Capítulo 24
- Eu não posso acreditar! Simplesmente não posso! É um pesadelo – disse
Lucas, desacorçoado, sentado no sofá da sua sala de visitas, de onde sua Alis
havia sido sequestrada. Os policiais andavam de um lado para outro tomando depoimento,
colhendo evidencias enquanto dois médicos, tiravam Raul com uma maca. – Como
isso foi acontecer?
- Não sei! – disse Alex, ao seu lado e parecia tão desolado quanto ele.
– Fiquei o dia inteiro de olho em Liz. Ela me despistou. Se eu estivesse
aqui...
- E agora, Alex? O que fazemos? – falou Lucas, passando a mão pelos
cabelos negros.
- Esperamos... não há muito o que fazer. Mandei duas viaturas à casa de
Alis. Ele fugiu. Não está lá. E por mais que eu pense não consigo imaginar para
onde ele iria... – confessou Alex, sentindo-se frustrado.
- Uhm... eu tenho uma ideia...
(...)
Alis acordou com uma forte dor de cabeça. Brade havia lhe nocauteado com o revolver quando ela o atacou quando o carro parou num dos sinaleiros. Olhou em volta e viu que não estava mais no carro. Liz estava mais adiante e estava sentada no chão, encostada a parede. Ela chorava muito e tinha uma mancha roxa na face, como ela própria.
- Liz? – falou Alis. – Onde estamos?
- No orfanato! – disse uma outra voz e Alis se virou para contemplar a
Ir. Agatha, três irmãs e dezenas de crianças, todas sentadas no chão, contra a
parede. – O maluco do seu marido nos atacou a todos. Ele matou Rafael, um dos
meninos mais velhos...
Alis levantou-se, sentindo um peso no coração. Não conseguia entender Brade. Isso não era normal dele. O que estava passando em sua mente para fazer algo arriscado como aquilo? Ele era policial. Sabia o que aconteceria quando fosse preso.
Alis olhou ao redor, tentando lembrar onde estava. Era a sala de aula comum do orfanato, mas não poderiam sair pois as janelas eram de grade e a porta era pesada. Ela se aproximou da janela. O orfanato ficava numa área central e bem populosa. Mas, esperto, Brade havia escolhido uma das salas mais afastadas. Havia um jardim entre a sala e o muro que separava o orfanato do mundo lá fora. Mesmo que gritasse, ninguém a ouviria.
- É tudo culpa sua! – falou Liz, choramingando. – É tudo culpa sua, maldita! Maldita!
Alis aproximou-se de Liz e se ajoelhou ao lado dela. Ela estava com uma
grande mancha no rosto e a sua blusa estava rasgada.
- O que ele fez com você? – perguntou Alis, olhando preocupada para a irmã.
Ela não respondeu, mas Alis viu o que acontecera no seu olhar.
Liz começou a chorar e se jogou nos seus braços.
- Ele me machucou, Alis... – choramingou Liz.
Alis a abraçou. Era estranho pensar que Liz havia o tempo todo tramado contra a sua vida e agora buscava consolo em seus braços. Mas, no fim, Liz era sua irmã e sabendo do que Brade era capaz, sabia que ela deveria estar em estado de choque, agora!
- Vai ficar tudo bem... vai ficar tudo bem...
“Ah, meu Deus, Lucas, por favor, nos ajude!”, suplicou Alis em pensamento, olhando para fora. Não havia mais nada a fazer, a não ser esperar...