quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Pedras Preciosas - Capítulo 26



CENA 1. DELEGACIA/ SALA. INTERIOR. NOITE
Ruan está tenso na sala da delegacia, a todo instante atento ao telefone, até que a porta se abre e por ela entra João. Ruan fica em choque.

RUAN – (Espantado) JOÃO!

JOÃO – É AQUELA BANDIDA! ELA TÁ VIVA E ENGANANDO A TODOS, A ASSASSINA É A ESMERALDA!

RUAN – O que aconteceu João!? Onde estava!

JOÃO – Foi ela quem me seqüestrou depois que eu descobri que ela é a assassina, a Esmeralda e aquela quadrilha dela. Eles mataram o Armando, mataram a Amanda, mataram aquele investigador e vão matar todo mundo! A gente tem que pegá-los!

RUAN – Até onde a ambição foi capaz de levá-los… Então quer dizer que ela forjou a própria morte!?

JOÃO – Sim, forjou! Só pra não ser pega e fazer isso. Eu sei onde ela tá, a cabana onde é!

RUAN – Passa o endereço que vamos lá agora!

JOÃO – Eu quero ir também.

RUAN – Você fica… Pode ser perigoso!

CENA 2. STOCK-SHOTS. EXTERIOR. NOITE/ DIA
Amanhece um lindo dia em Madrid ritmado e agitado como sempre.

CENA 3. PENSÃO/ SALA. INTERIOR. NOITE
Luan chega na sala da pensão, que estava vazia, logo ele liga no jornal que noticia a morte de Lucicléia.

REPÓRTER – Foi encontrada ontem na via expressa perto da reserva o corpo de uma jovem cuja identificação não foi realizada. A mulher foi atropelada por um ônibus e teve uma brutal morte instantânea, segundo testemunhas ela estava em posse de uma arma disparando contra uma van quando foi atropelada. Até o momento não foi identificada.

A foto de Lucicléia é colocada na tela, Luan fica impactado.

LUAN – Droga! Essa débil mental tinha que morrer agora? Pode estragar nossos planos, mas pelo é uma a menos no meu caminho.

Luan abre uma misteriosa caixinha e fica a encarar seu conteúdo.

LUAN – Enquanto todos se matam por vocês, vocês estão aqui só comigo! Valeu maninha!

CENA 4. CABANA/ FACHADA. EXTERIOR. DIA
Diversos carros chegam em comboio, vários policiais saltam armados dos carros e arrombam a porta.

RUAN – POLÍCIA DE MADRID, SE ENTREGUEM!

Ruan aponta armas para todos os lados aflitos.

PABLO – Merda! Não tem ninguém aqui!

Até que chamam Pablo no rádio, ele atende.

PABLO – Pablo falando.

POLICIAL – Identificamos um carro suspeito na estrada pro Sul, estamos em perseguição acirrada ao veículo.

PABLO – Ótimo! De hoje essa Esmeralda não passa!

CENA 5. AUTO ESTRADA. EXTERIOR. DIA
Na auto estrada ocorre uma densa perseguição, Esmeralda foge aflita em seu carro sendo perseguida por diversos carros de polícia, eles esquivam de outros carros, andam em zig-zag, fazem alguns disparos, todos muito tensos. Esmeralda no volante soa frio.

ESMERALDA – Eu tenho que correr!

Ela olha no retrovisor a polícia se aproximando. A polícia acelera contra ela. Esmeralda pega o celular e começa a ligar para Jack.

ESMERALDA – (Chorando) Eles vão me pegar Jack! Acabou tudo, obrigado viu, por tudo que você fez por mim, de coração… Acabou meu Deus! Acabou.

JACK – Calma Esmeralda, você vai sair dessa.

ESMERALDA – Eles tão fechando o cerco, tá muito difícil!

Esmeralda continua acelerando até entrar numa rua deserta com a polícia a perseguindo, as sirenes estão altas, eles estão distantes de Esmeralda.

JACK – Esmeralda… Tenho que desligar, vai ficar tudo bem.

Jack desliga, Esmeralda continua.

POLICIAL – Atenção central, pedimos reforços! Fugitiva tá fora de controle, repito, fora de controle!

CENTRAL – Já está a caminho!

Esmeralda continua risonha, já estava quase livrando-se da viatura, até que duas outras viaturas surgem em sua frente na virada da esquina, ela olha no retrovisor e vê outras duas viaturas atrás dela, sem alternativa ela para o carro, o desespero completo toma conta dela, até que ela escuta o barulho de um helicóptero atrás dela.

POLICIAL – SE RENDA ESMERALDA! Será melhor para todos!

Esmeralda soava frio, pensativa.

ESMERALDA – Eu não serei presa, não serei!

A música ganha a cena. Esmeralda coloca a mão no câmbio.

ESMERALDA – Alguém terá que desviar bebê, e não serei eu!

Esmeralda pisa fundo no acelerador e acelera com força total contra o carro da polícia que alveja o carro de Esmeralda.

CENA 6. CASA DE CARLOTA/ SALA. INTERIOR. DIA
Carlota, Rosa e Cauã estão reunidos na sala, todos tensos. Até que o celular toca, ele atende Pablo.

PABLO – Alo Cauã, tem uma testemunha aqui na delegacia que diz saber quem é o assassino das pedras preciosas… Queremos encontrar vocês todos aqui ok?

CAUÃ – Claro, estou indo.

Cauã desliga o celular. Ele se levanta e se vai sem dar quaisquer satisfações. Em seguida o celular de Rosa vibra, ela pega sua bolsa de saída.

CARLOTA – Ei mocinha, onde pensa que vai?

ROSA – Vou dar uma saída por aí… E você mamãe, não quer vir pra ter certeza que eu não vou encontrar o Derick?

CARLOTA – Não… Não precisa, eu confio em você! E além do mais, tenho de ir ao ateliê.

Rosa sai. Carlota sorri, ela sobe para seu quarto onde havia apenas Roberto se arrumando.

ROBERTO – Pro ateliê… E a Rosa ainda cai.

CARLOTA – E você, vai pra onde?

ROBERTO – O que você acha?

CARLOTA – Das duas uma: ou cometer um assassinato ou encontrar com sua concubina barata.

Roberto beija a testa de Carlota e sai com um sorriso enigmático. Carlota tensa, ela abre seu estojo de maquiagem e retira um batom de cor negra e passa nos lábios.

CARLOTA – O vermelho de sangue até que combinaria mais com a ocasião…

Carlota se lembra:

Anos antes, Carlota com aproximadamente 16 anos, ela estava com uma roupa branca que a imobilizava, num lugar com pouca luz, ela pegou seu batom preto e passou exageradamente nos lábios, cantarolando em tom doentio ela pegou uma faca e deitou-se embaixo de uma cama velha que havia lá agarrada a seu urso de pelúcia. A porta se abre, entra alguém que não é possível reconhecer, Carlota levanta-se em posse da faca e se é escutado um grito agudo, em seguida um corpo ensangüentado cai no chão, Carlota desaparece do local.

Carlota para de se lembrar, ela começa a cantarolar novamente.

CARLOTA – (Cantarolando) Con los ojos no te veo, se que se me viene el mareo y es entonces cuando quiero salir a caminar…

Carlota sai cantarolando doentiamente.

CARLOTA – Há coisas que como realmente tem de ser feitas… Matar é uma delas.

Carlota bate a porta saindo.

CENA 7. PENSÃO/ SALA. INTERIOR. DIA
Dinora, Cristal e Mirna continuam na sala, tensas, até que o celular toca.

MIRNA – Pensão de Mirna, quem fala?

RUAN – Aqui é o investigador Ruan, pra informar que já achamos o João e está aqui são e salvo na delegacia.

MIRNA – (Tensa) Que ótimo saber!

Mirna desliga.

MIRNA – Acharam o João! Gente, eu vou lá vê-lo.

Mirna sai. Dinora e Cristal ficam na sala tensas, Dinora pega o celular e discretamente ativa chamada falsa no celular, ela pega e começa a falar.

DINORA – Oi mamãe, tudo bem!? Ai meu Deus, não chegou os remédios ainda? Ah, mas também né mãe, é internacional… Vou lá nos correios agorinha dar uma boa prensa neles pra chegar logo e se a senhora tem um treco aí sem sua insulina hein? Claro, pode ficar tranqüila que seu remedinho vai chegar.

Dinora desliga.

DINORA – Ai amiga, tenho que ir lá nos correios…

CRISTAL – Eu te levo!

DINORA – Não! Não precisa, é aqui pertinho.

CRISTAL – Ok.

Dinora sai, Cristal sorridente.

CRISTAL – Coitada! Pensa que eu não vi ativando chamada falsa no celular! Mas foi ainda melhor isso!

Ela corre pega uma bolsa e sai de fininho para que nenhum outro hóspede a veja.

CENA 8. PRÉDIO DA QUADRILHA/ SALA. INTERIOR. DIA
Natalie, Jack e Jonathan entram no antigo prédio que tinham.

NATALIE – Subúrbio… Quem diria que voltaríamos pra cá?

JACK – É… A vida dá voltas.

Jonathan corre e aponta para o tapete da sala sorridente.

JONATHAN – Olha lá! Foi bem aqui que a Esmeralda matou o Armando, tem até uma mancha de sangue.

NATALIE – Credo! Esse prédio dá muito a cara do defunto, vou dar uma decorada nele.

Jonathan escarra bem em cima da mancha de sangue de Armando.

JONATHAN – Quer saber? Foi é tarde!

Nesse instante uma imensa ventania invade o apartamento, portas e janelas começam a bater incessantemente enquanto a luz cai, todos completamente aterrorizados.

NATALIE – (Berrando desesperado) AH!

Jack, Natalie e Jonathan caem no sofá tremendo, assustados, até que tudo para, todos aterrorizados.

JACK – Que foi isso gente?

NATALIE – Tá amarrado!

Jack liga a televisão, onde passa uma reportagem sobre João.

REPÓRTER – (Na TV) Após quase 12 horas dramáticas em poder de bandidos o joalheiro brasileiro João Alves aceita dar uma coletiva de imprensa que entrará ao vivo em 20 minutos! E mais, logo será revelado o assassino das pedras preciosas, não percam, é logo após o programa matinal!

Natalie, Jack e Jonathan se prontificam assustados.

NATALIE – Bem… Eu… Eu vou ali, tenho uns assuntos a resolver…

Natalie sai avoada do prédio, Jonathan corre para seu quarto, quando volta Jack também já sumira, Jonathan sorri, ele vai até o quarto, abre uma mala sua trancada com um cadeado e tira um rifle de longo alcance e fica a admirar.

JONATHAN – Que brinquedinho lindo esse meu não? Seria uma pena se alguém fosse experimentar agorinha mesmo.

CENA 9. APARTAMENTO DE DERICK/ SALA. INTERIOR. DIA
Laís assistia atentamente a mesma reportagem, logo Derick volta para o quarto sorridente.

DERICK – Mãe, para tudo! Meu informante disse quem é a polícia acha que é a assassina.

LAÍS – (Gela) QUEM!?

DERICK – A morta mãe… A Esmeralda!

Laís fica mais pasma ainda.

LAÍS – A Esmeralda não pode ser pega por assassinato agora! Isso vai atrasar nossos planos.

DERICK – E principalmente por um crime que ela cometeu, eu te garanto que não vou deixar a Esmeralda pagar por esse crime.

LAÍS – Lembre-se dos nossos planos.

DERICK – Por eles mesmos mamãe.

Derick sai tenso. Laís respira fundo, ela corre para o quarto e volta com uma bolsa e sai apreensiva descendo as escadas para não ser vista.

CENA 10. CASA DE AUGUSTO/ SALA. INTERIOR. DIA
Augusto está tenso, tomando um café, na sala a TV está ligada, ele vê a reportagem.

AUGUSTO – Droga! Sinto mais sangue sendo derramado, infelizmente.

Augusto sai da sala sorrateiramente.

CENA 11. STOCK-SHOTS. EXTERIOR. DIA/ TARDE
O dia vai passando rapidamente, logo chega uma tarde densa e nublada, sons de sirenes por todos os lados.

CENA 12. DELEGACIA/ ENTRADA. INTERIOR. TARDE
Dezenas de repórteres e populares na porta da delegacia, João prestes a dar uma coletiva de imprensa. Cristal, Cauã, Jack, Jonathan, Natalie, Mirna, Augusto, Carlota, Rosa, Derick, Laís no local a espera de João. Instantes. Forma-se um pequeno burburinho, até que a porta da delegacia se abre, dela sai João tenso. Ele respira fundo e posiciona-se de frente ao palanque no topo dos degraus de escada da delegacia. Nesse instante misteriosamente, os outros perdem-se em meio a multidão, desaparecendo, a mídia logo começa a assediá-lo.

JOÃO – Bem… Agora pretendo começar meu pronunciamento… A pessoa que me seqüestrou, que assassinou a sangue frio Armando Valdez e Amanda Monteiro e me seqüestrou com esse intuito já está sendo presa, sem mais delongas, estou prestes a anunciá-la.

A tensão é total. João encara a todos que estão em silêncio, a espera da pronuncia.

CENA 13. RUA. EXTERIOR. TARDE
Esmeralda acelera contra os diversos policiais na rua em desespero enquanto seu carro é alvejado por eles.

POLICIAL – Para com isso sua maluca!

Esmeralda acelera contra os policiais a toda, o carro toma um tiro e para rodopiando no meio da pista, os policiais cercam seu carro armados.

POLICIAL – UM MOVIMENTO E VOCÊ MORRE!

Esmeralda abre a porta com as mãos para a cima, ela é algemada pelos policiais.

ESMERALDA – (Com lágrimas nos olhos) ACABOU! Acabou tudo!

Esmeralda é colocada no camburão que sai, Esmeralda chorava inconsolavelmente.

ESMERALDA – Eu não posso ser presa, não posso!

CENA 14. DELEGACIA/ ENTRADA. INTERIOR. TARDE
João tenso fazendo uma pequena hesitação, no alto do prédio vizinho a mira de uma arma estava apontada para o mesmo local, um dedo estava no gatilho prestes a puxá-lo a qualquer momento, muita tensão.

JOÃO – Quem matou Armando Valdez e Amanda Monteiro foi…

Nesse exato instante as palavras de João são cortadas por dois tiros certeiros que atingem seu tórax, uma correria e gritaria imensa se formam, todos correndo assustados, o corpo rola os degraus da escada abaixo e cai no chão. Todos correndo para todos os lados num caos, completamente em choque. Cristal surge no meio da multidão.

CRISTAL – (Berrando atordoada) SEU JOÃO!

Sem hesitar ela corre até ele que sangrava bastante, ela se agacha até ele.

CRISTAL – Perdão! Por favor, me perdoa por te envolver nisso. Eu não queria.

João segura em suas mãos balbuciando.

JOÃO – Foi ela Cristal…

CRISTAL – Poupa suas forças, calma! (Chorando) Você vai ficar bem!

JOÃO – É ela Cristal, a Soledad.

João dá seu último suspiro e cerra os olhos, falecendo.

A cena congela em tons roxos em João morto, ensanguentado.

FIM DO CAPÍTULO