mim, Jack – disse Lex, apoiando-se no cotovelo para
contemplá-lo melhor, e ao mesmo tempo, fazer-lhe uma carícia no peito. – Nem
consigo imaginar que estou aqui, na sua cama, nos seus braços... eu desejava
tanto isso, mas achei que jamais teria coragem... que jamais estaria aos seus
pés para...
- Aos meus pés??? – perguntou Jack, sem compreender o que ela queria dizer.
- Ora... eu sou uma menina boba
comparada com você.
- Não há nada de boba em você, Alexia.
Ambos sabemos disso... – disse Jack, colocando uma mecha dos cabelos de
Alexia para trás da orelha. Você é uma mulher espetacular...
Lex sorriu novamente e se deitou sobre
o peito de Jack, escutando os sons do seu coração.
- Eu nunca me senti tão bem, Jack.
Estar com você, em seus braços, apesar de tudo o que tem acontecido, é como
estar protegida, a salvo de tudo.
- Que bom, meu amor! Tive receio que
você se sentisse insegura, traumatizada, machucada. Não sabe o quanto eu
gostaria de perpetuar esse momento. Gostaria de congelar esse instante e que
nada no mundo pudesse interromper ou separar nós dois, mas ainda há muitos
perigos e problemas para que possamos resolver. E é por isso que eu quero que
você me prometa uma coisa, Alexia: se for necessário uma evacuação de
emergência e se eu não estiver naquele helicóptero, eu quero que você continue
sem mim, sem se importar com o que possa acontecer comigo.
- Do que está falando, Jack? Se
acontecer uma evacuação de emergência você irá conosco não é? Você é o “Senhor
da Fortaleza”, é o cérebro por trás de tudo isso, você tem que vir conosco.
- Claro que sim, Alexia – mentiu Jack.
Não podia deixar Alexia saber que ele pretendia sucumbir com a fortaleza – É só
que... eu tenho outros meios de me salvar e você, não. E agora, é
importantíssimo que você se mantenha a salvo. Não só por mim, que a amo, nem
pela sua irmã ou seus amigos, mas por toda a humanidade. O que restou dela,
pelo menos. Você é a única esperança de uma cura, Alexia, por isso, é mais importante
do que qualquer um de nós, você entende isso, não é?
Lex sentiu uma estranha sensação, como
se algo ruim estivesse para acontecer, embora não quisesse pensar nisso.
- Eu entendo e prometo que irei partir
daqui, mesmo que você não esteja naquele helicóptero comigo, mas você precisa
me prometer que vai voltar pra mim, não importa o que houver.
Jack olhou para Alexia com um pesar no
coração. Como fazer uma promessa que não pretendia cumprir? Sabia que se a
fortaleza fosse invadida, os dois jamais se veriam novamente. Mas como dar mais
esse desgosto a Alexia? Se lhe dissesse o que tencionava fazer, ela jamais
tentaria salvar a si mesma e era extremamente importante que ela o fizesse.
- Eu prometo, Alexia! Prometo que irei
voltar pra você! – mentiu ele, mais uma vez, desejando que Alexia não pudesse
ler em seus olhos aquela mentira deslavada.
Por uns instantes, ela olhou para ele
como se quisesse ler a sua alma, como se estivesse tentando identificar
qualquer traço de mentira, mas depois sorriu e se levantou num pulo.
- Eu vou atrás da minha irmã e Janaira.
Vou tomar um banho e depois eu vou descer. Acho que é importante não descermos
juntos por enquanto, Jack, pelo que aconteceu com Barbra.
- Sim, você tem razão. Eu vou falar com ela mais tarde, tentar entender o que se passou na cabeça dela.
- Acho que você deve isso a ela. – respondeu Alexia, colocando a calça, a camisa e o colete de agente.
- Alexia? – falou Jack, quando ela
estava prestes a sair do quarto. Por alguma razão, tinha medo de deixá-la
partir, como se não fosse vê-la novamente.
- Sim – disse ela, se virando para
contemplá-lo. Mas ele não disse nada, apenas franziu as sobrancelhas como se
estivesse preocupado.
– Não se preocupe, Jack. Eu estou
bem... de verdade...
No corredor do andar dos agentes especiais não havia ninguém aquela hora, o que era bom. Seria um pouco embaraçoso se alguém a flagrasse saindo do quarto de Jack, principalmente depois do que havia acontecido com Barbra. Mas quando entrou no quarto de Barbra, percebeu que tanto Janaira quanto Lizzie já estavam acordadas e se preparavam para descer.
- Onde estava, Lex? Estávamos
preocupadas. Casper me disse que você estava neste andar, mas não veio dormir
conosco.
- É... estávamos preocupadas! –
retrucou Lizzie.
- Depois eu conto! – falou Lex,
tentando despistar daquele assunto. – Lizzie! Como é bom ver você fora daquela
bolha de ar! – disse Lex, abraçando a irmã que ainda parecia pálida.
- Estou bem melhor! – falou Lizzie. Na
verdade, foi Casper quem ordenou que eu saísse do isolamento, mas a Dra.
Melanie concordou. Casper falou que talvez tivéssemos que partir. O que está
acontecendo, Lex?
- É... o que está acontecendo? Ninguém
nos diz nada, mas há uma grande comoção lá embaixo. As pessoas estavam correndo
de um lado para outro lá fora.
- As muralhas externas foram deixadas
abertas por Brandon quando ele fugiu! – explicou Lex, suscintamente.
- Brandon escapou? – perguntou Lizzie,
preocupada.
- É... por muito pouco não nos
cruzamos... pois eu fui vê-lo ontem depois das coletas de sangue e tecido. Foi
quando eu descobri. Mas isso não é o pior. Parece que quem ajudou o filho da
mãe a fugir foi Barbra que surtou. Ela tentou me matar ontem, acredita nisso?
- Meu Deus, Lex... – dessa vez foi
Janaira quem pareceu assustada. – Por isso eles querem evacuar.
- É. Mas por enquanto, Jack conseguiu
organizar os agentes na muralha interna para conseguir nos manter a salvos. De
qualquer forma, se a fortaleza for invadida, precisaremos sair daqui com o
helicoptero, então...
- O helicoptero é pequeno, Lex. Você é
importante por causa do vírus que há em você, mas quem nos garante que eles
irão nos levar também? – perguntou Janaira, parecendo estar aterrorizada.
- Jack me garantiu que você, Lizzie e Briam irão juntos comigo.
- Briam também? – perguntou Lizzie.
- Sim... ele deveria estar aqui neste
andar também.
- Está com Casper, por isso não pude
passar a noite com ele. – falou Janaira - Agora, estou interessada em saber
onde você estava, senhorita e porque está chamando o Sr. Trevor de Jack?
Lex sorriu, sem conseguir se conter.
- Ah, mas vejam só! – disse Janaira, surpresa.
- O que está acontecendo, estou
boiando! – falou Lizzie.
- Eu passei a noite com Jack. Mas vocês
não podem comentar nada disso com ninguém, por causa do que aconteceu com
Barbra e também, não podem sair por aí dizendo nada do que foi dito a vocês
aqui. Se perguntarem a vocês porque estão passando a noite no andar dos agentes
especiais, digam que é para me acompanhar e que eu estou aqui por conta das
experiências de Bio, ok?
- Certo, certo... mas como foi, Lex...
afinal, sabemos que você... bem...com Brandon e tudo o mais... – insistiu
Janaira, corroída pela curiosidade.
- Foi maravilhoso! – confessou Lex, com
um sorriso. - Eu o amo e sinto que ele sente o mesmo por mim. Nunca imaginei
que pudesse sentir algo assim. É um sentimento de... completude. Agora entendo
o que você quis dizer para mim naquele dia. Que eu deveria enfrentar a mim
mesma. E que a felicidade não dependia do outro, mas de mim mesma. Não
foi fácil, Janaira, enfrentar os meus demônios, meus medos, minhas ansiedade,
mas eu confiei em Jack e enfrentei tudo isso. E foi perfeito... como eu sempre
imaginei que deveria ser entre um homem e uma mulher...
- Que bom, minha amiga! – disse
Janaira, colocando uma das mãos nos ombros de Lex. – Mas tome cuidado, não
quero que você acabe machucada.
- Por que diz isso... – perguntou Lex,
meio chocada com o que Janaira dissera, era como se ela soubesse de algo que
Lex não sabia. Sabia que a amiga tinha uma grande habilidade em ler situações,
mas o que poderia ela estar sugerindo?
- Bem... por nada... não é nada não...
– disse Janaira, meio sem jeito. – Acho que melhor descermos, tomar café. Estou
faminta, pois não comemos o jantar com tudo o que estava acontecendo.
- Claro... vamos... – disse Lex, mas já
era tarde, alguma coisa estranha pairava no ar...
ESCRITO POR - ELIS VIANA
DIREÇÃO DE ARTE -
MÁRCIO GABRIEL
DIREÇÃO - FÉLIX
REALIZAÇÃO - TV
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