— Eu não acredito que o Wagner me trai com
ela. Yolanda sua vagabunda! — Norma Peregrini quebra as coisas que estão no
criado mudo do grande quarto. — Calma, Norma, calma. Respira, respira… Eu não
posso me dar ao luxo de sofrer por causa daqueles dois. — fala para si mesma.
Norma fica estática olhando para a foto.
Enquanto
Norma sofre pela descoberta da traição, Wagner e Yolanda se encontram no meio
do expediente em um motel luxuoso. Ela está nua, apenas coberta com um lençol e
tomando champanhe. Wagner está sem camisa, fumando um charuto e olhando a janela.
— Eu tô me sentindo no céu, Wagner! —
Yolanda comemora depois de tomar um gole de champanhe.
— Resolvi fazer uma surpresinha pra você… —
dá uma tragada.
— Amei a surpresa. E hoje a gente tem um
tempinho a mais. Disse à anta da tua esposa que eu ia fazer umas compras pra
casa.
— Ótimo. — Wagner se aproxima e eles se
beijam.
Ainda
beijando Yolanda, Wagner a toma em seus braços fazendo com que o lençol saia de
cima do seu corpo, revelando-lhe belas curvas. Ele a deita na cama e fica por
cima dela, tirando as calças, enfim. As lembranças do resultado do exame, que
lhe revelaram pouco tempo de vida voltam à sua mente, lhe fazendo perder a
concentração.
— O que aconteceu, leão? Você brochou cara!
— Desculpa, Yolanda. Não sei onde eu estou
com a cabeça...
Yolanda
pensa um pouco e resolve contar um segredo, aproveitando o momento:
— Wagner, eu tenho que te contar uma coisa
séria… — diz ela, hesitando, e pondo a mão do empresário na sua barriga.
— Você quer dizer que…
— Sim. Eu tô esperando um filho teu.
***
Aquela
notícia choca Wagner. Ele volta perplexo para a sede da Revista Flash Magazine,
porém ele já meio que esperava aquela notícia. Ele e Yolanda nunca se
preveniram!
—
Dra. Albaniza?
—
Oi Wagner, meu amigo. Está melhor?
—
Por um lado sim, mas eu preciso da sua ajuda. Acompanhe-me até minha sala, por
favor? — ele estende a mão e mostra a porta da sala para a sua advogada.
***
Wagner se senta em sua cadeira e mostra a
outra cadeira para que a advogada se sente.
— No que posso ajudar o senhor, Dr. Wagner?
— Eu quero fazer o meu testamento. Hoje.
Agora.
Enquanto Wagner dita e relembra todos os
seus bens e para quem os deixaria, Albaniza datilografa tudo em máquina de
escrever, surpreendendo-se com algumas revelações que saem da boca do empresário
involuntariamente.
***
Norma continua trancada
no quarto. Sua mãe, Gisela bate na porta, mas ela não responde.
— Tudo bem filha.
Deixe-me que eu mesma resolva o problema com o Adriano. Depois eu passo na
escola da Alessandra e pego ela ok? O Alex está com a empregada. — fala um
pouco alto, para que a filha escute do outro lado da porta.
Nenhum som. Nenhum sinal. Gisela resolve então não insistir.
— Estranho… — ela sai.
Assim que Gisela sai e
desce as escadas em direção à porta de saída, Norma abre a porta. Ela olha para
os dois lados e vai até o quarto do seu filho Adriano. Em suas mãos está um
pedaço de papel, escrito e molhado em lágrimas. Ela abraça o travesseiro do
filho e depois põe o papel rabiscado debaixo dele.
— Adeus, filho.
Norma sai do quarto de
Adriano e volta para o seu. Deixa aberta a porta do quarto, mas tranca a do
banheiro. Ela tira a roupa e liga a torneira para encher a banheira. Quando a
banheira finalmente fica cheia, ela entra, pega um barbeador, arranca a gilete
(não se importando com a dor dos seus dedos cortados) e começa a cortar seus
pulsos, pescoço e pernas.
—
Filha! Cheguei! — Diz Gisela segurando a mão de Adriano de um lado e de
Alessandra no outro. Sua voz ecoa naquela grande e vazia casa. — Norma? Será
que a mãe de vocês continua trancafiada naquele quarto? — Pergunta aos netos.
—
Não sei vó. Eu posso brincar lá na piscina?
—
Agora, Alessandra?
—
Eu tô com calor! Vem Adriano? A gente pode chamar o Ugo também. —sugere a
garota.
—
Com o Ugo não. Aquele italiano é chato demais. Você o trata como se fosse nosso
irmão, mas ele não é nada nosso. Nada! É só o filho do motorista.
—
Calma, calma. Vão os dois. E Adriano, mocinho, depois você vai ter uma conversa
muito séria comigo e com a sua mãe. Ouviu?
—
Ouvi, vó. — suspira — A gente pode ir agora?
—
Podem.
As
crianças saem e logo depois Gisela vai até o quarto da filha. Ela entra ao ver
que a porta está aberta, e logo depois vê uma água avermelhada por todo o chão
do quarto.
—
Norma? Norma! Norma abre essa porta! Norma! — Gisela bate na porta do banheiro.
Ela
revira as gavetas do quarto e procura uma cópia da chave do banheiro. Minutos
depois ela acha, e sem pensar, corre e vai abrir a porta. Gisela espanta-se com
a visão horrenda que tem. Um grito seco ecoa no quarto, e depois por toda a
mansão.
— AAAH!
Gisela
cai desmaiada no chão.
***
Wagner
está quase chegando em casa quando nota viaturas e o carro da perícia em frente
a ela. Dá um aperto no seu coração, e logo ele pensa: “Que Yolanda e o seu
bastardo estejam mortos!”. Seu desespero aumenta mais quando vê a tal empregada
consolando os seus filhos, que choram em pânico.
—
O que aconteceu aqui? — pergunta Wagner, preocupado.
—
A mamãe está morta! — responde Alessandra, chorando.
Ugo chega e a menina corre e o
abraça.
—
Me ajuda, Ugo, me ajuda! Minha mãe, minha mãe!
Adriano
retira a cabeça do ombro de Yolanda e vai ao encontro de Alessandra e Ugo.
—
Alessandra, vem pra cá. EU sou seu irmão! — Adriano encara Ugo.
Ugo
sabe que Norma havia se suicidado e que parte da culpa era dele. Porém o garoto
é tão perverso que nem liga.
Enquanto
os adolescentes discutem de um lado, Wagner tenta saber o que havia acontecido
com Norma.
—
Parece que ela se suicidou, Wagner.
—
Como assim, Yolanda? Que motivo ela tinha pra isso hein? Eu dei tudo para
aquela mulher, e é assim que ela me retribui?
Wagner
corre até o quarto e vê os homens retirando o corpo de sua esposa de dentro da
banheira. Um dos médicos avisa à Wagner que Gisela teve um ataque do coração e
foi enviada às pressas para o hospital.
—
Desculpe-me, mas o senhor não pode ficar aqui. — Um perito avisa à Wagner. —
Precisamos dar uma olhada no quarto.
O perito vai até o banheiro e começa a
investigar. Wagner sai do quarto, mas uma foto sobre a mesa de cabeceira chama
a sua atenção. Ele guarda a foto no bolso e sai.
***
Adriano
pousa sua cabeça no travesseiro. Tenta dormir, mas antes mesmo de pôr o pijama
já sabia que não conseguiria fazê-lo. Sua mãe está morta! É difícil de
acreditar. Não tinha nem mesmo sua avó Gisela para ampará-lo.
Resolve
sair do quarto para ver como sua irmã dormia. Alessandra parecia ter desmaiado
na sua cama. A pobre menina dormiu sob o efeito de remédios. Já Alex, o irmão
mais novo, nada entendia do que estava acontecendo.
Adriano
ouve alguns gemidos vindos do quarto dos seus pais. Se sua mãe estivesse viva,
apostaria que era ela. O pobre e inocente garoto sabia o quão bruto seu pai
era, e principalmente da intimidade dos dois. Mas aquele gemido não era de
Wagner, tampouco de Norma, claro.Olhando pela brecha da porta, vê Wagner e Ugo
semi nus conversando.
—
Vista a roupa e caia fora daqui. — Wagner segura o braço de Ugo. — Se falar
qualquer coisa sobre isso, eu te mato.
Ugo
sai do quarto e Wagner se arruma para dormir. No corredor, Adriano espera o
italiano, que se assusta com a voz do herdeiro Peregrini.
—
Ugo, me responde: O que você estava fazendo sozinho e pelado no quarto com o
meu pai?
Ugo
abaixou a cabeça. Aquela era a sua resposta.
— Seu imundo!
— Suo padre è uno stronzo, Adriano. Ele mi
obbliga! Ele è un pedofilo!
— Eu sempre desconfiei de você.
— Io non sono gay. Io non sono gay!
Ugo se estressa. Seu sangue ferve.
Ser julgado por algo que ele faz sem escolha é um peso para ele. Sendo assim, o
italiano segura o pescoço de Adriano e o pressiona contra a parede do corredor.
— Se dici isso a alguém, Adriano, ti mato. Io te mato.
Non sto brincando.
— Filho de uma cadela imundo. — diz
Adriano, com dificuldade.
Ugo
repete:
—
Digo mais una vez. Non sto brincando.
A
pressão psicológica faz com que Adriano fique apavorado. Quando Ugo solta seu
pescoço, ele corre até o seu quarto, onde fica em segurança. Sua cabeça
fervilha de tantos pensamentos.
—
Meu pai… Pedófilo? Esse idiota não respeita nem a memória da minha mãe, que nem
sequer foi enterrada ainda! E o Ugo... quem diria!
Adriano
tenta de novo dormir. Ele sabe que isso não ajuda em nada, mas mesmo assim vira
a face do travesseiro. Um pedaço de papel com uma letra tremida e manchada
(provavelmente com lágrimas) debaixo dele chama a sua atenção.
—
É a letra da mamãe!
Adriano lê atentamente e se choca
ao saber das revelações e recomendações de Norma.
***
O
corpo de Norma Peregrini está sendo velado na mansão onde ela viveu boa parte
da sua vida ao lado de Wagner, de sua mãe e dos seus filhos. Foram convidados
parentes e os amigos mais íntimos da família Peregrini. O caixão está no salão,
logo na entrada da casa.
Wagner
olha fixamente para os olhos de Ugo, talvez para lembrá-lo da noite passada. O
menino perto dele não parece ter 15 anos, e sim 5. Ele o intimida e o manipula
de uma forma que palavras não são suficientes para explicar.
Wagner
recebe Albaniza, sua advogada, que acaba de chegar para dar os pêsames.
—
Meus pêsames, amigo.
—
Obrigado, Albaniza. Você é a única pessoa que se importa comigo. — Wagner
começa a tossir e interrompe a fala.
—
Algum problema, Wagner?
Wagner
pega o lenço e continua tossindo. É impossível falar naquele momento.
—
Wagner, quer que eu chame um médico?
Ao
terminar de tossir, ele retira o lenço de perto da boca. Está encharcado de
sangue.
—
Céus!
—
Isso é normal, Albaniza.
—
Você precisa se tratar Wagner. Que doença que você tem? Diz logo!
—
Fala baixo. Eles podem escutar.
Uma
mulher, parente de Norma abraça Wagner chorando. Ele joga o lenço sujo de
sangue em cima de Albaniza.
—
Joga isso aí no lixo. Já está na hora do sepultamento.
Muito
choro. Wagner tinha razão, já estava na hora do enterro. Ele percebe que
durante o velório todo seu filho Adriano não havia dado as caras.
—
Onde está o Adriano? — pergunta ele à Yolanda, que está com Alex nos braços.
—
Ele deve estar ainda muito chocado, meu amor. Por isso não desceu.
—
“Meu amor”, não. Aqui você é a empregada.
—
Mas eu estou esperando um filho seu.
—
Sobre esse bastardo conversamos depois.
—
Bastardo? Agora que a sua mulher morreu podemos assumir nosso romance!
— Ai,ai, Yolanda … Faz-me rir. Acha que
conquistou o seu pedaço no bolo não é? Consolando os meus filhos, dando uma de
esposa e mãe… Cale a sua boca e vá chamar o Adriano agora!
Na
mesma hora que Yolanda, ainda chocada com as palavras do amante, põe o pé no
primeiro degrau da escada, Adriano surge, gritando:
—
Parem com essa palhaçada agora!
—
Adriano! O que você pensa que está fazendo?
—
Para com essa novelinha, seu escroto. É isso o que você é, Wagner. Um bruto, um
escroto!
—
Respeite a memória da sua mãe, pentelho. Ela não está mais entre nós, mas eu
sou o seu pai. EU SOU O SEU PAI!
—
QUEM É VOCÊ PRA FALAR EM RESPEITO? VOCÊ DEIXOU DE SER MEU PAI A PARTIR DO
MOMENTO EM QUE VOCÊ TRAIU MINHA MÃE COM A YOLANDA! ISSO MESMO PESSOAL, ESSES
DOIS AÍ TEM UM CASO. WAGNER E A EMPREGADA DA SUA MANSÃO ... FOI POR CAUSA DELES
QUE MINHA MÃE, NORMA PEREGRINI, SE SUICIDOU!
A atenção dos paparazzi e de suas câmeras é
totalmente desviada para Adriano.
COLABORADOR - LUIZ GUSTAVO
DIREÇÃO DE ARTE - MÁRCIO GABRIEL
ESCRITO POR - MÁRCIO GABRIEL
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