quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Dangerous - Episódio 02

           

            O jantar estava sendo servido. A mesa de mármore preto, onde podiam ser vistos os reflexos das três pessoas presentes, sustentava diversos talheres, além de três pratos, algumas taças de cristal, e claro: um variado número de comida. Tomate, macarrão, azeitona e um peru assado estavam misturados entre todas as opções. Paige Simons arrancou a asa do peru com uma faca e um garfo de inox, colocando no prato branco, e cortando em fatias a carne macia e branca. O casal Rowland não parecia muito tranquilo com a presença duma mulher tão caracterizada. Os olhos de Paige eram brilhantes, e aquilo causava certo frio na barriga nos detentores da mansão.
            — Só de olhar, já me dá água na boca. — Explicou, e ingeriu um pedaço das fatias cortadas. — Eu quero agradecer pela acolhida aqui. Se não fosse uma recepção tão boa quanto essa eu garanto que seria ainda mais complicado resolver o caso da filha dos senhores.
            Willians fixou o seu par de olhos castanhos no par de olhos azuis de Paige. Olharam-se durante poucos segundos. As pupilas da mulher eram irresistíveis. Em nenhum momento Penelope percebera o clima que estava rolando o mais perto o possível.
            — Não tem nada que agradecer senhorita Paige. E para de nos chamar de senhores. Aqui, somos todos praticamente da mesma idade. Ou se ofende se eu lhe comparar a Penelope e eu? — Exaustou, fixando-se cada vez mais.


            — Como quiserem. — Respondeu educadamente. — Claro que não me importo. Então está resolvido. Willians, Penelope e Paige.
            A dama loira não estava gostando nem um tanto do assunto que estava sendo discutido. Achava bobo e intolerável. Tinha outras coisas pra falar com o marido. Mesma com a visita, ela não se intimidou em dizer o que queria.
            — Willians, amanhã eu preciso ir ao shopping. Já estou cansada de usar as mesmas roupas em festas. Quero coisas novas. Exijo roupas novas.
            — Desculpem-me a interrupção. — Paige parou a conversa, mas sem mudar de assunto. — Mas eu sei de uma seção de um shopping daqui de Londres que agrada todos os tipos de mulheres. Não gostaria de conhecer, Penelope?
            — Eu adoraria. — Bastava este convite e a Sra. Rowland acabara de se tornar a mais nova amiga de Paige Simons.
            — Então está combinado. — Paige acaba se lembrando de outra coisa. — Ah, uma coisinha: ao término do jantar, tem um tempo pra conversar comigo, Penelope? Preciso começar o meu trabalho.
            — Como quiser. — Penelope aceitou o convite, e em seguida colocou mais um pedaço de tomate ao molho em sua boca, coberta por um batom rosa. Paige não deixou de notar essa característica um tanto infantil, e uma única palavra que ela pensou a respeito da loira foi “perua”.
           
            O escritório estava repleto de livros de grandes escritores de todo o mundo. Paige não deixou de notar a enorme coleção do talentosíssimo Sidney Sheldon, e não resistiu, comentando com a dona da casa sobre.
            — Vejo muitos clássicos guardados na prateleira... Posso pegar?
            — Fique à vontade, Paige. — Respondeu com um tom suave.
            A detetive ficou de pé, passando as mãos pelos livros guardados. Arrancou de lá o seu preferido. Penelope observava tudo com uma expressão estranha. Ela não acreditava que uma mulher como Paige perderia seu tempo lendo livros, ainda mais, enormes, como considerava.
            — “Nada dura para sempre”... Este livro é muito bom. O título não só traz toda a história, mas também um grande sentido pra nossa vida. Não é mesmo?
            Penelope estava intimidada.
            — Claro!
            — Então, de uma forma ou de outra, nada dura para sempre. A beleza, o dinheiro, o poder... Nada.
            — Concordo. — Completou friamente.
            — Então vamos aos assuntos, Penelope. Não precisa ter medo. — Gargalhou. — Acontece que eu sou gótica. Eu sempre gostei de rock, sempre curti o lado sombrio da vida, mas não é motivo pra me tornar uma pessoa má, certo? Portanto: tranquilize-se. Chamei-lhe aqui pra falar de sua enteada. Stephany e você não se davam bem? — Sentou-se, pondo-se a ouvidos da esposa de Willians Rowland.
            — Exatamente... Brigávamos sempre, Paige. Ela e eu éramos completamente diferentes. Ela era explosiva, rebelde, e nunca aceitou o meu casamento com o Willians, enquanto eu sempre fui paciente, tentando fazer do nosso relacionamento o mais calmo e verdadeiro o possível. Mas nunca deu certo. Ela sempre se negava a me ouvir. Tanto que eu cansei. Eu desisti de insistir. Deixei pra lá.
            — Eu te entendo. Hoje em dia isso é normal. Raros os filhos que aceitam os pais viúvos se casando novamente. Ainda mais os adolescentes... Está com toda a razão, Penelope. Mas... Quanto à vida dela? Como era? Quais as pessoas que ela mantinha uma relação?
            — Stephany tinha um namorado e uma amiga. E saía quase todas as noites com eles. — Deixou claro, logo de uma vez.
            — Estou começando a gostar deste caso... — Paige fez uma pausa para colocar a mão esquerda no queixo e sorrir, porque tudo estava saindo como ela gostava. — Poderia me passar o endereço destes dois jovens? Quero conhecê-los.
            — Agora mesmo. — Penelope levantou-se, indo de encontro à prateleira e pegando um caderno de anotações. Passou a mão numa caneta, e sentou-se de frente a detetive.  Fez uma cópia de dois endereços anotados numa agenda.
            — Por curiosidade: qual o motivo de vocês terem o endereço anotado? — Perguntou, pois aquilo causava uma imensa dúvida.
            — São muitas pessoas nos procurando. Você deve ser a centésima a fim de descobrir um pouco sobre esse assassinato. Então eu tive que providenciar isso, senão, ficaria louca. O Willians não gosta de se envolver com a mídia. Passa o maior tempo atrás das coisas do parque de diversões, e acaba deixando a família em último lugar. Sobra pra eu cuidar de tudo. — Suspirou.
            — A sua situação é bem tensa. — Agarrou o papel branco que Penelope a entregara. — Amanhã mesmo irei procurar esses dois jovens. Quero conversar com eles. Obrigada, Penelope. Se não importa, eu gostaria de me recolher. Posso?
            — A casa é sua! — Disse, enquanto a boca se abria para um largo sorriso. Acompanhou Paige Simons até o quarto de hóspedes. A detetive se impressionou com a qualidade da arte nas paredes. Muitas molduras, e a cores eram muito boas. Tudo era perfeito. Retirou sua roupa de trabalho, pegando a sua camisola rosa de seda, e vestiu-se. Deitou na cama, fechou os olhos e repousou.

            O sol brilhava intensamente naquela manhã. Paige estacionou a Hilux na beira da rua onde se localizava a residência do namorado da jovem Stephany Rowland. Desceu, e olhou para os pés. O salto alto preto, a calça jeans azul marinho, e a camisa branca estavam em uma combinação inigualável. Ela estava vestida pra matar.
            A campainha da residência tocou três vezes. Uma voz masculina gritou “entre”, tanto que Paige abriu a porta. Encontrou o homem do corpo atlético bronzeado, nem ao menos enrolado por uma toalha, de frente ao seu. Ela colocou as mãos no rosto e implorou para que o jovem se vestisse.
            — Que falta de educação. Se vista, por favor! — Implorou.
            Mesmo exigindo, Paige não deixou de olhar enquanto Cristian Lauster introduzia as peças para tampar o seu corpo musculoso, e que incendiara como nunca um desejo terrível sobre ela. Estava entregue à atração. E isso nunca acontecera em seus oito anos de trabalho.


Escrito por William Araujo
Colaboração de Luiz Gustavo
Direção de arte de Márcio Gabriel e William Araujo
Realização na emissora TV Virtual
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